Capítulo 123 - Líder contra líder
A escuridão dançava sob os letreiros de neon, pulsando em tons de azul e vermelho. O cheiro de cigarro misturava-se ao ar abafado do prédio, impregnando cada corredor com um aroma pesado de suor e bebida. O som distante de músicas mal cantadas ecoava nas paredes, tornando o ambiente surreal – um cenário de festa à beira de um campo de guerra.
Yoru estava sozinho.
O karaokê, que parecia apenas um ponto de encontro qualquer, havia se transformado em um labirinto de dor e desgaste.
Seus músculos queimavam. Seus pulmões imploravam por ar. Mas ele não parava.
Cada passo à frente era um passo em direção a Hiroshi. Mas para chegar até ele, teria que atravessar um caminho sem fim de inimigos.
Ele já havia derrubado pelo menos uns vinte delinquentes desde que entrou, e ainda assim, novas portas se abriam. Novos adversários surgiam.
Seus punhos estavam doloridos de tanto bater. Seus pés pesavam como chumbo.
Mas ele continuava.
Mais cinco apareceram de repente, avançando como lobos famintos.
Yoru cerrou os punhos, sentindo os músculos do antebraço latejarem. Ele chutou o primeiro sem hesitação – um golpe seco na lateral do rosto que fez o adversário girar no ar antes de colidir contra uma mesa.
O segundo tentou um soco direto. Yoru bloqueou com o antebraço, mas sentiu o impacto como um choque elétrico correndo por seus ossos. Seu corpo já estava cansado – a dor demorou um segundo a mais para se dissipar.
Aproveitando-se disso, o terceiro adversário atacou com um soco na costela.
“Droga!”
O golpe acertou. Seu corpo foi empurrado para trás, mas ele forçou seus pés contra o chão, evitando cair. Antes que o quarto pudesse atingi-lo, Yoru girou o tronco e lançou um gancho devastador. O impacto fez os dentes do inimigo voarem, e ele caiu no chão sem vida nos olhos.
Os outros hesitaram por um segundo.
Era o tempo que Yoru precisava.
Ele investiu contra o quinto delinquente, cravando o joelho no estômago dele, depois usou o corpo caindo como apoio para chutar o quarto no queixo.
Ambos caíram.
Mas ele não teve tempo de respirar.
As portas do karaokê abriram de novo.
Mais seis.
Hiroshi segurava um copo de saquê, observando tudo pelas câmeras de segurança.
— Ainda está de pé… impressionante.
Ele tomou um gole e sorriu.
— Mas e por quanto tempo?
A cada novo grupo de delinquentes, a movimentação de Yoru ficava um pouco mais lenta. Ele ainda vencia, ainda se movia com força bruta e determinação inabalável… mas Hiroshi notava os detalhes.
Os golpes já não eram tão precisos. Seus bloqueios já não eram tão eficazes.
Aos poucos, o monstro estava se cansando.
E era exatamente isso que Hiroshi queria.
Yoru engoliu seco.
Seus pulmões queimavam como se estivessem pegando fogo. Ele podia sentir a rigidez na perna esquerda – um músculo contraído pela exaustão.
Mas os inimigos não esperavam.
Um deles veio com uma cadeira, tentando esmagar sua cabeça.
“Isso é brincadeira, né?”
Yoru desviou por instinto, mas sentiu o vento do golpe passar perto. Se pegasse, provavelmente o atordoaria.
“Eu não posso parar. Eu não posso cair.”
A cadeira foi jogada para o lado, e Yoru chutou o atacante na costela, fazendo-o voar para trás.
Mas outro veio.
Um soco reto.
Dessa vez, ele não conseguiu bloquear completamente. O impacto explodiu em seu ombro direito, fazendo-o cambalear um passo para trás.
Outro chute veio.
Ele mal conseguiu levantar o braço para se defender. O impacto sacudiu seu crânio.
Seu corpo protestava.
Mas sua mente rugia.
“Não importa o quanto meu corpo grite, eu não vou parar. Eu sou Yoru. E eu nunca recuo.”
Ele soltou um rugido e avançou de novo.
Punhos voavam. Sangue espirrava.
O mundo se tornava um borrão de socos e chutes.
O cheiro de suor e sangue impregnava o ar. O carpete macio do karaokê estava tingido de escarlate. Corpos jaziam pelo chão como bonecos quebrados, espalhados por sofás revirados e mesas destruídas. O som abafado de uma música qualquer ainda tocava ao fundo, tornando a cena ainda mais surreal.
Yoru estava ali, parado no meio da sala, os punhos cerrados, o peito subindo e descendo de forma irregular. Sua respiração era pesada, áspera, como se cada gole de ar fosse um desafio.
Seu corpo estava exausto.
Ele nunca tinha enfrentado algo assim antes. Uma luta que não acabava. Um inimigo que não atacava diretamente, mas que o fazia lutar contra dezenas sem descanso.
“Isso não é uma luta… é um massacre planejado.”
Mas ele não cederia.
Mesmo que suas pernas estivessem pesadas como chumbo. Mesmo que seus braços doessem como se tivessem sido rasgados por lâminas invisíveis.
Ele tinha que continuar.
Porque Hiroshi ainda estava esperando.
Porque isso ainda não tinha acabado.
As portas se abriram.
O som da madeira rangendo fez Yoru ranger os dentes.
“Quantos mais?”
Dessa vez eram sete.
Eles não tinham a postura hesitante dos anteriores. Esses estavam frescos. Descansados. Prontos.
Yoru, por outro lado, já estava no limite.
Ele tentou se preparar, levantar os punhos na guarda, mas sentiu o peso dos braços. Seu reflexo já não era tão afiado. Seu corpo já não respondia na mesma velocidade.
O primeiro atacou.
Um chute direto no peito.
Dessa vez, Yoru não conseguiu bloquear completamente. O impacto o fez deslizar para trás.
O segundo veio na sequência, com um soco no rosto.
Yoru tentou desviar, mas foi tarde demais.
O golpe explodiu em seu maxilar, fazendo sua cabeça virar violentamente para o lado.
A dor foi aguda.
Mas ele não caiu.
Ele não podia cair.
O terceiro o agarrou pelas costas, prendendo seus braços.
— Agora! — um dos delinquentes gritou.
Dois deles vieram ao mesmo tempo.
Yoru rosnou, forçando os músculos num esforço desesperado. Ele ergueu os pés do chão e impulsionou o corpo para trás, esmagando o inimigo que o segurava contra a parede.
O aperto afrouxou por um segundo.
O suficiente para ele se libertar.
Ele se virou com um gancho brutal, acertando o rosto do delinquente mais próximo. O impacto foi tão forte que o garoto voou contra a mesa de som, derrubando tudo.
Mas então o quinto o acertou com um soco no estômago.
Seu corpo se curvou involuntariamente.
O sexto aproveitou para desferir um chute lateral em sua costela.
Dessa vez, ele caiu.
A sala girou ao seu redor.
Por um breve momento, seu corpo paralisou.
Seu corpo… não queria mais se mover.
“Levanta.”
Os delinquentes riram.
— Ele está no limite.
— Não dura mais cinco minutos.
— Ei, chefe! Melhor vir ver isso!
Um silêncio estranho preencheu a sala.
Os delinquentes pararam de avançar, olhando para a entrada.
Yoru, mesmo caído, ainda consciente, ergueu a cabeça.
E então… ele viu Hiroshi entrar.
Hiroshi caminhava com calma, as mãos nos bolsos da jaqueta. Seu rosto trazia um sorriso leve, mas seus olhos estavam afiados como lâminas.
Ele olhou ao redor, analisando a cena.
O chão coberto de corpos. A destruição. O sangue de seus aliados espalhado pelo carpete.
Yoru, ofegante, caído no chão.
Hiroshi suspirou.
— Eu admito… você me surpreendeu.
Yoru tentou se erguer, apoiando-se nos braços. Seu corpo tremia.
Hiroshi continuou:
— Você derrotou quantos até agora? Vinte? Trinta? Eu já perdi a conta.
Yoru cuspiu sangue no chão e olhou para ele com desprezo.
— Se você veio aqui pra falar, então cala a boca. Eu ainda não acabei.
Os delinquentes que estavam de pé riram.
Hiroshi arqueou uma sobrancelha, ainda sorrindo.
— Você acha mesmo que pode continuar? Olhe para você, Yoru. Seu corpo está gritando. Seus ossos estão implorando para parar. Mas sua mente não quer ouvir, não é? Você é exatamente o tipo de pessoa que se mata em pé.
Yoru se forçou a ficar de joelhos.
Cada fibra de seu corpo protestava.
Mas ele olhou direto nos olhos de Hiroshi.
E sorriu.
— E daí? Eu ainda posso lutar.
O sorriso de Hiroshi desapareceu por um instante.
Ele percebeu naquele momento.
Yoru… não era normal.
Nenhum ser humano normal teria chegado tão longe.
Nenhum ser humano normal ainda estaria de pé depois de tudo isso.
Hiroshi colocou a mão no queixo, pensativo.
— Você realmente acha que vai vencer aqui, Yoru? Eu não sou qualquer um. Eu sou Hiroshi. Eu estou nesse trono há muito tempo. Você acha que um novato como você pode simplesmente me derrubar?
Yoru sorriu, apesar da dor.
— Se você tem tanta certeza disso… por que ainda não me atacou?
Por um instante, Hiroshi não respondeu.
Os dois ficaram ali, encarando-se.
O som distante do karaokê continuava tocando.
E então… Hiroshi riu.
— Interessante. Você não desiste mesmo, né?
Ele estalou os dedos.
— Então vamos acabar com isso de uma vez.
Os delinquentes se afastaram, deixando espaço para os dois.
Yoru forçou suas pernas a ficarem de pé.
Seus músculos gritavam. Seu corpo tremia.
Mas ele ergueu os punhos.
Hiroshi sorriu.
— Muito bem, Yoru. Vamos ver quem realmente merece esse trono.
E então… eles avançaram um contra o outro.
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