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    A única torre que mantinha distância de Balzac era a Torre Vermelha da Magia, com Lovellian como seu Mestre. E isso apenas porque Lovellian realmente odiava magos negros, não porque a Torre Vermelha como um todo nutrisse qualquer inimizade em relação à Torre Negra.

    Em outras palavras, mesmo sendo um mago negro, Balzac conseguia se dar bem com todos ao seu redor. Só pelo que Eugene já havia visto, a abordagem de Balzac era extremamente razoável. Ele ia até o ponto de inclinar a cabeça em respeito ao clã Lionheart, e não utilizava a influência do Rei Demônio do Encarceramento por trás de si para controlar a situação ou pressionar ninguém.

    À primeira vista, parecia ser um mago negro bastante simpático.

    Mas, do ponto de vista de Eugene, simplesmente não existia tal coisa como um bom mago negro. Na opinião de Eugene, os únicos magos negros aceitáveis eram cadáveres ou aleijados incapazes de usar magia.

    — Deve ser bom ter tanta liberdade — como não estava de bom humor, Eugene não conseguiu evitar o sarcasmo.

    Embora Eugene estivesse claramente franzindo a testa para ele, Balzac apenas assentiu com um sorriso.

    — E parece que o Sir Eugene tem enfrentado dificuldades com toda essa correria — observou Balzac, divertido.

    Não, espere. Balzac realmente deixaria o desdém de Eugene passar sem comentário algum? No fim das contas, Balzac ainda era humano, então como poderia aceitar ser tratado dessa forma por alguém tão mais jovem? Embora Eugene não soubesse exatamente o motivo, essa era a primeira vez que Balzac respondia com algo além de pura polidez.

    — Ah, por favor, não me entenda mal — Balzac acenou com a mão. — Não quis soar sarcástico, Sir Eugene.

    Dizer isso só fez com que suas palavras anteriores soassem ainda mais sarcásticas. Eugene não respondeu de imediato, apenas encarou Balzac com uma expressão vazia.

    — Agora então, onde eu estava? — Balzac voltou ao assunto principal da conversa. — Ah, certo. Ouvi dizer que você deixará Aroth depois de amanhã e então irá para Ruhr e Nahama.

    — Parece que hoje você tem muito a dizer — Eugene observou.

    — É porque estou um tanto preocupado com você, Sir Eugene — Balzac explicou.

    — …Preocupado? — Eugene hesitou.

    De repente? Eugene franziu a testa, encarando Balzac.

    — O Reino de Ruhr, no norte, fica perto de Helmuth — Balzac continuou.

    — …E de que isso importa? — Eugene perguntou, por fim.

    — Isso é relevante porque a influência do clã Lionheart não conseguirá se estender até lá — alertou Balzac. — Originalmente, Ruhr proibia estritamente a entrada de todos os demonídeos e magos negros, mas nos últimos cinco anos, a família real tem sido especialmente inflexível quanto a isso.

    — … — Eugene permaneceu em silêncio, ouvindo.

    — Existem muitos demonídeos em Helmuth. E, entre eles, há também aqueles que desejam ir contra a vontade do meu mestre, o Rei Demônio do Encarceramento. Em primeiro lugar, o Rei Demônio do Encarceramento não é o único Rei Demônio que reina em Helmuth.

    — Com isso, está querendo dizer que o Rei Demônio da Destruição está se preparando para agir?

    — De forma alguma — Balzac balançou a cabeça com uma curta risada. — Não é o caso. O Rei Demônio da Destruição… bem… ele não gosta de violência. Além disso, sempre demonstrou respeito pelo Rei Demônio do Encarceramento. Se o Rei Demônio do Encarceramento não se mover, então o Rei Demônio da Destruição também não fará nada.

    O Rei Demônio da Destruição era um Rei Demônio de primeira classe.

    Ao recordar algumas memórias distantes, Eugene cerrou os punhos, que tremiam. Como o nome sugeria, o Rei Demônio da Destruição trazia destruição para onde quer que fosse. Na vida passada, o grupo de heróis jamais enfrentou de verdade o Rei Demônio da Destruição.

    Eles apenas o haviam visto à distância, em movimento.

    Eugene ainda não conseguia ter certeza do que havia visto naquele momento.

    Era uma massa negra… não, talvez cinzenta? Ele nem sequer conseguia afirmar isso. Tudo o que sabia era que, do outro lado de uma planície vasta e aberta… viu aquela massa de ‘cor’ se mover. Na verdade, ele nem podia afirmar com certeza que aquilo era o Rei Demônio da Destruição.

    Mas não conseguia deixar de acreditar que era.

    Se aquilo não fosse a Destruição, então o que no mundo poderia receber esse nome? Se aquilo não fosse um Rei Demônio de primeira classe, então o que mais poderia ser considerado um Rei Demônio?

    Aquela sensação de ruína existencial apareceu por um breve instante e então desapareceu do outro lado das planícies, mas todos que viram perderam a consciência por um momento.

    ‘Vamos enfrentá-lo. Precisamos derrotá-lo.’

    Ninguém disse uma coisa dessas. Se Anise não tivesse feito uma oração, acalmando a mente de todos… talvez tivessem sucumbido a um surto incontrolável.

    — …No entanto, Sir Eugene, mesmo que o Rei Demônio do Encarceramento não se mova, e o Rei Demônio da Destruição permaneça em silêncio… isso não significa que todos os demonídeos ficarão quietos — Balzac prosseguiu.

    — …Isso não significa que seu mestre é preguiçoso e indiferente, Mestre da Torre Negra? — Eugene provocou.

    No entanto, mais uma vez, Balzac não demonstrou qualquer desagrado. Em vez disso, apenas sorriu enquanto assentia em concordância.

    — Essas palavras são inegáveis. Sim, é a verdade. O Rei Demônio do Encarceramento não reprime os demonídeos sob seu comando para impedir que ajam por conta própria. Meu misericordioso mestre… ele respeita a liberdade de todos os seus servos — Balzac elogiou o Rei Demônio sem qualquer vergonha.

    Mesmo que isso parecesse ir contra seu título como Rei Demônio do Encarceramento.

    — No entanto, meu mestre ainda traça uma linha bem clara. Não importa se você aproveita a liberdade que lhe é oferecida, mas você será o único responsável pelas consequências que possam surgir de suas ações. Pense no Barão Olpher, aquele que tentou o jovem Eward. Ele teve que pagar pelos problemas que causou com a própria vida — Balzac comentou casualmente, trazendo à tona um assunto delicado.

    — … — Eugene se manteve calado.

    — Demonídeos são naturalmente violentos — Balzac continuou. — Quanto mais forte for o demonídeo, mais violento ele tende a ser. E entre os demonídeos, há muitos que estão cansados dessa paz que já dura centenas de anos. O mundo pode estar em paz… mas os demonídeos… Ha ha. Pode soar ridículo vindo de mim, mas os demonídeos não são um grupo que realmente consegue se satisfazer com a paz.

    — Está dizendo que, graças à indulgência do seu Rei Demônio, eles podem ser uma ameaça para mim? — Eugene esclareceu.

    — Estou apenas dizendo que pode haver muitos demonídeos que pensam assim — disse Balzac, abaixando a voz. Ele encarou Eugene com um leve sorriso nos olhos e continuou: — Essa afirmação não se aplica apenas aos demonídeos que servem ao Rei Demônio do Encarceramento. O silencioso Rei Demônio da Destruição também tem demonídeos a seu serviço. E se for para finalmente quebrar o silêncio de seu mestre, eles podem estar dispostos a fazer qualquer coisa.

    Eugene não respondeu a isso, apenas lançou um olhar fulminante para Balzac.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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