Capítulo 130: Dezenove Anos (16/16)
Mesmo tendo passado os últimos dois anos vivendo na Torre Vermelha da Magia, as únicas pessoas com quem Eugene realmente havia criado laços eram Lovellian e Hera. Por isso, embora fosse chamada de festa de despedida, não era algo tão grandioso.
No entanto, o local e os convidados ainda eram bastante impressionantes. A festa estava sendo realizada no último andar da Torre Vermelha da Magia. Não estavam ali apenas Lovellian e Hera, mas também a Mestra da Torre Branca, Melkith, o Príncipe Herdeiro de Aroth, Honein, e o Mestre da Torre Azul, Hiridus.
Incluindo Eugene, eram seis pessoas. Embora pudessem ter convidado mais, Eugene não queria isso. Ele não gostava da ideia de ter de lidar com o Comandante dos Magos da Corte nem com o Mestre da Torre Verde, e o Mestre da Torre Negra estava fora de questão desde o início.
— Por que me convidou? — perguntou o Mestre da Torre Azul a Eugene.
Honein e Melkith haviam desenvolvido boas relações com Eugene. No entanto, Hiridus e Eugene mal haviam trocado palavras. De vez em quando, quando se encontravam em Akron, trocavam cumprimentos casuais, e só.
— Não é como se fôssemos completos desconhecidos — Eugene observou.
— Mas você é ainda mais familiarizado com os Mestres de Torre que não estão aqui.
— Por que perguntar algo que você já sabe a resposta?
Hiridus não pôde evitar um sorriso com essas palavras.
— Não leve longe demais essa sua rejeição ao Mestre da Torre Verde e ao Comandante dos Magos da Corte, ou isso só vai deixá-los ainda mais interessados em você — Hiridus aconselhou.
— Parece que o Mestre da Torre Azul não está muito interessado em mim — observou Eugene.
— Embora eu tenha certo interesse, não sou do tipo que jogaria fora a própria dignidade para tentar roubar o discípulo do Mestre da Torre Vermelha — Hiridus admitiu.
— Mas é exatamente o que o Mestre da Torre Verde vive tentando fazer — Eugene sorriu.
— Jeneric sempre foi extremamente ganancioso. Sua autoestima e teimosia sempre foram maiores que qualquer preocupação com dignidade. Mas tente não odiá-lo demais — disse Hiridus, tomando um gole de vinho.
Então soltou um suspiro profundo enquanto olhava para Lovellian conversando com Honein.
“Estou um pouco invejoso”, admitiu-se Hiridus em silêncio.
Hiridus também tinha um discípulo. Como já fazia três anos desde que se encontraram pela última vez, as habilidades do discípulo certamente haviam melhorado. Embora uma vez tivesse achado que seu discípulo não ficaria atrás de ninguém, comparado a Eugene… ele não podia deixar de sentir que estava em desvantagem.
— …Embora já esperasse por isso, vejo que você não convidou Balzac — comentou Hiridus, por fim.
— Sim, bem — Eugene não negou. — Meu mestre também ficaria descontente com isso, então…
Eugene se sentiu satisfeito com a direção que a conversa havia tomado. Virou-se para Hiridus com os olhos brilhando.
— Posso perguntar que tipo de pessoa é o Mestre da Torre Negra? — Eugene questionou.
— Que tipo de resposta você quer ouvir? — Hiridus não pareceu surpreso com a pergunta repentina.
Eugene admitiu:
— Ouvi dizer que o Mestre da Torre Negra fazia parte da Torre Azul da Magia antigamente.
— Então quer saber sobre o passado do Balzac? Ou algo mais recente? — Hiridus prosseguiu.
— Há grande diferença entre os dois? — Eugene quis saber.
— Não muita. Mesmo no passado, Balzac era misterioso e difícil de decifrar. E isso ainda é verdade hoje… — Hiridus riu enquanto girava sua taça de vinho.
Parecia estar olhando para décadas atrás dentro do vinho que rodava.
— …O que ainda não consigo entender é… — Ele começou a falar, hesitante. — Por que Balzac deixou a Torre Azul da Magia. Na época, eu era… inferior a ele. E temo que ainda seja.
— Isso é impossível — Eugene o encorajou.
— Não, estou falando sério. Posso dizer isso por ser da mesma geração que Balzac. Ele poderia ter se tornado o Mestre de Torre mais brilhante da história da Torre Azul da Magia. Mas… acho que isso não foi o bastante para ele. Não é como se eu não pudesse entender o porquê. Não importa o quão incrível seja a magia de um humano, no fim, ainda é magia humana. É impossível superar a magia de um Rei Demônio — embora, ao dizer isso, Hiridus tenha soltado uma gargalhada. — Claro, isso não é absoluto. Porque há a Sábia Sienna como exceção a isso. Por isso eu pergunto, Eugene, até que ponto você foi capaz de compreender a magia da Dama Sienna?
— Está mesmo me perguntando se eu entendi de verdade? Eu apenas me esforcei para observá-la com atenção — Eugene respondeu com humildade.
— Mas você deve ter absorvido algo. Mas não se preocupe em me contar, não tenho intenção de espionar sua pesquisa — garantiu Hiridus antes de silenciar por um instante, perdido em pensamentos.
Quando voltou, disse:
— …Soube que você vai para Nahama.
— Sim — Eugene confirmou.
— O deserto é um lugar severo — Hiridus o alertou. — É quente, e há muitas tempestades de areia. Esse é um conselho importante, então não se esqueça. Se insistir em ir para Nahama, certifique-se de esconder o fato de ser um Lionheart depois que entrar lá.
— Meu mestre também me disse isso — Eugene informou.
Hiridus acrescentou:
— Atualmente, as coisas por lá estão instáveis. Ultimamente, os Assassinos de Nahama têm sido vistos vagando durante o dia, e não apenas à noite. Espero que eles não tentem persegui-lo só porque o clã Lionheart faz parte do império de Kiehl, mas… não custa nada manter a guarda alta, certo?
— Com certeza vou levar suas palavras em consideração.
Eugene não tinha intenção de ignorar o conselho do velho mago. Não era como se ele tivesse falado isso para insultá-lo. Hiridus dissera aquilo porque estava preocupado com Eugene. Da mesma forma, Eugene também não planejava ignorar o conselho de Balzac.
“Se houver algum esquema em andamento, em vez do Molon, é a Anise quem deve estar por trás disso”, Eugene julgava.
Mais recentemente, cem anos atrás, Molon foi visto participando da cerimônia de fundação de Ruhr.
Mas Eugene não conseguia nem imaginar como Molon, aquele idiota, poderia ter algo a ver com sua reencarnação.
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