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    — …É aqui que a gente pega nossos sonhos? — Eugene perguntou.

    — Está com pressa? — Agora que ele havia demonstrado fraqueza ao trazer o assunto à tona primeiro, a súcubo afrouxou suas investidas e olhou para Eugene com olhos divertidos. — Que convidado fofo. É sua primeira vez na nossa loja? Que tal começarmos com uns drinks?

    O sorriso da súcubo se alargou enquanto ela roçava o corpo casualmente contra o braço de Eugene e sussurrava:

    — Se beber alguma coisa antes, seu corpo relaxa e você consegue cair num sono mais profundo.

    — Se não tiver cama, eu não consigo dormir — Eugene insistiu.

    — Não se preocupe com isso. Desde que não exagere na bebida, eu mesma te levo até o porão na hora de dormir. Mas, mais importante, que tipo de sonho você gostaria que a gente preparasse pra você? — A súcubo abaixou a voz ao conduzir Eugene até um assento vazio, com um ar de familiaridade. — Sem vergonha, pode falar tudo. Pra você curtir o melhor sonho possível, precisamos que você seja preciso e específico com seus desejos.

    Essas palavras permitiram que Eugene avaliasse o nível das súcubos que trabalhavam naquela loja. Demônios da Noite de alto nível conseguiam fazer suas vítimas dormirem mesmo contra a vontade e criar sonhos com base nos desejos do subconsciente. Considerando que essas ali precisavam embebedar os clientes para fazê-los dormir e ainda pediam que descrevessem o conteúdo dos sonhos, só podia se tratar de Demônios da Noite de baixo nível.

    — …Ainda não me sinto à vontade pra dizer nada — Eugene respondeu após pensar um pouco.

    — Então vai precisar beber alguma coisa antes — a súcubo sorriu abertamente. — Não se preocupe, nossas bebidas são deliciosas e fortes. Depois de alguns copos, vai falar dos seus desejos sem nenhuma vergonha.

    Tendo acabado de se sentar, a súcubo se levantou de novo e saiu. Logo, voltou segurando duas taças de vinho.

    — Tudo bem se essa irmãzinha aqui beber com você? — a súcubo perguntou.

    “Quem disse que você pode se chamar de minha irmãzinha?”, Eugene pensou enquanto pegava a taça.

    Aquela seria sua primeira vez bebendo álcool com o novo corpo. Será que ele também era bom de bebida? Seu corpo talentoso raramente sofria com doenças leves e resistia bem à fadiga, então não havia motivo pra ser fraco com álcool. Com esse pensamento, Eugene levou a taça aos lábios.

    “…Foram longe o bastante pra batizar a bebida”, Eugene logo percebeu.

    Um cheiro adocicado havia sido sutilmente misturado ao aroma do álcool. Era o cheiro de uma erva alucinógena que só crescia em Helmuth. Como as súcubos não tinham nível suficiente, pareciam recorrer até a esse tipo de alucinógeno para compensar sua falta de poder.

    “Faz sentido. Não tem como uma súcubo de alto escalão vir pra uma rua dessas só pra vender sonhos.”

    Como o cheiro era fraco, a droga não parecia muito potente. Eugene deu um gole pra testar a resistência do próprio corpo. Sua garganta ardeu quando o álcool desceu. Para a primeira bebida desde sua reencarnação, o gosto era até bom. Mas, por causa do lugar em que estava tomando, o gosto que ficava depois era simplesmente horrível.

    — Parece que você segura bem a bebida — a súcubo murmurou, pensativa.

    Tendo tomado um gole, Eugene pousou a taça. Então focou em observar as reações no próprio corpo. O calor do álcool esquentou seu estômago e depois subiu à cabeça, deixando-o um pouco tonto.

    “Parece que tenho mesmo uma boa tolerância.” Decidiu arriscar e beber o resto do copo. Enquanto fazia isso, Eugene examinava o interior da loja. “As pessoas estão descendo, mas ninguém tá voltando.”

    Eugene pousou o copo vazio.

    — Vamos descer — Eugene exigiu.

    — Hm? — a súcubo soltou um som confuso.

    — As bebidas daqui não são do meu gosto.

    — Ahah… Está com vergonha de falar alguma coisa aqui em cima? Não precisa se preocupar com isso, mas… nesse caso, vamos descer pros quartos, sim? — a súcubo perguntou, escondendo a decepção.

    Ela pretendia convencê-lo a beber mais alguns copos pra lucrar mais com o álcool. Mas não dava pra ignorar os desejos do cliente. Eugene e a súcubo se levantaram e desceram juntos para o porão.

    — É meio assustador — Eugene confessou.

    — O que é? — a súcubo perguntou.

    — É a primeira vez que faço algo assim — Eugene admitiu.

    — Não tem por que se preocupar. — A súcubo explicou: — Embora a gente drene um pouco de força vital, é só o bastante pra você se sentir um pouco cansado no dia seguinte.

    — Por que vocês cobram, então, se já estão tirando nossa força vital?

    — Isso é…

    — Se estão se alimentando da nossa força vital, no mínimo o serviço devia ser de graça, né?

    — Não… hum… em troca do dinheiro, a gente te oferece sonhos agradáveis.

    — Pensando melhor, tô começando a achar que tô sendo passado pra trás, então acho que não dá pra continuar. Se for pra sonhar, posso fazer isso dormindo sozinho, então por que eu teria que entregar dinheiro e minha força vital?

    Em vez de entrar em um dos quartos, Eugene só conferiu o comprimento do corredor do porão. Depois, afastou o braço da súcubo e puxou a carteira.

    — Decidi que vou voltar e dormir na minha própria cama, então vou pagar só o que bebi e ir embora — Eugene insistiu.

    A súcubo zombou:

    — Como é que um frouxo assim tem coragem de aparecer num lugar desses?

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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