Capítulo 192 - Hunides (17)

O corpo de Onoki, estendido no chão como um cadáver, de repente se contrai. Um som seco escapa de sua boca.
Cof. Cof.

Ele se levanta.

Sim. Se levanta.

O ombro quebrado se estala no lugar com um movimento brusco, o pescoço gira como o de um animal, os olhos semicerrados agora ardem como carvões em brasa.

Boong o encara, os joelhos trêmulos, o sangue escorrendo do supercílio. Ele rosna, já se preparando para outro golpe… mas então para.
Onoki está diferente. Muito diferente.

— Você me levou além do limite, Boong…
— …Agora vai conhecer o homem que socou uma parede de aço até ela implorar por misericórdia.

Boong sorri.

— Então vem, PORRA!

FOOM!

Onoki desaparece.
Aparece atrás de Boong e atira um direto na lombar com tanta força que o som parece um tiro. Boong é jogado pra frente como uma marionete, e quando tenta se virar, já leva um gancho de esquerda no estômago.

CRACK.

Os espectadores – delinquentes de todas as escolas, valentões e brutamontes que se juntaram à distância – se arrepiam.

— Caralho… eles tão indo longe demais! — grita um deles. — Isso não é mais boxe. É sobrevivência.

Boong cospe um jato de sangue. Mas não cai. Não ainda.

Ele recua, trôpego, tentando entender o novo ritmo do inimigo. Mas Onoki não dá tempo. Ele avança como uma sombra, seu estilo agora é quase invisível, misturando velocidade, brutalidade e uma calma assassina.

Uma sequência de quatro socos na costela, dois no maxilar, mais um cruzado no ouvido. Boong cai de joelhos.

— Já era… — sussurra um dos espectadores.
— Não tem como ele levantar depois disso…

Silêncio.

Mas então… algo muda.

Boong começa a rir.

Baixo, rouco, quase como um som de animal engasgado. Seus ombros tremem. A cabeça pende para frente. Os punhos se cerram até os nós dos dedos racharem.

— Achei…
— …que eu tava lutando com um fraco…

Ele levanta os olhos.

Olhos de fera. Pupilas dilatadas. Sobrancelhas cerradas. Mandíbula travada.

— …MAS TU É UM MONSTRO IGUAL A MIM!!!

O chão trinca quando Boong se ergue.

Um rugido explode da garganta dele, tão feroz que os vidros das janelas remanescentes se estilhaçam. Seus músculos incham, a pele fica arroxeada em algumas partes, os olhos completamente selvagens.

— Esse é o Boong… no estado de FÚRIA TOTAL. — diz um delinquente ao fundo, engolindo seco.

Boong desaparece da visão.
Onoki gira, tentando prever… mas é tarde.

KABOOM!

Um gancho de direita de Boong explode no abdômen de Onoki, arremessando-o como um boneco contra o capô de um carro, que afunda como papel alumínio.
Sem tempo de respirar, Boong avança e esmaga o rosto de Onoki com um direto, fazendo o carro capotar em cima do impacto.

— AHHHHHH! — Boong grita como um urro de guerra, o sangue dele se misturando com o do adversário.

Onoki tenta levantar, cambaleando, mas Boong o segura pela gola da camisa e acerta oito socos em sequência — todos com força para quebrar concreto.

A rua treme.

— P-Parece que os socos dele estão criando mini-ondas de choque… — diz um delinquente de óculos, tremendo.

Onoki, mesmo quase desmaiado, dá um último suspiro.

“Não vou… cair… sem um último golpe.”

Ele acerta um cruzado de esquerda na lateral da cabeça de Boong. O som é seco. O impacto violento.
Boong recua dois passos.
Onoki tenta mais um soco…

Mas Boong sorri.

E com um uppercut colossal, levanta Onoki do chão e o arremessa contra a parede de um prédio.

CRAAACK!

O corpo de Onoki fica preso nos escombros, inconsciente.

Boong cambaleia, o corpo coberto de sangue, hematomas e terra. Mas ele ergue o punho direito.

— AINDA TÔ DE PÉ!

Os delinquentes em volta, em choque, não dizem nada.
O silêncio é absoluto.

Eles acabaram de assistir dois deuses da luta se destruírem.

Todos ficaram impressionados com tamanha força deles, ninguém esperava que dois delinquentes naquele nível de força existia na segunda geração

“Estou bastante impressionado, não achei que eles iriam alcançar um nível de força tão absurdo desse, admito, não estava esperando por isso, isso me surpreendeu totalmente” o Yoru pensou enquanto acabava com vários delinquentes com um só golpe

No outro lado da cidade, no apartamento onde a Kira morava, ela estava sentada de frente ao enorme vidro do seu apartamento, olhando para a cidade

“O Charles está planejando algo bem maior que esse ataque contra a Hunides, tem algo muito, mas muito estranho acontecendo…” a Kira pensou com uma leve suspeita

De volta a guerra, Hiroshi estava lutando com todo, ele já tinha derrotado vários delinquentes facilmente, foi quando um delinquente chamou sua atenção, ele estava derrotando vários dos seus companheiros de guerra.

[Adriano – Black G | Segunda geração]

O Adriano checou para mais perto do Hiroshi, e deu um sorriso para ele, o Hiroshi logo fechou a cara

— Que merda de sorriso é esse seu merda?

— Você parece ser bem interessante… Vou adorar te matar!

Hiroshi caminha lentamente pelo campo de batalha. Ele veste jeans escuros, camisa rasgada e luvas adaptadas para segurar seu soco inglês negro, com pontas de titânio.
Seus olhos, sempre semicerrados, agora brilham com o reflexo dos postes tortos.

— …Você trouxe essa luta pra rua, Adriano. — diz ele, girando os ombros.

Do outro lado, Adriano já está com o tronco nu, músculos tensos, as veias saltadas como cordas. Ele bate os punhos um contra o outro, o som seco ressoa como ossos quebrando.

— Não sou como esses moleques que dançam. Eu te quebro no chão… com minha força esmagadora!

BANG..

Hiroshi avança com uma sequência de chutes altos e rápidos, sua base do Taekwondo impecável, girando como um tornado. Os pés dele assobiam no ar.

WHAM!
CLACK!
SWISH!

Adriano desvia do primeiro, bloqueia o segundo com o antebraço e é atingido no rosto pelo terceiro, um chute giratório que o arremessa dois metros para o lado.

— Opa… o moleque dança e acerta. — comenta um delinquente.

Adriano se levanta sem expressão, enxuga o sangue do nariz, e com um grito rouco, corre com o corpo baixo, braços preparados para o grapple.

Hiroshi gira, tenta afastar com um chute lateral, mas Adriano se abaixa como uma fera e o agarra pela cintura.

BOOOOOM!

Suplex russo!
O asfalto treme quando Hiroshi é arremessado para trás com violência absurda. O chão quebra.
Poeira sobe.

— Ele matou o cara! — grita alguém.

Mas então…
Do meio da poeira…

SHHH!

O braço de Hiroshi aparece. Ele gira o corpo com o impulso e já está de pé.
Seu rosto está sujo, a boca sangra. Mas ele sorri.

— Tá mais forte do que antes, hein, urso?

Ele levanta a perna e um chute frontal explode contra o peito de Adriano, jogando o brutamontes contra um carro.
Mas Adriano agarra o capô e se impulsiona de volta!

A luta vira uma dança mortal.

Adriano tenta agarrões, investidas, quedas.
Hiroshi esquiva, gira, usa os joelhos, os cotovelos, e o soco inglês.

CRACK!

Um soco direto com o soco inglês atinge o maxilar de Adriano.

Adriano cambaleia.

CLACK!
Um chute giratório com o calcanhar atinge a têmpora do russo.

Adriano cai de joelhos.

Mas quando Hiroshi tenta um ataque final, Adriano agarra sua perna e o puxa como um boneco!

SLAM!

Hiroshi bate contra o chão como um saco de areia. Adriano monta por cima e começa uma sequência de socos curtos e brutais.

TUM! TUM! TUM! TUM!

— ELE TÁ SOCANDO COMO UM MARTELO! — berra um dos espectadores.

Mas Hiroshi… sorri.

Com o braço livre, ele dá uma cotovelada giratória na mandíbula de Adriano.

CRACK!

Adriano afrouxa a guarda.
Hiroshi se joga para o lado, rola, e se levanta com um salto de taekwondista. Ele gira no ar e… Um chute aéreo com rotação dupla, mirando a base do crânio de Adriano.

BOOOOOOM!

Adriano voa.
Simplesmente voa e atravessa a parede de um prédio abandonado.

Silêncio.
Só respirações. Tosse. Poeira.

Hiroshi cai de joelhos.
Suado. Exausto. Mas ainda com os olhos de caçador.

Adriano tenta sair dos escombros…
Mas cai.

Desmaiado.