Capítulo 222 - Qual é o seu objetivo?
[Exterior da Estação Nakamura, 07h58 da manhã, céu cinzento]
O cheiro da cidade molhada tomava o ar. Após uma madrugada de tensão e revelações subterrâneas, o mundo parecia o mesmo — mas Eli não era mais o mesmo.
Ele subia as escadas da estação lentamente, a pele marcada por cortes e hematomas, os olhos fundos e sem sono. Cada passo ecoava como mil pensamentos.
Na mão, uma folha rasgada com apenas um nome:
“Ash” — Rua 12. Não procure. Ele encontrará você.”
Eli dobrou o papel, respirou fundo e desapareceu entre as ruelas úmidas de Tokyo.
[Entrada da Rua 12 — 08h43 da manhã]
A Rua 12 não existia em mapas oficiais. Era como um corredor escondido entre dois prédios abandonados, onde uma névoa constante parecia ter vida própria. Cães vadios, fios expostos, pichações antigas de guerras urbanas. Mas havia ordem no caos. Uma vibração estranha, como se as paredes tivessem olhos.
Eli parou diante de uma porta vermelha, suja e com marcas de facadas. Bateu três vezes, como o código aprendido no passado.
Nada.
Silêncio.
Então, uma voz rouca do interfone:
— Nome?
— Eli Jang.
— Motivo?
— Preciso falar com Ash. Urgente.
Silêncio.
Depois, o som de travas se abrindo. A porta cedeu com um estalo.
Ele estava entrando no ninho do lobo… ou talvez, do único lobo que ainda não se vendeu ao sistema.
[ Interior do Quartel da Rua 12 – 08h50]
O interior era surpreendentemente limpo. Escuro, mas limpo. Telas nas paredes mostravam câmeras de segurança, transmissões de rádio codificadas, e mapas interativos das escolas, ruas e zonas de influência das gangues.
Ash estava sentado de costas, observando uma imagem congelada no monitor: Charles sorrindo.
— Então você o viu. — disse Ash, sem se virar.
— Como você sabe disso? — perguntou Eli, ainda ofegante.
Ash se levantou. Era alto, magro, de cabelos trançados e uma cicatriz profunda no lado esquerdo da mandíbula. Olhos cinzentos, como se vissem além da pele das pessoas.
— Porque ninguém volta da Escola 36 com esse olhar.
Porque eu também voltei. Há seis anos.
Eli arregalou os olhos.
Ash se aproximou. Estendeu um copo d’água.
— Charles está se movendo de novo, não está?
Eli assentiu, engolindo em seco.
— Ele está criando um golpe de Estado silencioso. Está usando um projeto humano chamado Noah. Um prodígio da Geração Zero. E o pior… ele me quer no jogo. Como peão, ou mártir. Tanto faz pra ele.
Ash passou a mão pelo rosto, pensativo.
— Então está na hora.
— Hora de quê?
Ash sorriu de lado, cansado.
— Hora de quebrar o silêncio entre as ruas.
[ Galpão subterrâneo — Sala de reuniões das gangues urbanas]
No mesmo dia, à tarde, gangues rivais foram convocadas. Pela primeira vez em 3 anos.
A Gangue do Estopim da Zona Oeste, os Remanescentes da Meia-Lua, os Gêmeos da Linha Verde, e, por fim, Yoru, com as mãos nos bolsos e o olhar sério.
Eli o encarou pela primeira vez desde tudo.
— Yoru. A gente precisa conversar.
Yoru olhou nos olhos dele. Sem pressa. Sem emoção.
— Não sei quem é você, vim a pedido do Jake, continue falando de golpes de Estado e experimentos secretos.E o por que eu deveria ouvir isso.
Eli se aproximou, tirando o papel amassado do bolso. Jogou na mesa.
— Porque você está dentro disso até o pescoço. Todos nós estamos. Esse sistema está se preparando pra uma limpeza. Uma seleção. E os “descartáveis” somos nós.
Yoru segurou o papel. Leu em silêncio.
Na mesa, Ash falava aos outros:
— Charles pretende assumir o controle total das escolas. Mas não pelos reitores. Pelos alunos geneticamente alterados. E pela guerra civil das gangues, que ele mesmo vai fomentar. A unificação das escolas? Era só o primeiro passo. Depois virão os testes letais. As execuções simbólicas. O culto à ordem… ao custo do sangue.
Um silêncio mortal pairou.
Eli completou:
— Se não formos nós, agora, ninguém mais será. A geração que vem aí não tem alma. Foi construída sem ela.
Yoru apertou os olhos, então disse:
— Quem é esse prodígio?
Ash respondeu:
— Noah Enomoto.
Yoru pareceu reconhecer o nome. Muito vagamente. Como um trauma mal curado.
[Conversa Privada — Eli e Yoru, 22h17, terraço da Rua 12]
A cidade ao fundo. As luzes pulsando.
— Por que você quer a minha ajuda, por que precisa da minha força para tentar algo contra o Charles?
Eli respondeu sem hesitar:
— Porque você é a única pessoa nesse mundo que não foi corrompida por Charles. E eu preciso de alguém assim do meu lado.
Yoru deu uma risada seca.
— Eu sou um merda. Metade das minhas decisões foram erros. Mas mesmo assim, acho que posso oferecer a você a minha força e torcer que dê tudo certo
Eli se aproximou.
— E mesmo assim, todo mundo continua seguindo você. Porque você ainda tem algo que nem Charles, nem Noah, nem Ash, nem eu conseguimos fabricar:
Esperança.
Yoru apagou o cigarro com os dedos, e encarou Eli de frente.
— Então vamos fazer isso. Mas com uma condição.
— Qual?
— Sem messianismo. Sem mártires. Se alguém cair, levanta. Se alguém ficar pra trás, a gente puxa. Ou vai todo mundo junto, ou ninguém vai.
Eli sorriu, e estendeu a mão.
— Fechado.
Yoru apertou com firmeza.
A aliança havia sido selada.
[No dia seguinte, 05h02 da manhã]
Charles assistia a tudo por um telão. Estava em pé, diante da imagem congelada de Yoru e Eli apertando as mãos.
Noah estava ao seu lado, sem piscar.
— Eles se uniram. — murmurou Noah.
Charles sorriu com frieza.
— Perfeito. Agora o jogo realmente começou.
Ele desligou as luzes.
E a cidade mergulhou de novo no escuro.
A parte de cima de Tokyo estava sendo abalada mais e mais por forças mínimas, mas que estavam de pouco em pouco causando um estrago pequeno mas com o tempo ia se alastrar como fogo em um campo de folhas secas
Os delinquentes mais jovens e “metidos” da geração dois, queriam por um fim nos delinquentes velhos e corruptos formando assim um novo mundo de delinquentes.
Mudanças drásticas estavam prestes a acontecer de agora em diante, o mundo estava se preparando para uma possível guerra de gerações, que ia por um fim completo na corrupção que não só o Japão estava passando, mas possivelmente a metade do globo, e tudo isso por conta de uma só pessoa
Charles Choi.
Era um final de tarde como qualquer outro, o Yoru estava com Hiroshi, Hayato e Ben olhando o por do Sol em um local onde as pessoas iam correr e andar de bicicleta, o Yoru se levantou e olhou diretamente para o pôr do Sol
— Daqui a um certo tempo, tudo vai ser desvendado, o Charles vai cair do seu torno e consequentemente vou descobrir o motivo da morte da minha mãe e também, vou relevar para vocês meu novo objetivo, eu quero ######## — o Yoru deu um sorriso enquanto olhava para o pôr do Sol
Seus três amigos começaram a rir do Yoru bastante, eles não estavam acreditando no que o Yoru disse
— Você começou a ter uns objetivos bem engraçados né, mas eu não duvido de você parceiro, você vai conseguir oque tanto almeja, quero está lá com você para presenciar seu sonho — o Ben disse sorrindo mas suas palavras eram verdadeiras, ele sabia que seu amigo iria alcançar esse objetivo que ele tinha em mente
— O Ben está certo, queremos ver isso acontecer diante dos nossos olhos! — disse o Hiroshi se levantando
— Estou ansioso para ver isso acontecer, Yoru — disse o Hayato
— É isso pessoal, vamos derrotar o Charles e por um fim nessa trama toda
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