Capítulo 214 - Vivendo um dia comum
[Uma semana depois]
Viviane estava em seu quarto penteando seus cabelos enquanto olhava seu próprio reflexo no espelho, enquanto isso, no pé da porta o Wallace estava de braços cruzados esperando a mesma terminar de se arrumar para ir seja lá para onde for
“Essa mulher demora muito para se arrumar, isso tá começando a ficar chato, sinceramente” o Wallace pensou consigo mesmo
Depois de alguns minutos, Viviane saiu muito perfumada e elegante, ela olhou para o Wallace e pareceu um pouco assustada
— Olha, vamos ao shopping, não quero que você me acompanhe desse jeito, vai pôr uma roupa melhor e que chame menos atenção, não quero que vá como segurança
— Mas esse é o meu trabalho, se o Enz-
O Enzo apareceu diante deles e disse;
— Tudo bem, Wallace, pode ir da maneira que ela te mandou, você está aqui para servir e proteger ela — o Enzo ajustou seu óculos e saiu caminhando e o Enrico foi bem atrás dele
O Wallace antes mesmo de se virar, para ir trocar de roupa, ele encarou as costas do Enrico, ele reparou que o mesmo tinha uma aura enorme e muito ameaçadora
“Nunca percebi que esse cara era tão forte”
O Wallace foi trocar de roupa e depois de alguns minutos voltou, ele estava mais casual, e deixou a Viviane com um brilho nos olhos, ela deu uma risada e abraçou o braço dele e disse;
— Agora sim você está mais padrão! Vamos direto ao shopping!
[No shopping]
Ao chegar no shopping, os dois foram recebidos por uma lufada de ar-condicionado misturado ao cheiro doce de perfume, pipoca amanteigada e o aroma ácido do café recém-moído vindo de uma cafeteria próxima. O som das conversas animadas, dos saltos tocando o chão de mármore e das crianças rindo ao longe criavam uma atmosfera viva e quase relaxante. Viviane caminhava à frente, com uma postura elegante e olhar determinado, como se conhecesse cada centímetro daquele lugar. Wallace vinha logo atrás, atento, mas tentando manter uma aura casual como ela havia pedido.
Ele usava uma camisa de linho bege com as mangas dobradas até os cotovelos, calças escuras de alfaiataria e um tênis discreto, o suficiente para não parecer um guarda-costas. Seu porte ainda chamava atenção, claro — ombros largos, expressão séria —, mas agora parecia mais um namorado protetor do que um agente designado para missões de risco.
Viviane olhou para trás e sorriu com leveza.
— Está melhor assim, vê? As pessoas nem estão nos olhando — ela disse, enquanto deslizava os olhos por algumas vitrines. — Quero um dia como qualquer garota normal. Sem olhares, sem protocolos. Só compras, risadas… e talvez um milk-shake.
Wallace soltou um leve sorriso de canto, algo raro. Ele não era de expressar muito, mas com Viviane, aos poucos, suas defesas vinham caindo.
— Só milk-shake? — ele respondeu, com um tom levemente provocativo. — Esperava que fosse mais sofisticada.
— Eu posso ser sofisticada tomando milk-shake de Oreo com chantilly e calda de caramelo. Elegância é um estado de espírito — ela respondeu piscando um olho.
Eles andaram por alguns minutos até que entraram em uma loja de roupas finas. Viviane sumiu entre os cabides e prateleiras, segurando peças, colocando contra o corpo, girando diante dos espelhos com uma alegria genuína. Wallace, por outro lado, permanecia parado, os braços cruzados, observando cada movimento, cada detalhe, como se estivesse mapeando o ambiente — mesmo tentando relaxar, seus instintos não desligavam.
Foi então que Viviane o chamou com um gesto teatral:
— Ei, grandão! Preciso de uma opinião masculina. E sincera, tá? — Ela segurava dois vestidos: um vermelho justo com detalhes dourados e outro azul-marinho com cortes assimétricos nas costas. — Qual combina mais comigo?
Wallace a olhou por alguns segundos, depois desviou os olhos como se estivesse hesitando em elogiar. Mas a resposta saiu firme:
— O vermelho. Ele combina com o seu jeito. Intensa. O tipo de mulher que ninguém esquece depois que entra em uma sala.
Viviane piscou, levemente surpresa. Não esperava palavras tão exatas vindas dele. Sorriu sem graça e virou o rosto por um instante, talvez para esconder o rubor leve que subiu por suas bochechas.
— Então vai ser esse… — ela murmurou, antes de desaparecer para o provador.
Enquanto esperava, Wallace percebeu dois homens encostados perto da praça de alimentação, olhando para eles com frequência. Tinham roupas simples, mas seus olhares estavam focados demais, analisadores demais. Wallace ficou em alerta, mas decidiu não agir imediatamente. Ele precisava confirmar.
Viviane saiu do provador pouco depois, usando o vestido vermelho, que se ajustava perfeitamente ao seu corpo. Por um momento, o tempo pareceu desacelerar para Wallace. Ela estava… magnífica. E ele sabia que, se alguém tivesse a intenção de machucá-la, teria que passar por ele — e ele jamais permitiria isso.
— E então? — ela perguntou com um sorriso contido.
— Perigosa — respondeu Wallace com um tom sério. — Se sair assim, vai provocar acidentes.
Viviane riu, um riso leve e melodioso que se espalhou como música pelo ar.
— Acho que você está começando a me entender.
Depois de pagarem pelas roupas, foram para a praça de alimentação. Pediram o tão aguardado milk-shake e sentaram-se em uma mesa com vista para a fonte central, onde a água dançava em coreografias suaves. Por alguns instantes, o mundo parecia comum. Simples. Quase feliz.
Mas Wallace continuava atento. Os dois homens ainda estavam por perto, fingindo ler um menu. Quando um terceiro se aproximou deles discretamente, Wallace levantou imediatamente.
— Viviane, precisamos ir.
— Mas por quê? Mal acabei meu…
— Confie em mim. Agora.
Viviane notou a mudança em seu olhar e não discutiu. Levantou-se e seguiu com ele.
Wallace a guiou para fora da praça de alimentação, pegando um corredor lateral que levava a uma saída de emergência. No caminho, ativou discretamente um pequeno comunicador preso à sua cintura.
— Códigos suspeitos no setor azul. Três alvos. Movimentação sincronizada. Solicito varredura interna.
— Entendido, Wallace. Unidade civil de contenção a caminho. Não se exponha — respondeu uma voz no canal.
Enquanto caminhavam, Viviane finalmente entendeu.
— Você percebeu, né?
— Sim. Estavam observando você desde que entramos. E aquele terceiro não estava no shopping antes.
Ela mordeu o lábio inferior, frustrada.
— Não consigo ter um dia de paz. Nem fingir que sou só… uma garota normal.
Wallace olhou para ela e, com um suspiro contido, respondeu:
— Você não é normal. E é exatamente isso que te torna especial. Mas… mesmo que o mundo esteja desmoronando lá fora, eu posso te dar pequenos momentos assim. Com calma. Com segurança. Só precisamos escolher o lugar certo.
Viviane parou, encarou os olhos dele e sorriu de forma melancólica.
— E se o lugar certo… for perto de você?
Por um instante, Wallace se desconcertou. Palavras lhe faltaram. Mas antes que pudesse responder, um dos suspeitos apareceu na entrada do corredor, seguido de perto por outro.
Wallace empurrou Viviane suavemente para trás dele.
— Fique atrás de mim.
Seus olhos agora estavam afiados. O soldado silencioso havia despertado.
Viviane colocou a mão no ombro dele.
— Se precisar, eu também luto.
— Eu sei. — Wallace respondeu. — Mas hoje… deixa que eu cuido disso.
Ele deu um passo à frente, o olhar feroz, as mãos fechadas, o corpo pronto para entrar em ação.
Porque naquele instante, no meio de um shopping comum, cercados por pessoas comuns, Wallace sabia: o verdadeiro luxo que Viviane queria não era um vestido caro, nem um milk-shake com chantilly.
Era a liberdade de viver — e ele protegeria isso com a própria vida.
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