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    Após a longa conversa com Brak e William, Hillary deixou a sala de reuniões com um sorriso confiante, ajustando a gravata como se estivesse se preparando para outro movimento calculado no jogo que estava liderando. Porém, ao virar o corredor, deu de cara com Yuna Hajimei, a número 7 da escola 24.

    Yuna estava encostada na parede, seus braços cruzados e o olhar distante, mas ao perceber Hillary, endireitou-se, mantendo uma postura respeitosa. Seu cabelo azul vibrante caía sobre os ombros, e a tensão no ar era palpável.

    Hillary parou diante dela, os olhos avaliando-a de cima a baixo como se ela fosse uma peça defeituosa. Ele não perdeu tempo em começar.
    — Yuna, Yuna… O que vou fazer com você?

    Yuna franziu a testa, mas permaneceu em silêncio.

    — Você sabe o que mais me irrita em você? — continuou ele, dando um passo à frente, encurtando a distância entre os dois. — É que você teve todas as chances do mundo. Você estava em uma posição boa, uma lutadora promissora. Mas veja só, agora você voltou como uma cachorrinha derrotada, rastejando de volta para a escola 24.

    As palavras eram como facas, mas Yuna se manteve firme, embora seus punhos fechados denunciassem o esforço para controlar a raiva.

    — Sabe o que isso significa, Yuna? — Hillary inclinou-se, seus olhos fixos nos dela. — Significa que você é fraca. Não importa o que você faça, no final, você sempre será a decepção desse ranking.

    Yuna respirou fundo, tentando manter a calma. Ela sabia que Hillary era mestre em manipulação e que revidar apenas alimentaria o jogo dele. Mesmo assim, as palavras dele atingiam seu orgulho como uma lâmina afiada.

    — Eu não sou fraca — murmurou ela, sua voz baixa, mas firme.

    Hillary arqueou uma sobrancelha e soltou uma risada sarcástica.

    — Não é fraca? Então me explique, Yuna, como alguém que não é fraco cai tão facilmente diante de nossos inimigos e volta de cabeça baixa?

    Ela ergueu os olhos, encarando-o diretamente.
    — Eu perdi, sim. Mas isso não define quem eu sou.

    Hillary sorriu, mas havia frieza em seus olhos.

    — Palavras bonitas, mas inúteis. Você não passa de um peso morto aqui. Espero que, pelo menos, consiga fazer algo útil antes de ser descartada completamente.

    Ele virou-se, ajustando o terno, e começou a caminhar pelo corredor.

    Yuna ficou parada, imóvel, enquanto as palavras de Hillary ecoavam em sua mente. Sua raiva fervia sob a superfície, mas havia algo mais profundo: uma determinação crescente.

    “Fraca?” pensou ela, olhando para os próprios punhos. “Veremos sobre isso.”

    Mesmo sem revidar, Yuna fez uma promessa silenciosa a si mesma. Ela provaria que ele estava errado, não com palavras, mas com ações.

    Com uma última respiração profunda, ela se afastou, preparando-se para o que estava por vir. Se Hillary queria descartá-la, ela faria questão de se tornar a peça que ele jamais poderia ignorar.

    Yuna caminhava lentamente pelos corredores da escola 24, ainda sentindo o peso das palavras de Hillary. Sua mente, no entanto, começou a vagar para memórias que pareciam distantes, mas que agora voltavam com força.

    Ela se lembrou da primeira vez que Hayato a convidou para sair. Foi uma ida ao boliche, um lugar barulhento e lotado, mas a companhia dele tornou tudo especial. Hayato, com seu jeito desajeitado, tentou impressioná-la, mas acabou errando todas as jogadas no início. Yuna riu tanto que sentiu suas bochechas doerem, algo que ela não experimentava há muito tempo.

    Depois veio o parque de diversões. Hayato a desafiou para entrar na casa dos horrores, fingindo que não tinha medo. No entanto, no meio do caminho, ele acabou segurando sua mão com força, fingindo que era para “protegê-la”. Yuna sabia que ele estava apavorado, mas não disse nada. Aqueles momentos simples haviam acendido algo dentro dela: felicidade genuína, algo que sua vida turbulenta raramente lhe proporcionava.

    Porém, a traição ainda pesava em seu coração. Ela havia quebrado a confiança dele, escolhendo sua lealdade à escola 24 acima de tudo. “Eu estraguei tudo,” pensou, enquanto uma lágrima silenciosa escorria por seu rosto. “Mas… talvez ainda haja tempo para corrigir isso.”

    Enquanto Yuna se perdia em seus pensamentos, na outra ponta da cidade, Nathan Rayna se levantava. Ele estava em um beco escuro, rodeado por corpos de delinquentes da escola 25 que ele havia derrubado com uma força brutal. Seu corpo tremia, não de exaustão, mas de uma energia avassaladora que parecia queimar dentro dele.

    Nathan sempre foi forte, mas naquele momento algo havia mudado. Sua raiva, sua sede de vingança, havia despertado um potencial oculto que ele nem sabia possuir. Era como se cada fibra de seu ser estivesse sendo reforçada por puro ódio.

    “Hayato…” murmurou ele, apertando os punhos. “Eu vou acabar com você.”

    Sem hesitar, ele começou a avançar pelas ruas, derrubando qualquer um que se atrevesse a cruzar seu caminho. Delinquentes da escola 25 tentaram impedi-lo, mas Nathan era imparável. Seus movimentos eram precisos e letais, e sua força, assustadora.

    Enquanto seguia, sua mente estava cheia de lembranças do passado com Hayato, mas essas memórias não eram de felicidade. Elas eram lembranças de traição, dor e humilhação. Nathan acreditava que Hayato havia destruído sua confiança e agora ele estava decidido a fazer o mesmo.

    O destino parecia estar traçando uma rota inevitável para Yuna e Nathan. De um lado, Yuna tentava enfrentar seus arrependimentos e encontrar uma maneira de redenção. Do outro, Nathan avançava como uma tempestade de destruição, buscando nada menos do que vingança absoluta.

    E em algum lugar no centro desse furacão emocional estava Hayato, sem saber que forças tão poderosas estavam convergindo em sua direção.

    A tensão entre as escolas 25 e 24 alcançava seu ápice. No nordeste da divisa entre os territórios, uma batalha começava a tomar forma. Ryuji, o terceiro mais forte da escola 25, avançava com um pequeno grupo de delinquentes, disposto a recuperar o controle das áreas perdidas.

    Do outro lado, Juan, o número 9 da escola 24, aguardava com seu próprio grupo. Ele era conhecido por sua técnica imprevisível e letal, um lutador que usava sua agilidade e inteligência para desestabilizar os adversários.

    Quando os grupos finalmente se encontraram, o caos se instaurou. Os delinquentes das duas escolas começaram a trocar golpes violentos, usando tudo ao seu alcance: socos, chutes e até pedaços de madeira e tijolos encontrados no chão.

    No entanto, o momento crucial aconteceu quando Ryuji e Juan ficaram frente a frente.

    Ryuji limpou o sangue que escorria de um corte em sua testa, encarando Juan com um sorriso debochado.

    — Então você é o número 9 da escola 24? — provocou ele. — Achei que vocês fossem mais ameaçadores.

    Juan soltou uma risada fria, girando uma corrente enferrujada em suas mãos.

    — E você deve ser Ryuji, o capanga favorito de Yoru, não é? Sabe, ouvi dizer que você nunca conseguiu vencer uma luta sem a ajuda dele.

    Ryuji estreitou os olhos, suas mãos se fechando em punhos.

    — E eu ouvi dizer que você só chegou ao ranking porque os outros ficaram com pena da sua mediocridade.

    Juan riu novamente, mas dessa vez com um olhar sombrio.

    — Engraçado… vamos ver se você ainda tem língua para falar depois disso.

    A tensão aumentava no ar enquanto Ryuji e Juan permaneciam frente a frente. A área ao redor era uma zona de concreto quebrado, com pedaços de madeira, barras de ferro e outros destroços espalhados pelo chão. A luta estava prestes a começar.

    Juan, avançou com tudo, seus punhos cerrados como se fossem a única arma de que precisava. Ele era bruto, sem técnica, mas com uma determinação feroz que intimidava os mais fracos.

    Ryuji, por outro lado, era metódico. Em sua mão direita, ele segurava uma barra de ferro já enferrujada, girando-a casualmente como se fosse uma extensão de seu braço.


    Nome:Juan altura:1,78
    Segunda geração Peso:56
    Força: A+
    Velocidade: B+
    Potencial: D
    Inteligência: C
    Resistência: B+


    Nome:Ryuij Sato altura:1,74
    Segunda geração Peso:63
    Força:AA
    Velocidade:AA
    Potencial:D+(despertado)
    Inteligência:E
    Resistência:A+

    Juan partiu para cima, desferindo uma sequência de socos desajeitados, mas rápidos. Ryuji desviava com facilidade, recuando e estudando os movimentos do adversário.

    — Você acha que consegue me derrubar só com isso? — zombou Ryuji, levantando a barra de ferro.

    Juan rosnou, dando um salto para frente com um cruzado de direita. Ryuji bloqueou o golpe com a barra, o som metálico ecoando pelo local. Ele girou o corpo e tentou atingir Juan no abdômen, mas o número 9 foi rápido o suficiente para pular para trás.

    — Você luta como um animal — disse Ryuji, sorrindo. — Mas até animais podem ser domesticados.

    Juan ficou mais agressivo. Ele pegou um pedaço de concreto do chão e o atirou em Ryuji. O número 3 da escola 25 desviou com um salto ágil, mas isso deu a Juan a abertura que precisava.

    O bruto avançou como um touro, agarrando Ryuji pela cintura e o derrubando no chão com força. Ele tentou desferir socos seguidos, mas Ryuji, mesmo preso, usou a barra de ferro para bloquear os ataques, enquanto se debatia para se soltar.

    Com um giro rápido, Ryuji conseguiu acertar a lateral do joelho de Juan com a barra. O impacto foi suficiente para fazer o adversário soltar o controle.

    Ryuji rolou para longe, levantando-se rapidamente. Ele limpou o sangue de um pequeno corte no lábio e sorriu.

    — Não é só força que vence uma luta, Juan. Você precisa de cérebro.

    Juan respondeu com um rugido, correndo para cima novamente. Desta vez, Ryuji estava pronto.

    Ryuji pegou uma corrente enferrujada que estava caída ao seu lado, segurando-a com a outra mão. Agora ele tinha duas armas, e sua confiança transbordava.

    Juan tentou desferir um soco direto, mas Ryuji se abaixou e acertou um golpe preciso com a barra de ferro no estômago de Juan. O número 9 cambaleou para trás, ofegante, mas Ryuji não parou por aí.

    Ele lançou a corrente, enrolando-a no braço de Juan, e puxou com força, desequilibrando o adversário. Com um movimento rápido, ele girou a barra de ferro e acertou Juan na lateral do rosto. O som do impacto foi brutal.

    Juan caiu no chão, cuspindo sangue, mas tentou se levantar novamente. Ryuji balançou a cabeça.

    — Você é teimoso, vou te dar isso. Mas isso acaba aqui.

    Ele girou a barra de ferro em suas mãos uma última vez e desferiu um golpe certeiro na perna de Juan, derrubando-o de vez. Antes que Juan pudesse reagir, Ryuji colocou a ponta da barra contra o peito dele, imobilizando-o.

    Juan estava no chão, derrotado e respirando com dificuldade. Ryuji olhou para ele com uma mistura de desprezo e respeito.

    — Você tem força, mas é tudo o que você tem. Sem técnica, sem estratégia… nunca vai subir no ranking desse jeito.

    Juan grunhiu, mas não respondeu.

    Ryuji deu um passo para trás, soltando a corrente e baixando a barra de ferro. Ele se virou para os delinquentes da escola 24 que observavam.

    — Vocês podem pegar ele e voltar para casa — disse ele. — Mas da próxima vez, tragam alguém que saiba lutar de verdade.

    Os delinquentes hesitaram, mas eventualmente pegaram Juan e o levaram embora.

    Ryuji, ainda de pé, girou a barra de ferro em suas mãos mais uma vez antes de jogá-la no chão.

    — Um já foi. Quem é o próximo? — murmurou, caminhando de volta para o território da escola 25.

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