Capítulo 102 - Yoru desperta

Yoru sentia sua pele formigar.

Seu corpo estava pesado.

Cada respiração queimava em sua garganta, e seu coração martelava contra as costelas. Ele não conseguia nem levantar a cabeça.

Danilo…

Era impossível.

Ele era rápido demais. Forte demais.

Yoru cerrou os punhos com raiva, lutando para manter o foco.

Foi quando teve uma ideia.

Se Danilo era tão forte assim… qual era o nível dele?

Ele ativou a leitura do sistema.

— Sistema, me diga o nível físico do Danilo.

Os olhos de Yoru se arregalaram.

— O quê?!

Mas antes que ele pudesse reagir, o sistema o notificou novamente.

Os olhos de Yoru brilharam.

O ar ao seu redor vibrou com uma energia desconhecida.

Danilo, que já estava de costas para ir embora, parou.

— O que é isso…?

O beco começou a tremer.

Yoru sentiu algo queimando dentro dele.

Era poder.

Yoru arregalou os olhos.

Seus músculos pulsaram.

O poder fluía por suas veias como fogo líquido.

Ele se sentou lentamente.

Depois, apoiou uma das mãos no chão.

E então, se levantou.

O ar ao redor dele ficou pesado.

A atmosfera mudou completamente.

Era como se um predador tivesse surgido naquele beco.

Danilo estreitou os olhos, curioso.

— Você ainda quer continuar? — Ele zombou.

Yoru levantou a cabeça, encarando-o com um olhar selvagem.

Danilo sorriu.

Ele podia sentir a diferença.

Yoru estava diferente.

O beco tremeu.

Os corpos de Ben, Hayato, Lee, Yuna, Mia e Sophie reagiram instantaneamente.

Mesmo inconscientes, eles sentiram.

Yoru estava mudando.

O sistema falhou.

O poder estava além da capacidade de leitura.

Yoru sentiu sua respiração pesada.

Seus músculos vibravam.

Sua visão ficou diferente.

Era como se ele enxergasse o mundo como um predador.

Ele estava pronto.

Ele se inclinou levemente para frente.

E desapareceu.

— O quê?! — Danilo arregalou os olhos.

SWOOSH!

Yoru surgiu bem na frente dele!

Com um rugido feroz, ele atacou!

“INSTINTO DE FERA!”

Seus braços se transformaram em garras brutais.

Seus músculos estavam mais densos.

Sua velocidade, absurdamente maior.

Ele atacou como um animal selvagem.

Garras cortando o ar.

Golpes imprevisíveis, violentos, destrutivos.

Danilo começou a recuar.

Pela primeira vez…

Ele não estava apenas desviando.

Ele estava sendo forçado a se defender.

— Heh… isso é interessante. — Danilo sorriu.

Mas os olhos dele brilharam com seriedade.

O ritmo de Yoru era diferente.

Mais instintivo.

Mais feroz.

Ele atacava com tudo.

Sem hesitar.

Sem se conter.

— GRAAAAH!!

SWISH! SWISH! SWISH!

As garras cortavam o ar como lâminas afiadas.

Danilo continuava desviando, mas agora, ele sentia o perigo.

Yoru estava rápido demais.

E então…

— HHHAAAARGH!! — Yoru rugiu, girando no ar e cortando na horizontal.

SLASH!

Um corte fino.

Rasgo sutil na camisa de Danilo.

Sangue escorreu.

Por um instante, o silêncio caiu sobre o beco.

Danilo olhou para o pequeno corte em seu peito.

Ele piscou.

Então…

Ele sorriu.

— HAHAHAHAHAHAHA!

Seu riso ecoou pelo beco.

Ele passou o dedo na própria pele, sentindo o sangue quente.

— Isso… é incrível.

Ele ergueu os olhos para Yoru, seus dentes brancos à mostra em um sorriso insano.

— Você realmente conseguiu me arranhar, Yoru.

Ele inclinou a cabeça para o lado.

— Eu estava brincando até agora… mas sabe?

Ele lambeu o sangue no dedo e sorriu ainda mais.

— Agora eu estou realmente animado.

O beco, que antes estava vibrando com o som de batalha e o choque de potências, agora estava silencioso, pesado e denso. Apenas os ecos da luta ainda podiam ser ouvidos, misturados com os gemidos e ofegos dos caídos. Yoru estava ofegante. Seus músculos queimavam. Cada fibra de seu corpo estava consumida pela batalha, mas havia algo mais… uma sensação de poder fluindo em suas veias.

Ele havia conseguido. Ele havia ferido Danilo.

Mas não bastava.

Os olhos de Yoru queimavam com intensidade, raiva ainda pulsando dentro de si. Danilo era forte demais, rápido demais… mas Yoru havia tocado algo dentro de si, algo que ele nunca imaginara. Seu potencial estava agora em um novo nível. Ele sentia isso, sabia disso. Era como se tivesse finalmente alcançado o limite da sua humanidade, como se estivesse prestes a transceder.

Ele olhou para seus amigos caídos, as pernas bambas. Ben, Hayato, Lee, Yuna, Mia e Sophie estavam todos no chão, desmaiados ou com o corpo inconsciente. Seus rostos pálidos, suas expressões contorcidas pela dor.

Ele não podia deixar isso acontecer.

Se quisesse proteger os outros, ele precisaria ser mais forte. Precisaria fazer tudo o que fosse necessário para nunca mais se sentir impotente. Mas, naquele momento, ainda restava algo importante a ser resolvido.

O som de um celular tocando cortou o silêncio.

Danilo, o homem que parecia impossível de ser derrotado, parou subitamente. Ele virou-se para trás, sua expressão de satisfação se desfez rapidamente, substituída por um olhar atento.

O toque do celular ecoou como uma campainha, uma presença que parecia indicar algo além do normal. Danilo olhou para o aparelho no bolso com um suspiro de impaciência, antes de atender com uma voz seca e desinteressada.

— O que é?

A voz do outro lado, alguém de autoridade inconfundível, falou com calma.

— Danilo, é hora de recuar. O líder da escola 35 mandou você se retirar.

Danilo, visivelmente irritado com a interrupção, fez um gesto de desdém, antes de soltar um sorriso de canto, olhando para Yoru.

— Tsc… Já estou indo. — Ele desconversou, guardando o celular no bolso. Ele olhou novamente para Yoru, como se estivesse se preparando para dizer algo, mas não fez nada além de rir.

Ele deu um passo à frente, provocando Yoru, com um sorriso arrogante.

— Você é mais forte do que eu pensava, Yoru. Talvez a próxima vez eu realmente tenha que ir com tudo contra você, quem sabe?

Yoru cerrou os dentes, a raiva se misturando com a frustração. Ele sentia o gosto amargo da derrota, e o desejo de lutar mais. Danilo estava na frente dele, zombando dele. Estava saindo com a mesma facilidade que entrou. Yoru apertou os punhos, sentindo sua força de vontade aumentar.

— Covarde! — Yoru gritou, sua voz carregada de fúria, mas também de um orgulho silencioso. Ele não suportava ver aquele homem, o monstro, fugir.

Danilo parou. Seus olhos brilharam, como se ele tivesse ouvido um desafio profundo e silencioso, mas a fúria foi controlada. Ele se virou lentamente, o sorriso arrogante nunca saindo de seu rosto.

— Covarde? Talvez. Mas… — Ele deu uma última olhada para Yoru, se aproximando um pouco mais, seu sorriso se transformando em uma provocação direta — Eu sou o que sou, e você ainda é um simples filhote.

Com isso, ele se virou, dando um último olhar de desdém para o beco.

— Nos vemos em breve, Yoru. E, da próxima vez, espero que esteja mais forte.

E, sem esperar mais, Danilo desapareceu, seus passos ressoando em uma cadência quase irreal até que a rua ficou silenciosa novamente.

Yoru ficou parado ali, encarando o vazio deixado. Ele queria continuar. Queria destruir Danilo, queria vingança. Mas sabia que, naquele momento, ele não era páreo para o que Danilo poderia trazer.

Porém, Yoru não tinha mais tempo a perder.

Ele se abaixou rapidamente, e com um gesto preciso, ativou sua habilidade: Toque de Vida.

Seu corpo brilhou levemente com uma luz suave, a aura emanando dele com uma intensidade renovada. Ele se concentrou, sentindo a energia fluir em suas mãos. A habilidade ativa, imediatamente, começou a curar seus amigos.

Ben foi o primeiro a reagir. Ele levantou a cabeça lentamente, como se estivesse se acordando de um pesadelo. Seus olhos ainda estavam um pouco embaçados, mas ele conseguiu engolir em seco, olhando ao redor. A dor que antes o paralisava agora era só uma lembrança distante.

Hayato, Lee, Yuna, Mia e Sophie começaram a acordar um por um, cada um com expressões de confusão e desorientação, mas logo tomando consciência da situação. O toque de Yoru, seu poder renovado, curou não apenas os ferimentos, mas também as energias dos companheiros que estavam exaustos.

Yoru deu um passo atrás, olhando para seus amigos com alívio.

Por um momento, ninguém disse nada. A tensão no ar era palpável.

Mas então, Ben se levantou, cambaleante, e olhou para Yoru com um sorriso de gratidão.

— Você… você fez isso? — Ele perguntou, ainda atordoado.

Yoru assentiu, com um leve sorriso. Ele sentia a inquietação dentro de si, mas também a satisfação de ter feito o que era necessário.

— Sim. Agora, vamos embora. — Yoru disse, sua voz firme, mais forte do que antes.

Enquanto se afastavam do beco, os amigos, embora exaustos e com a moral baixa, estavam juntos. O time estava unido novamente.

Yoru sentia algo diferente. Ele sabia que não podia bancar o herói sozinho. Ainda havia muitos obstáculos pela frente, e ele não poderia ficar parado. Ele precisava melhorar mais, crescer mais. Danilo ainda estava por aí.

E essa era apenas uma amostra do que ele tinha que enfrentar.

Mas o mais importante agora era continuar, seguir em frente.

Com os amigos ao seu lado, Yoru sentiu que podia ir ainda mais longe.