Índice de Capítulo

    Antes de entrarem no portão de teletransporte, Ciel acenou mais uma vez para Eugene.

    — Alguma notícia da Mestra da Torre Branca? — Eugene perguntou a Lovellian assim que os visitantes partiram.

    — Nada. Se ela tivesse conseguido firmar o contrato, já teria vindo aqui se gabar. Mas, como não há notícia nenhuma, parece que esse contrato não será fácil — especulou Lovellian.

    Aquele desgraçado do Tempest. Eugene franziu a testa e estalou a língua.

    — Maldito Tempest — amaldiçoava uma voz no telhado da Torre Branca da Magia.

    Em pé, sendo açoitada por fortes rajadas de vento, Melkith também soltava alguns palavrões a respeito de Tempest. Sem um único fio de roupa no corpo, ela estava completamente nua, segurando apenas um cajado.

    Abraçando o vento de forma primitiva, levara várias horas apenas para aguçar todos os seus sentidos e maximizar sua sensibilidade ao vento. Temendo que o vento ainda não fosse forte o suficiente, ousara usar magia para invocar rajadas ainda mais intensas. Por fim, despertara a bênção de proteção selada em Wynnyd e transmitira pessoalmente suas intenções a Tempest.

    Mas não houve resposta alguma de Tempest. Mesmo tendo claramente transmitido suas intenções ao mundo espiritual… era absurdo ele ainda não ter respondido nem uma única vez.

    O sol se punha, e o dia dava lugar à noite. Para elevar sua sensibilidade ao limite absoluto, Melkith não podia sequer usar magia para aquecer o corpo. Sua pele, exposta ao frio, já estava coberta de arrepios. Melkith fungava por causa do nariz escorrendo, enquanto continuava infundindo mana e força de vontade em Wynnyd.

    Finalmente, ela ouviu uma voz: — ⟅Contratante…⟆

    Mas Melkith não sentiu alegria nenhuma ao ouvi-la.

    — Levin…!

    Era o Rei dos Espíritos do Relâmpago. Quando Melkith chamou seu nome, faíscas de relâmpago se misturaram ao vento que soprava violentamente.

    — Eu nem te chamei, por que é você quem aparece? — perguntou Melkith, irritada.

    — ⟅Vista alguma roupa primeiro…⟆ — murmurou o relâmpago estalando.

    Mas Melkith não tinha a menor intenção de se vestir.

    Em vez disso, ergueu o corpo encolhido pelo frio e gritou:

    — Grande Rei dos Espíritos do Vento, Mestre das Tempestades! Eu, Melkith El-Hayah, desejo firmar um contrato com você!

    — ⟅Tempest pediu para eu te mandar calar a boca…⟆ — Levin suspirou.

    — Diga a ele que venha aqui pessoalmente dizer isso na minha cara!

    — ⟅Tempest só… não quer fazer contrato com você…⟆

    — Diga a ele que pelo menos venha me ouvir por um instante! Diga que posso dar a ele o que quiser!

    — ⟅Contratante. Você não pode dar a Tempest o que ele deseja.⟆

    — O que é que o Tempest quer?!

    — ⟅Isso é…⟆ — o relâmpago hesitou. Depois de alguns segundos em silêncio, soltou um longo suspiro e continuou — ⟅Você está mesmo perdida em suas próprias ilusões…⟆

    — O quê? — Melkith exclamou.

    — ⟅Ele quer que você devolva Wynnyd ao seu verdadeiro dono…⟆

    — Ela é minha! Eu sou a dona!

    — ⟅Não minta… até Tempest sabe que você só pegou emprestado de quem é o verdadeiro dono de Wynnyd por um curto período…⟆

    — Então ele estava ouvindo tudo esse tempo! Tempest! Eu sou a maior invocadora de espíritos da história! Eu sou a única invocadora do mundo que merece firmar contrato com você!

    Melkith atirou o cajado no chão e agarrou Wynnyd. Em seguida, começou a brandi-la aleatoriamente no alto do telhado da Torre Branca da Magia, ainda completamente nua.

    — Por isso você devia aparecer diante de mim! — Ela implorou com desespero. — Mesmo que eu não saiba o que você quer, posso te dar o que desejar!

    — ⟅Contratante… por favor… tenha um pouco de vergonha…⟆ — Levin gemeu.

    — Eu mandei aparecer!

    — ⟅Tempest diz… para parar com essa tentativa inútil…⟆

    — Kyaaaagh!

    Num surto de frustração, Melkith soltou um grito agudo, como o de um corvo. Seus cabelos se arrepiaram enquanto ela berrava enlouquecidamente. O relâmpago, que observava tudo em silêncio, suspirou mais uma vez.

    Fzz.

    Um raio caiu do céu sobre o telhado da Torre Branca da Magia. O relâmpago implacável envolveu Melkith por completo.

    — Kyaaaaak!

    Com um grito lancinante, os olhos de Melkith viraram. Se fosse uma pessoa comum, aquele raio a teria matado na hora, mas, como contratada do Rei dos Espíritos do Relâmpago, Melkith não morreria com um golpe desses. No entanto, toda a força abandonou seus músculos, e ela desabou no chão.

    — ⟅Tempest… deseja ir para o norte. Derrotar o reino demoníaco do norte que ninguém jamais conseguiu conquistar… Enfrentar os arrependimentos que não foram esquecidos, mesmo após centenas de anos…⟆

    Embora Melkith já estivesse inconsciente, o relâmpago continuou a murmurar para ela com um tom carregado de pesar.


    Melkith apareceu para encontrar Eugene depois de dez dias.

    Eugene, que estava hospedado no Salão de Sienna dentro de Akron, não conseguiu evitar que seu queixo caísse um pouco ao ver a aparência de Melkith saindo do elevador.

    Como alguém podia parecer tão exausta em apenas dez dias?

    Eventualmente, ele se lembrou de perguntar: — …Então, o contrato?

    — Por que diabos você tá perguntando, se dá pra ver claramente, seu filho da puta? — xingou Melkith.

    Pego de surpresa, Eugene retrucou:

    — Pra que essa boca?

    — Aquele desgraçado do Tempest! — Melkith explodiu.

    Mer estreitou os olhos ao ouvir o grito repentino de Melkith. Ela escorregou para fora de uma cadeira que era quase do seu tamanho e se virou para encarar Melkith.

    — Senhorita mijona, aqui é um lugar onde se deve manter silêncio — lembrou Mer.

    Kyaaaagh! — Melkith guinchou de raiva.

    Hah, sinceramente… — com um suspiro, a expressão de Mer se retorceu ainda mais enquanto ela erguia o dedo. Estava prestes a usar magia para calar Melkith e jogá-la para fora, mas antes que pudesse agir, Eugene se adiantou para impedi-la.

    — Então você realmente não conseguiu firmar contrato com ele? — Eugene confirmou.

    — Por que! Eu! Mentiria?! — rosnou Melkith.

    — O Tempest não te pediu pra mentir sobre isso, né?

    Kiyaaaaak!

    Ela era mesmo humana? Eugene estalou a língua e deu um leve tapinha no Manto das Sombras que trazia sobre os ombros.

    — Se você usar ela só até o fim do dia, vai dar exatamente dez anos, hein — comentou Eugene, com um certo pesar.

    Kiiiih… — Melkith sibilou.

    Eugene propôs:

    — Se você me devolver a Wynnyd agora, eu arredondo pra nove anos pra você.

    A cabeça de Melkith tombou à frente enquanto os ombros tremiam. Então, com as mãos trêmulas, ela segurou a Wynnyd.

    — N-Nove anos…? — Melkith mal conseguia acreditar.

    — Ele é bem quentinho — Eugene se gabou da nova aquisição.

    — …E não esquenta demais nem mesmo no verão.

    — Como será que devo limpar?

    — Você… não… precisa. Tem magia pra isso…

    — Uau, isso é ótimo.

    Eugene estava realmente satisfeito com o manto. Com um resmungo, Melkith devolveu a Wynnyd para Eugene.

    — …Cuide… bem dele — ela pediu, relutante.

    — Pode deixar — Eugene guardou o Wynnyd primeiro, depois inclinou a cabeça em despedida.

    Depois de lançar um olhar desesperado e ressentido para Eugene, Melkith se levantou para ir embora.

    — O que eu devia fazer, se ele nem aparece quando eu chamo… — resmungou Melkith em voz alta, enquanto se dirigia de volta ao elevador.

    Eugene não se importava com os motivos dela e, por isso, não lhe deu atenção.

    Hamel era um babaca, e Molon era um idiota. Embora fosse difícil decidir qual dos dois era pior, Hamel ainda era um pouco melhor que Molon.

    Foi doloroso para Eugene até mesmo ler aquilo.

    Dizer que era melhor do que aquele idiota do Molon… não trazia nenhum consolo.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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