Índice de Capítulo

    O som do vento cortando a noite ainda ecoava quando Danilo virou as costas para sair. Mas antes que ele pudesse dar mais alguns passos, um punho voou em sua direção.

    — EU AINDA NÃO ACABEI!

    Ben atacou.

    Seu corpo avançou como um míssil, impulsionado pela fúria e pelo orgulho ferido. Seu punho direito disparou um jab direto mirando o rosto de Danilo.

    Mas Danilo já não estava mais ali.

    Com um simples movimento de pescoço, ele desviou o soco por uma margem mínima, sentindo o ar passar ao lado de sua pele.

    Mas Ben não parou.

    Ele girou o tronco e disparou um gancho de esquerda, mirando as costelas de Danilo. O golpe era rápido e carregado de força.

    E ainda assim… não acertou.

    Danilo deslizou para trás como se estivesse dançando, seu corpo fluindo com a mesma leveza de uma folha ao vento.

    Ben cerrava os dentes. Ele estava no limite.

    O suor escorria pelo seu rosto. Seu peito subia e descia rapidamente. Mas ele não podia parar.

    Ele não queria parar.

    Ele socou novamente. Um direto. Outro. E mais um.

    Danilo desviava sem esforço. Cada golpe que passava, cada soco que errava, Ben sentia seu orgulho se despedaçando um pouco mais.

    — O que foi, Ben? — Danilo zombou. — Você costumava ser tão perigoso… tão brutal… e agora é só um bobalhão tentando parecer forte?

    As palavras atingiram mais forte que qualquer soco.

    A mandíbula de Ben trincou. Ele rugiu e atacou ainda mais rápido.

    Ele usou toda sua técnica de boxe. Seu corpo se moveu com a precisão de um lutador experiente. Ele lançou um jab para testar a defesa, um direto para abrir caminho, um cruzado para tentar pegar Danilo desprevenido.

    Mas era inútil.

    Danilo desviava com facilidade absurda. Ele não parecia estar enfrentando um oponente sério, e sim brincando com uma criança.

    — Você se acomodou na paz. — Ele continuou zombando. — Olha pra você. O garoto que já foi um monstro… agora é um gatinho domesticado.

    Ben explodiu.

    Com um passo forte, ele carregou todo o peso do corpo e girou o tronco, desferindo um gancho de direita carregado com sua força máxima.

    — CAAALA A BOCAAAAAA!

    O punho cortou o ar. Era rápido. Era feroz. Era destruidor.

    Mas…

    Era previsível.

    Antes que o golpe o alcançasse, Danilo moveu o braço suavemente.

    Seu movimento foi tão rápido que parecia um raio atravessando a escuridão.

    E então… ele acertou.

    BAM!

    O mundo de Ben girou.

    Ele não entendeu o que aconteceu até sentir o impacto brutal de suas costas batendo contra a parede. O ar foi arrancado de seus pulmões, seus olhos se arregalaram, e por um momento, ele sentiu que seu corpo não respondia mais.

    A dor veio em seguida. Uma dor sufocante.

    Danilo baixou o braço e suspirou.

    — Sabe qual é a diferença entre você e eu, Ben?

    Ben tentou se levantar, mas suas pernas fraquejaram.

    Danilo se aproximou lentamente, agachando-se na frente dele.

    — Você aceitou esse mundinho onde amigos e paz são mais importantes que a força. Eu? — Ele sorriu friamente. — Eu evoluí.

    Ben queria falar algo, mas não conseguiu.

    Ele apenas ficou ali, sentado contra a parede, engolindo a dor, engolindo a vergonha.

    Ele odiava aquilo.

    Odiava se sentir tão fraco.

    Odiava ver Danilo olhando para ele com aquele olhar de desprezo.

    Danilo se levantou e deu as costas.

    — Diga para Yoru que eu volto quando ele estiver pronto para lutar de verdade.

    E, sem olhar para trás, ele desapareceu na escuridão da noite.

    Ben ficou ali. Respirando pesadamente. Com o corpo dolorido. Com o orgulho despedaçado.

    E pela primeira vez em muito tempo…

    Ele sentiu medo.

    O corpo de Ben tremia. Dor. Raiva. Frustração. Tudo se misturava em um turbilhão dentro dele.

    Ele estava jogado contra a parede, os músculos ardendo, o peito ofegante. Sua visão estava turva.

    E, acima de tudo, ele se sentia um fracasso.

    Incapaz.

    Fraco.

    Um completo inútil.

    Ele tentou cerrar os punhos, mas seus dedos tremiam. Ele tentou forçar as pernas, mas seu corpo ainda não respondia.

    E então, algo estranho aconteceu.

    Seu coração disparou. Não por medo. Mas por algo além da compreensão.

    Seu corpo começou a esquentar.

    Não era febre, não era dor. Era algo diferente.

    — Hah… hah… o que… está… acontecendo comigo…? — Ben sussurrou, sua respiração irregular.

    Foi então que a aura apareceu.

    Uma energia invisível começou a envolver seu corpo. O chão sob seus pés tremeu levemente. O ar ao redor dele ficou mais pesado.

    Os cabelos de Ben se eriçaram. Seus músculos começaram a se contrair e relaxar, como se estivessem despertando de um longo sono.

    Danilo parou de andar.

    Ele sentiu aquilo.

    Virou-se lentamente para encarar Ben. Sua expressão já não era de deboche.

    — Hm?

    Os olhos de Ben brilharam.

    — O que diabos…?

    O potencial de Ben começou a subir.


    [Aviso! O potencial de Ben começou a subir]

    O som de um sino invisível ecoou dentro da mente de Ben.

    Ele não sabia o que era aquilo, mas sentia seu corpo mudando.

    Ele se levantou.

    Primeiro um joelho no chão. Depois a outra perna.

    Seus ossos estalaram, mas ele continuou se forçando para cima.

    Seu corpo queimava.

    Sua pele suava frio. Mas ele estava de pé.

    Danilo franziu a testa. Ele conhecia esse sentimento.

    Era perigoso.

    — Isso… não é bom. — Ele murmurou para si mesmo.

    Ben ergueu o rosto. Seus olhos estavam diferentes.

    — Eu ainda não perdi.

    CRACK!

    O chão abaixo dele se rachou.

    O ar vibrou com uma força invisível.

    Danilo apertou os punhos.

    “Se ele se levantar completamente… isso pode ser um problema.”


    [Aviso! O despertar de Ben está próximo!]

    Danilo suspirou.

    Ele não queria precisar usar sua força total contra Ben. Mas agora, ele não tinha escolha.

    Ele desapareceu.

    E reapareceu diante de Ben em um instante.

    Antes que Ben pudesse reagir, um impacto brutal atingiu seu estômago.

    — GHUAAAHH!

    O mundo girou.

    Ele foi jogado para trás, batendo contra o chão com violência.

    Mas ele não ficou no chão.

    Ben tentou se levantar novamente, os braços tremendo, mas Danilo não permitiu.

    Ele avançou sem hesitação. Seus movimentos eram rápidos, precisos, letais.

    Um chute direto acertou o queixo de Ben. Seu corpo foi levantado do chão.

    Antes que pudesse cair, um golpe na costela.

    Depois outro.

    Outro.

    E mais um.

    Cada golpe era como um trovão.

    Rápido.

    Destruidor.

    Implacável.

    Ben tentou se defender, mas seus braços estavam pesados.

    Seu corpo começou a falhar.

    Sua aura começou a enfraquecer.

    Danilo percebeu. E decidiu acabar com aquilo.

    — DURMA.

    Ele girou o corpo e desferiu um golpe final.

    Um direto devastador.

    O impacto foi como um trovão explodindo na noite.

    O corpo de Ben voou como um boneco de pano, colidindo contra a parede e quebrando tijolos no impacto.

    O silêncio dominou o beco.

    A aura ao redor de Ben sumiu.


    [Aviso! O despertar de Ben foi interrompido]

    Danilo exalou pesadamente, balançando os punhos.

    Ele olhou para Ben, agora inconsciente no chão.

    — Eu já sabia. — Ele murmurou. — Se eu deixasse você se levantar de novo… eu teria problemas.

    O vento soprou pelo beco, espalhando poeira e folhas secas.

    Danilo colocou as mãos nos bolsos e se afastou.

    — Boa tentativa, Ben.

    O sangue de Yoru ferveu.

    Seus olhos estavam arregalados, seus punhos cerrados com tanta força que as unhas quase perfuravam a pele. Ben estava caído.

    Desacordado.

    Derrotado.

    E Danilo estava ali, calmo, despreocupado, como se nada tivesse acontecido.

    Foi quando Yoru sentiu o sistema se ativando dentro dele.


    [Aviso! Missão sendo criada…]


    [Dê um golpe válido no Danilo]
    – Recompensa: 1 Baú Raro –
    – Você tem circunstâncias a serem seguidas

    Yoru cerrava os dentes.

    Um golpe.

    Ele só precisava acertar um golpe válido.

    Mas a sua raiva já não permitia que ele pensasse em missões ou recompensas.

    Ele apenas queria atacar.

    Com a fúria correndo por suas veias, ele se levantou.

    — DANILOOO!!

    BOOOM!

    Yoru avançou como um meteoro.

    Seus pés mal tocavam o chão, a velocidade era absurda. Ele socou com tudo.

    Danilo nem precisou dar um passo.

    Com um leve movimento de pescoço, ele desviou.

    SWOOSH!

    O punho de Yoru cortou o ar.

    E então veio outro.

    Direto Preciso!

    Um golpe forte e calculado, indo diretamente ao queixo de Danilo.

    Mas Danilo inclinou a cabeça para o lado com a precisão de um relâmpago.

    O ar ao redor deles vibrou com a força do soco de Yoru.

    Mas ele errou.

    Danilo manteve as mãos nos bolsos.

    Ele sorriu de lado.

    — Você é muito previsível, Yoru.

    “Tch… Maldito…”

    Mas Yoru não ia parar.

    Ele girou o corpo e lançou uma sequência violenta de socos.

    Tempestade de Punhos!

    Uma rajada de golpes rápidos como metralhadora.

    SHH! SHH! SHH! SHH!

    Cada soco cortava o ar como lâminas invisíveis.

    Mas Danilo desviava de todos.

    Sua velocidade de reação era sobre-humana.

    Cada golpe de Yoru passava a centímetros do alvo, mas nenhum acertava.

    Danilo dançava no meio dos ataques como se estivesse brincando.

    Yoru grunhiu de frustração.

    Ele deu um passo para trás e mudou sua abordagem.

    — Vamos ver se você desvia disso!

    Ginga de Socos!

    Usando um estilo imprevisível, Yoru começou a atacar em ângulos não convencionais. Movia-se como um dançarino, os golpes vinham de todos os lados.

    Mas Danilo apenas se movia junto com ele.

    Como um fantasma.

    Sempre um passo à frente.

    Sempre fora do alcance.

    Era como tentar acertar o vento.

    — Maldição! — Yoru rugiu.

    Ele não podia parar agora.

    Método Keysi!

    Yoru começou a usar os braços e cotovelos de forma defensiva e ofensiva ao mesmo tempo. Um estilo caótico e brutal!

    Mas Danilo continuava desviando.

    Era inacreditável.

    — Você acha que só porque aumentou o ritmo vai me pegar? — Danilo debochou.

    Ele nem estava suando.

    Nem ao menos pressionado.

    Isso fez o sangue de Yoru ferver ainda mais.

    BOOM!

    Ele avançou com força total!

    — GOLPE DUPLO!

    Dois socos simultâneos em direções opostas, mirando a cabeça e o abdômen de Danilo.

    Mas Danilo flexionou o corpo no último instante.

    O golpe na cabeça passou raspando pelos fios de seu cabelo.

    O golpe no abdômen acertou apenas o ar.

    Yoru cerrou os dentes.

    Ele estava dando tudo de si!

    Mas Danilo continuava ileso.

    — Você é persistente, vou te dar isso. — Danilo zombou.

    Mas agora era tudo ou nada.

    Yoru parou.

    Ele concentrou toda sua força em um único golpe.

    O ar ao redor dele se dobrou com a pressão.

    Seus músculos pulsaram.

    Seu coração bateu como um tambor de guerra.

    — ESTOCADA PENETRANTE!

    SWOOSH!

    Um soco super veloz, rápido como um relâmpago, explodiu na direção de Danilo!

    Essa era a técnica mais rápida de Yoru.

    Um golpe que nenhum adversário tinha conseguido desviar antes.

    Mas…

    Danilo apenas inclinou o corpo levemente para o lado.

    E Yoru acertou o vazio.

    O tempo pareceu congelar por um segundo.

    Ele errou.

    De novo.

    De novo.

    DE NOVO.

    — Já chega. — Danilo murmurou.

    Antes que Yoru pudesse reagir, ele sentiu um impacto absurdo no estômago.

    BOOOOOOM!

    Foi um único soco.

    Mas foi o suficiente.

    O corpo de Yoru voou para trás.

    Ele sentiu o mundo girar.

    A dor explodiu em sua barriga.

    Ele perdeu todo o ar dos pulmões.

    E então, o chão veio ao seu encontro.

    CRASH!

    Seu corpo bateu com violência contra os escombros do beco.

    A poeira subiu.

    O silêncio reinou por um instante.

    Danilo apenas suspirou.

    — Yoru… você não é nada especial.

    E então, ele se virou para ir embora.

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