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    — Qualquer coisa é possível. Já que estou assustado e relutante, o que mais eu deveria fazer?

    Tirando uma nota de um milhão de sals da carteira, Eugene o entregou à súcubo. Mesmo confusa com o valor, ela aceitou o dinheiro.

    — Não precisa me dar troco — Eugene ofereceu, generoso.

    — Oh… hum, bem, tudo bem então — respondeu a súcubo, desconcertada.

    Esse cara era idiota? Ou só um trouxa? De qualquer forma, não era um mau negócio para a súcubo. Um milhão de sals era muito mais do que o preço de duas bebidas baratas.

    A súcubo retomou sua postura profissional:

    — Nesse caso… até logo. Da próxima vez… por favor, venha preparado. Vou cuidar de você mais uma vez. Meu nome é…

    — Não precisa disso. Onde fica a saída? — Eugene exigiu.

    — …Permita-me mostrar o caminho.

    Eles seguiram até um cômodo no fim do corredor. O interior parecia ter sido um depósito, mas havia uma escada que levava para cima. Eugene deixou a súcubo para trás e subiu os degraus.

    Foi recebido pela voz de um homem:

    — Teve um bom sonho?

    O andar de cima era um restaurante. Parecia ser um espaço pensado para que os clientes, depois de beberem e terem sua força vital drenada nos sonhos, pudessem fazer uma refeição antes de ir embora. Eugene abriu a carteira que ainda segurava e entregou um valor ao homem que o havia saudado.

    O homem pareceu surpreso:

    — Você já pagou sua conta…

    Eugene o interrompeu:

    — Quero um lugar calmo num canto.

    O homem hesitou:

    — Hum…

    — O que tem bom aqui? — Eugene perguntou de forma brusca.

    Embora tivesse se incomodado com a grosseria repentina do jovem, o homem aceitou educadamente o dinheiro com um sorriso.

    — A especialidade da casa é o ensopado de magma. É bem picante e vem carregado de carne — recomendou o homem.

    A única resposta de Eugene foi:

    — Quero porções extras de carne.

    — Sim, senhor.

    Esse restaurante, cujo nome ele não sabia, era tão barulhento quanto o primeiro andar da Rafflesia. Além dos clientes que tinham despertado dos sonhos, o local também recebia clientes comuns. Apesar de ser um mercado negro, isso não significava que todas as lojas vendiam produtos ou serviços ilegais. Até mesmo ali, havia restaurantes.

    Eugene se sentou num canto discreto e puxou o capuz. Não era o único cliente tentando esconder a identidade. Graças a isso, pôde comer em silêncio, sem chamar atenção.

    Quanto tempo mais teria que esperar? Já havia vários clientes saindo do porão, mas Eward ainda não aparecera. Conforme o tempo passava, Eugene continuava pedindo mais pratos. A comida dali era bastante saborosa.

    “Lá está o desgraçado.”

    Assim que terminou de limpar o quarto prato, Eugene avistou seu alvo.

    Eward subia as escadas. Estava de capuz, então não dava para ver o rosto, mas Eugene lembrava bem do físico dele. Além disso, uma das mãos estava visível abaixo da manga. Aquela mão sem calos só podia ser de Eward.

    Ele não sabia quanto Eward havia bebido, mas ele subia cambaleando. Só isso já era suficiente para irritar Eugene, mas o problema era que Eward não estava sozinho. Algumas pessoas o apoiavam enquanto subiam com ele do porão, e não eram súcubos. Eram claramente daemons, com aqueles chifres na cabeça: dois homens e uma mulher. A raiva subiu no peito de Eugene ao vê-los.

    “Ele não só está se envolvendo com Demônios da Noite, como também está sendo carregado por daemons?”

    Assim que Eward chegou ao segundo andar, dois homens que estavam sentados no restaurante se levantaram. Pagaram suas contas casualmente e saíram do local, trocando olhares com os daemons ao fazerem isso.

    Eles inclinaram discretamente as cabeças encapuzadas para os daemons , e Eward e seus acompanhantes os seguiram para fora. Depois de confirmar que todos haviam saído, Eugene também se levantou.

    Como já havia passado bastante tempo, o número de pessoas nas ruas havia diminuído. Eugene observou a direção que Eward e seus acompanhantes seguiram, depois se virou e foi na direção oposta. Só depois de contornar o primeiro prédio que viu, voltou a seguir o grupo.

    “Mas para onde estão indo?”, Eugene se perguntou.

    Depois de cruzarem vários quarteirões, ainda carregando Eward nos ombros, o grupo entrou num prédio sem nenhuma placa. Após confirmar que todos haviam entrado e ninguém ficara do lado de fora, Eugene se aproximou do local.

    Quando estava prestes a empurrar a porta fechada, alguém o chamou:

    — Ei, garoto. Você está no bairro errado.

    Três brutamontes saíram do beco ao lado do prédio. Com expressões feias e carrancudas, encararam Eugene.

    — Isso aqui não é loja nenhuma, então cai fora — disse um deles.

    Eugene ignorou e perguntou:

    — Então que tipo de lugar é esse?

    — Eu falei pra cair fora, porra — ele repetiu.

    Eugene adotou um tom amistoso:

    — Ei, amigo, não acha que está encerrando nossa conversa cedo demais?

    — Eu disse pra cair fora, seu merdinha.

    — Que tal a gente conversar lá dentro em vez de ficar aqui fora?

    — Seu maluco. Acha que a gente tem tempo pra brincar com um pirralho?

    Um dos homens marchou até Eugene e agarrou sua gola.

    Apesar do aperto no pescoço, Eugene comentou:

    — Até que soa mesmo como uma piada.

    — Você vai vir comigo — o brutamontes ordenou.

    O homem conseguia sentir o cheiro de álcool vindo de Eugene.

    Enquanto o arrastava para dentro do beco, cuspiu:

    — Se está bêbado, devia ir pra casa dormir. Acho que vou ter que ensinar pra um moleque como você que o mundo é perigoso.

    Depois de aplicar uma surra moderada, eles pegariam o dinheiro de Eugene como ‘despesa educativa’ e o expulsariam. Era um plano simples, e os três trocaram olhares confirmando a ideia. Eugene, por sua vez, leu tudo isso nos rostos deles enquanto os acompanhava em silêncio.

    Um dos homens começou a dar ordens:

    — Primeiro de tudo, tira a carteira…

    Desde que entraram no beco, fora da vista de qualquer um, Eugene não tinha mais motivo pra continuar representando.

    Ele puxou o braço que o segurava pela gola, fazendo o queixo do homem avançar ligeiramente, ficando ao alcance de seu punho. Antes que o brutamontes terminasse a frase, já estava inconsciente.

    — Seu maluco, que porra você pensa que tá fazendo?!

    Com um grito, os dois capangas restantes avançaram contra Eugene.

    — Calma aí, amigos — Eugene os repreendeu.

    Logo, os dois estavam no chão, sem nem conseguir levantar os punhos.

    Enquanto os chutava com desdém, Eugene continuou:

    — Muito bem, por que vocês não me contam o que acontece lá dentro?

    — N-nós não sabemos — os homens gaguejaram.

    Eugene deu de ombros e disse:

    — Tudo bem. Não faz diferença se não souberem.

    Bam!

    Dando um chute nos queixos dos dois, Eugene se virou e foi embora:

    — Em vez de escutar vocês, vai ser mais rápido e fácil olhar com meus próprios olhos.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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