Capítulo 33: O Cofre do Tesouro (6/7)
— …O Rei Demônio da Crueldade.
O segundo Rei Demônio de Helmuth, Eugene se lembrava com clareza do quão aterrorizante e poderoso ele havia sido.
Trezentos anos atrás, no Reino Demoníaco de Helmuth, existiam cinco Reis Demônio. Classificados de acordo com sua força:
Nº 1. O Rei Demônio da Destruição.
Nº 2. O Rei Demônio do Encarceramento.
Nº 3. O Rei Demônio da Fúria.
Nº 4. O Rei Demônio da Crueldade.
Nº 5. O Rei Demônio do Massacre.
Vermouth e seus companheiros haviam iniciado sua conquista pelo mais fraco, o quinto colocado.
Eventualmente, Hamel morreu no castelo do Rei Demônio do Encarceramento.
A Lança Demoníaca Luentos era a lança usada pelo Rei Demônio da Crueldade. Depois de matá-lo, Vermouth tornou-se o novo mestre da lança. Hamel, na verdade, queria usá-la, mas, como o nome sugeria, a Lança Demoníaca exalava um poder demoníaco tão terrível que ninguém, além de Vermouth, conseguia empunhá-la.
— …É errado dizer que a Lança Demoníaca Luentos é a mais forte entre as armas do Grande Vermouth. A mais forte é, sem dúvida, o Martelo da Aniquilação Jigollath — declarou Gargith após pensar um pouco.
— O Rei Demônio da Crueldade era mais forte que o Rei Demônio do Massacre — Dezra retrucou em defesa da sua escolha.
— A ordem de poder dos Reis Demônio não tem nada a ver com a força das armas deles.
“Agora que penso nisso, o Martelo da Aniquilação também estava ausente”, pensou Eugene, ignorando a discussão.
Entre todas as armas de Vermouth, o Martelo da Aniquilação e a Lança Demoníaca eram as únicas que haviam pertencido a Reis Demônio.
“Faz sentido. Como essas armas são tão sinistras, não podem simplesmente ser deixadas no cofre de tesouros. Talvez estejam seladas em algum outro lugar. De qualquer forma, são armas que não podem ser usadas por ninguém além do próprio Vermouth.”
Por serem armas que ele desejara tanto em sua vida passada, ainda era difícil não sentir arrependimento por não poder escolhê-las.
— A Lança Demoníaca é mais forte.
— Não, o Martelo da Aniquilação é mais forte.
Gargith e Dezra haviam começado a brigar feito crianças. Eugene balançou a cabeça ao olhar para os dois e seguiu para o centro do ginásio. Nina o acompanhou apressada.
— O jantar deve estar pronto em breve — lembrou Nina.
— Eu vou terminar logo — garantiu Eugene.
Embora não pudesse invocar espíritos no momento, mesmo sem eles, Wynnyd era uma excelente espada.
“É também a primeira espada de verdade que empunho nesta vida.”
Talvez por isso, já estava se sentindo apegado a ela. Eugene puxou Wynnyd da bainha e passou os olhos pela lâmina. Quando tocou de leve a lateral da lâmina, o frio do metal lhe causou um arrepio. Como esperava, uma espada de verdade transmitia uma sensação diferente só com o toque. Apesar de ser bem mais leve que sua espada de madeira com núcleo de ferro, a natureza de uma arma capaz de matar com um único golpe deixava clara a diferença entre ambas.
— Já disse que a Lança Demoníaca é mais forte!
— Não, é o Martelo da Aniquilação.
Os dois continuavam firmes na discussão. Após lançar um olhar de pena para eles, Eugene voltou sua atenção para Wynnyd.
Tanto a Lança Demoníaca quanto o Martelo da Aniquilação eram armas tão grandiosas que até ele achava difícil decidir qual era superior. No entanto, se tivesse que escolher a maior entre todas as armas de Vermouth, Eugene não hesitaria nem por um instante.
“É a Espada da Luz Lunar.”
Era destruição pura na forma de uma espada; até mesmo o Reino Demoníaco de Helmuth havia optado por selá-la. Eugene se lembrava do quão terrível aquela espada era. Embora a Espada Sagrada tenha sido usada para matar o quinto Rei Demônio, ela raramente foi utilizada depois que Vermouth obteve a Espada da Luz Lunar.
Tanto o Rei Demônio da Crueldade quanto o da Fúria foram mortos por ela. Nem a Lança Demoníaca nem o Martelo da Aniquilação, sobre os quais Dezra e Gargith tanto discutiam, conseguiam superar a luz da destruição emanada pela Espada da Luz Lunar.
Eugene deixou de lado os pensamentos sobre ela e começou a brandir Wynnyd.
Swish.
A espada emitiu um brilho suave enquanto um movimento lento cortava o próprio ar. Dos pés à cabeça, Eugene sentiu um arrepio de êxtase percorrer seu corpo.
— …Uau… — Nina exclamou suavemente, admirada, ao ver Eugene deslizar graciosamente por uma dança com a espada.
Mesmo sob a perspectiva de alguém como Nina, sem nenhuma habilidade com espadas, a dança de Eugene parecia extraordinária. A briga infantil entre Gargith e Dezra também cessou quando ambos se viraram para assistir à apresentação, hipnotizados.
Não era uma demonstração de velocidade impressionante, nem havia técnicas incríveis misturadas aos movimentos. Mas o brilho sombrio emanado por Wynnyd se harmonizava perfeitamente com cada passo da dança, fluindo suavemente de um movimento ao outro, sem interrupções.
“Eu tenho que convencê-lo a ir comigo de qualquer jeito”, pensou Gargith, engolindo a surpresa.
“…O que eu digo pra fazê-lo ir comigo? Será que convido pra conhecer minha casa? Ainda falta bastante pro meu aniversário…” Dezra pensava algo parecido.
Se ao menos seu aniversário estivesse próximo, poderia convidá-lo para a festa como desculpa… mas… Dezra fez um biquinho, frustrada.
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