Capítulo 87 - Monstro contra Monstro

As palavras de Hillary ainda ecoavam na mente de Yoru e Hiroshi. A revelação sobre um governante misterioso por trás das 35 escolas deixava uma inquietação no ar.

Mas antes que pudessem processar totalmente aquilo, uma notificação do sistema brilhou na frente de Yoru:

O coração de Yoru disparou.

— Merda! — Ele arregalou os olhos.

Hiroshi notou a expressão séria do amigo.

— O que foi?

Antes que Yoru pudesse responder, a janela de missões apareceu:

A “última missão” o pegou de surpresa.

“Derrotar o Kaito?” Yoru pensou.

Ele rangeu os dentes. Isso significava que o verdadeiro desafio começaria agora.

Ele se virou para Mia.

— Mia, cuide do Hillary. Eu e Hiroshi vamos para o primeiro andar agora!

— Espera, o que tá acontecendo? — Hiroshi perguntou, confuso.

Yoru começou a correr pelos corredores destruídos da escola, enquanto respondia:

— Kaito está aqui!

Hiroshi sentiu um arrepio.

— … Então chegou a hora.

Eles desceram as escadas rapidamente. O som de lutas ainda ecoava pela escola, mas nada importava mais do que o que os aguardava no primeiro andar.

Até que, de repente…

Yoru parou no meio do caminho.

Seus olhos se arregalaram mais uma vez.

— Não pode ser… — Yoru disse desacreditado e ao mesmo tempo feliz

Hiroshi, sem entender, olhou para ele.

— O que foi agora?

Yoru fechou os punhos.

— Hayato… ele chegou.

Um novo elemento inesperado entrava no jogo.

Agora, dois monstros estavam prestes a colidir.

O primeiro andar da escola 24 estava um caos. Paredes rachadas, janelas quebradas e delinquentes caídos pelo chão. No meio disso tudo, Kaito Suzuki caminhava lentamente, esmagando os corpos inconscientes com seus passos pesados.

Ele estava tranquilo, como se nada do que aconteceu até ali fosse relevante. Seus olhos selvagens escaneavam o ambiente, até que uma nova presença apareceu diante dele.

Hayato Yamei.

O garoto de cabelos bagunçados e corpo largo parou bem na frente de Kaito, sem medo algum.

Os olhos do número 1 da escola 24 brilharam com diversão.

— … E quem é você mesmo?

Hayato não respondeu de imediato. Ele apenas encarou Kaito nos olhos, inabalável.

— Meu nome é Hayato Yamei.

Kaito inclinou a cabeça e soltou uma risada nasal.

— Ahhh… agora lembrei! Você é aquele gordinho idiota da escola 25, né? — Ele cruzou os braços, analisando Hayato de cima a baixo. — Parece que engordou mais ainda desde a última vez que vi.

O sorriso de Kaito era puro deboche.

Mas Hayato não se abalou.

— E você ainda continua um babaca.

A resposta fez Kaito arquear uma sobrancelha.

— Hah?

— Achei que depois de tanto tempo você teria aprendido a calar essa boca de merda.

O olhar de Kaito mudou.

A atmosfera ficou mais pesada.

Os delinquentes feridos ao redor sentiram um arrepio.

Kaito respirou fundo e então sorriu de novo.

— … Heh. Tá brincando com a própria vida, gordinho?

— Você fala demais.

Kaito estreitou os olhos.

Antes que ele respondesse, outra voz ecoou pelo ambiente.

— Hayato!

Os dois olharam para o lado.

Yuna estava ali, perto da entrada, com um olhar preocupado.

Ela segurava o braço esquerdo com força, como se estivesse ferida.

Kaito sorriu maliciosamente.

— Ahhh… então, agora você está com ele, Yuna?

Yuna se enrijeceu.

— O que você quer?

Kaito deu alguns passos na direção dela.

— Sabe, eu já estava quase concluindo que você não era o suficiente para fazer a missão de manipulação do Hayato, e eu estava certo, você se apaixonou por ele, mas isso não importa, afinal, você é só um lixo assim como ele.

Hayato se colocou na frente dela rapidamente.

— Chega.

Kaito parou.

Ele olhou para Hayato com puro tédio.

— … Você tá me irritando.

Hayato cerrou os punhos.

O clima estava insuportavelmente tenso.

Um choque entre eles era inevitável.

O primeiro andar da escola 24 tremia com a tensão entre os dois.

Kaito sorria com desprezo, os músculos do pescoço estalando enquanto ele alongava os braços. Seus olhos estavam fixos no garoto à sua frente. Hayato, por outro lado, mantinha sua postura de boxeador, pernas bem firmes no chão, braços erguidos em uma guarda impecável.

— Você realmente acha que pode me parar, gordinho? — Kaito zombou, caminhando lentamente em direção a Hayato.

— Eu não acho. Eu vou.

Sem hesitação, Hayato avançou primeiro. Seu pé esquerdo deslizou no chão, reduzindo a distância entre eles em um instante. Seu punho disparou em um jab preciso mirando o nariz de Kaito.

Kaito inclinou o rosto para o lado, evitando o golpe por centímetros, mas mal teve tempo de reagir antes que Hayato girasse o quadril e lançasse um direto explosivo na sua têmpora. O impacto empurrou a cabeça de Kaito para o lado, fazendo seu maxilar estalar.

Antes que ele pudesse se estabilizar, Hayato já estava girando o corpo para um cruzado. Kaito sentiu o golpe esmagar sua bochecha, seu corpo sendo forçado para trás.

Hayato continuou. Seus socos cortavam o ar em sequência, atingindo Kaito no abdômen e na lateral do rosto. Sua velocidade era avassaladora. A cada golpe, Kaito sentia os músculos latejando e sua visão ficando turva.

Mas ele sorriu.

No momento em que Hayato lançou mais um direto, Kaito inclinou o tronco para baixo e avançou. Seu ombro se chocou contra o estômago de Hayato com força, arrancando todo o ar de seus pulmões. Antes que Hayato pudesse reagir, Kaito enfiou os braços ao redor de sua cintura e flexionou as pernas.

Em um instante, Hayato foi erguido no ar de cabeça para baixo.

Kaito girou o corpo e o jogou brutalmente contra o chão. O impacto foi devastador. O concreto se rachou sob o peso do corpo de Hayato, que engasgou com a dor que atravessou sua espinha.

Kaito não perdeu tempo. Assim que Hayato tentou se levantar, Kaito se aproximou e ergueu a perna, acertando um chute pesado contra suas costelas. Hayato rolou pelo chão, segurando o lado do corpo enquanto tentava respirar.

— Você bate bem, mas sua resistência é uma piada — Kaito debochou, esfregando o maxilar ainda dolorido pelos socos que havia levado.

Hayato se levantou, ofegante, mas seus olhos ainda brilhavam com determinação. Ele se moveu novamente, desta vez com ainda mais precisão. Sua mão esquerda disparou um jab falso, fazendo Kaito reagir defensivamente, e então Hayato desviou para o lado e lançou um uppercut poderoso direto no queixo do adversário.

A cabeça de Kaito inclinou-se para trás com o impacto. Seu corpo balançou, mas antes que pudesse ser derrubado, ele soltou um rugido e agarrou Hayato pelo ombro. Com um movimento selvagem, ele o puxou para perto e cravou o joelho no estômago do boxeador.

Hayato cuspiu saliva, sentindo as forças esvaírem.

Kaito girou o corpo e, sem hesitar, agarrou a cabeça de Hayato com ambas as mãos.

A força foi avassaladora. Ele pressionou o rosto do oponente contra o chão e começou a esmagá-lo contra o concreto repetidamente.

O impacto brutal ecoava por toda a escola. Cada vez que a cabeça de Hayato batia no chão, seu corpo se contorcia involuntariamente.

O sangue se espalhou pelo piso.

Yuna observava de longe, seus olhos arregalados e sua respiração falhando. Seu coração parecia prestes a parar.

Kaito finalmente soltou Hayato, deixando seu corpo inerte no chão. Ele se ergueu, limpando o sangue do próprio rosto, e olhou para Yuna com um sorriso cruel.

— Agora que esse fracote está fora do caminho, vamos conversar.

O corpo de Hayato tremia. Não de dor, mas de algo muito mais intenso. O ódio e o instinto protetor colidiam dentro dele, dando-lhe uma nova força. O sangue escorria pela sua testa, pingando no chão rachado. Sua visão estava turva, mas seu foco em Yuna era inabalável.

Kaito riu, limpando o próprio rosto manchado de sangue.

— O que foi? Vai continuar?

Hayato não respondeu. Apenas deu um passo à frente. Seus olhos estavam diferentes. Sua respiração ficou mais firme, e então… algo mudou.

A atmosfera ao redor de Hayato ficou densa, como se o ar ao seu redor estivesse mais pesado. O suor de Kaito esfriou. Ele não sabia explicar, mas pela primeira vez… sentiu medo.

Hayato avançou.

Seu primeiro jab acertou Kaito no queixo com velocidade absurda. O impacto sacudiu sua cabeça para trás. O segundo golpe veio logo em seguida, desta vez um cruzado que explodiu contra sua mandíbula.

Kaito tentou contra-atacar, mas Hayato desviou com um pequeno movimento de cabeça e disparou um gancho preciso no fígado. Kaito sentiu um choque elétrico percorrer seu corpo. Sua visão embaçou.

— Mas que…?!

Hayato não parou. Sua postura estava perfeita, seus golpes fluíam como uma máquina de destruição. Um jab na sobrancelha de Kaito abriu um corte feio, seguido por um direto no nariz que o fez cambalear.

O líder da escola 24 tentava revidar com seus ataques selvagens, mas Hayato os lia como um livro aberto. Ele desviava no último instante e devolvia um golpe certeiro, cada vez mais forte.

Kaito tentou agarrá-lo para forçar um suplex, mas Hayato sentiu a intenção e recuou com um jogo de pés perfeito. Assim que Kaito perdeu o equilíbrio ao errar a pegada, Hayato girou os ombros e lançou um direto que explodiu contra o rosto do inimigo, fazendo seu corpo girar no ar antes de cair de joelhos.

Kaito arfava, tentando entender o que havia acontecido.

Antes que pudesse reagir, Hayato se moveu em um piscar de olhos. Seu primeiro golpe atingiu Kaito na boca do estômago, dobrando seu corpo para frente. O segundo cruzado acertou sua mandíbula, jogando-o para trás. O terceiro e último soco, um direto brutal, fez seu rosto se torcer de maneira grotesca antes de ele despencar para o chão.

O silêncio tomou conta do ambiente.

Kaito estava deitado, imóvel. O garoto que parecia imparável… agora estava sem reação.

Hayato ofegava, seus punhos ainda cerrados, mas a fúria começava a se dissipar. Ele olhou para Yuna, certificando-se de que ela estava bem, antes de se virar para o corpo caído de Kaito.

— Eu disse que ia te parar.

O eco de sua voz preencheu o espaço. E pela primeira vez… Kaito Suzuki foi derrotado.