Capítulo 200 - Kiyokabe (4)
Assim que o Samuel disse isso, o Ash logo puxou ele pela camisa e disse logo em seguida;
— Fala! — ele disse com uma voz forte
— O clube soda é muito bom pra servir de disfarce para lavar dinheiro por que é alto a taxa de pessoas que vai lá… Mas por que alguém tão rico quer levar mais dinheiro ainda? Não faz total sentido…
— Talvez porque queira incriminar alguém… — o Ash disse com a mão no queixo
— Não… Não é isso… Eles estão tramando algo bem maior que isso, talvez uma maneira de cobrir alguma coisa ou silenciar algo mais de alguém — o Jake disse um pouco intigado
[Mansão do Enzo]
Na biblioteca do Enzo, o mesmo estava sentado em uma poltrona de frente a Viviane, atrás dele, estava Enrico, sempre calado e na sua, atrás da Viviane, estava seu guarda, Xiao Long, com um cigarro apagado na boca e com um olhar cansado
— Então Viviane… Pretende se aliar a mim e fazer oque te propus? — disse Enzo com um olhar fixo na Viviane
— Sim mas… Por que você quer usar meus cogumelos e sair na vantagem do grupo do meu pai? — ela perguntou em dúvida
— Não é isso que quero fazer, você entendeu totalmente errado, só quero que a venda de cogumelos aumente no país, quero que os delinquentes se distraiam com isso para eu começar com a segunda fase do meu plano
— Tudo bem, vou ajudar você e seu plano, mas quero aquilo em troca — o Enzo confirmou e se levantou e foi saindo da biblioteca enquanto o Enrico o acompanhava, quando ele abriu a porta, na sua direita estava o Wallace, com um terno preto e óculos escuros com um fone no ouvido direito
— Bem, seu trabalho começa hoje… Estou confiando em você para proteger ela — sem dizer nada, o Wallace confirmou e então o Enzo saiu com um sorriso no rosto, ele estava planejando algo enorme para o futuro
….
[Escola Secundária 25 – Festival Escolar – 19h30]
A noite parecia ter sido pintada à mão. Lanternas de papel balançavam em cordas estendidas pelos pátios, luzes coloridas piscavam nos estandes, e o aroma no ar era uma mistura hipnotizante de takoyaki, yakisoba e algodão-doce. A Escola 25 havia se transformado em um verdadeiro parque de diversões para adolescentes. Alunos com quimonos coloridos corriam rindo entre estandes, jogos, barracas de comida e palco com apresentações improvisadas.
Yoru, de mãos nos bolsos, observava a movimentação com um leve sorriso. Ao seu lado, Ryuji estava com a cara toda lambuzada de molho.
— Eu disse que era apimentado — comentou Yoru, erguendo uma sobrancelha.
— Irmão, você não avisou que era um ataque terrorista contra a língua! — Ryuji cuspia palavras entre goles de refrigerante.
Do outro lado do pátio, Mia, Yuna e Sophie estavam coordenando o estande da barraca do “Biscoito da Fortuna do Caos” — ideia de Sophie, é claro.
— “Você vai encontrar algo inesperado hoje”… — leu Lee, abrindo seu biscoito. — Ok, isso é bem vago.
— Abre outro! — disse Yuna, animada — O de hoje é versão especial “dark e misterioso”!
Lee pegou outro e leu:
— “Evite peixes com nomes que começam com A. Eles sabem demais.”
Todos olharam para Sophie.
— O que foi? Eu estava sem criatividade e escrevi todos às 3 da manhã ouvindo lo-fi! — ela respondeu, levantando os ombros com uma expressão debochada.
Ben se aproximou do grupo, segurando duas caixas de yakisoba.
— Ei! Onde está o Hayato?
Yoru apontou para o palco, onde Hayato aparecia com uma peruca rosa neon, vestido como “Donzela número 3” da peça da turma do segundo ano. Ele foi jogado no papel porque perdeu no jan-ken-pon (pedra-papel-tesoura).
— VOCÊS PROMETERAM QUE NÃO IAM CONTAR PRA NINGUÉM! — ele gritou do palco ao ver os amigos rindo e tirando fotos.
— PROMESSAS FORAM QUEBRADAS, IRMÃO! — gritou Ben, gargalhando enquanto Mia fazia um vídeo para “uso futuro”.
Enquanto isso…
Sob uma das árvores iluminadas por lanternas discretas, Wallace observava a multidão. Estava com o mesmo terno preto, o olhar atento e o fone ainda no ouvido. Do lado dele, estava Viviane, segurando um saquê de pêssego e observando tudo como se fosse um zoológico humano.
— Isso é mais barulhento do que imaginei — disse ela, balançando a bebida.
— É o Japão — respondeu Wallace, mantendo a postura. — Aqui, até escola vira circo uma vez por ano.
Viviane riu baixo.
— Você é mais engraçado do que parece. Não precisa bancar o robô só porque está me protegendo, sabe?
— É mais fácil assim.
— Fácil é entediante.
Wallace olhou para ela de relance. O cigarro ainda apagado na boca, o fone sussurrando dados irrelevantes, mas sua mente estava dividida.
Ela continuou:
— Esse plano do Enzo… Vai ter muita gente machucada. Você vai conseguir continuar protegendo alguém mesmo quando as ordens ficarem sujas?
Ele não respondeu. Mas seus olhos demonstraram o peso daquela pergunta.
[Biblioteca da Mansão Enzo]
Enzo, com um copo de vinho na mão, conversava com Enrico à meia-luz.
— A Viviane é inteligente. Mas tem uma falha: ainda acredita em “parcerias”.
— E isso é ruim? — Enrico perguntou, mexendo nas cartas de tarô sobre a mesa.
— É ótimo — Enzo sorriu. — Pessoas com esperança são as mais manipuláveis.
— E os cogumelos?
— Já estão sendo preparados. Mas não é só sobre alucinação ou tráfico. Eles vão despertar algo… primitivo nas pessoas.
— Algo como…?
— Uma verdade. E o caos vem logo depois da verdade.
[Escola Secundária 25 – 20h30]
Fogos de artifício começaram a estourar no céu. As cores explodiam como flores metálicas, tingindo os rostos de todos com tons de vermelho, azul e dourado. O grupo se reuniu no centro do pátio, observando o céu. Yoru, com os braços cruzados, pensava em silêncio. Ben e Ryuji tiravam selfies com as explosões ao fundo. Sophie narrava os fogos como se fosse uma batalha de anime.
— “DRAGÃO AZUL ATACA COM O COMETA ESPIRAL!” — ela gritava, com Mia e Yuna rindo.
Lee observava tudo com calma, seus olhos brilhando sob o reflexo das luzes. Ele murmurou:
— Por mais noites como essa…
Yoru olhou para ele.
— Por mais noites assim, sim… Mas precisamos merecê-las.
Os fogos continuaram. A noite foi tomada por sorrisos, risos, e a tranquilidade enganosa de um tempo antes da tempestade.
No topo da escola, alguém observava de longe.
…
O céu ainda estourava em cores vívidas, mas o festival da Escola 25 parecia apenas estar começando. As luzes penduradas dançavam com a brisa noturna, e o som de músicas populares mesclava-se com risadas, gritos de empolgação e os sinos dos estandes sendo acionados pelos vencedores de jogos.
Entre os corredores iluminados, cinco figuras caminhavam juntas, ainda um pouco deslocadas da multidão: Nathan, Leonard, Bunkjae, Hiroshi e Kaito. Eram diferentes em praticamente tudo — estilos, personalidades — mas algo naquele festival os aproximava: a sensação de, pela primeira vez em muito tempo, estarem em um lugar onde podiam simplesmente existir sem lutar.
— Não acredito que me convenceram a vir com essa porcaria de faixa na cabeça… — murmurou Leonard, ajustando a bandana com o logo da Escola 25. — Eu pareço um idiota.
— Isso porque você é! — zombou Bunkjae, dando um tapinha nas costas dele. — Relaxa, estamos todos ridículos aqui. Faz parte do charme.
— Confiança é o que te faz bonito, Léo — disse Nathan, sorrindo enquanto segurava um enorme algodão-doce azul.
Hiroshi e Kaito seguiam logo atrás, rindo discretamente. Os dois tinham uma conexão quase silenciosa, como se apenas um olhar bastasse para entender o outro. Enquanto caminhavam, se aproximaram de um estande de arco e flecha.
— Aposto que você não acerta nem o balão do meio — provocou Hiroshi, cruzando os braços.
— E eu aposto que você não aguenta a vergonha de me ver vencer — respondeu Kaito, pegando o arco.
Três flechas. Três tiros. Três acertos. O balão estourou, e o atendente entregou a ele um pequeno urso de pelúcia.
— Isso foi… — Nathan começou.
— Sexy? — completou Bunkjae, com a voz teatral.
Kaito entregou o urso a Hiroshi com um sorrisinho irônico. O rosto de Hiroshi ficou ruborizado, e ele olhou para o lado, visivelmente sem saber o que fazer com o mimo.
— Idiota… — murmurou.
A risada do grupo ecoou pelo corredor do festival.
[Um pouco mais tarde – Margem do campo da escola, onde há menos movimento]
Os cinco estavam sentados sobre um lençol improvisado sob uma árvore, assistindo os fogos de longe. O burburinho do festival ainda era audível, mas ali havia um certo isolamento. Um intervalo para respirar.
— Sabe… Eu não fazia ideia de como era viver uma noite como essa — confessou Nathan, olhando para o céu estrelado.
— Como assim? — perguntou Leonard.
— Desde que comecei a lidar com o submundo… Delinquência, guerras, caos… Eu meio que esqueci que era só um garoto. Que… merecia viver isso.
— Eu entendo — disse Kaito. — A gente se perde nisso tudo. Cada um tem seus motivos… mas no fundo, ainda queremos coisas simples. Amizade. Paz. Até mesmo amor.
— Amor é meio complicado… — Bunkjae soltou, fitando o vazio por um instante. — Principalmente quando você não sabe mais se confia em si mesmo.
Houve um silêncio respeitoso.
— Talvez por isso essa noite signifique tanto — concluiu Hiroshi, com a voz baixa. — Porque ela lembra a gente do que está em jogo.
[Mansão Enzo – Sala de Relíquias – Horas depois do festival]
O ambiente era sombrio. Luzes fracas iluminavam paredes revestidas com livros antigos, documentos selados e quadros em preto e branco. Enzo estava sozinho, de pé diante de uma velha fotografia. Nela, havia quatro homens e uma mulher, todos vestidos com roupas formais, mas os olhos frios e vazios denunciavam um passado manchado.
Ele tocou levemente o vidro do quadro.
— “Nós éramos os filhos do ferro e da moeda”… Foi isso que ele disse.
Memórias começaram a inundar sua mente.
[Flashback – 9 anos atrás – Província de Kanagawa]
Um Enzo mais jovem, sem cicatrizes e com olhar ainda puro, caminhava pelas vielas escuras de uma cidade dominada por políticos e empresários corruptos. Seu pai, Takeshi Moriyama, era um magnata que lavava dinheiro por meio de empreendimentos “verdes” que destruíam florestas e escondiam fábricas ilegais.
Enzo, então com 16 anos, descobriu tudo.
Viu com os próprios olhos um ativista ambiental ser executado a mando de seu pai. Aquilo marcou sua alma. Não porque doeu. Mas porque fez sentido.
— “A verdade é um fardo. E quem carrega a verdade, se torna o monstro.”
Essas palavras ficaram para sempre em sua cabeça.
De volta ao presente, Enzo olhou para o quadro de novo. Um sorriso se formou em seus lábios, mas seus olhos estavam distantes, como se enxergassem além das paredes.
— Charles… você ergueu sua torre sobre as cinzas do meu sangue. Mas o mundo ainda gira, e minha sombra está crescendo.
Enzo virou-se e caminhou até uma mesa onde havia um mapa dobrado e arquivos de várias escolas, gangues, empresas e associações clandestinas.
Um nome em destaque entre os documentos:
“Operação – Primeira filiação”
Ele acariciou a pasta com os dedos.
— O plano está em curso. E ninguém… nem você, Viviane, nem você, Wallace… nem você, velho Charles… será capaz de pará-lo.
…
O grupo de cinco ainda estava sob a árvore. As conversas haviam se tornado mais íntimas, sobre filmes preferidos, decepções amorosas, planos para o futuro. Leonard surpreendeu a todos ao revelar que queria ser ilustrador.
— Você? Desenhando? — Nathan perguntou, arregalando os olhos.
— Sim, idiota — respondeu Leonard. — Eu tenho um lado sensível, tá?
— Fico impressionado que a gente não se conhecia antes disso — murmurou Hiroshi. — Parece que já somos amigos de infância.
— E que continue assim — disse Bunkjae. — Quando tudo desabar, a gente segura firme um no outro.
Eles levantaram seus copos de suco e fizeram um brinde improvisado.
— À amizade.
— Às noites que a gente não esquece.
— Aos inimigos que ainda vamos derrubar.
— Às versões de nós que vamos nos tornar.
Os fogos continuavam no céu. Mas para aqueles cinco, o que explodia era a certeza de que estavam conectados por algo mais forte do que o sangue: a escolha de permanecerem humanos em meio ao caos.
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