Capítulo 126: Dezenove Anos (12/16)
— Juramento sobre o quê?
— Sobre o fato de que, na sua vida passada… você realmente foi o Estúpido Hamel.
— Eu estou disposto a jurar, mas deixa eu dizer uma coisa antes. Já que eu sou o Hamel, pode parar de colocar esse maldito ‘Estúpido’ na frente do nome?
— Então devo chamar de quê? Hamel Idiota?
— Que tal Hamel Incrível? Ou Hamel Maravilhoso?
— Parece mesmo que você tem inveja do ‘Grande’ que ficou colado no nome do Vermouth.
Eugene tossiu, envergonhado:
— Ahem…
— De qualquer forma, se você realmente é a reencarnação do Hamel… por favor, jure isso — pediu Mer com sinceridade.
Eugene assentiu lentamente e declarou solenemente:
— Em meu nome, Eugene Lionheart, eu sou a reencarnação de Hamel Dynas. Juro pelo meu sangue e pelo meu nome como um Lionheart que não há falsidade alguma no que acabei de dizer.
— …Espere um momento — disse Mer, após ouvir o juramento. Ela se virou e caminhou até a Feitiçaria.
Ergueu as duas mãos diante da Feitiçaria e ficou ali por alguns minutos de olhos fechados, antes de continuar:
— …Depois que a Dama Sienna se retirou, vários magos dissecaram tanto a Feitiçaria quanto a mim em diversas ocasiões. No entanto, ainda há algumas coisas que não conseguiram encontrar. Nos arquivos mais profundos do código-fonte da Feitiçaria, há informações ocultas. E hoje… eu também armazenarei o que você me contou nesse local oculto, para que ninguém jamais descubra.
Abrindo os olhos novamente, Mer se virou para Eugene:
— …O que revelarei a partir de agora… é algo que ninguém em Aroth jamais ouviu.
— O que é? — Eugene perguntou.
— Existe uma pista relacionada ao desaparecimento da Dama Sienna — Com hesitação, Mer começou a contar sua história. — Foi cerca de uma semana antes de ela… se isolar. Na época, eu já estava armazenada em Akron… neste mesmo andar, e a Dama Sienna também estava aqui comigo. Então, de repente… ela desabou na cadeira, soltando um gemido.
— …Não é possível que ela tenha realmente ficado doente, certo? — Eugene perguntou, preocupado.
— Claro que não — respondeu Mer. — Fiquei obviamente surpresa e perguntei… o que havia acontecido… e ela me disse que um de seus familiares tinha sido destruído.
Mer hesitou por um momento antes de continuar:
— …Esse familiar estava posicionado no túmulo do Hamel.
— … — Eugene permaneceu em silêncio.
— No túmulo, alguém havia… invadido… e isso deixou a Dama Sienna em fúria — concluiu Mer.
“No túmulo? No túmulo do Hamel?”
— Eu tenho um túmulo? — Eugene perguntou com expressão vazia.
Mer respirou fundo mais uma vez antes de assentir:
— …Também não consegui saber todos os detalhes. Aquela foi a primeira vez que ouvi falar sobre o túmulo do Hamel. Pouco tempo depois… a Dama Sienna desapareceu subitamente, e eu escondi essa conversa nas profundezas da Feitiçaria.
Mer tinha uma expressão complicada ao explicar suas ações:
— Foi porque a Dama Sienna desapareceu de repente, sem contar a ninguém. Não queria causar sofrimento desnecessário a ela revelando algo que não devia. Mas… como você, Sir Eugene… também é o Hamel, senti que merecia saber.
— …Meu túmulo… — murmurou Eugene antes de soltar uma risada inexplicável. — Nunca ouvi nem menção disso. Sempre achei que meu corpo tinha sido completamente destruído pela maldição do Belial.
— …Bem, a maldição de um lich realmente aniquila tanto o corpo quanto a alma, então entendo por que pensaria isso — Mer concordou.
— Normalmente, é o que acontece. Mas, pensando bem, minha alma permaneceu intacta e ainda por cima reencarnou.
— Sendo assim, seu corpo também pode ter permanecido. Talvez… certo. Sobre a sua reencarnação…
— Também tenho minhas suspeitas de que a Sienna pode ter se envolvido nisso. Embora eu ainda não saiba se isso é verdade.
Logo no próprio túmulo… Eugene riu, balançando a cabeça.
— Isso só me dá mais um motivo para ir atrás da Sienna.
Se o túmulo de Hamel realmente existia, então onde no mundo ele poderia estar?
“…Talvez em Helmuth?”, Eugene se lembrou do local onde havia morrido em sua vida passada.
Após o Juramento de Paz, há trezentos anos, os Reis Demônios e os demonídeos haviam abandonado seus planos de invasão. Até os monstros enlouquecidos pelos Sussurros dos Reis Demônios haviam recuperado a sanidade. Todas as bestas demoníacas espalhadas pelo continente, com ordens de atacar humanos indiscriminadamente, haviam retornado a Helmuth, sem deixar sequer uma para trás.
Cem anos se passaram assim. O Rei Demônio da Destruição permaneceu em silêncio, como sempre, enquanto o Rei Demônio do Encarceramento, como representante de todos os demonídeos, começou a tentar reparar os danos causados.
Claro, as coisas não correram tão bem. Havia muitos países destruídos pelos demonídeos, e muitas pessoas que haviam perdido entes queridos nas mãos deles. Por isso, mesmo que o próprio Rei Demônio tenha vindo a público e se curvado em pedido de desculpas, o medo e o ódio da humanidade pelos demonídeos não desapareceram.
Então o Rei Demônio do Encarceramento vendeu os nomes dos Reis Demônios mortos.
Alegou que, mesmo entre os Reis Demônios, havia uma divisão entre os que queriam guerra e os que queriam paz. Acrescentou ainda que os Reis Demônios da Fúria, da Crueldade e do Massacre faziam parte da facção belicista, enquanto ele era o único membro da facção pacifista.
Até mesmo o Rei Demônio da Destruição, que se manteve completamente neutro e em silêncio durante a guerra, não desejava aquele conflito.
A maioria dos subordinados diretos dos Reis Demônios mortos foi exterminada pelo grupo de heróis, e os poucos que restaram estavam completamente sob o controle do Rei Demônio do Encarceramento.
Esses Reis Demônios estavam mortos, de qualquer forma. Então, por mais que o Rei Demônio do Encarceramento difamasse seus nomes, como os mortos derrotados poderiam retaliar?
Além dessa propaganda constante, o Rei Demônio do Encarceramento também ofereceu um enorme apoio financeiro. Construiu uma cidade grandiosa nos arredores de Helmuth para abrigar os refugiados da guerra. Para os países mais devastados, enviou seus próprios homens para reconstruir prédios, pavimentar estradas. Também despejou grandes somas em indenizações de guerra nos cofres dessas nações. E mais, o Rei Demônio chegou até a purgar diversos demonídeos, responsabilizando-os por crimes de guerra.
Isso continuou pelos cem anos seguintes, não, na verdade, as indenizações ainda estavam sendo pagas. Mesmo trezentos anos depois, os países vizinhos de Helmuth continuavam recebendo apoio financeiro do Rei Demônio.
Foi assim que o Reino Demoníaco de Helmuth conseguiu se tornar um grande império.
“…Império, hein?”
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