Capítulo 69 - Emoção e preparação

A música tinha cessado, as luzes do palco se apagaram, e o público começava a deixar o local, ainda imerso na energia do show. Yoru e Hina estavam entre as poucas pessoas que permaneciam próximas ao palco. O silêncio que agora preenchia o ambiente parecia aumentar a conexão entre eles.

— Foi incrível, não acha? — Hina perguntou, virando-se para Yoru com um sorriso radiante.

— Sim, foi. — Ele respondeu, desviando o olhar por um momento. Mas, ao encarar Hina novamente, percebeu que suas palavras não eram apenas sobre o show.

Hina notou o olhar dele, e suas bochechas ficaram levemente rosadas. O clima parecia mais intenso do que antes.

— Obrigada por vir comigo, Yoru. — Ela disse, quebrando o silêncio.

— Obrigado por me convidar. — Ele respondeu, um pequeno sorriso se formando.

Por um momento, eles ficaram apenas se olhando, como se o tempo tivesse parado. Hina abriu a boca para falar algo, mas antes que qualquer palavra saísse, Yoru tomou coragem e segurou sua mão.

— Hina, sobre mais cedo… — Ele começou, mas a própria coragem dele parecia se dissolver.

— Sim? — Ela o incentivou, inclinando levemente a cabeça.

Yoru respirou fundo. — O que aconteceu… o beijo… foi importante pra mim.

Hina não respondeu de imediato, mas o sorriso que surgiu em seus lábios dizia tudo. — Foi importante pra mim também.

Os dois começaram a caminhar para fora do local, lado a lado, e Yoru percebeu que algo tinha mudado entre eles. Não eram apenas amigos. Algo maior começava a florescer, e ele não sabia exatamente onde isso os levaria, mas estava disposto a descobrir.

[Na manhã seguinte]

O sol mal havia surgido quando Yoru chegou à escola, ainda refletindo sobre a noite anterior. Ele sabia que seus amigos não o deixariam escapar sem uma série de perguntas, e não demorou muito para que eles aparecessem.

Hayato, Ben e Ryuji se aproximaram dele assim que o avistaram no pátio.

— Olha só quem chegou! — Hayato começou, com um sorriso malicioso. — O grande Yoru, nosso líder, finalmente saiu de casa para algo que não é uma briga.

— Vai contar ou a gente tem que arrancar de você? — Ben perguntou, cruzando os braços.

Yoru suspirou, sabendo que não tinha como fugir. — Fui ao show com a Hina.

— E aí? Como foi? — Ryuji perguntou, animado.

— Foi… bom. — Yoru respondeu, tentando manter o tom casual.

— Bom? Só isso? — Hayato perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Vamos lá, Yoru. A gente te conhece.

Yoru hesitou por um momento antes de falar. — Tá, teve algo mais.

— Mais? — Ben perguntou, inclinando-se para frente como se esperasse um grande segredo.

— A gente… se beijou. — Ele finalmente disse, sentindo o rosto esquentar.

Por um momento, os três amigos ficaram em silêncio, e então Hayato começou a rir.

— Você conseguiu mesmo! Eu sabia que tinha algo rolando entre vocês! — Ele disse, dando um tapinha nas costas de Yoru.

— Cara, isso é sério? — Ben perguntou, ainda surpreso. — Vocês estão namorando agora?

— Não sei. — Yoru respondeu, coçando a nuca. — Foi tudo muito rápido.

— Bem, qualquer que seja o caso, boa sorte. — Ryuji disse com um sorriso. — Você vai precisar.

Assim que o grupo terminou a conversa e entrou na sala de aula, Yoru notou Hina entrando logo depois deles. Ele sorriu de leve, pronto para cumprimentá-la, mas algo estava estranho.

Hina passou por ele sem nem olhar em sua direção. Ela se dirigiu diretamente ao seu lugar e começou a conversar com algumas amigas, claramente evitando qualquer interação.

Yoru franziu o cenho, confuso. “O que aconteceu? Será que fiz algo errado?”, pensou, mas decidiu não insistir por enquanto.

Durante o recreio, Yoru estava na fila para pegar um lanche, ainda pensando no comportamento de Hina. Ele a avistou sentada com suas amigas em uma mesa mais afastada. Decidiu não se aproximar, mas as vozes delas estavam altas o suficiente para que ele escutasse partes da conversa.

— Então, Hina… conta pra gente, como foi? — Uma das amigas perguntou, animada.

— Foi… especial. — Hina respondeu, corando um pouco.

— Especial? Isso quer dizer que rolou algo? — Outra amiga perguntou com um sorriso curioso.

Hina olhou ao redor, como se estivesse verificando se alguém estava ouvindo, e então falou mais baixo. — Tá, vou contar. Mas vocês prometem não exagerar, tá?

As amigas assentiram rapidamente.

— A gente se beijou. — Hina admitiu, suas bochechas ficando ainda mais vermelhas.

— O quê? Hina! — Uma delas exclamou, e as outras riram. — Eu sabia que tinha algo acontecendo entre vocês!

— E como foi? — Outra perguntou, inclinando-se para frente.

— Foi… perfeito. — Hina respondeu, sorrindo timidamente.

Yoru, que havia escutado tudo, sentiu o coração acelerar. Apesar de ainda estar confuso com o comportamento dela, suas palavras o deixaram mais tranquilo.

[Após as Aulas]

Quando as aulas terminaram, Yoru e seus amigos se reuniram na sala de reuniões. Ben e Ryuji já estavam sentados, enquanto Hayato permanecia encostado na janela, olhando para fora.

— Então, Yoru, vai falar com a Hina sobre o que está rolando? — Hayato perguntou.

— Não sei. Ela tá me ignorando desde cedo. Acho que tá com vergonha. — Yoru respondeu, sentando-se na cadeira central.

— É compreensível. — Ben disse, rindo. — A garota provavelmente não sabe como agir depois de um beijo.

Antes que pudessem continuar a conversa, a porta da sala se abriu com força. Um dos delinquentes da escola entrou correndo, visivelmente agitado.

— Yoru! — Ele exclamou, respirando rápido.

— O que foi? — Yoru perguntou, levantando-se.

— A escola secundária 24 está planejando um ataque contra a gente. — Disse o garoto, ainda ofegante.

O clima na sala mudou instantaneamente. Hayato deixou a janela e se aproximou, enquanto Ben e Ryuji se entreolharam, alarmados.

— Como assim? — Yoru perguntou, sua voz ficando séria.

— Eles estão reunindo os melhores lutadores e devem agir em breve. Eu ouvi isso direto de um dos caras deles.

— Isso complica as coisas. — Hayato disse, cruzando os braços.

— Yoru, o que vamos fazer? — Ryuji perguntou.

Yoru respirou fundo, pensando rapidamente. — Primeiro, vamos confirmar essas informações. Não podemos agir sem ter certeza.

— E se for verdade? — Ben perguntou.

— Então vamos estar prontos. Reúnam todos. Quero todo mundo em alerta máximo.

Os outros assentiram, cientes de que uma batalha estava prestes a começar.

[Escola secundária 24]

Kaito estava sentado em uma cadeira no centro de uma sala escura. Ao seu lado, Hillary, e os dois analisava um mapa com várias anotações.

— A escola 25 está se tornando um problema. — Hillary começou, apontando para o mapa. — Sob a liderança de Yoru, eles estão se fortalecendo rápido demais.

— E é exatamente por isso que precisamos agir agora. — Kaito respondeu — Se esperarmos mais, eles vão se tornar incontroláveis.

— Então, qual é o plano? — Hillary perguntou, ajustando os óculos.

— Ataque direto. — Kaito disse, sem hesitar. — Vamos destruir a moral deles antes que tenham a chance de reagir.

— Isso é arriscado. — Hillary respondeu. — Yoru não é um líder comum. Ele é imprevisível.

— Por isso precisamos ser rápidos e brutais. — Kaito disse, com um sorriso sombrio. — Mobilize nossos melhores lutadores. Vamos fazer isso amanhã.

Hillary assentiu, começando a organizar os detalhes do ataque.

Enquanto isso, em uma parte isolada da cidade, Sophie caminhava por uma rua deserta. Ela parecia perdida em pensamentos, até que um homem encostado em um poste chamou sua atenção.

— Sophie. — Ele disse, sua voz grave e firme.

Ela parou, reconhecendo-o imediatamente. — Você… o que quer?

— Ouvi falar da queda da escola 12. — Ele disse, aproximando-se dela. — É verdade que você perdeu tudo?

Sophie estreitou os olhos. — O que isso tem a ver com você?

— Apenas quero entender a situação. — Ele respondeu, cruzando os braços. — E talvez oferecer uma oportunidade.

— Que tipo de oportunidade? — Ela perguntou, desconfiada.

— Algo grande está para acontecer. — Ele disse, com um sorriso enigmático. — E você pode ser parte disso… se estiver disposta a se aliar à escola 35.

Sophie ficou em silêncio, ponderando suas opções. Ela sabia que aceitar significava se envolver em algo perigoso, mas talvez fosse sua única chance de recuperar o que perdeu.

— Vou pensar no assunto. — Ela disse finalmente, antes de se afastar.

O homem observou enquanto ela desaparecia na escuridão, um sorriso frio em seus lábios.