Capítulo 203 - Kiyokabe (7)

[Meia-noite e quinze – Colina de Isen, Kiyokabe]

O ar estava frio, levemente cortante. O céu, coberto por nuvens densas, parecia carregar o peso de dez anos de silêncio, guerra e verdades enterradas.

Yoru estava de pé diante de Mayato Nakamura, o lendário rei da primeira geração. Ben e Hiroshi estavam logo atrás, em silêncio reverente, observando a cena com olhos atentos.

Yoru deu um passo à frente, sua voz firme, mas levemente trêmula.

— Eu sei que você conheceu a Mei… minha mãe. Eu sei que ela fazia parte de algo maior. Mas ninguém nunca me contou nada. Não sobre a morte dela. Não sobre seu passado. Preciso entender. Preciso saber… quem ela realmente era.

Mayato fechou os olhos por um breve momento, como se puxasse as memórias de um porão profundo e trancado da alma.

— Mei…

Apenas o nome, dito por ele, já carregava camadas de dor, respeito e mistério.

— Sua mãe era um demônio preso no corpo de um anjo. Forte… absurdamente forte. Mas mais do que isso, ela era estrategista, silenciosa, fria. Nunca mostrou tudo que sabia. Nem pra mim.

Yoru apertou os punhos.

— Ela… ela era da Geração Zero, não era?

Mayato assentiu.

— Das mais perigosas. Tinha um estilo de luta baseado em rotação corporal, giros com torque acumulado, como uma tempestade em forma humana. Uma linhagem de combatentes de elite. Veio de Aomori, de um lugar onde as sombras não dormiam. E tinha uma rixa antiga com Charles Choi… um ressentimento que ela nunca explicou. Apenas dizia que, um dia, ele pagaria.

— E ela morreu… por causa disso?

Mayato desviou o olhar para o céu.

— Talvez. Mei tinha segredos. Havia algo sobre Aomori, sobre o rei daquela região… que também era da primeira geração. Um homem de rosto tapado, que morreu na Guerra de Separacão das Gerações, dez anos atrás. E com ele… muita verdade foi enterrada.

Yoru fechou os olhos. O nome da mãe, a guerra, Charles… Tudo começava a se conectar. Mas ainda assim, restava mais escuridão que luz.

…

Explosões suaves e gritos abafados marcavam o início de um confronto anunciado. Os delinquentes enviados por Charles Choi começaram a invadir as bordas do distrito como lobos farejando sangue.

Hudson, vestindo uma jaqueta escura com a insígnia do Punho de Isen no ombro, liderava seu pequeno exército. Seus olhos estavam semicerrados, atentos. Ao seu lado, Raiga e Tetsuo coordenavam os outros soldados urbanos.

De repente, no centro da rua principal, um homem surgiu. Não um adolescente comum. Alto, robusto, pele bronzeada e com um capuz da STYX, mas diferente. Estava marcado. Seus olhos eram de ódio. Um dos “braços diretos” de Charles Choi.

— Você é o tal Hudson? O novo cachorro do Mayato?

Hudson não respondeu. Apenas deu um passo à frente e estalou os dedos.

— Esse é o meu distrito. Volta enquanto ainda consegue andar.

O outro riu e arrancou o casaco. Seus braços eram cobertos por tatuagens vermelhas, e empunhava dois bastões de metal.

— Me chamo Guren. E sou quem vai quebrar o seu orgulho.

Hudson assumiu sua postura. Os dois começaram a se encarar… e a rua mergulhou num silêncio mortal.

A luta começou.

Guren partiu como um raio, girando os bastões com velocidade absurda. Hudson desviou por pouco, rolando no chão e já levantando com um soco cruzado.

O soco acertou o bastão e gerou um estalo seco. A rua tremeu com o impacto.

Hudson recuou. Respirou fundo. E então…

Ele posicionou-se de lado, com o braço direito tensionado para trás, como se fosse um arco sendo puxado.

— Esse é o estilo do meu mestre…

Guren veio com um salto giratório. Hudson saltou para frente com o punho armado, girando o corpo e desferindo um golpe direto, concentrado, no abdômen do oponente.

O ar explodiu.

Guren voou três metros e atravessou uma cerca de metal. Cuspiu sangue no chão e tentou levantar, mas suas pernas falharam.

Hudson caminhou até ele.

— Esse é o poder de um homem que carrega um ideal. E você…

Ele socou o chão ao lado da cabeça de Guren, rachando o asfalto.

— Não carrega nada.

O oponente desmaiou.

Hudson se ergueu. Respirou fundo. Olhou para os seus homens, que vinham se aproximando.

— Protejam os limites. Charles Choi acaba aqui.

[03h40 – No alto da Colina de Isen]

Mayato olhava para o horizonte.

— A guerra… começou.

Yoru, ao seu lado, sentia um frio na espinha.

Ben e Hiroshi se preparavam para o que viria. Mayato desceu da pedra e pôs seus braços para trás e pôs a mão sobre seu tapa olho, o Yoru olhou para ele e disse

— Oque aconteceu com vocês da primeira geração? Meu amigos disse que a Kira fez isso, mas ela não parece ser tudo isso… Eu a enfrentei por um certo momento e não vi nada demais

— Não quero falar sobre isso, pirralho, você não entende nada desse mundo completamente — o Mayato olhou para o Yoru seriamente e uma aura vermelha tomou conta do lugar — A Kira é uma mulher muito mais muito poderosa que sempre está à frente dos outros em potencial e inteligência, um pirralho da segunda geração nunca vai entender oque realmente é enfrentar um monstro que nem aquele

….

No centro do distrito de Kiyokabe, a invasão da equipe de Charles Choi ainda continuava, cerca de 50 delinquentes juntos para pôr um fim naquele distrito a pedido do Charles, o Charles não estava ligando para aos donos, ele só queria aquele lugar a qualquer custo

[Frost Trent – Segunda geração]

— Ei seus desgraçados! Vamos por o caos neste distrito de merda, Kiyokabe vai cair hoje em nome do presidente Choi! — disse o Frost, um garoto de cabelos longos e roxos com uma tatuagem no pescoço

— Vocês não vão a lugar algum… — um garoto bem alto tomou a frente do Frost e fez o mesmo parar com seus homens

[Alexandre – Segunda geração • No.2 gangue coração de aço]

— Sabe… Eu fui treinado especialmente pelo Charles Choi, ele viu uma pequena fagulha de poder em mim e me lapidou para me tornar um guerreiro com um poder incomparável, e foi isso que me tornei

— Não estou nem aí para sua falatória!

O Alexandre avançou com toda sua velocidade e lançou um soco com toda sua força, ele juntou tanta força no braço que suas veias saltaram para fora, e quando o soco foi chegando perto do Frost, ele agachou rapidamente, e o soco gerou um vento forte

— Uau! Você é absurdamente forte, vai valer apena sair no braço contigo! — o Frost deu um soco na barriga do Alexandre com toda sua força, fazendo o mesmo ser jogado para trás — Apesar de parecer fraco, sei utilizar minha força total com um simples movi-

Antes de terminar de falar, o Alexandre deu um soco descente e o impacto foi tão forte que o chão rachou, por sorte, o Frost se afastou rapidamente da zona de impacto

— Você fala demais filho da puta! Cala a boca e luta! — o Alexandre disse cuspindo sangue

“Esse desgraçado me machucou pra cacete com um só soco, tenho que tomar cuidado…” o Alexandre pensou levando a mão a sua barriga

[Flashback…]

— Você quando achar um oponente digno de te botar nas cordas, talvez você supere algum “limite”, talvez você seja capaz disso

— Mas senhor… Oque séria um “limite”?

— No momento certo você vai entender oque quero dizer com isso, por hora, vamos parar com o treino Frost

[De volta ao presente]

Frost deu um sorriso e disse alto e claro;

— Você pode ser ele! O cara que vai aumentar meu potencial e me fazer quebrar esse tal “limite” !

O Frost avançou com toda velocidade para cima do Alexander e deu um soco bem forte nele, mas o mesmo defendeu e deu uma joelhada na barriga do Frost, logo em seguida, um soco mega poderoso que fez uma corrente de ar e lançou o Frost a metros de distância o fazendo apagar no chão

— Você parece ser bem forte mesmo, mas… É só um “ordinário” sem potencial evolutivo, dá de ver em seu rosto e em sua pessoa, talvez o Charles tenha mentido para você

O Alexandre começou a caminhar em direção aos outros delinquentes, e seu objetivo agora era limpar a área deles o mais rápido possível para não dar mais problemas