Capítulo 159 - Laços de amor
Dois dias haviam se passado desde a noite especial entre Yoru e Hina. A escola estava em seu ritmo habitual: estudantes correndo pelos corredores, vozes altas ecoando nas paredes, e os boatos correndo mais rápido que os passos apressados dos alunos.
Na sala de aula, em um dos cantos mais reservados, Hina estava cercada por Sophie, Lee, Yuna e Mia. Todas estavam com os olhos arregalados e ouvidos atentos.
— Você sério, Hina?! Você e o Yoru… — sussurrou Sophie, quase pulando na cadeira.
Hina sorriu, um pouco corada, mas com brilho nos olhos.
— Sim… foi a primeira vez. E foi… especial. Ele foi muito carinhoso, respeitoso. Estávamos sozinhos, fizemos o jantar juntos, assistimos um filme… e aconteceu.
— Ai, que romântico! — disse Lee, colocando as mãos no rosto. — E como você se sentiu depois?
— Feliz. Completa, sabe? Não foi só o momento em si… foi tudo o que veio antes e depois. Os olhares, os silências…
Yuna deu um risinho malicioso:
— Aposto que ele tava nervoso.
— Um pouco, sim. Mas ele cuidou de mim o tempo inteiro.
— Você ama ele, Hina? — perguntou Mia, olhando diretamente nos olhos da amiga.
Hina suspirou, sorrindo com doçura:
— Amo. Com todo meu coração.
Enquanto isso, do outro lado da escola, na parte de trás do pátio, Yoru estava reunido com Ben, Hayato, Hiroshi e Nathan. Eles estavam sentados no muro, lanche nas mãos, trocando confidências.
— Então… aconteceu — disse Yoru, com um leve tom de nervosismo na voz.
Ben arregalou os olhos.
— Sério? Com a Hina?
— Sim. Foi… diferente de tudo que eu já vivi. Nunca me senti tão vulnerável e ao mesmo tempo tão forte.
Hayato engoliu em seco.
— Caraca, mano. Isso muda tudo, né?
Hiroshi cruzou os braços e riu baixo.
— Bem-vindo ao clube dos que amam de verdade. Não é só sobre o corpo… é sobre se entregar.
— Você fala como se fosse um poeta… — brincou Nathan.
— Experiência, crianças. — Hiroshi respondeu com um sorrisinho de canto.
— E vocês, ainda estão… virgens? — Yoru perguntou.
Ben e Hayato se entreolharam e riram de nervoso.
— Ainda não tive coragem — disse Ben.
— Nem eu. Mas um dia chega a hora certa — Hayato completou.
Enquanto os dois grupos se abriam em suas confissões pessoais, na escola 35, o clima era completamente diferente. Haruto estava sentado em sua sala escura, iluminada apenas por uma lâmpada vermelha que pendia do teto.
Danilo estava à sua frente, os braços cruzados, olhar atento.
— Vai me contar ou vai continuar com esse mistério? — Danilo perguntou.
Haruto sorriu com um ar sombrio.
— Estou planejando algo grande, Danilo. Muito maior do que qualquer outra escola jamais sonhou. Uma investida que vai colocar a escola 25 de joelhos.
— E como pretende fazer isso?
— Meu número 6 vai começar o baile. Ele vai invadir a escola deles hoje. Apenas um teste… uma apresentação.
Nesse momento, uma figura imensa entrou na sala, com passos firmes e pesados. Era o número 6: Kurt Eisenwald. Tinha dois metros de altura, ombros largos, olhos frios como gelo alemão. Sua presença era esmagadora.
— Ich bin bereit. (Estou pronto.) — disse Kurt, com a voz grave.
— Mostre do que é capaz. Assuste-os. Mas não mate… ainda.
Mais tarde, na escola 25, Yoru estava em seu quarto, analisando sua nova habilidade: Buffet.
O sistema de habilidade se abriu diante de seus olhos com uma interface reluzente. Ele podia escolher habilidades como quem escolhe pratos em um grande banquete.
— Interessante… muito interessante… — murmurou, escolhendo algumas opções secretas, guardando para si os detalhes.
Nesse momento, Hiroshi bateu à porta.
— Temos um problema. Um muito grande.
Yoru desceu para a sala de reunião. Bunkjae, Philips, Hiroshi e Nathan estavam lá.
— Está vindo um monstro até aqui. Número 6 da escola 35. Kurt Eisenwald. Krav Maga. Dois metros. Força que beira o desumano — disse Hiroshi.
— O que ele quer?
Antes que qualquer um pudesse responder, uma explosão ecoou no pátio da escola 25.
Kurt estava lá.
Sem uma palavra, ele partiu para cima. O combate foi rápido, violento. Philips tentou um chute, foi bloqueado com uma mão. Bunkjae usou sua técnica de impacto, mas foi repelido com um contragolpe feroz. Hiroshi e Yoru tentaram conter, mas o alemão desapareceu após lançar fumaça no local, como uma sombra.
— Isso não foi uma luta… foi um aviso — disse Hiroshi.
Yoru fechou os punhos. O mundo estava mudando de novo. E dessa vez, as sombras que se aproximavam vinham com sotaque alemão e intenções mortais.
O jogo estava apenas começando.
A noite havia se instalado como um manto silencioso sobre a cidade. Dentro de um galpão mal iluminado, onde apenas uma única lâmpada pendurada do teto tremeluzia, Ben socava violentamente um saco de pancadas. Suor escorria pelo seu rosto, a respiração pesada era abafada apenas pelos estalos secos dos punhos acertando o couro velho. A cada golpe, ele via o rosto do Philips em sua mente, o sorriso debochado, a indiferença enquanto o jogava ao chão como se fosse lixo.
“Eu… eu nem consegui acertar um soco,” ele pensava, os olhos cerrados em raiva. Seus nós dos dedos estavam vermelhos, feridos, mas ele não parava. Ele não queria mais ser o peso morto do grupo. Ele não queria mais ver Sophie sofrer por não conseguir protegê-la. Não queria mais ser fraco.
Sophie apareceu na entrada do galpão, vestindo uma jaqueta jeans e calça preta. Os olhos brilhavam com um misto de dor e ternura ao vê-lo naquela condição, mas também havia orgulho. Ela se aproximou em silêncio, abraçando-o por trás.
— Não precisa se punir assim… — disse ela, com a voz mansa.
— Preciso sim… Se eu não for forte, você vai acabar ferida. — Ele se virou, encarando-a com olhos intensos. — Eu não posso mais falhar, Sophie. Nunca mais.
Ela sorriu e segurou seu rosto com ambas as mãos, suavemente.
— Então eu vou lutar ao seu lado. Não com punhos, mas com coração. Ben, eu amo você. — E antes que ele pudesse dizer algo, ela o beijou com paixão e entrega.
Naquela noite, eles se amaram pela primeira vez, com intensidade e carinho, selando uma promessa silenciosa entre os dois: lutarão juntos, não importa o que aconteça.
Na escola 35, Danilo movia uma torre sobre o tabuleiro de xadrez, em silêncio. O mordomo de cabelos grisalhos observava com atenção, mas não ousava falar sem ser provocado. Danilo, vestindo um terno preto, parecia mais um CEO do que um delinquente.
— A escola 25 está se fortalecendo… Ben acordou. Yoru está mais perigoso do que nunca. Hiroshi… bom, Hiroshi está beirando o sobrenatural. — Ele moveu um cavalo. — Mas ainda assim, somos superiores.
Nesse momento, um dos delinquentes entrou correndo.
— Senhor Danilo! Kurt está mobilizando 400 homens. Diz que vai invadir a escola 25 na próxima semana.
Danilo riu. Um sorriso torto surgiu em seus lábios enquanto ele virava o rei do adversário.
— Xeque-mate. — Olhou para o delinquente. — Muito bem. Vamos ver como eles reagem quando a verdadeira guerra começar.
Uma semana depois, o caos se anunciava antes mesmo do som das botas ecoar.
Yoru recebeu a notificação do Ryuji no celular:
[ALERTA: 400 DELINQUENTES EM DIREÇÃO A ESCOLA 25]
O jovem apenas sorriu.
— Então chegou a hora de testá-lo.
Do lado de fora, em um beco estreito, cercado de sombras e luzes de postes falhando, Ben caminhava lentamente. Usava um casaco preto, capuz jogado para trás, os olhos baixos. Um cigarro queimava entre seus lábios, soltando fumaça que se misturava com o ar frio da noite.
O som de passos. Centenas deles. Delinquentes armados com bastões, correntes, facas, e gritos selvagens. Eles vinham como uma onda desgovernada. Mas Ben não parou. Seu olhar era frio. Vazio. Seu corpo envolto por uma aura negra, quase visível aos olhos nus. Parecia uma sombra viva.
Sua aura pesava. Como se o próprio ar ao seu redor estivesse sob pressão. Um dos delinquentes parou, sentindo algo que não entendia: medo.
— Quem é aquele cara?
— T-tremeram minhas pernas…
Ben retirou o cigarro da boca, jogou no chão e o pisou. Elevou o olhar. Um brilho vermelho tomou seus olhos.
— Vocês vieram para morrer?
Nome:Ben White altura:1,88
Segunda geração Peso:84
Força: UR
Velocidade:UR+
Potencial:B+ [Despertado]
Inteligência:C
Resistência:UR
[Habilidade: Retroceder – Essa habilidade volta o potencial a um nível antes, sem perder seu progresso de força, dando assim mais uma chance de o afetado a ter uma ascenção ou … Com mais poder]
E como um trovão, ele avançou.
Golpes vinham de todos os lados. Mas Ben era outro homem. Seus punhos moviam-se como relâmpagos. Um soco, um grito. Um chute, três corpos voando. Ele esquivava, girava, mergulhava. Era como uma tempestade negra no meio de uma horda.
Seus movimentos não eram apenas fortes. Eram cruéis. Precisos. Era como se ele soubesse onde cada osso dos inimigos estava. Ele não lutava mais para se defender. Ele destruía. Dominava. Impunha.
Os delinquentes recuavam.
— Ele é um monstro!
— Ele não é humano!
Ben segurou dois adversários pelas cabeças e os bateu um contra o outro com tanta força que o som ecoou como um trovão abafado. O sangue jorrava, os gritos se calavam.
Ele andava sobre corpos, não parava, mesmo ferido. Um corte na testa. Um chute na costela. Nada o fazia recuar.
No topo da escola 35, Danilo observava tudo por uma tela ao vivo. Os olhos semicerrados.
— Ele… ele realmente está dominando todos os quatrocentos.
O mordomo servia-lhe um copo de vinho.
Danilo sorriu. Um sorriso perverso, mas admirado.
— Hoje…
Ele se levantou, andou até a varanda e encarou o horizonte.
— Hoje, se o Ben não se tornar paraplégico…
Fechou os olhos.
— …ele vai se tornar uma lenda da segunda geração.
E assim, com o som de ossos quebrando ao fundo e o cheiro de fumaça no ar, a lenda começava a ser escrita com sangue, suor e raiva.

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