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    — Vou começar agora — declarou Eugene.

    — Certo — respondeu Hera.

    Hera não conseguiu esconder a ansiedade em seus olhos. Silenciosamente, ela convocou seu cajado e o segurou com as duas mãos. Estava pronta para agir imediatamente em caso de emergência.

    Eugene, por outro lado, estava tranquilo.

    “É realmente parecido com a Fórmula da Chama Branca.”

    Ele pensava nos Círculos. Por ser um sistema de magia criado por Sienna, Eugene tinha, de fato, interesse nele.

    Embora os dois fossem sistemas diferentes, compartilhavam a mesma essência.

    A Fórmula da Chama Branca guiava a mana para as estrelas ao redor de seu coração.

    Os Círculos guiavam a mana em um fluxo circular.

    Na Fórmula da Chama Branca, sempre que havia progresso suficiente, outra estrela se desprendia.

    Nos Círculos, quando havia crescimento suficiente, formava-se mais um Círculo.

    “Só preciso tentar aplicar os dois juntos.”

    Tudo fazia sentido para ele. Eugene compreendia bem ambos os métodos e era intimamente familiarizado com a Fórmula da Chama Branca. Quanto ao controle de mana necessário? Ele vinha refinando isso continuamente desde sua vida passada. Embora não tivesse certeza de que funcionaria, Eugene sentia que valia a tentativa.

    “Os Círculos podem ser substituídos pelas estrelas. A ressonância entre as estrelas pode amplificar a mana. Dependendo da situação, vou precisar ajustar a mana instantaneamente. Vai ser um problema se eu errar o cálculo e cometer um deslize.”

    Aquela não era uma fórmula mágica comum. Em questão de segundos, ele podia acabar completamente drenado de mana.

    Mas Eugene não hesitou. A mana em seu corpo se reuniu no coração. As três estrelas começaram a brilhar e então ressoaram, conectando-se umas às outras.

    — …Não pode ser — murmurou Hera, apertando com força o cajado.

    Ela não apenas sentia quão pura era a mana que Eugene havia extraído de seu núcleo, como também percebia o quão poderosa ela era.

    Então aquele era o descendente do Grande Vermouth, o homem conhecido como Deus da Guerra e Mestre-de-Tudo. O mundo todo já ouvira falar da impressionante escritura de treinamento de mana do clã Lionheart. No entanto, aquilo não era exagerado demais? Como um jovem de apenas dezessete anos como Eugene podia extrair uma quantidade tão pura e vasta de mana?

    “Devagar”, Eugene se lembrou.

    Fwoooosh!

    Uma chama branca pura envolveu todo seu corpo. Eugene focou sua concentração enquanto ajustava o fluxo da mana. Precisava estar ciente de seus próprios limites no controle de mana, não podia exagerar. Eugene acreditava que isso era possível porque sentia que aquilo não era tão diferente de produzir luz da espada ou força da espada.

    Mas agora, como manifestar essa mana em um feitiço? Das profundezas de sua memória, Eugene se recordou de um método específico de processar a forma de um feitiço. Encantamentos não precisavam, necessariamente, ser ditos em voz alta. O importante era ter uma vontade clara ao ativar o efeito de um feitiço.

    Sua mana subiu, mas Eugene a conteve. Continuou ajustando os fluxos rebeldes da mana. A experiência de sua vida passada lhe dava o controle necessário.

    “Ele tem um controle de mana tão perfeito… Parece que tudo vai se desfazer a qualquer momento, mas continua coeso. Isso significa que ele está controlando até as menores partículas de mana? Isso é mesmo possível na idade dele?”, Hera se questionava.

    Quanto mais mana se tenta controlar, mais difícil é mantê-la sob controle. Isso era senso comum.

    O controle de mana exigia não apenas talento, mas muita experiência. Fazia apenas quatro anos que Eugene Lionheart, um descendente colateral, havia iniciado sua mana. E em apenas esses quatro anos, ele havia acumulado tanta mana e ainda conseguido controlá-la perfeitamente? Isso era simplesmente absurdo.

    Naquele momento, a mana de Eugene era tão pura e poderosa que Eward, que havia iniciado sua mana aos cinco anos, nem chegava perto dele.

    “…De fato, ouvi dizer que ele era um monstro”, Hera se lembrou do que Lovellian lhe dissera sobre Eugene.

    Mas Lovellian não era sua única fonte de rumores sobre ele. A Cerimônia de Continuação da Linhagem era uma tradição famosa do clã Lionheart. Durante os trezentos anos de existência dessa cerimônia, houve apenas uma ocasião em que um descendente colateral derrotou os da linha direta. Eugene foi o único que já se qualificou para ser adotado na família principal por esse método.

    Quando esse incidente se tornou amplamente conhecido, o mundo passou a chamar o ainda jovem Eugene, com apenas treze anos, de monstro.

    Fwoooosh!

    Uma esfera de chamas apareceu diante de Eugene. Ao encará-la, Eugene começou lentamente a separar a esfera em filamentos para então reformá-la em outro feitiço. Não podia permitir que a mana se dissipasse completamente e desaparecesse, por isso concentrou toda sua atenção nela.

    Os filamentos dispersos de chamas começaram a se reunir novamente. O suor escorria de sua testa, descia pelo queixo e caía no chão. A forma das chamas reunidas havia mudado completamente em relação à esfera anterior.

    A partir do feitiço básico do 1º Círculo, a Bola de Fogo, ele o havia convertido em outro feitiço do 1º Círculo: o Míssil Mágico. Eugene encarava o míssil mágico finalizado, flutuando diante dele.

    Sendo sincero, seria mais fácil e eficaz simplesmente disparar um raio de luz da espada do que passar por todo aquele trabalho para lançar um único míssil mágico. Ou então, ele poderia simplesmente invocar um espírito do vento. Em qualquer dos casos, teria sido mais forte do que essa tentativa desajeitada e muito mais conveniente para o Eugene atual.

    No entanto, Eugene sorriu, satisfeito. Aquilo não era um bom resultado para uma primeira tentativa? Apesar do feitiço não ter poder suficiente para justificar o esforço, conseguir usar magia daquela forma já era o bastante para deixá-lo feliz.

    “Porque na minha vida passada eu nunca pude aprender magia.”

    Na verdade, Sienna havia sugerido várias vezes que ele aprendesse magia com ela.

    — Se você realmente quiser, posso te ensinar um pouco de magia.

    — Não preciso.

    — Mas o Vermouth é ótimo com magia. Você não quer usar magia como ele?

    — Não consigo superar o Vermouth nem nas coisas que já sei fazer, então a diferença entre a gente só vai aumentar se eu bancar o sabichão e tentar aprender magia também. E outra: você tem confiança de me ensinar um tipo de magia que me permita espancar o Vermouth?

    — …Ummm….

    — E convenhamos, Sienna, você nem é melhor que o Vermouth em magia, né?

    — Quer morrer? Não me compara com aquele traste! Faz sentido comparar o Vermouth, que luta tão bem quanto usa magia, comigo, que só sei usar magia?

    — Eu não uso magia, e luto bem, mas ainda assim não sou melhor lutador que o Vermouth.

    — Isso é porque você é um idiota…! Eu sou… eu sou melhor que ele com magia. Só que… bem… temos especialidades diferentes. É só isso.

    Teria sido útil se ele tivesse aceitado aquelas aulas na época.

    “Mas porra… não é como se eu soubesse que ia reencarnar.”

    Se soubesse, teria feito de tudo para aprender magia com Sienna. Eugene sorriu e tentou mover o míssil mágico. Embora um pouco desajeitado, era uma sensação diferente de quando ele usava a mana pura gerada pela Fórmula da Chama Branca.

    “Também é diferente da luz da espada…”

    Enquanto pensava nisso, Eugene começou a restaurar sua mana com o método de respiração.

    Hera, que observava tudo com os olhos arregalados, disse:

    — Você… você é realmente incrível.

    Mesmo tendo visto com os próprios olhos, ela ainda não conseguia acreditar. Alternava o olhar entre Eugene, coberto de suor, e o Míssil Mágico flutuando à sua frente.

    “Durante um mês, ele só leu os textos introdutórios sobre magia… e essa foi a primeira vez que lançou um feitiço. Mesmo que já tivesse aprendido controle de mana antes, a mana usada em artes marciais é diferente da mana usada em feitiços…”, Hera ainda estava em choque.

    E o mais surpreendente: Eugene não pronunciou encantamento algum. O encantamento era o gatilho para ativar um feitiço. Embora magos de alto nível pudessem lançar magia sem encantamentos, para quem ainda não estava nesse nível, verbalizá-los era indispensável.

    “Ele conseguiu lançar seu primeiro feitiço em silêncio. Depois, sem desfazê-lo, alterou a mana para outra forma.”

    — Sir Eugene — disse Hera, engolindo em seco — isso é mesmo sua primeira vez usando magia?

    — Por que tá perguntando isso do nada? — Eugene respondeu, surpreso.

    — Você armou tudo isso pra me impressionar, não é? Vem praticando magia escondido no quarto?

    — É minha primeira vez tentando.

    — Isso é impossível…

    — Por que eu mentiria com algo assim?

    Dizendo isso, Eugene começou a mover o míssil mágico de um lado para o outro. Talvez não fosse tão forte quanto a luz da espada, mas ele gostava de poder movê-lo sem nenhum movimento físico.

    — Pode invocar um monstro pra mim? — pediu Eugene.

    — Hã? — Hera murmurou, sem entender.

    — Quero testar o poder do feitiço.

    Hera hesitou, mas aceitou:

    — Ah… hum… certo. Que tipo de monstro você quer?

    — Um bem resistente, por favor.

    — Então pode ser um golem? Tenho um recém-criado. Posso invocá-lo sem precisar pegar um catalisador.

    — Sim, por favor.

    Enquanto entoava a invocação, Hera ergueu seu cajado. Um círculo mágico surgiu a certa distância, e a mana começou a fluir para dentro dele. Não demorou muito até que um grande golem fosse invocado do círculo.

    Hera o apresentou:

    — O golem é feito de carbrium. Mesmo sem técnicas defensivas, qualquer ataque que ele receba tem sua força dispersada no impacto.

    — Perfeito — Eugene disse, sorrindo.

    Depois de posicionar o golem à frente de Eugene, Hera recuou.

    — Pode atacar — avisou ela.

    — Certo — e assim que respondeu, Eugene lançou o míssil mágico.

    Bang bang bang!

    O golem caiu para trás.

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