Capítulo 212 - Rukia se foi?
No outro dia, o sol já estava nascendo, Yoru nem tinha acordado direito ainda, mas o mundo sim, as pessoas já tinham levantado para ir aos seus trabalhos, alguns também já estavam se arrumando para ir a escola, e o Yoru ainda continuava deitado
Foi quando o despertador tocou, e ele jogou o lençol por cima do seu rosto e bateu com toda força no despertador e o fez parar
“Que merda… Não dormi quase nada essa noite… Tou com muito sono ainda, não sei se vou conseguir ir para a escola desde jeito” o Yoru pensou enquanto tirava o lençol de seu rosto
O Yoru desceu da cama e calçou seu chinelo, e deu uma leve bagunçada no seu próprio cabelo e foi para a cozinha, e descendo as escadas, ele foi direto para a geladeira e pegou uma garrafa d’água e um copo e tomou a água e se sentou em uma cadeira
— Que sono… — o Yoru se dirigiu até a sala e pegou o controle e ligou a TV, ele não costumava fazer aquilo, mas algo lhe chamou para ligar a TV, estava passando uma matéria urgente sobre um assassinato.
A imagem na TV mostrava uma rua isolada por fitas amarelas, com várias viaturas ao redor. Repórteres falavam em tom grave, e os rostos dos apresentadores refletiam o peso da notícia. Yoru apertou os olhos, ainda meio sonolento, tentando entender o que se passava.
— Uma tragédia abala o distrito de Kiyokabe nesta manhã. A jovem Rukia Nakamura, conhecida por seus vínculos com grupos locais de resistência e por sua atuação social nas comunidades periféricas, foi encontrada morta nas primeiras horas da madrugada — disse a repórter, enquanto imagens mostravam o corpo coberto por um lençol branco sendo levado por paramédicos.
Yoru congelou.
O copo que segurava escorregou de sua mão e caiu no chão, estilhaçando em pedaços. Seus olhos arregalaram como se não quisessem acreditar no que viam.
— …Não… — murmurou. — Rukia?
Sentou-se lentamente no sofá, como se seu corpo tivesse perdido metade do peso, ou talvez, o coração tivesse sumido por um momento. O mundo ao redor parecia ter perdido a cor, e o som da TV se distanciou como um eco em um túnel vazio.
“— Ainda não se sabe quem foi o responsável, mas testemunhas afirmam ter ouvido uma discussão intensa antes de tiros serem disparados. A polícia está investigando o caso como homicídio qualificado —” continuava a reportagem.
As mãos de Yoru começaram a tremer. Ele levou uma delas até a testa, pressionando com força. Seus pensamentos colidiram entre si como carros em uma rodovia sem freios.
Ela… estava viva ontem. Estava rindo. Estava fazendo piadas. Estava… ali.
— Isso não pode ser verdade… — ele murmurou, agora com a voz embargada.
Silêncio.
E então, lágrimas.
Yoru não chorava com facilidade. Não era alguém frágil. Mas ali, naquele instante, o luto o atingiu com a força de uma avalanche. Não pela brutalidade da morte, mas pela velocidade com que ela o havia roubado de alguém que significava tanto.
Ele apertou os punhos.
— Por quê?
Sua mente foi invadida por lembranças. O sorriso da Rukia, as pequenas provocações que ela fazia com os amigos, as noites em que ficavam observando o céu da cidade do telhado de algum prédio qualquer. Ela era vida. E agora… nada.
O som da TV continuava, mas era apenas ruído branco.
Yoru se levantou cambaleando e caminhou até a janela. O sol havia nascido por completo, iluminando o céu com tons dourados e alaranjados. Um novo dia, para o resto do mundo. Mas não para ele. Para ele, havia começado o luto.
Ali, diante da janela, ele sussurrou:
— Eu vou descobrir quem fez isso com você, Rukia. E vou garantir que paguem.
Sua expressão endureceu. O brilho nos olhos já não era mais o da dúvida ou da dor, mas o de um fogo que começava a arder em silêncio. Algo nele havia mudado. Um peso se instalou em seus ombros — o tipo de peso que transforma um garoto comum em alguém disposto a desafiar qualquer coisa.
Algumas horas se passaram.
Yoru finalmente se vestiu e saiu de casa. O caminho até a escola nunca pareceu tão longo. As ruas estavam repletas de sons comuns: buzinas, vozes animadas de estudantes, o barulho de bicicletas passando. Era como se o mundo estivesse completamente alheio ao que ele sentia.
Ele caminhava em silêncio, mãos nos bolsos, capuz sobre a cabeça. Seus olhos estavam vermelhos, mas secos. Ele não chorava mais — não porque não queria, mas porque simplesmente não havia mais lágrimas para sair. Havia apenas um vazio que se espalhava lentamente pelo peito.
Chegando no portão da escola, ele olhou ao redor. Alguns colegas o cumprimentaram com um aceno, mas ele não respondeu. Passou direto, com o olhar perdido.
— Ei, Yoru! — gritou Hayato do outro lado do pátio, com um sorriso no rosto. — Atrasado de novo?
Yoru apenas olhou em sua direção e balançou a cabeça negativamente, sem dizer uma palavra. Hayato franziu a testa, confuso com a reação do amigo.
Sophie também se aproximou, notando algo estranho no semblante de Yoru.
— Você tá bem? Parece… pálido. Dormiu mal? — ela perguntou com preocupação, tentando suavizar o tom.
Yoru respirou fundo. Queria responder com um “sim”, com um “tá tudo bem”. Mas não conseguiu. A voz ficou presa na garganta como se qualquer palavra fosse desmoronar o pouco controle emocional que ainda lhe restava.
Ele apenas caminhou, passando entre os dois, e entrou no prédio principal.
Na sala de aula, sentou-se em seu lugar habitual, jogando a mochila no chão com um movimento pesado. Encostou os cotovelos na mesa e enterrou o rosto nas mãos. O barulho ao redor parecia distante. Os risos, as conversas, tudo soava como um idioma estrangeiro. Um mundo ao qual ele, por agora, não pertencia.
Foi quando o professor entrou e a turma se calou.
— Antes de começarmos a aula de hoje… — disse o professor com uma expressão séria, segurando alguns papéis — quero compartilhar uma notícia que provavelmente muitos de vocês já viram nos noticiários. É sobre a Rukia Nakamura. Ela era conhecida por muitos aqui, inclusive ex-aluna desta escola.
Alguns murmúrios começaram.
— Infelizmente… ela faleceu essa madrugada.
Um silêncio pesado tomou conta da sala. Todos pareciam surpresos. Alguns ficaram em choque, outros começaram a cochichar. Mas os olhos de todos, eventualmente, se voltaram para Yoru.
Ele não se moveu.
Nem um músculo.
Seu rosto ainda escondido nas mãos. Mas sua respiração agora era irregular. Uma lágrima caiu, silenciosa, e manchou a mesa de madeira clara. Sophie, sentada algumas fileiras atrás, arregalou os olhos. Ela entendeu.
Hayato também pareceu perceber.
O professor hesitou por um momento.
— Se alguém quiser sair da sala ou tiver dificuldades hoje… está autorizado a procurar a orientação — ele disse, com um olhar preocupado fixo em Yoru.
Mas ele não saiu.
Ficou ali.
Preso.
Como se, ao sair, tivesse que encarar uma verdade que ainda não estava pronto para aceitar.
“Rukia está morta.”
Mas a frase não fazia sentido em sua mente. Soava como uma mentira contada por um mundo cruel. Um universo que tira pessoas boas como se fossem meras folhas ao vento.
Yoru sussurrou para si mesmo, tão baixo que ninguém ouviu:
— Eu vou encontrar quem fez isso…
E, no fundo, naquele instante, uma chama começou a arder. Não era apenas tristeza. Era um desejo. Uma necessidade. Algo que crescia silenciosamente no escuro.
Vingança?
Justiça?
Ele ainda não sabia.
Mas uma coisa era certa: ele não ia deixar isso assim.
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