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    Eugene, porém, não considerava Helmuth um império de verdade. Para ele, era apenas um inferno onde diferentes raças, bestas demoníacas, demonídeos, Reis Demônios e magos negros que venderam suas almas, conseguiam coexistir de alguma forma.

    No entanto, mesmo que Eugene pensasse assim, o restante do mundo reconhecia Helmuth como um império. Os países vizinhos que continuavam a receber apoio de Helmuth eram praticamente protetorados.

    A capital de Helmuth chamava-se Pandemônio.

    Era lá que se encontrava o castelo do Rei Demônio do Encarceramento.

    “Não tem como meu túmulo estar em Pandemônio.”

    Como seu corpo poderia ter sido sepultado na capital infestada de demonídeos, ainda governada diretamente pelo Rei Demônio do Encarceramento? Isso simplesmente não fazia sentido. Se aquele realmente fosse o local do túmulo, seria praticamente um insulto a tudo o que Hamel havia feito em vida.

    Se seus companheiros tivessem realmente conseguido matar os Reis Demônios do Encarceramento e da Destruição e tivessem aniquilado todos os demonídeos de Helmuth, então Eugene não se importaria que tivessem construído seu túmulo ali. Nessas circunstâncias, aceitaria a homenagem com orgulho.

    Mas eles haviam falhado. Tanto o Rei Demônio do Encarceramento quanto o da Destruição continuavam vivos e bem.

    “No fim das contas… será que meu corpo sobreviveu mesmo àquela maldição?”

    Bom, não era como se um túmulo exigisse um corpo obrigatoriamente. Mas, considerando que Sienna deixara um familiar ali e ficou furiosa quando alguém invadiu o túmulo… isso indicava que seu cadáver realmente havia sido escondido em algum lugar deste mundo.

    Mas onde? Túmulos geralmente são construídos em lugares com uma ligação profunda com o falecido, certo? Não havia como estar no castelo do Rei Demônio do Encarceramento, então…

    “…Será que está na minha terra natal?”, Eugene teve uma realização.

    Se havia um lugar apropriado para construir um túmulo, sua terra natal parecia a escolha mais provável. Eugene se lembrou daquele lugar, ao qual, em sua vida passada, nunca teve muito apego.

    A cidade natal de Hamel ficava nas regiões fronteiriças do Reino de Turas. Embora ele não soubesse como era atualmente, na sua vida passada, era um lugar extremamente desagradável de se viver. Monstros surgiam com frequência das florestas próximas, e piratas vindos do continente de Turas costumavam atacar cruzando o mar.

    — Sir Eugene? — uma voz o chamou.

    Eugene estava no meio de uma caminhada do lado de fora de Akron, tentando organizar os pensamentos. Ao ouvir aquela voz repentina, Eugene cerrou os dentes, irritado. Por algum motivo, os magos que demonstravam interesse por ele pareciam realmente gostar da ideia de um ‘encontro acidental’. Seria porque queriam que o encontro parecesse mais casual? Mas, se fosse esse o caso, ao menos deveriam esconder melhor os sinais óbvios. O mago que o esperava estava andando de um lado para o outro, inquieto, como se implorasse para ser notado, e quando Eugene não deu qualquer reação e apenas o ignorou, o homem acabou falando mesmo assim.

    — Precisa de alguma coisa? A essa hora da madrugada? — Eugene perguntou com impaciência.

    — Na verdade, eu estava seguindo você, Sir Eugene — o homem admitiu.

    Ainda assim, pelo menos era uma sorte que o homem que havia ido procurá-lo fosse Balzac Ludbeth, e não o Comandante dos Magos da Corte ou o Mestre da Torre Verde. Balzac saiu de debaixo da luz mágica da rua e sorriu para Eugene.

    — Estive seguindo você desde que saiu de Akron. Não percebeu, Sir Eugene? — Balzac perguntou.

    — Percebi imediatamente — Eugene respondeu. — Apenas fiquei quieto, já que o Mestre da Torre Negra aparentemente fingiu não me reconhecer.

    — Parece que está de mau humor — observou Balzac.

    — E quando não estou? — Eugene retrucou com desdém.

    — É verdade. Contudo, parece que seu humor está sempre ruim sempre que nos encontramos. Será mesmo por minha causa? — Balzac perguntou educadamente.

    — Parece que você tem plena consciência do motivo — Eugene assentiu.

    Ele havia encontrado o Mestre da Torre Negra muitas vezes durante os dois anos que passou em Aroth, embora raramente trocassem palavras. Normalmente, Balzac era quem tentava cumprimentá-lo primeiro, e Eugene respondia com um cumprimento superficial enquanto deixava bem clara sua antipatia.

    E isso era tudo. Nunca tinham tido uma boa conversa. Felizmente, o Mestre da Torre Negra não parecia se ofender com a atitude de Eugene, nem tentava forçar uma aproximação como faziam o Comandante dos Magos da Corte ou o Mestre da Torre Verde.

    — Ouvi dizer que você está prestes a deixar Aroth — Balzac foi direto ao assunto.

    — Onde ouviu isso? — Eugene perguntou.

    — Tenho escutado isso em muitos lugares. Sir Eugene, realmente acreditou que os rumores não se espalhariam mesmo depois que a Torre Vermelha da Magia começou a preparar uma festa de despedida para você? — Balzac comentou, surpreso.

    — Parece que o cargo de Mestre da Torre Negra é bem tranquilo, já que tem tempo para prestar tanta atenção nos assuntos das outras torres de magia. Não seria melhor usar esse entusiasmo para acompanhar mais de perto as atividades da sua própria Torre Negra? — sugeriu Eugene.

    — Mesmo sem minha intervenção — Balzac deu de ombros — os magos da Torre Negra estão indo muito bem por conta própria. Graças a isso, sou um homem muito livre.

    Mesmo com Eugene criticando-o abertamente, o sorriso de Balzac não vacilava. Eugene não gostava do Mestre da Torre Negra. Para ser honesto, ele odiava Balzac e o achava repulsivo.

    Durante seus dois anos em Aroth, Eugene ouviu diversos rumores sobre aquele homem. Balzac Ludbeth era um indivíduo bastante peculiar, mesmo quando comparado com os outros Mestres das Torres.

    Décadas atrás, Balzac não era um mago negro. Originalmente, fazia parte da Torre Azul da Magia e, além disso, era um mago excelente, praticamente garantido como o próximo Mestre da Torre Azul. O atual Mestre da Torre Azul era Hiridus Euzeland, mas, na época em que Balzac ainda estava na torre, Hiridus era amplamente considerado inferior a ele.

    Balzac deveria ter se tornado o próximo Mestre da Torre Azul dentro de alguns anos, mas repentinamente deixou a torre e foi para Helmuth. O motivo declarado foi o desejo de ampliar seu conhecimento sobre magia.

    Dez anos depois, Balzac retornou de Helmuth já como um Mago Negro. Imediatamente após voltar a Aroth, ele transferiu sua afiliação da Torre Azul para a Torre Negra. E então, ganhando o reconhecimento do então Mestre da Torre Negra e o apoio esmagador dos outros magos negros, ascendeu como o novo Mestre da Torre Negra.

    Depois de conquistar essa posição, Balzac não parecia fazer nada dentro dos limites de Aroth. Ainda assim, conseguiu manter um bom relacionamento com Hiridus, que havia se tornado Mestre da Torre Azul, e alcançou um consenso amistoso com a própria torre. Demonstrava respeito à Família Real e era próximo do Parlamento. Também mantinha boas relações com a Torre Branca da Magia e a Torre Verde da Magia.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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