Capítulo 94 – Os novos recrutas da escola 25
A tensão que pairava no ar era diferente agora.
O campo de batalha estava silencioso, mas a poeira ainda subia lentamente no ar. Os corpos dos derrotados e dos sobreviventes estavam espalhados, e o cheiro de suor, sangue e concreto quebrado impregnava o local. A guerra havia acabado, mas um novo conflito estava prestes a nascer.
Nathan Rayna agora pertencia à Escola 25.
O acordo entre Yoru e Hiroshi estava praticamente selado, mas ainda restava um nome a ser decidido.
Kaito Suzuki.
O número 1 da Escola 24. O monstro. O mais forte entre todos os presentes.
Mesmo após ter sido derrotado, o nome de Kaito ainda carregava peso e respeito absoluto. Seus feitos eram incontestáveis.
Yoru e Hiroshi sabiam disso.
E por isso, nenhum dos dois entrou em disputa.
Hiroshi deu um passo à frente, cruzou os braços e disse sem rodeios:
— Ele vem comigo.
Yoru não respondeu imediatamente. Apenas o observou.
Kaito, que estava sentado no chão, limpando um pouco do sangue que escorria de sua testa, riu pelo nariz.
— Tsc… como se eu tivesse opção.
Hiroshi abriu um sorriso debochado.
— Exato. Não tem.
Yoru respirou fundo e aceitou o veredito.
— Hmph. Faça bom proveito dele.
Hiroshi sorriu ainda mais.
— Ah, pode deixar. Eu sei exatamente como aproveitar alguém como o Kaito.
Kaito se levantou, girando o pescoço para relaxar a tensão. Seu olhar era frio, mas havia um leve brilho de curiosidade ao observar Hiroshi.
— Só não me faça desperdiçar meu tempo, moleque.
Hiroshi deu de ombros.
— Se você se tornar um problema, eu mesmo vou resolver.
Os dois trocaram olhares intensos. Não havia amizade entre eles, apenas um contrato silencioso de poder.
Então, sem mais delongas, Hiroshi e Yoru se encararam.
Eles não precisavam trocar palavras para entender o que estava acontecendo ali.
O aperto de mãos que veio a seguir não foi um aperto amigável.
Foi um pacto. Um aviso.
“Estamos no mesmo nível agora.”
“Nos vemos no campo de batalha.”
E assim, o último acordo foi fechado.
Kaito Suzuki agora pertencia à Escola 27.
E Yoru e Hiroshi, que antes lutaram lado a lado… agora eram inimigos.
O caminho de volta para a Escola 25 foi silencioso no começo, mas, aos poucos, a tensão da batalha se transformou em algo diferente.
Havia sorrisos.
Mesmo cansados, machucados e exaustos, eles tinham vencido.
E agora, a Escola 25 era oficialmente a mais poderosa da região.
Assim que chegaram ao pátio da escola, Yoru reuniu todos os seus companheiros.
Ele subiu em um dos bancos, estalou o pescoço e cruzou os braços.
— Certo, hora de definir as posições do nosso novo ranking.
Todos imediatamente se entreolharam. Alguns com ansiedade, outros com confiança.
Yoru então começou, sem surpresas na primeira posição.
— Eu sou o número 1.
Ninguém contestou.
Depois da batalha contra Kaito Suzuki, estava mais do que provado que ninguém ali poderia assumir essa posição.
— Número 2… Hayato.
O gordinho riu, sem demostrar nenhuma surpresa na escolha do Yoru
— Nem precisava falar, eu já sabia.
Yoru riu.
— Arrogante do caralho.
Todos riram.
— Número 3… Ben.
O grandalhão respirou fundo e assentiu.
— Aceito, mas saiba que vou roubar esse segundo lugar do Hayato.
Hayato riu.
— Quero ver tentar.
— Número 4… Sophie.
Sophie lançou um olhar feroz, mas logo em seguida, fez uma cara de que já sabia que iria continuar na mesma posição
— Eu esperava pelo menos o terceiro, mas acho que faz sentido.
— Número 5… Nathan Rayna.
Esse foi o primeiro grande choque.
Muitos ali arregalaram os olhos.
— Espera aí! — disse Ryuji, franzindo o cenho. — O Nathan tá abaixo da Sophie?!
Nathan, que estava encostado em uma das paredes, suspirou.
— Me jogaram nesse ranking sem nem perguntar se eu queria. Sinceramente, eu nem ligo.
Yoru sorriu.
— Isso é temporário. Você tem potencial pra subir rápido, mas quero ver você provar isso primeiro.
Nathan suspirou novamente.
— Justo.
— Número 6… Mia.
A garota deu um pequeno sorriso de satisfação.
— Hmm, nada mal.
— Número 7… Lee.
Lee, que estava de braços cruzados, apenas assentiu.
— Aceitável.
— Número 8… Yuna.
Yuna pareceu surpresa.
— Por que eu fiquei em oitavo, eu não mereço.
Yoru deu de ombros.
— Você tem um potencial bom, e espero muito de você, acho que irá me surpreender muito apartir de agora.
— Número 9… Hajuki Gon.
O novato apenas acenou com a cabeça, sem dizer nada.
— Número 10… Ryuji Sato.
O silêncio foi absoluto.
Todos olharam para Ryuji, esperando uma reação.
Ele estava em choque.
— … DEZ?!
Yoru respirou fundo e encarou o amigo.
— Sei que parece injusto, mas a equipe agora tem muito mais gente forte. Você perdeu algumas posições, mas…
Ryuji cerrou os punhos.
— Eu entendo.
Ele então sorriu.
— Isso só significa que eu preciso treinar mais.
Yoru bateu no ombro dele.
— Isso aí.
— Número 11… Juan.
Juan não demonstrou muita reação.
— Tanto faz.
— E por último, número 12… Matabi Huai.
Matabi apenas suspirou.
— Esperado.
O ranking estava definido.
Yoru então olhou para todos os seus novos companheiros e sorriu.
— Esse é o nosso novo time.
Olhando ao redor, ele sentiu algo dentro dele crescer.
Essa não era apenas uma gangue.
Eles eram uma família.
E, juntos, levariam a Escola 25 ao topo.
[Área da escola 35]
O luxuoso bar no alto de um dos prédios mais sofisticados da cidade tinha uma atmosfera intimidadora. Luzes amareladas criavam um ambiente aconchegante, enquanto o cheiro de whisky e tabaco preenchia o ar.
No canto mais reservado, dois homens jogavam xadrez.
Um deles era elegante e calculista.
Danilo.
A Sombra da Escola 35.
Ele vestia um terno preto impecável, os cabelos escuros jogados para trás, destacando seu olhar profundo e estrategista. Sua postura era relaxada, mas a mente trabalhava a mil.
A sua frente, sentado do outro lado do tabuleiro, um homem ainda mais intimidador.
O número 1 da Escola 35.
Seu corpo era uma fortaleza.
Ele tinha 2,04m, músculos esculpidos e longos cabelos negros que caíam sobre seus ombros. Mas o mais perturbador nele era sua presença.
Uma aura opressora, semi igual à de Danilo, mas com algo ainda mais profundo… algo assustador.
Danilo mexeu uma peça no tabuleiro, um bispo.
— … A Escola 25 está se fortalecendo. — Ele quebrou o silêncio, movendo os olhos do tabuleiro para o homem à sua frente. — Isso pode se tornar um problema.
O número 1 sorriu de canto.
— Problema?
Danilo cruzou as pernas e pegou um copo de whisky da mesa ao lado, girando o líquido com calma.
— Yoru e Hiroshi agora têm forças consideráveis. Eles cresceram. Não são mais crianças brincando de gangue.
O homem à sua frente permaneceu impassível, mas Danilo sabia que nada escapava de sua percepção.
— Você os teme? — o número 1 perguntou, com um leve tom de provocação.
Danilo riu.
— Medo? Eu?
Ele tomou um gole do whisky, deixando o líquido descer queimando pela garganta.
— … Só estou analisando o tabuleiro. E esse jogo está ficando interessante.
O número 1 moveu sua peça, um cavalo.
— O tabuleiro está em minhas mãos.
Danilo estreitou os olhos.
— Hm…
Ele pegou a rainha e a derrubou no tabuleiro.
— Não subestime a Escola 25. Nem Hiroshi. Muito menos Yoru.
O número 1 apenas sorriu de leve.
— Danilo…
Ele inclinou o corpo para frente, apoiando os antebraços na mesa, sua presença ficando ainda mais esmagadora.
— Tudo já está na palma da minha mão.
Seus olhos negros brilharam por um segundo, cheios de convicção.
Danilo ficou em silêncio por um momento, estudando o homem à sua frente.
Então, sorriu de canto.
— … Espero que sim.
Ele pegou seu rei e o deitou no tabuleiro.
— Xeque-mate.
O número 1 não pareceu surpreso.
Ele apenas se levantou, ajeitou seu casaco escuro e virou-se para a grande janela atrás deles.
A cidade brilhava abaixo deles.
O caos estava só começando.
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