Capítulo 129: Dezenove Anos (15/16)
Diante do silêncio, Balzac continuou a conversa:
— Além disso, entre os demonídeos de alto escalão, alguns desejam se tornar os novos Reis Demônios. Já que os cinco Reis Demônios originais se reduziram a apenas dois, isso não significa que três vagas estão abertas? A Duquesa Giabella é um dos que estão de olho nessa posição com bastante entusiasmo.
— Não podem simplesmente fazer uma votação? — Eugene perguntou, com um sorriso de canto nos lábios. — É só reunir todos os demonídeos e nomear novos Reis Demônios.
— Haha… — Balzac pareceu achar graça na sugestão. — Seria ótimo se fosse assim; infelizmente, os demonídeos não acreditam em eleições. Eles são do tipo que destruiria a urna se achassem que a votação não resultaria no que querem. É por serem assim que odeiam a paz.
— Obrigado por esse aviso.
Para Eugene, aquilo eram apenas palavras; ele não demonstrou gratidão com nenhum gesto. Apenas ficou parado, de maneira casual, encarando Balzac.
— Já que disse tudo isso, talvez eu deixe para ir a Ruhr em outro momento.
Com suas habilidades atuais, Eugene seria realmente capaz de lutar contra demônios de alto nível?
Eugene acreditava em sua força, mas não a ponto de ser excessivamente confiante. Também odiava a ideia de se colocar em perigo por se envolver desnecessariamente em algo problemático. Talvez um dia ainda fosse para lá, mas só pretendia visitar Ruhr quando tivesse certeza de que conseguiria lidar com os perigos de lá.
“Também preciso prestar atenção na questão da Espada da Luz Lunar”, Eugene lembrou a si mesmo.
Ele havia conseguido comprar um fragmento da Espada da Luz Lunar em uma casa de leilões. Disseram que o local onde o fragmento foi encontrado era nas Colinas de Khazad. Então, em alguns anos, quando estivesse pronto para ir a Ruhr, também planejava visitar as Colinas de Khazad.
— Quanto a Nahama… hm — Balzac murmurou, pensativo.
Ele já havia alertado Eugene sobre Ruhr, mas parecia que ainda não tinha terminado de falar. Pensou por alguns instantes, depois sorriu de forma enigmática.
— É melhor tomar cuidado no deserto — aconselhou Balzac.
— Por causa das tempestades de areia? — Eugene perguntou.
— Não, por causa de Amelia Merwin — Balzac respondeu, erguendo a mão.
Com um estalo de dedos, sua sombra se ergueu do chão e envolveu sua mão.
— Mas o Rei Demônio do Encarceramento declarou o clã Lionheart como aliado. Se Amelia Merwin, que tem um contrato pessoal com o Rei Demônio, me ferir, isso não faria do Rei Demônio do Encarceramento um mentiroso por chamar o clã de amigo? — Eugene questionou.
— Ela é especial — Balzac respondeu com simplicidade.
Mesmo com Eugene insinuando diretamente que o Rei Demônio do Encarceramento poderia ser um mentiroso, Balzac ainda assim não deixou de sorrir.
— Ela… — Balzac acrescentou — mesmo antes de fazer o contrato com o Rei Demônio do Encarceramento, já era uma maga negra incrível. Eu já não disse que o Rei Demônio do Encarceramento respeita o direito à liberdade de seus subordinados? Mesmo entre todos os servos dele, Amelia Merwin é uma das que mais desfrutam de liberdade.
— … — Eugene permaneceu em silêncio, absorvendo a informação.
— Se, por uma chance em um milhão, você acabar encontrando Amelia Merwin por acaso, pode tentar entregar isso a ela, a mão de Balzac agora segurava um envelope preto, que ofereceu a Eugene. — Se entregar isso para ela, não importa o que tenha feito, é provável que ela não lhe cause mal.
— O que é isso? — Eugene perguntou.
— Como pode ver, é apenas um envelope.
— Posso verificar o conteúdo?
— Fique à vontade.
Eugene imediatamente quebrou o selo do envelope assim que o recebeu. No entanto, não havia nada dentro.
— O conteúdo não é realmente necessário, Sir Eugene. O importante é que você estará segurando uma carta escrita por mim mesmo — disse Balzac, balançando os dedos com um sorriso. O selo quebrado se recompôs e se colou de volta enquanto ele continuava: — Talvez eu não seja capaz de lidar com o tipo de ameaça que pode aparecer em Ruhr, mas posso lidar com qualquer rancor que Amelia Merwin tenha contra você. Então, se pretende ir a Nahama, por favor, leve isso com você.
— …O que é que você quer de mim? — Eugene perguntou. Não pôde evitar sentir desconfiança de Balzac.
Depois de procurá-lo para alertá-lo sobre Ruhr, agora Balzac até entregava uma carta pessoal para lidar com uma possível ameaça. Como ele estava mostrando tanta consideração, era óbvio que queria algo em troca.
— Você odeia magos negros? — Em vez de responder, Balzac perguntou.
— É claro que odeio — Eugene respondeu naturalmente.
— Esse ódio é compreensível — Balzac assentiu, compreensivo. — No entanto, eu gostaria que você, ao menos, sentisse um pouco de afeição por mim.
— Por acaso… você é gay? — Eugene perguntou sem rodeios.
Nem mesmo o sempre calmo Balzac parecia ter esperado algo assim. Ele não conseguiu responder de imediato, apenas encarou Eugene com a mandíbula meio caída.
— …Hã? — Balzac conseguiu soltar, por fim.
— É só que é meio suspeito você estar me tratando tão bem — Eugene explicou. — Embora eu realmente não tenha inclinação para esse tipo de coisa, já que o Mestre da Torre Negra tem sido tão gentil comigo, não posso evitar me sentir um pouco desconfortável e preocupado.
— …Preocupado? — Balzac engasgou.
— Com minha castidade, ou até mesmo… Bem, já disse isso, mas não tenho nenhum interesse nesse tipo de coisa — Eugene repetiu.
— …Espere. Estou um pouco atordoado agora — disse Balzac, ajeitando os óculos com uma expressão confusa. — …Por favor, não tenha esse tipo de mal-entendido. É só que… eu apenas quero construir uma relação amistosa com você, Sir Eugene. Meramente… de um ser humano para outro. Isso. Então, por favor, não tire conclusões erradas. Não é esse o caso com todos aqui, não só comigo? Você ainda pode ser jovem, mas todos sabemos que tem um enorme potencial, Sir Eugene…
— Por ora, receberei o que me deu com gratidão — Eugene rapidamente guardou a carta pessoal no Manto das Sombras. — No entanto, sinto que não poderei retribuir esse favor tão cedo. Então acho que vou indo.
— …Ah, sim — Balzac parecia aliviado.
— Se eu pudesse, gostaria de convidá-lo para minha festa de despedida amanhã. Ah, mas tendo dito isso, por favor, não apareça de verdade — Eugene pediu. — Embora eu realmente sinta isso, a mente humana é uma coisa ambígua e estranha. Neste momento, gostaria de convidá-lo, mas… se eu visse o Mestre da Torre Negra aparecendo na minha festa de despedida amanhã, acho que ficaria mais irritado do que feliz com isso.
— …Não vou comparecer, então, por favor, não se preocupe — agora, Balzac parecia apenas exausto.
— Estou impressionado com a magnanimidade do Mestre da Torre Negra por dizer isso. Bem, até mais — com um leve aceno de cabeça, Eugene se virou.
Após observar Eugene se afastar, Balzac soltou um resmungo e balançou a cabeça.
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