Índice de Capítulo

    O sol já começava a cair no horizonte quando Yoru, vestido com sua roupa mais apresentável – uma camisa branca bem passada e calça social escura – se encontrava em frente a uma bela casa de fachada moderna e bem cuidada. As mãos suavam, o coração batia forte. Não era uma batalha contra delinquentes, mas parecia mais assustador que qualquer luta: ele ia conhecer a mãe da Hina, a temida e respeitada Senhora Scarlett.

    Ao tocar a campainha, a porta se abriu quase de imediato. A figura imponente de Scarlett surgiu. Alta, postura reta, cabelos escuros presos em um coque e olhos afiados como se pudessem ver a alma de Yoru.

    — Boa tarde, Senhora Scarlett. Eu sou o Yoru, namorado da sua filha, Hina. Obrigado por me receber em sua casa.

    Ela apenas assentiu com a cabeça, sem sorrir.

    — Entre.

    O ambiente da casa era silencioso e refinado. Quadros de paisagens delicadas decoravam as paredes, e um perfume floral tomava o ar. Hina apareceu ao lado da mãe, sorridente e um pouco envergonhada.

    — Oi, Yoru…

    — Oi, Hina.

    Sentaram-se em uma mesa redonda de madeira escura. Scarlett manteve o olhar fixo em Yoru durante quase todo o tempo.

    — Então… o que você quer de minha filha?

    Yoru respirou fundo.

    — Eu a amo. Quero cuidar dela e estar ao lado dela em todos os momentos. Eu sei que sou jovem, mas tenho certeza do que sinto.

    Scarlett arqueou uma sobrancelha.

    — E o que você faz da vida, garoto?

    — Eu estudo. Bastante. Gosto de aprender, e mesmo com os problemas da minha escola, não deixo os estudos de lado. Também treino para ser forte, para proteger aqueles que amo.

    Ela cruzou os braços.

    — Sua fama o precede. Sei que você é um delinquente. Um lutador. Envolvido em confusão, sangue e caos. Isso não parece um ambiente seguro para minha filha.

    Yoru abaixou o olhar por um segundo, depois voltou a encarar a mãe da garota que ele amava.

    — Eu não escolhi essa vida. Ela foi jogada sobre mim. Minha mãe morreu, e eu nunca conheci meu pai. Nem sei se ele ainda está vivo. Eu cresci com dor e silêncio, mas encontrei sentido quando conheci a Hina. Ela me mostrou luz.

    A senhora Scarlett observou com olhos calculistas. O clima na sala ficou tenso quando o almoço foi servido. Frango assado, arroz com legumes e salada. Tudo feito com perfeição. No entanto, ao sentarem-se, ela lançou uma frase direta:

    — Ainda assim, não permito que namore minha filha.

    Yoru ficou em choque por alguns segundos. Olhou para Hina, que baixou a cabeça, constrangida e triste. A atmosfera gelou.

    Mas ele não aceitaria aquilo. Não sem lutar.

    Ele se levantou, afastou a cadeira com firmeza, se curvou profundamente diante de Scarlett, com a cabeça quase encostando no chão.

    — Eu vou protegê-la com minha vida. Mesmo que a senhora não aceite agora, um dia vai me ver como digno. Eu nunca vou machucá-la. Nunca. Ela é tudo para mim.

    Scarlett ficou em silêncio. O tempo parecia ter parado. O som da respiração de Hina era o único na sala. Por fim, Scarlett suspirou.

    — Você é teimoso. Tem o olhar de quem não desiste. Muito bem, garoto. Se você continuar provando isso, não terei como impedir. Mas se um dia fizer minha filha derramar uma lágrima sequer de dor, eu mesma acabo com você.

    Yoru se ergueu, com os olhos marejados. Hina correu para abraçá-lo, emocionada.

    A partir daquele dia, eles começaram a namorar oficialmente. Mas Yoru sabia que o caminho ainda seria cheio de desafios. Ele havia vencido muitos inimigos… mas conquistar o coração da família de Hina seria uma batalha longa, talvez a mais delicada de todas.

    A noite havia caído sobre a cidade, e na casa do Yoru, a luz quente da cozinha iluminava o ambiente com um brilho amarelado e acolhedor. Era uma cena rara e quase mágica: dois jovens, juntos, tentando cozinhar alguma coisa que não acabasse virando um desastre. Yoru, de avental, segurava uma colher de pau enquanto observava atentamente Hina cortar os legumes com precisão.

    — Cuidado aí com a faca, senão já era sua mão, chef — brincou ele, com um sorriso no canto dos lábios.

    — Melhor cortar meus sentimentos por você, porque sua cantada foi péssima — ela respondeu com um sorriso provocador, arqueando uma sobrancelha.

    Os dois riram juntos, riso leve, livre, sem peso de guerra, sem dor, sem sangue. Aquela cozinha, por aquele instante, era o refúgio de dois corações que, mesmo calejados pelas batalhas da vida, encontraram paz um no outro.

    — Você sabe que… isso aqui… é a primeira vez que eu faço algo assim — disse Yoru, mexendo o molho devagar, como se aquilo fosse a confissão mais sincera de todas.

    — Eu também — disse Hina, olhando para ele. — É estranho como um momento tão simples pode parecer tão especial, né?

    Yoru a olhou. Por um instante, esqueceu o que estava cozinhando. Ela era linda, mas não de um jeito comum. Era o tipo de beleza que transbordava de dentro, uma calma no meio do caos. E naquele momento, ele sabia: faria qualquer coisa por ela.

    O jantar ficou pronto com o esforço conjunto dos dois. Era simples: arroz, um molho improvisado e legumes salteados. Mas quando os dois se sentaram à mesa, e começaram a comer, era como se estivessem diante de um banquete.

    — Não tá ruim — Hina disse, mastigando devagar.

    — Eu diria que está no mínimo… aceitável para um casal de iniciantes — Yoru riu.

    — Somos um casal agora mesmo, né?

    O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Foi cheio de significado. Os dois se olharam, e então, os sorrisos vieram. Sorrisos que diziam “sim”. Sorrisos que carregavam promessas mudas, desejos não ditos.

    — E a escola 35? — Hina perguntou, mudando o tom. — Alguma movimentação?

    Yoru suspirou, encostando-se na cadeira.

    — Nada concreto, mas sinto que a próxima batalha está perto. Haruto está se preparando… e o Danilo ainda é um problema.

    Ela assentiu. Hina sempre soube que amar Yoru significava viver na linha entre a paz e a guerra. E mesmo assim, ela escolheu ficar.

    Depois do jantar, foram para a sala, enrolados em um cobertor, escolhendo um filme bobo para assistir. Era uma comédia romântica qualquer, mas as risadas sinceras, os abraços silenciosos e os beijos entre um diálogo e outro tornaram a noite memorável.

    — Você lembra quando nos conhecemos? — perguntou Hina, a cabeça apoiada no ombro dele.

    — Lembro que você não gostava de mim.

    — Eu só achava que você era um delinquente arrogante.

    — E eu era… ainda sou um pouco — ele sorriu, tocando a ponta do nariz dela com carinho.

    O filme seguiu, mas eles já não prestavam atenção. As carícias ficaram mais demoradas, os olhares mais intensos. E quando os lábios se encontraram com mais desejo do que costume, tudo mudou.

    Eles não disseram nada. Apenas se deixaram levar. A sala ficou em silêncio, exceto pelos suspiros contidos, os beijos que cresciam em intensidade, os corpos que começavam a se descobrir com respeito e entrega.

    E então…

    [a cena muda. A narrativa respeita o silêncio da intimidade de Yoru e Hina, e pula o tempo.]

    Na manhã seguinte…

    O sol entrava pela fresta da cortina do quarto de Yoru. A luz dourada acariciava a pele dos dois, ainda juntos sob os lençóis amassados. Hina estava deitada de lado, observando o rosto dele. Yoru, acordando devagar, piscou algumas vezes antes de perceber onde estava e com quem.

    — Bom dia… — ele disse, com a voz ainda rouca de sono.

    — Bom dia, idiota — ela respondeu com um sorriso tímido.

    Por um momento, os dois ficaram em silêncio, sem saber exatamente como agir. Não era constrangimento ruim. Era a estranheza de algo novo, de um sentimento profundo que agora os ligava ainda mais.

    — Eu… — Yoru começou, mas ela o interrompeu, colocando um dedo nos lábios dele.

    — Foi lindo. Foi certo. E não me arrependo.

    Ele sorriu, segurando a mão dela, entrelaçando os dedos. Aquele momento, naquela cama, era o mais próximo da felicidade pura que ele havia sentido em anos.

    — Vou te proteger, Hina. Não importa o que aconteça — ele sussurrou.

    — Eu sei, Yoru… e eu vou estar com você. Mesmo que o mundo inteiro esteja contra.

    E ali, naquela manhã, com corações unidos e promessas silenciosas, eles sabiam que estavam prontos para enfrentar o que viesse.

    Juntos.

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