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    Dias depois, na mansão onde a Viviane estava, ela estava no jardim da casa olhando o céu debaixo da árvore, enquanto o Wallace estava de pé ao seu lado, com uma feição séria e sem esboçar nenhuma reação

    De longe, observando os dois estava o guarda pessoal da Viviane antes do Wallace assumir o posto, Jiang Xie, um ex soldado chinês de alto escalão, ele estava com uma xícara de café nas mãos enquanto observava os dois, logo atrás dele, apareceu o Enzo

    — Está se sentindo a vontade? Nunca vi você falando muito por aqui… Algo lhe preocupa? — o Enzo disse com um sorriso estampado no rosto, não um sorriso comum, e sim um sorriso maléfico

    — Quais são seus planos? Você acha que somos burro? O chefe sabe que quer usar a filha dele como uma espécie de escudo para tentar derrubar o aliado dele, sabe que se eu tiver-

    O Enzo interrompeu a fala do Jiang e disse;

    — Não quero usar a Viviane de modo algum, está completamente enganado sobre isso, eu quero nada dela, a não ser uma coisa… — o Jiang botou no café na mesa e olhou torto para ele

    — Você deseja explorar a influência dela com a máfia russa para eles te ajudar com o Charles — o Jiang disse muito sério

    — Bingo! É pra isso que ela serve nesse momento, e também para outras coisas que não vem ao caso — o Jiang deu passos firmes e segurou na gola da camisa dele

    — Seu pirralho! Você sabe com quem está mexendo? — ele disse em um alto tom, suas veias saltaram para fora de raiva

    — Vamos baixar a bola um pouco… Afinal… Somos aliados — o Enzo disse com um sorriso maléfico, e logo atrás dele, apareceu o Vip e o Enrico, o Jiang soltou a blusa dele e disse;

    — Você vai se arrepender muito… Te digo logo — ele saiu dali, deixando os três sozinhos

    O Enzo ajeitou sua camisa e olhou pela janela, vendo o Wallace e a Viviane conversar, ele deu um sorriso e pensou;

    “O Wallace vai ser um peça importante para meu jogo, vai ser muito importante mesmo”

    [Rua 12]

    Ash estava sentado na beira de uma ponte de ficava acima de um rio imenso, ele estava com um cigarro na boca, pensando sobre a vida, foi até que o Samuel chegou logo atrás dele

    — Você está bem? — perguntou o Samuel, o Ash afirmou

    — Sim, só estou pensando no quão merda está esses últimos tempos, cada dia que passa mais enigmas vão se formando

    — Sei oque quer dizer, uma hora ou outra a casa do Charles vai cair, e possivelmente os quatro grandes grupos também, isso incluí agente, a Black G já foi, a Hunides também, agora só falta agente e a Gangue de Gondon

    — O filho da mãe do Eli é muito esperto, ele não vai deixar a gangue dele falir, eles são como a Hunides, trabalham como uma família, assim com nós também trabalhamos

    — É… Mas sabe, se o Charles cair, a Yummi também vai cair, e possivelmente, as máscaras de políticos e muito mais vai abaixo, de vez enquanto eu fico pensando… Será que foi mesmo uma boa ter aceitado participar desses grupos de delinquentes formados pela Yummi?

    — Não… Mas ou agente fazia por bem, ou ela matava todos nós.

    [FLASHBACK – 16 anos atrás | Subúrbio industrial de Yokohama | 2h12 da manhã]

    O céu estava encoberto. Nuvens negras desciam lentamente sobre as luzes apagadas da zona portuária, e um silêncio pesado se espalhava pelos galpões. No coração daquele ambiente morto, um único armazém permanecia com as portas abertas. Lá dentro, o cheiro de cigarro e mofo dominava o ar.

    Três figuras estavam reunidos, sentados em cadeiras de metal em torno de uma mesa improvisada feita de portas velhas apoiadas em blocos de concreto.

    Charles Choi, aos 48 anos, vestia um terno preto simples, suado, mas alinhado. Os olhos eram frios, analíticos. Já naquela idade, seus traços denunciavam a frieza de um verdadeiro estrategista.

    À sua frente, Kira, então com apenas 17 anos, magra, aparência frágil, mas com um olhar tão afiado que era quase físico. Ao seu lado, descansava um notebook aberto, exibindo gráficos de movimentação bancária fictícia e dados de offshores.

    Do outro lado da mesa, sentada com as pernas cruzadas sobre a cadeira, Yummi, 16 anos, cabelos cortados rente ao queixo e expressão de tédio cínico. Ela mascava um chiclete como quem pouco se importava com o mundo, mas cada palavra que saía da sua boca era carregada de veneno e cálculo.

    Charles ergueu um caderno com anotações minuciosas escritas à mão, e bateu-o contra a mesa.

    — Está tudo aqui. O plano para tomar o Japão de dentro pra fora.

    Kira olhou de soslaio.

    — Você fala como se fosse fácil.

    — Não é — disse Charles, firme. — Mas é possível. E mais do que possível… é necessário.

    Yummi bufou.

    — E o que você propõe? Uma revolução estudantil? Marchas? Protestos?

    Charles não sorriu. Apenas empurrou uma pilha de documentos à frente dos dois.

    — Nada disso. Vamos fundar quatro organizações criminosas. Não como as de hoje. Nada de yakuzas com tatuagens e espadas. Falo de grupos modernos, dinâmicos, camuflados. Eles existirão à margem da legalidade, mas com rosto limpo. Rosto de empresa.

    Kira cruzou os braços.

    — Criminosos empresariais?

    — Lavagem de dinheiro, Yummi cuidará das frentes de fachada com ONGs e patrocínio político. Kira, você manipula o lado tecnológico: criptomoedas, deep web, falsificação de dados, ocultação de transações. Eu ficarei com a parte organizacional. Recrutamento, disciplina, infiltração em setores públicos e privados.

    Yummi arqueou a sobrancelha, curiosa.

    — Você está falando sério?

    — Completamente — Charles respondeu. — Os quatro grupos terão base nas quatro grandes regiões urbanas: Kanto, Kansai, Chubu e Kyushu. Cada um com um objetivo específico. Mas todos sob a mesma árvore genealógica. Só que ninguém saberá disso. Nem mesmo os próprios líderes.

    Ele se levantou, pegando um giz de cera e rabiscando no chão de concreto o símbolo de um losango com quatro pontas.

    — Grupo um: Black G. Base em Tóquio. Especializado em segurança privada e extorsão de empresários.
    — Grupo dois: Hunides. Base em Osaka. Controle sobre tráfico de armas e homens.
    — Grupo três: Gangue de Gondon. Base em Nagoya. Especialistas em engenharia financeira e corrupção política.
    — Grupo da rua 12: Hidra do Norte. Base em Fukuoka. Narcoestado. Rotas de drogas vindas da China e da Rússia.

    Kira arregalou os olhos.

    — Isso é… terrorismo.

    — Isso é construção de poder — Charles disse friamente. — A Yummi já está sendo treinada para se tornar a figura pública ideal. Vamos colocá-la como protetora de jovens, mas ela será a rainha negra do tabuleiro.

    Yummi sorriu maliciosamente.

    — Finalmente alguém entende meu valor.

    Kira passou os dedos pelo teclado do notebook.

    — Posso começar a construir identidades digitais para os líderes fictícios. Vamos precisar de rostos… falsos CEOs. Homens de paletó que assinem papéis em nosso lugar. Nomes como “Kazuki Okamoto” ou “Ren Takayama”. Roupas caras. Biografias falsas. Vidas inventadas.

    Charles assentiu.

    — Você faz isso. Mas também quero que rastreie políticos de terceiro escalão. Corruptos pequenos. Aqueles que estão desesperados por dinheiro. Vamos começar com eles. Subornar um vereador hoje… é colocar um ministro no bolso amanhã.

    Yummi se aproximou da parede e começou a desenhar as conexões com uma caneta hidrográfica.

    — Os grupos precisam parecer rivais. Se atuarem em harmonia, chamam atenção. Mas se parecerem gangues em conflito, ninguém jamais suspeitará que respondem à mesma mente.

    — Exato — Charles completou. — As guerras entre eles serão encenadas. Mortes calculadas. Infiltrados serão sacrificados como mártires para fortalecer a narrativa pública.

    Kira respirou fundo.

    — E se alguém for longe demais? Se um dos líderes quiser realmente tomar poder?

    Charles olhou nos olhos dele.

    — Todos terão rastros contra si. Dossiês. Comprometimento. Vícios. Cada líder será uma bomba relógio sem saber. Um passo fora da linha, e os colocamos abaixo com provas, vazamentos, denúncias. Eles vão viver com uma coleira invisível no pescoço.

    Silêncio.

    Um trovão ribombou ao longe.

    Yummi foi até uma janela quebrada e encarou a chuva que começava a cair, com um sorriso enviesado nos lábios.

    — E quando formos grandes demais pra esconder?

    Charles então respondeu, com um tom quase profético:

    — A essa altura, já estaremos no governo.

    [Algumas semanas depois | Estação de trem de Nagoya]

    Três figuras mascaradas desceram de um trem bala com uma maleta preta. Dentro dela, 6 milhões de ienes convertidos de criptomoedas. Dinheiro sujo que seria “lavado” em doações para a nova ONG fictícia: Fundação Flor de Lótus.

    Na estação, um homem elegante os aguardava. Era um ex-diretor de uma firma de advocacia, hoje subornado para agir como contador e elo legal entre os grupos.

    Charles, escondido em um carro próximo, observava tudo por binóculos. Ao seu lado, Kira tomava notas em um tablet.

    — E assim começa — Charles murmurou. — A nova ordem do Japão.

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