Capítulo 114 - Pense nas consequências

A luta entre Ben e Kaito estava chegando ao seu clímax. O chão ao redor deles já estava marcado pelos impactos brutais de seus golpes. A respiração de ambos estava pesada, mas a determinação em seus olhos mostrava que nenhum deles recuaria. Nathan e Sora observavam atentos, sentindo o peso da batalha.

Kaito limpou um fio de sangue do canto da boca e sorriu. — Você realmente mudou, Ben. Mas não pense que vou cair tão fácil.

Ben, por outro lado, estava diferente. Seus olhos tinham um brilho intenso, sua presença era esmagadora. Ele se lembrava de quem foi no passado: um lobo solitário, alguém que não precisava de ninguém para ser forte. E agora, essa força estava voltando.

Com um grunhido feroz, Kaito avançou. Ele jogou o corpo para frente, tentando encaixar um golpe devastador com seu suplex. Mas Ben não era mais o mesmo. Com um giro rápido, ele desviou, aplicando um direto explosivo no estômago de Kaito, que cuspiu saliva e cambaleou para trás.

Ben sentiu um calor intenso em seu corpo.

Um novo poder. Algo que transcendeu sua força anterior. Ben olhou para suas próprias mãos, sentindo a eletricidade pulsando em seus músculos. Ele finalmente compreendia o que significava ser verdadeiramente forte.

Kaito se recompôs, cerrando os punhos. — Isso é tudo que você tem?! gritou, partindo para cima mais uma vez.

Mas dessa vez, Ben estava acima dele. Com um único passo, ele desapareceu e reapareceu ao lado de Kaito. Antes que o outro pudesse reagir, um soco brutal acertou sua mandíbula, jogando-o para o alto. Ben não esperou. Ele pulou e, em pleno ar, girou o corpo, desferindo um golpe poderoso que lançou Kaito como um míssil contra o chão, criando uma cratera.

Silêncio. Apenas a poeira subindo e a respiração ofegante de Ben ecoavam na cena. Kaito estava no chão, imóvel. Nathan e Sora assistiam boquiabertos.

— Isso… isso não foi normal murmurou Sora.

Nathan sorriu. — Parece que o Ben finalmente acordou.

Ben olhou para suas mãos novamente. A força que ele sentia agora era diferente de tudo. Ele havia superado seus próprios limites.

Enquanto isso, em outro lugar da cidade, Hina estava encurralada. Philips a olhava com um sorriso frio. — Seu querido Yoru já está a caminho. Isso significa que o verdadeiro show está prestes a começar.

Hina sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela conhecia Yoru o suficiente para saber que ele faria qualquer coisa para salvá-la. Mas ela também sabia que isso significava perigo. Algo grande estava prestes a acontecer.

O clima ao redor ficou mais pesado. A noite estava apenas começando, e o confronto definitivo entre a Escola 25 e a Escola 27 estava prestes a explodir.

A poeira ainda pairava no ar após a vitória esmagadora de Ben sobre Kaito. O chão estava rachado pelos impactos da batalha, e o silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pela respiração ofegante dos combatentes. Ben sentia seu corpo pulsar com energia; seu despertar havia sido completo. Nathan, ao seu lado, mantinha os olhos fixos na cena, analisando cada detalhe.

Sora, que até então observava atentamente, percebeu o perigo. Ele sabia que se Ben e Nathan se unissem contra ele, suas chances seriam mínimas. Ele não estava preparado para lidar com ambos ao mesmo tempo. Tentando recuar, ele deu um passo para trás, mas Ben e Nathan já estavam prontos para apagá-lo rapidamente.

— Não podemos perder tempo com ele — disse Nathan, seus olhos brilhando com determinação.

— Concordo — respondeu Ben, ainda sentindo a energia de seu despertar fluindo por seu corpo.

Os dois partiram para cima de Sora como predadores caçando sua presa. Nathan foi o primeiro a agir, deslizando pelo chão e acertando um chute certeiro no estômago de Sora, fazendo-o perder o equilíbrio. Ben, sem hesitar, girou o corpo e aplicou um soco avassalador na lateral da cabeça do inimigo. Sora caiu desacordado antes mesmo de perceber o que havia acontecido.

— Rápido e eficiente — comentou Ben, limpando as mãos.

Sem perder tempo, os dois se juntaram a Yoru, que já estava pronto para seguir em direção ao local onde Hina estava sendo mantida. O trio avançou pelas ruas em alta velocidade, cientes de que o confronto mais importante ainda estava por vir.

Atravessando os portões da área controlada pela Escola 27, Yoru encontrou Hiroshi os esperando. O líder da Escola 27 estava tranquilo, um sorriso cínico nos lábios, como se já esperasse pela chegada de Yoru.

— Finalmente você chegou — disse Hiroshi, cruzando os braços. — Achei que demoraria mais.

Yoru estreitou os olhos, sua raiva fervilhando. — Você sequestrou a pessoa errada, Hiroshi.

Hiroshi soltou uma risada baixa. — Ah, então ela realmente significa algo para você? Interessante…

Antes que ele pudesse terminar, Yoru avançou. A luta começou sem aviso. Hiroshi tentou desferir um chute alto, aproveitando sua técnica refinada de Taekwondo, mas Yoru desviou com facilidade, sua nova habilidade “Instinto de Fera” permitindo que ele antecipasse os movimentos do inimigo com precisão sobre-humana.

— Você não vai me tocar — rosnou Yoru, seus olhos brilhando com uma intensidade animalesca.

Hiroshi tentou um golpe giratório, mas Yoru bloqueou com um único braço e revidou com um gancho brutal que fez Hiroshi ser arremessado para trás. O impacto foi tão violento que rachou o concreto sob os pés do líder da Escola 27.

Hiroshi cuspiu sangue, seus olhos arregalados. — Mas que diabos…?

Yoru não lhe deu tempo para se recuperar. Com um salto explosivo, ele alcançou Hiroshi e o golpeou repetidamente, seus socos e chutes avassaladores parecendo vir de todas as direções ao mesmo tempo. Hiroshi tentou se defender, mas era inútil. A força de Yoru era esmagadora.

Yoru sentiu o sistema ativar a missão dentro de sua mente. Ele já sabia o desfecho dessa batalha. Sem hesitação, ele finalizou com um último soco direto no peito de Hiroshi, lançando-o contra uma parede com um estrondo ensurdecedor.

Hiroshi caiu no chão, inconsciente.

Yoru olhou para a tela holográfica diante de seus olhos, mas decidiu não abrir a recompensa naquele momento. Sua prioridade era Hina.

Ele correu para onde ela estava presa, libertando-a rapidamente. Seus olhos se encontraram, e por um breve momento, um alívio profundo tomou conta dos dois.

— Eu sabia que você viria — disse Hina, sua voz tremendo.

— Sempre — respondeu Yoru, segurando sua mão firme.

Porém, antes que pudessem sair dali, Philips, que havia assistido tudo das sombras, agiu. Com uma movimentação sorrateira e ágil, ele pegou o corpo de Hiroshi e desapareceu antes que qualquer um pudesse impedi-lo.

Yoru cerrou os punhos, mas sabia que agora sua missão principal estava completa. Ele havia vencido. Ele havia resgatado Hina. E agora, com um novo baú épico em sua posse, o verdadeiro crescimento estava apenas começando.

….

O lua envolvia a cidade em um manto frio e silencioso. A lua cheia iluminava as ruas desertas, refletindo sua luz prateada nas poças d’água deixadas pela chuva da noite anterior. O trio composto por Yoru, Ben e Nathan caminhava de volta para a Escola 25, seus passos ecoando na escuridão. Atrás deles, Hina, ainda visivelmente abalada, mantinha-se próxima, sua respiração ainda irregular pelo recente sequestro.

A adrenalina da luta havia passado, e o peso das consequências começava a se instalar. O corpo de Yoru estava dolorido, mas seu coração pulsava forte, dominado por uma mistura de alívio e cansaço. Ele olhou para Hina, que o encarava em silêncio. Seus olhos transmitiam gratidão e preocupação.

O portão da Escola 25 surgiu no horizonte, cercado por um grupo de estudantes que aguardavam ansiosos. Assim que os viram se aproximar, os murmúrios se espalharam pelo pátio.

Foi então que Sophie, uma das principais estrategistas da escola, irrompeu da multidão. Seus olhos estavam carregados de frustração e raiva.

— Yoru, que diabos você estava pensando?! — ela vociferou, atravessando a multidão e se colocando cara a cara com ele.

Yoru manteve sua expressão serena, mas dentro de si já antecipava aquela discussão.

— Eu fiz o que precisava ser feito. — respondeu firmemente.

Sophie bufou, cruzando os braços.

— Fez o que precisava ser feito? Você colocou a si mesmo e a outros em risco por causa de UMA PESSOA! — sua voz se elevou, ecoando pelo pátio.

Hina, ainda tremendo ligeiramente, interveio, dando um passo à frente.

— Sophie, por favor, não faça isso. Ele me salvou. Eu…

— Isso não é sobre você, Hina! — Sophie interrompeu, sua voz carregada de emoção. — Isso é sobre ele agir impulsivamente, sem pensar nas consequências! E se fosse uma armadilha maior? E se nós tínhamos um plano melhor? Yoru agiu como um maldito herói solitário, e isso poderia ter custado muito caro!

O clima entre os estudantes ficou pesado. Murmúrios corriam entre eles, e o ar ficou denso de tensão.

Ben deu um passo à frente, sua expressão fechada.

— Sophie, nós vencemos. Hina está segura. Isso não é o suficiente?

Sophie voltou sua atenção para Ben, os olhos brilhando de irritação.

— Vocês são mesmo um bando de idiotas! E se o Hiroshi tivesse reforços? E se o Philips tivesse uma jogada oculta? Vocês simplesmente saíram correndo para salvar UMA PESSOA, enquanto toda a escola estava em jogo!

Nathan, que até então permanecia calado, suspirou.

— Sophie… eu entendo sua preocupação, mas não adianta gritar. O que está feito, está feito.

— Isso não significa que foi certo! — ela rebateu de imediato.

Yoru manteve seu olhar fixo no dela. Ele entendia a preocupação dela, entendia que Sophie não queria perder mais aliados. Mas ele também sabia que não poderia simplesmente ignorar quando algo ameaçava aqueles que amava.

— Sophie, eu sei que fui imprudente. — Ele deu um passo à frente, seu tom firme, mas sem agressividade. — Mas eu não sou do tipo que fica parado vendo quem eu amo ser usado como peão.

Ela apertou os punhos, lutando contra a vontade de gritar ainda mais. Por fim, suspirou pesadamente.

— Eu só… não quero perder mais ninguém. — Sua voz saiu mais baixa, carregada de frustração e medo.

O silêncio pairou no pátio.

Hina se aproximou de Sophie, tocando de leve seu ombro.

— Eu entendo o que você quer dizer. — disse ela, suavemente. — Mas Yoru fez o que achou certo. E eu sou grata por isso.

Sophie suspirou novamente e virou o rosto, claramente tentando controlar suas emoções.

Yoru sabia que essa discussão ainda não havia terminado completamente. O clima na Escola 25 estava diferente. Hostil. Tenso.

Ele estreitou os olhos, sentindo que, mais do que nunca, precisava manter sua liderança firme.

A guerra contra a Escola 27 ainda estava longe de acabar.

E agora, eles também tinham batalhas internas para resolver.