Capítulo 232 - Sem ele é difícil
Já tinha se passado dois dias, desde a derrota do Renjiro para a segunda geração, o Hayato estava em casa, jogando na Tv, foi quando sua mãe chegou com algumas compras que ela tinha feito no mercado, e o mesmo foi ajudar ela
Enquanto ele a ajudava, a mãe do Hayato perguntou a ele;
— Filho… Ultimamente você tem estado tão estranho… Brigou com sua namoradinha ou algo do tipo? — ela disse se preocupando com o filho, o Hayato negou e disse;
— Ah mãe… Tou só mais pensativo, não tá acontecendo nada demais… E como sabe que eu tenho uma namorada? — o Hayato perguntou em dúvida
— Filho, já vi vocês dois juntos, pode trazer ela aqui, não vou julga-la pelas suas tatuagens ou pelo seu estilo, ela é ela, e acima de tudo, a respeito por te amar, desde quando você estava na quelas sua fase mais gordinho e sem vida, me sentia tão mal em não poder ajudar você
— Não vamos relembrar isso, passado é passado. Qualquer dia desses eu chamo a Yuna para almoçar aqui e conhecer todos vocês. Bem, eu vou na casa do Ben agora
— Ah! Aliás, nunca mais o Yoru veio aqui… Aconteceu alguma coisa entre vocês? — o Hayato foi saindo
— Não… Não aconteceu nada, é só que… Ah! Esquece, tá muito suave entre nós dois, bem, beijo mãe — o Hayato deu um beijo na testa de sua mãe e foi saindo de sua casa encontrar com o Ben na casa dele
Minutos depois, depois de uma caminhada moderada, finalmente o Hayato tinha chegado na casa do Ben, ele viu que a porta estava semi aberta e decidiu entrar por conta própria, ele tirou seus sapatos e foi caminhando até a sala
Onde o Ben estava sentado assistindo TV, o Ben tomou um susto de primeira e deu um leve sorriso
— Não deve chegar assim nas casas dos outros, Hayato — ele disse com um sorriso no rosto
— Foi mal, eu vi a porta aberta e só entrei, me desculpa mesmo.
— De boa, senta aí — o Hayato se sentou ao lado do Ben
Ele sentiu um cheiro de comida no ar, oque era estranho para ele, o Ben morava sozinho, e parecia que tinha alguém mexendo nas panelas, do nada, o Hayato viu uma silhueta feminina, e olhou torto para o Ben
— Você tem irmã e não contou? — perguntou o Hayato em dúvida
— Ah… Na verdade…
O Hayato foi surpreendido com um toque de leve na sua cabeça, quando ele olhou para trás, viu a Sophie de avental, ele deu um sorriso e baixou a cabeça
— Eu deveria saber, vocês estão morando juntos agora, pelo visto está indo bem sério — ele diz em um tom feliz
— Achei que você fosse estranhar — disse a Sophie
— Jamais, queria também morar com a Yuna, mas por enquanto não será possível.
— Que pena — disse a Sophie
— Olha, vou logo falar oque tenho a dizer para vocês… Vim aqui por um simples motivo. Eu por enquanto, vou deixar a escola 25… — o Hayato disse, o Ben deu um sorriso nervoso e disse;
— Mas por que vai sair da escola 25? Você está se sentindo incapaz de salvar o Yoru? Se for isso, relaxa cara, vai dar tudo certo
— Olha, não é exatamente isso, eu percebi que eu preciso ficar mais forte, e para isso, eu tenho que me forçar ao extremo para isso, então tomei uma decisão, eu vou passar os próximos 6 meses treinando até me sentir forte o suficiente para fazer parte do grupo novamente, espero que entendam
— Olha, não vamos te impedir de nada, se é isso que quer, então faça, vamos ficar aqui te aguardando…
— Que bom que entendeu, Ben, fico muito feliz mesmo… — o Hayato disse sorrindo
— Mas olha, para onde vai exatamente? — o Ben perguntou em dúvida
— Vou para Uruma em Okinawa, eu consegui informações de uma pessoa que possivelmente está lá, e quero treinar com ela…
— Quem é essa pessoa? — perguntou a Sophie
— É segredo, bem, estou indo embora agora, obrigado por tudo gente, até outro dia
E assim, o Hayato foi embora, e de lá, ele foi diretamente para a casa da Yuna, explicar para ela que ele ia ter que dar um tempo e reconstruir sua força, assim que ele chegou na casa dela, ele bateu na porta e a mesma abriu, com um sorriso no rosto
— Que milagre apareceu! Vem! Vamos sentar — ela disse toda alegre puxando seu amado para o sofá, chegando lá, ela se sentou ao seu lado e os dois ficou de mãos dadas
— Você tá bem bonita, tava se arrumando para alguém? — o Hayato disse com um sorriso no rosto
— Na verdade eu queria te ver, ia até mandar mensagem para nós dois sair hoje a noite e distrair a mente um pouquinho… — ela disse com um sorriso alegre em seus dentes
O Hayato sentiu uma pontada no peito, ele já sabia que ela não ia aceitar esse afastamento dos dois tão repentinamente, ele precisava de poder para proteger ela, mesmo que ela não aceitasse, era necessário, para proteger os dois e também seus amigos
— Você tá meio estranho… Tá se sentindo bem? Quer alguma coisa? — ela disse preocupada com o Hayato, o mesmo negou e disse;
— Olha, eu…
“É melhor eu levar ela até minha família e revelar tudo lá, hoje não é o dia certo talvez.” O Hayato pensou antes mesmo de falar alguma coisa
— Olha, eu quero que você venha jantar com agente amanhã, quero te apresentar para a minha família, e eles querem muito te conhecer… E também minha mãe tá curiosa para saber quem é você
— Sério mesmo!? Vai ser muito bom então, Hayato! Aceito sim — ela disse toda feliz
A culpa ia se formando ao redor do Hayato, ele não queria abandonar sua amada por meses, mas era o certo a se fazer, ele tinha que se tornar forte o suficiente para proteger tudo e todos ao seu redor.
…
O dia seguinte chegou arrastado para Hayato. A noite anterior foi praticamente em claro — a ansiedade pelo jantar e, principalmente, pela conversa que teria, o corroía por dentro. O sol de fim de tarde tingia o céu de tons alaranjados e dourados, lançando sombras longas pelas ruas do bairro. A brisa trazia o cheiro distante de comida caseira, e ele já sentia o aroma escapando da cozinha de sua própria casa antes mesmo de chegar no portão.
Yuna, ao lado dele, segurava firme sua mão. Ela usava um vestido simples, bege, que realçava sua pele clara e o brilho natural de seus cabelos soltos. Um sorriso tímido adornava seu rosto, mas nos olhos havia um nervosismo escondido — afinal, era a primeira vez conhecendo a família de Hayato.
— Você tá meio calado… — ela disse enquanto subiam os dois degraus da varanda.
— Só tô… pensando. — Hayato forçou um sorriso, tentando disfarçar a avalanche que se formava em sua mente.
Ele abriu a porta e foi recebido pelo calor do lar: o cheiro intenso de temperos, o barulho de óleo crepitando na frigideira e o som abafado de uma panela de pressão trabalhando na cozinha. Sua mãe surgiu no corredor, enxugando as mãos no avental florido, e abriu um sorriso caloroso ao ver Yuna.
— Então essa é a famosa Yuna! — ela exclamou, avançando para abraçá-la antes mesmo de qualquer formalidade.
Yuna, um pouco surpresa, riu nervosa e retribuiu o abraço.
— Muito prazer, senhora.
— Ah, nada de “senhora”, me chame de Kaori, ou mãe mesmo, se quiser — disse a mãe de Hayato, piscando com simpatia. — Venham, a mesa já tá quase pronta.
A sala de jantar era simples, mas acolhedora. A mesa de madeira estava coberta por uma toalha quadriculada, e sobre ela havia tigelas de arroz, legumes salteados, frango empanado e pequenos pratos com molho. Um jarro de flores ocupava o centro, com pétalas brancas que refletiam a luz quente do lustre.
A irmã mais nova de Hayato, uma garota magricela de 13 anos, apareceu do nada e ficou encarando Yuna com olhos arregalados, como se estivesse diante de uma celebridade.
— Essa é sua namorada? — ele perguntou, sem filtro.
— É sim, mas tenta não assustar ela — respondeu Hayato, dando um leve empurrão no ombro do garoto, que saiu rindo.
Sentaram-se todos. Yuna foi elogiada pela postura, pela forma educada como se dirigia à mãe de Hayato e até pelo quanto ela parecia se preocupar com ele. A conversa fluiu leve: histórias da infância dele, algumas situações engraçadas que Kaori fazia questão de relembrar, mesmo deixando Hayato envergonhado.
A cada risada e troca de olhares, ele sentia o peso da revelação que ainda precisava fazer. A comida, por mais saborosa que estivesse, parecia travar na garganta.
Quando terminaram, e a mesa começou a ser esvaziada, Hayato percebeu que não podia mais adiar. Ele pigarreou, apoiando os cotovelos sobre a mesa, e olhou para as duas mulheres que mais importavam para ele naquele momento.
— Eu… preciso dizer algo importante pra vocês.
O sorriso no rosto de Yuna desapareceu, substituído por uma atenção tensa. A mãe dele, ainda recolhendo pratos, parou e virou-se devagar.
— Eu vou sair por um tempo… — ele começou, sentindo o ar na sala ficar mais pesado. — Talvez seis meses… talvez mais. Eu preciso treinar. Me fortalecer. Tem coisas acontecendo, e eu não posso ficar parado enquanto todos correm perigo.
Kaori franziu o cenho.
— Sair? Agora? Sem falar nada antes? Hayato, você acha que o mundo vai parar pra você se preparar? Você vai deixar sua família aqui, sem notícias?
— Mãe, não é assim… é pra proteger vocês.
— Proteção não é abandono! — a voz dela elevou-se, carregada de frustração.
Yuna, que estava em silêncio, apertou as mãos no colo e olhou para baixo. A respiração dela acelerava, e quando levantou o rosto, havia lágrimas nos olhos.
— Você… vai me deixar? — a voz saiu trêmula, quase um sussurro. — Igual minha mãe fez… igual o Reo fez…
— Yuna, não é a mesma coisa…
— É exatamente a mesma coisa! — ela gritou, empurrando a cadeira para trás. O barulho seco ecoou na sala. — Vocês sempre dizem que é “por um motivo maior”, mas nunca pensam no que deixam pra trás! Eu já perdi minha mãe. Eu já perdi meu irmão. E agora… você também vai?
Hayato estendeu a mão, tentando segurá-la, mas ela recuou, as lágrimas agora correndo livremente pelo rosto.
— Você não entende… eu só quero que você esteja segura.
— Eu queria você aqui! — ela respondeu, a voz quebrando no final.
O silêncio que se seguiu foi sufocante. O relógio na parede marcava o tempo de forma quase cruel. Yuna enxugou o rosto rapidamente, levantou-se e foi em direção à porta, passando por Hayato sem olhar nos olhos dele.
— Não tenta me procurar… pelo menos não agora. — E saiu, batendo a porta com força.
Kaori olhou para o filho, o rosto uma mistura de raiva e preocupação.
— Você precisa pensar bem no que está fazendo. Às vezes, ficar é muito mais difícil — e muito mais importante — do que ir embora.
Hayato permaneceu sentado, com o som distante dos passos de Yuna desaparecendo na rua. A comida na mesa já não tinha cheiro, a luz parecia mais fria e o ar, pesado. Ele sabia que não havia volta — e que, mesmo que fosse pelo bem deles, aquela noite marcaria uma ferida difícil de cicatrizar.
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