Capítulo 112: O Conto de Fadas (4/6)
O chefe dos gigantes, Kamash, era ridiculamente enorme. Por mais ereto que o imenso Molon se mantivesse, sua altura só chegava mais ou menos até o calcanhar de Kamash.
Molon saltou para a frente, brandindo seu orgulhoso machado, mas aquele idiota foi lançado longe com um único chute de Kamash.
— Ele é forte! — gritou Molon. Isso já não era óbvio?
A bela Sienna ergueu seu cajado, Akasha! A luz que irradiava do cajado era tão bela quanto Sienna. Talvez alguns de vocês não saibam, mas os gigantes possuem a maior resistência mágica entre todas as raças. Sabe o que isso significa? Que, por mais poderosos que fossem os feitiços da fofa Sienna, eles eram inúteis contra um gigante.
Mas seu inimigo era o temido Kamash! Um gigante com centenas de anos de idade e o mais poderoso chefe da história de sua raça. No entanto, todos vocês devem saber que ser poderoso não significa ser uma boa pessoa. E Kamash era exatamente isso. Um desgraçado selvagem que vendeu toda a sua raça aos Reis Demônio.
Com sua bela magia, Sienna tentou belamente conter Kamash.
— Como exatamente se usa uma magia bela para conter alguém belamente? — Eugene parou momentaneamente a leitura do conto para refletir sobre essa pergunta.
No entanto, era impossível conter Kamash. Como pagamento por trair sua raça inteira, aquele desgraçado recebeu um imenso aumento de poder dos Reis Demônio. Um gigante já era capaz de enfrentar um dragão com o corpo nu, mas Kamash, com as bênçãos dos Reis Demônio, era como um desastre natural consciente.
Mesmo nas versões revisadas, a batalha contra Kamash, o chefe dos gigantes, ainda era incluída. No entanto, o passado de Kamash não era contado com tanta clareza quanto nesta primeira versão. Ele era descrito apenas como um gigante mau. Como era um conto de fadas voltado para crianças pequenas, a versão publicada atualmente era mais simplificada.
Ainda assim, eles não recuaram. A gentil e elegante Anise irradiava uma luz divina de determinação. Isso mesmo. Eles não podiam recuar. Pois atrás de Kamash marchava um exército de centenas de gigantes, avançando rumo às Planícies de Palmir.
Eugene se lembrava com clareza.
As Planícies de Palmir ficavam na entrada do Reino Demoníaco de Helmuth. Trezentos anos atrás, uma grande muralha se erguia ali, separando as planícies da fronteira de Helmuth.
Para provar sua lealdade aos Reis Demônio, Kamash liderou um exército de gigantes e foi pessoalmente derrubar o muro. Era impossível para qualquer exército dos reinos ou impérios deter aquele desastre natural senciente.
Mas ele precisava ser detido.
Quando a doce Anise ergueu alto um rosário, o que aconteceu foi incrível. Luzes brilhantes desceram dos céus como chuva. Embora os exércitos humanos preparados para deter os gigantes parecessem insignificantes, a bênção de Anise deu coragem e força a todos.
Mil homens se reuniram para enfrentar centenas de gigantes. Acha que era pouco? Mas não havia alternativa. Para você, que está lendo este livro agora, tem mesmo tanta certeza de que não fugiria diante do avanço desses gigantes? Os tremores provocados pelos passos desses monstros imensos já podiam ser sentidos nas Planícies de Palmir dias antes de eles chegarem.
Além disso, a verdade é que o número de aliados não importava tanto assim.
Era exatamente isso.
Eugene se recordava da vida que teve centenas de anos atrás.
Porque Vermouth estava lá.
O Grande Vermouth, o Mestre-de-Tudo, o Deus da Guerra.
Ele ergueu bem alto sua deslumbrante Espada Sagrada e marchou para a frente. A chuva de luz invocada por Anise reforçou ainda mais o poder da Espada Sagrada. Emoções que atrapalhavam o combate, como medo ou desespero, foram apagadas da mente de todos. Naquele momento, nenhum humano ali presente temia a morte, a dor, os gigantes ou mesmo os Reis Demônio.
A bênção de Anise não se limitava a remover emoções inúteis. Qualquer ferimento cicatrizava imediatamente, e, por mais tempo que se lutasse, o corpo não se cansava. Além disso, a bênção libertava o corpo dos seus limites físicos, tornando-o ainda mais apto para a batalha.
Os gigantes possuíam alta resistência mágica. Mas isso não significava que os feitiços de Sienna fossem inúteis. Ela fazia a terra tremer ainda mais que os passos dos gigantes e a rasgava em pedaços. Lava jorrava do chão, e relâmpagos caíam do céu.
Molon, aquele idiota, queria testar sua força contra Kamash em um duelo frontal. Embora todos achassem que Molon era um idiota, nos seguramos para não dizer isso em voz alta… exceto aquele bastardo mal-educado do Hamel, que deu um soco na cara de Molon.
— Seu imbecil. Um duelo de força? Tá dizendo que vai chegar naquele desgraçado selvagem e desafiá-lo para uma queda de braço? Para de falar merda e fica ali com os soldados.
— Por que eu deveria fazer isso?
— Se você não estiver lá para deter os gigantes, todos aqueles soldados vão ser esmagados como panquecas sob os pés deles!
Quando Hamel gritou isso num acesso de frustração perplexa, Molon ficou com a boca entreaberta por alguns segundos, com um olhar confuso, antes de assentir com um murmúrio:
— Ah, entendi. Hamel, você realmente não quer que eles morram.
— Por que você tá colocando as coisas desse jeito? Se vamos lutar juntos, é melhor que mais sobrevivam do que menos.
— Beleza, entendi. Vou servir de escudo pra eles. Mas e você, vai fazer o quê?
— O que eu sempre faço.
Era melhor que mais sobrevivessem do que menos.
Claro, isso só valia quando se tratava dos aliados. Quanto aos inimigos, era definitivamente melhor que muitos fossem mortos. E essa era uma área em que Hamel era particularmente confiante, entusiasmado e talentoso em garantir.
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