Capítulo 110 - Um grande avanço
O silêncio da noite foi quebrado pelo som de passos rápidos e o choque seco de corpos colidindo. Mia e Lee não esperaram—elas avançaram como predadoras, atacando primeiro.
Raiko e Viktor reagiram no mesmo instante. Raiko, com seu estilo selvagem, recuou ligeiramente, analisando o ataque de Mia. Viktor, frio e calculista, movimentou-se estrategicamente, mantendo a atenção em Lee.
O beco onde estavam se tornou uma arena improvisada, cercada por latões de lixo, caixas de madeira quebradas e muros grafitados. O vento forte soprava, levantando poeira e embalando a tensão do momento.
Mia atacou rápida e precisa, deslizando pelo chão e disparando um chute frontal na altura do abdômen de Raiko.
Ele desviou no último instante, girando o corpo com um sorriso debochado.
— Nada mal. Mas… vai precisar de mais do que isso.
Antes mesmo de terminar a frase, Mia girou o quadril e soltou um mawashi geri (chute circular) mirando o rosto dele.
Raiko bloqueou com o antebraço, mas o impacto fez ele recuar dois passos.
— Tsc… garota forte.
Mia não recuou—ela avançou com outra sequência veloz, aplicando dois socos diretos, seguido de um chute baixo na perna de apoio de Raiko.
Ele pulou para trás, mas Mia estava prevendo o movimento.
Ela saltou junto e girou o corpo no ar, aplicando um chute descendente mirando o crânio dele.
BANG!
Raiko ergueu os braços e segurou o golpe, mas caiu de joelhos com o impacto.
— Merda… que força é essa?!
Mia aterrissou com leveza, assumindo uma nova postura de luta.
— Kyokushin não é brincadeira. Você vai cair antes de me encostar.
Raiko sorriu, os olhos agora carregados de adrenalina.
— Isso é o que vamos ver.
Ele se jogou para frente, como um animal. Suas mãos agarraram o uniforme de Mia.
Judô!
Com um giro rápido e violento, ele puxou Mia e tentou jogá-la no chão com um Seoi Nage.
Mas Mia, treinada, usou a força do giro contra ele—em pleno ar, ela ajustou o peso do corpo e girou no contra-movimento, aterrissando sobre os pés em vez de cair.
Raiko arregalou os olhos.
— QUÊ?!
Mia aproveitou a brecha e deu uma joelhada brutal no estômago dele.
— GWAAAH!
O ar escapou dos pulmões de Raiko, e ele cambaleou para trás, ofegante.
— Filha da…
Antes que pudesse reagir, Mia avançou de novo.
Enquanto Mia e Raiko travavam um embate feroz, Lee e Viktor trocavam golpes ferozes ao lado.
Lee, com sua Capoeira 5 Estrelas, se movia como o vento.
Seus passos eram leves, rápidos e fluidos. Ela girava com maestria, desviando dos ataques de Viktor com movimentos acrobáticos.
— Interessante… nunca lutei contra alguém assim. — Viktor murmurou, analisando cada movimento dela.
Lee sorriu provocativa, girando para trás e equilibrando-se sobre uma única perna.
— Então se prepare, porque eu vou te entortar.
Viktor avançou, tentando acertá-la com um soco direto.
Mas Lee desviou com uma esquiva giratória, deslizando para o lado e se abaixando com um movimento fluido.
— Lento. — Ela provocou.
Viktor rosnou e pegou um pedaço de madeira do chão, jogando contra ela.
Lee saltou para trás, girando no ar, aterrissando suavemente em uma posição de esquiva.
— Usar o ambiente a seu favor, né? Esperto. Mas não vai ser o bastante.
Ela girou sobre si mesma e aplicou um Meia-Lua de Compasso — um chute rápido e preciso, partindo de baixo para cima, mirando o queixo de Viktor.
— TSC!
Ele desviou no último segundo, mas a lâmina do pé de Lee raspou em seu rosto, abrindo um pequeno corte.
Viktor tocou o rosto, vendo o sangue.
— Heh… parece que você dança bem.
Lee sorriu, girando o corpo novamente.
— Isso não é dança. É capoeira.
Viktor jogou um latão de lixo na direção dela, tentando desestabilizá-la.
Mas Lee saltou por cima com um mortal para trás, caindo de cabeça para baixo no chão, apoiada sobre as mãos.
E antes que Viktor pudesse entender o que estava acontecendo, ela impulsionou o corpo e lançou um Duplo Martelo—dois chutes giratórios simultâneos, mirando tanto o tórax quanto o rosto dele.
— O QUÊ?!
BOOM!
O golpe acertou em cheio, jogando Viktor para trás.
Ele caiu de costas no chão, atordoado.
— Urgh…
Lee se ergueu e girou no ar novamente, aterrissando suavemente.
— Acho que você subestimou um pouco a Capoeira, né?
Viktor se levantou devagar, ofegante.
— Tsc… ok… agora ficou interessante.
Ele pegou uma barra de ferro caída ao lado, apertando-a firmemente nas mãos.
A luta ainda não tinha terminado.
Enquanto os quatro lutavam intensamente, o ar ao redor vibrava com a adrenalina.
O vento soprava, espalhando a poeira do chão.
A tensão era palpável.
O que começou como um simples confronto agora se tornava uma guerra de resistência, força e estratégia.
E no meio da cidade, no silêncio da noite, uma nova batalha estava sendo travada.
A poeira subia no ar, misturando-se ao brilho pálido dos postes de luz. O beco, estreito e cercado por paredes pichadas, ressoava com o som dos impactos violentos, chutes rasgando o vento, e grunhidos de esforço.
Mia e Raiko trocavam golpes em uma velocidade insana—os dois já estavam ofegantes, mas Mia ainda se mantinha firme, letal, precisa.
Lee, por outro lado, girava pelo campo como se o chão fosse apenas uma pista de dança. Seus movimentos eram imprevisíveis, forçando Viktor a se adaptar a cada segundo—mas ele já estava um passo atrás.
O vento cortava entre os quatro lutadores. O clima esfriava, mas o calor da luta fazia o sangue ferver.
Raiko tentou mais uma vez agarrar Mia, buscando uma brecha para usar seu Judô.
Mas ela já tinha lido completamente seus padrões de ataque.
Ele avançou com um golpe Seoi Nage, tentando desequilibrá-la.
Mia desviou com um passo lateral, agarrou o braço de Raiko e puxou-o para frente, girando seu corpo.
— Aí não, grandão!
CRACK!
Ela acertou uma cotovelada brutal na têmpora dele, fazendo sua visão explodir em estrelas.
Antes que pudesse reagir, Mia já estava em movimento novamente.
— Você me cansa.
BAAAM!
Um chute direto no estômago fez Raiko dobrar os joelhos, cuspiu saliva, tentando recuperar o ar.
— Ghhaahh…
Mia o encarou de cima, ajustando os punhos.
— Isso é tudo? O número 11 da escola 27 não aguenta nem um treino sério?
Raiko tentou responder, mas caiu de joelhos.
Mia suspirou, desapontada.
— Tsc. Perda de tempo.
Com um chute giratório fulminante, ela acertou a lateral do rosto dele.
BOOM!
Raiko desabou no chão, desacordado.
Enquanto isso, Lee e Viktor ainda trocavam golpes ferozmente.
Viktor tentou usar a barra de ferro para forçar Lee ao canto do beco.
— Agora quero ver você girar pra fugir, garota!
Ele desferiu um golpe brutal para baixo.
Lee, com um sorriso afiado, girou em um movimento baixo, desviando da barra como um raio de energia.
— Muito lento.
Ela plantou as mãos no chão e executou uma sequência de chutes giratórios—três golpes certeiros que acertaram costelas, abdômen e queixo de Viktor.
Ele cambaleou para trás, desorientado.
Lee não parou. Saltou para frente e girou no ar, preparando o golpe final.
— Agora dorme!
“PONTA DA ESTRELA!”
O último chute giratório acertou o rosto de Viktor com força esmagadora.
CRACK!
Ele caiu duro no chão, nocauteado instantaneamente.
Lee caiu de pé, suavemente, como se não tivesse nem suado.
— Fácil demais.
Ela olhou para Mia, que já estalava os dedos, como se quisesse mais luta.
— Pronto, Mia?
Mia deu de ombros.
— Podiam mandar mais uns cinco desses.
Lee riu, dando um tapa no ombro da amiga.
— Vamos embora antes que mais lixo apareça.
As duas saíram do beco caminhando tranquilamente, enquanto os dois oponentes jaziam inconscientes no chão frio.
A batalha estava ganha. Completamente dominada.
Enquanto Isso, no Karaokê…
A música ambiente ecoava pelas paredes acolchoadas da sala privada.
Luzes neon piscavam suavemente no teto, criando um clima descontraído.
Hiroshi estava recostado no sofá de couro, um copo de whisky na mão, girando o líquido enquanto pensava.
Kaito, ao seu lado, segurava um cigarro entre os dedos, observando Hiroshi com um olhar atento.
— Você está hesitante. — Kaito comentou, soprando a fumaça lentamente.
Hiroshi passou a mão pelo rosto, suspirando.
— Não é hesitação, Kaito… é estratégia.
Ele tomou um gole do whisky, deixando o álcool queimar na garganta antes de continuar.
— Se atacarmos agora, temos 70% de chance de dominar a situação. Mas…
Ele girou o gelo no copo, ouvindo o tilintar.
— E se der errado?
Kaito ergueu uma sobrancelha.
— Você, o grande Hiroshi, tem medo de um fracasso?
Hiroshi sorriu de canto, mas seus olhos estavam afiados como lâminas.
— Fracasso?
Ele largou o copo na mesa de vidro com força, fazendo um som seco ressoar pela sala.
— Não temo fracasso. Temo desperdício.
Kaito cruzou os braços, interessado.
— Explique.
Hiroshi se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
— Se atacarmos agora, talvez consigamos um grande avanço. Mas o que estamos perdendo no processo? Precisamos usar as peças certas, no momento certo.
Ele apontou para Kaito.
— Yoru e seu grupo não são idiotas. Se atacarmos errado, eles vão revidar… e feio.
Kaito deu uma risada leve, tragando o cigarro.
— Então, vai voltar com o plano original?
Hiroshi pegou um outro copo, enchendo-o lentamente.
— Sim.
Ele ergueu o copo, observando o líquido âmbar.
— Tempo é poder, Kaito. Vamos deixar eles se sentirem no controle… e quando menos esperarem…
Ele sorriu diabolicamente.
— Vamos esmagá-lo
…
Mia e Lee caminhavam pelas ruas escuras, o cheiro de asfalto e a brisa fria da noite preenchendo o ar.
Lee olhou para Mia e sorriu.
— Acha que eles vão contra-atacar logo?
Mia estalou o pescoço.
— Sem dúvida.
Ela olhou para a tela do celular. Uma mensagem de Yoru.
“Bom trabalho. Reúnam-se amanhã. Vamos planejar o próximo movimento.”
Mia guardou o celular e olhou para frente.
— Isso ainda vai ficar muito mais intenso.
Lee riu, girando no ar como se estivesse dançando.
— Mal posso esperar.
As duas desapareceram na escuridão da cidade, enquanto a batalha entre Yoru e Hiroshi apenas começava.
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