Capítulo 111 - O sequestro de Hina
A lua iluminava as ruas desertas da cidade, refletindo nas poças d’água deixadas pela chuva da tarde. O trio formado por Nathan, Ben e Hayato caminhava com tranquilidade, analisando as ruelas e vielas sem encontrar resistência significativa.
Nathan, o mais atento dos três, franziu o cenho.
— Isso tá fácil demais.
Ben, com as mãos no bolso, apenas deu de ombros.
— Se não tem resistência, não reclame. Melhor assim.
Hayato bufou, estalando os dedos.
— Sorte? Eu chamo isso de tédio.
O silêncio os acompanhou pelo restante da patrulha. Nenhum ranker da escola 27 apareceu, nenhum confronto digno ocorreu.
Uma noite silenciosa. Mas algo parecia estranho.
Eles apenas não sabiam o quê.
A sala estava tomada por um clima pesado.
Yoru estava sentado na mesa central, rodeado por seus principais aliados. Ele batia os dedos no tampo da mesa, pensando.
— Temos um problema maior do que imaginamos. — disse, sua voz carregada de preocupação.
Sophie cruzou os braços.
— E qual é o plano? Vamos para cima?
Yoru suspirou.
— Não ainda.
Ele olhou ao redor, certificando-se de que todos estavam atentos.
— A escola 27 quer nos pressionar. Se atacarmos agora, estaremos jogando no jogo deles. Precisamos segurar as investidas e nos fortalecer.
Hayato bufou.
— Segurar? Você quer que fiquemos apenas na defensiva?
Yoru encarou o amigo.
— Por enquanto, sim.
Nathan, pensativo, apoiou os cotovelos na mesa.
— E quanto tempo precisamos ganhar?
Yoru estreitou os olhos.
— No mínimo, alguns dias.
O grupo murmurou entre si. Eles estavam inquietos.
Mas Yoru sabia.
A guerra estava apenas começando
…
Hina ria com suas amigas enquanto caminhavam pela calçada. A atmosfera era tranquila.
— Aquela prova foi um inferno. — reclamou Aiko, revirando os olhos.
— Só porque você não estudou. — retrucou Erika, dando um leve empurrão na amiga.
Hina sorriu, ouvindo a conversa enquanto olhava o céu. As estrelas brilhavam intensamente.
— Bom, eu só quero chegar em casa e dormir. — disse Hina, esticando os braços.
Foi então que tudo mudou.
Um vulto apareceu diante delas.
A rua, que antes estava silenciosa e comum, de repente ficou pesada, como se o ar tivesse sido sugado do ambiente.
Philips estava parado no meio da rua, encarando-as com um sorriso sádico.
— Boa noite, garotas.
Seu tom era falso, doce demais para ser real.
As meninas pararam imediatamente.
Aiko segurou o braço de Hina, sussurrando:
— Quem é esse cara?
Hina estreitou os olhos. Ela não o conhecia.
Mas seu instinto gritava. Algo estava errado.
— Vamos dar a volta… — sugeriu Erika, tentando manter a calma.
Mas era tarde demais.
Philips se moveu em um piscar de olhos, rápido como uma sombra, e agarrou o pulso de Hina com força brutal.
— Você vem comigo.
— O quê—?!
Hina tentou se soltar, mas era impossível. A força dele era absurda.
As amigas gritaram, mas antes que pudessem reagir, Philips as ignorou completamente, jogando Hina sobre seu ombro como se ela não pesasse nada.
— Solta ela! — gritou Aiko.
Philips sorriu, mas seus olhos eram gelados como a morte.
— Quietinhas, meninas. Isso não tem nada a ver com vocês.
E então, ele desapareceu na escuridão.
As amigas de Hina ficaram paralisadas, em choque, os gritos morrendo em suas gargantas.
O plano de Hiroshi estava em movimento.
Hiroshi girava o gelo no copo de whisky, observando o líquido âmbar com um olhar pensativo.
Ao seu lado, Kaito estava recostado na parede, os braços cruzados.
A porta se abriu.
Philips entrou carregando Hina, que ainda se debatia, tentando desesperadamente se soltar.
— Me solta, seu desgraçado! — ela gritou, tentando dar um chute.
Philips simplesmente a largou no chão.
Hina caiu sentada, arfando, o coração acelerado.
Ela olhou ao redor—um galpão escuro, cheiro de ferrugem e óleo queimado no ar.
Hiroshi sorriu, tomando um gole de whisky.
— Bem-vinda, Hina.
Ela arregalou os olhos.
— Quem diabos é você?!
Hiroshi se levantou, andando lentamente até ela.
— Ah… você não precisa saber disso ainda.
Ele se agachou, ficando cara a cara com ela.
— Mas Yoru…
Ele sorriu friamente.
— Ele vai saber.
Hina sentiu um frio terrível na espinha.
Isso não era um simples sequestro.
Era uma mensagem.
E Yoru iria recebê-la em breve.
…
O silêncio era absoluto.
Dentro de um galpão escuro e úmido, Hina estava sentada no chão, seus pulsos amarrados com uma corda áspera que irritava sua pele. Seu coração batia acelerado, mas ela se recusava a demonstrar medo.
Diante dela, Hiroshi observava com um olhar frio, sentado sobre uma pilha de caixotes de madeira. Ao seu lado, Philips, o homem que a sequestrou, permanecia de braços cruzados, um sorriso cínico estampado no rosto.
— Você sabe por que está aqui? — Hiroshi perguntou, sua voz carregada de tédio.
Hina não respondeu. Seu olhar, firme e decidido, mostrava que ela não daria o gosto de demonstrar fraqueza.
— Tão orgulhosa… — Hiroshi riu. — Isso vai ser interessante.
Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
— Quero que seu namoradinho venha até mim. Yoru, certo? — ele sorriu de forma perigosa. — Ele está me incomodando. Então, vamos ver o que ele faz para te salvar.
Hina apertou os dentes.
— Você acha que ele virá sozinho? — ela disse com firmeza.
Hiroshi riu novamente, mas dessa vez, mais alto.
— É exatamente isso que eu quero ver.
Philips se abaixou na altura de Hina e tocou seu queixo de forma provocativa.
— Que garota linda… não acha que é perigoso namorar um delinquente? Você poderia acabar se machucando.
Antes que ele pudesse continuar, Hina o encarou diretamente nos olhos, com um olhar de puro desprezo.
— Se tocar em mim de novo, eu juro que corto sua mão fora.
O ambiente ficou tenso. Philips riu, mas se afastou.
— Gosto das bravas.
Hiroshi então se levantou.
— Mantenham ela aqui. Quando Yoru vier, veremos o quão longe ele está disposto a ir.
Ele se virou e saiu do galpão, enquanto Philips permaneceu de vigia.
Na escola 25, tudo estava tranquilo… até que a notícia chegou.
Nathan foi o primeiro a receber uma mensagem anônima em seu celular. Ao abrir, seu rosto ficou sombrio.
“Temos a garota. Se Yoru quer vê-la novamente, ele sabe onde me encontrar.”
Nathan imediatamente se levantou e correu até Yoru, que estava na sala de estudos com Sophie e Hayato.
— Yoru, temos um problema.
O tom de Nathan fez todos ficarem atentos. Yoru pegou o celular e leu a mensagem. Por um momento, seu rosto permaneceu neutro, mas dentro dele, algo começou a ferver violentamente.
— Hiroshi… — ele sussurrou.
Sophie e Hayato leram a mensagem por cima do ombro de Yoru.
— Ele sequestrou a Hina?! — Sophie arregalou os olhos.
— Aquele desgraçado…! — Hayato cerrou os punhos.
Yoru levantou-se lentamente, seus olhos fixos na mensagem. Seus dedos tremiam, mas não de medo—de pura raiva.
— Vamos buscá-la agora — ele disse, sua voz carregada de fúria contida.
Nathan segurou seu ombro.
— Calma. Isso pode ser uma armadilha.
Yoru o olhou nos olhos.
— Eu não ligo.
O silêncio tomou conta da sala. Todos sabiam que, quando se tratava de algo importante para Yoru, nada poderia pará-lo.
Sophie respirou fundo.
— Se for para ir, vamos fazer isso do jeito certo. Vamos reunir o máximo de informações possíveis e nos prepararmos para um ataque coordenado.
Yoru inspirou profundamente e assentiu.
— Certo. Mas uma coisa é clara…
Ele fechou o punho com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos.
— Hiroshi vai pagar por isso.
A equipe foi mobilizada. Nathan, Ben, Hayato, Sophie e Ryuji se reuniram em um prédio abandonado próximo à escola 27 para discutir a estratégia.
Sophie desenhou um mapa rudimentar do galpão onde Hina estava mantida.
— Baseado nas informações que conseguimos, Hiroshi deve ter vários de seus homens posicionados ao redor do local. Se entrarmos com tudo, seremos facilmente sobrepujados.
Nathan cruzou os braços.
— Precisamos dividir nossas forças. Criar uma distração para que Yoru entre sem problemas.
Yoru olhou para o mapa, seu olhar sério.
— Me deixem cuidar do Hiroshi.
Todos o olharam.
— Tem certeza? — Hayato perguntou.
Yoru sorriu de lado, mas era um sorriso frio.
— Eu já esperei tempo demais para isso.
Sophie assentiu.
— Certo. Então, vamos executar o plano ao anoitecer.
Todos estavam prontos.
A guerra estava prestes a começar.
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