Capítulo 17: A Cerimônia de Continuação de Linhagem (2/12)

Mais tarde naquela noite, Dezra e Gargith invadiram o quarto de Eugene com uma exigência.

— Precisamos unir nossas forças.

E justamente quando Eugene tinha acabado de se deitar. Depois de tomar banho e vestir um pijama felpudo, estava prestes a dormir com a sensação satisfeita de ter aproveitado bem o dia.

— Você incomodou alguém que estava prestes a dormir só pra dizer isso? — Eugene respondeu, sem se levantar da cama.

— Quero ouvir sua opinião sobre isso — disse Gargith, teimoso.

Dezra, de pé ao lado dele, tinha uma expressão cheia de insatisfação. Embora agora estivesse convencida das habilidades de Eugene, as provocações dele após ela não conseguir acertar nem um único golpe ainda ecoavam em seus ouvidos.

— E como exatamente deveríamos unir forças? Você também estava lá ouvindo o Patriarca explicar como será realizada a Cerimônia de Continuação da Linhagem deste ano. Lembra? Este ano vamos entrar em um labirinto por entradas separadas e tentar avançar até o centro do labirinto.

— Mas nossos objetivos ainda são os mesmos, não são? O centro do labirinto e o monstro-chefe malvado.

Um brutamontes desses falando monstro-chefe malvado? Eugene manteve o riso escondido.

— O monstro-chefe deve ser extremamente forte — Gargith continuou argumentando.

— Pode ser — Eugene respondeu, sem se importar muito.

— O Patriarca e o Chefe da Torre Vermelha disseram que haveria muitas armadilhas e monstros no labirinto. No entanto, se nós três unirmos forças, ainda assim devemos conseguir chegar ao centro.

— Só tentando pra saber com certeza — Eugene disse com cautela.

— Nunca perdi pra nenhum monstro — Gargith jogou os ombros para trás, orgulhoso — e além disso, disseram que os monstros do labirinto não são reais, e sim ilusões criadas por magia. Então não tem com o que se preocupar.

— Nesse caso, por que quer unir forças pra caçar o monstro-chefe?

— É por segurança. Não disseram que, mesmo sendo uma ilusão, ainda dói se for atingido?

— Mas você acabou de dizer que nunca perdeu pra um monstro.

— Para um monstro merecer ser chamado de monstro-chefe, ele tem que ser forte — Gargith respondeu com uma expressão confiante. — Por isso, precisamos combinar nossas forças. Já que os gêmeos da linhagem direta vão trabalhar juntos, também deveríamos nos unir.

— Então quer marcar de se encontrar no centro e lutar contra o monstro-chefe juntos?

— Exato.

— Mas acho que consigo matar ele sozinho — Eugene respondeu com um sorriso.

— Que irritante — murmurou Dezra entre os lábios apertados.

Enquanto isso, Gargith assentiu em concordância com as palavras de Eugene.

— Então façamos assim. Se você tentar lutar contra ele e não conseguir matar, a gente entra na briga — sugeriu Gargith.

— E se vocês não estiverem lá?

— Aí é só correr e esperar a gente chegar.

— Precisa mesmo disso tudo? Vocês já são uma dupla, não são? Então me deixem de fora e trabalhem juntos — Eugene argumentou, exasperado.

— Dependendo da situação, talvez façamos isso — dessa vez, foi Dezra quem respondeu. — Mas três pessoas ainda são mais fortes que duas. Você pode ser insuportável, mas… é mais forte que eu. Com sua ajuda, com certeza conseguiremos matar o monstro-chefe.

— Mas por que vocês estão tão empenhados em derrotar ele? — Eugene perguntou.

— Você não quer vencer a família principal? — Dezra retrucou, com os olhos semicerrados. — Mesmo já tendo vencido o Cyan num duelo, se também vencê-lo na Cerimônia de Continuação da Linhagem, o Patriarca vai até te dar um presente.

— Numa cerimônia onde membros da linhagem direta e dos ramos colaterais participam juntos, os colaterais nunca venceram — acrescentou Gargith. — Mas desta vez, temos uma chance real. Tem a Dezra, eu, e você, que até derrotou o Cyan.

— Se eu derrotar o monstro-chefe sozinho, ainda é uma vitória dos colaterais, não é? — Eugene perguntou.

— Se você conseguir derrotá-lo sozinho, eu vou ficar empolgado. Não é mais impressionante o monstro ser derrotado por uma única pessoa dos colaterais do que por três? — Gargith respondeu, assentindo.

Eugene tinha se lembrado do tolo do Molon ao ver o tamanho de Gargith, mas ao ouvir o que ele dizia, percebeu que Gargith sabia usar a cabeça e até era bem razoável.

— Tá, entendi, agora vão embora. Quero dormir — Eugene os dispensou com um gesto, ainda deitado.

Dezra parecia extremamente insatisfeita, mas Gargith apenas assentiu e começou a arrastar Dezra pelo pulso.

— Hoje vou dormir cinco horas de novo — Gargith disse ao sair.

— Eu vou dormir seis — Eugene respondeu.

Mesmo sabendo usar a cabeça e sendo surpreendentemente sensato, no fim Gargith ainda era um idiota.

— Idiota. Você realmente acha que dormir um pouco menos que ele vai fazer diferença? — Dezra zombou com desprezo.

— O pássaro madrugador pega a minhoca — Gargith respondeu alegremente.

— Então amanhã você pretende sair pra caçar minhocas?

— Já que você é dois anos mais nova que eu, parece que ainda não entendeu o que esse ditado quer dizer.

— Eu mandei sair! — Eugene gritou enquanto jogava um travesseiro nos dois intrusos tagarelas.