Capítulo 81: Eward Lionheart (5/5)
— Sir Eugene Lionheart — Balzac cumprimentou Eugene do outro lado do corredor.
Embora tenha saído da sala primeiro, ele não partira de imediato. Em vez disso, escolheu esperar por Eugene.
— Diante das circunstâncias, não conseguimos conversar com tranquilidade, apesar de este ser nosso primeiro encontro — observou Balzac.
Eugene respondeu secamente:
— Não tenho nenhum desejo de ter uma conversa tranquila com o senhor, Mestre da Torre.
Em vez de inclinar a cabeça em saudação, Eugene virou o rosto levemente de lado, demonstrando abertamente seu desagrado. Ao ver essa reação, Balzac apenas sorriu.
— Parece que você não gosta muito de mim — apontou Balzac.
— Não é só do Mestre da Torre Negra que eu não gosto; eu desprezo todos os magos negros — admitiu Eugene.
— É mesmo? Entendo o porquê. Embora já tenham se passado trezentos anos, a percepção pública sobre magia negra ainda não é nada agradável — disse Balzac, dando de ombros. — Como mago negro, não posso deixar de achar isso lamentável. Embora possa soar duvidoso vindo de mim, eu nunca cometi nenhum crime.
— Mesmo que o próprio Mestre da Torre Negra não tenha feito nada errado, não há vários magos negros por aí cometendo atrocidades? — retrucou Eugene.
Era um fato inegável. Infelizmente, ainda havia muitos magos negros vagando livremente pelo mundo, violando a proibição de experimentos com humanos. Embora as leis de Aroth e a Torre Negra da Magia aplicassem severamente essa proibição, existiam muitos lugares no vasto mundo onde os magos negros podiam escapar dessas leis rígidas.
— Mas os magos negros não são os únicos, certo? — Balzac apontou, escancarando um sorriso. — Pessoas como magos, por exemplo, facilmente sacrificam algo como a moral apenas para satisfazer sua curiosidade ou desejo. Ou, em termos simples, há muitas vezes mais ‘magos’ desviados do que magos negros desviados.
— Bom, talvez você esteja certo quanto a isso, mas… — Eugene admitiu com hesitação.
— Eward não é um exemplo disso? Ele é apenas um ‘mago’, não um mago negro. Só tentou usar magia negra como um meio para atingir seus próprios fins. Embora não tenha dado certo… esse caso com Eward não começou por causa da magia negra, e sim por causa dos desejos dele mesmo.
— O que exatamente você quer ouvir de mim? — perguntou Eugene, impaciente.
— Só espero que aceite não transferir sua aversão à magia negra para mim — disse Balzac, rindo, enquanto se aproximava de Eugene e estendia a mão. — Ouvi muito sobre você, Sir Eugene. Sua atuação na Cerimônia de Continuação da Linhagem é famosa há anos… e também ouvi dizer que recentemente tem mostrado algumas conquistas notáveis na magia.
Eugene franziu a testa:
— Não acho que fiz nada que possa ser chamado de ‘conquista notável’.
— Você não conseguiu que o Mestre da Torre Vermelha lhe escrevesse uma carta de recomendação para Akron? — Balzac ergueu uma sobrancelha. — Só isso já indica que seus feitos foram grandes o bastante para merecer esse reconhecimento, Sir Eugene.
Eugene recusou apertar a mão estendida de Balzac. Ao baixar a mão com naturalidade, Balzac encarou Eugene e mudou de assunto:
— Embora eu não tenha tido oportunidade de dizer isso dentro da sala, parte da ‘responsabilidade’ que decidi assumir por esse incidente também envolve você, Sir Eugene.
— …O que quer dizer com isso? — Eugene perguntou, cauteloso.
— Será difícil para você conseguir admissão em Akron com apenas uma carta de recomendação do Mestre da Torre Vermelha. Porque, infelizmente para você, Sir Eugene, os outros mestres de torre e magos envolvidos na decisão o rejeitarão com base na falta de qualificações necessárias.
— E daí? Está dizendo que vai me escrever uma carta de recomendação também, Mestre Balzac?
— Tenho grande interesse em seu talento, Eugene. E, bem, esse não é o único fator… — Balzac lançou um olhar à porta fechada antes de continuar: — Outro fator é que minha relação com o Mestre Lovellian não é das melhores. Embora eu não sinta rancor, o Mestre da Torre Vermelha me detesta simplesmente por eu ser um mago negro. Além disso, sinto que posso acabar recebendo a inimizade do clã Lionheart por causa deste incidente…
— Então por causa disso, está dizendo que vai me escrever uma carta de recomendação?
— Sim. Para ser sincero, mesmo que eu escreva essa carta de apoio à proposta do Mestre Lovellian… bom, não espero que isso faça com que você passe a gostar de mim, mas ao menos não vai diminuir um pouco a sua antipatia por mim? Também será uma demonstração da minha sinceridade em manter uma boa relação com o clã Lionheart.
— Se está se oferecendo para me escrever uma, aceitarei sua ajuda — respondeu Eugene, ainda franzindo o cenho.
Embora detestasse magos negros, isso não significava que sua antipatia se estendia aos presentes que eles ofereciam.
— Mas mesmo assim, não posso prometer que serei seu amigo, Mestre Balzac — advertiu Eugene.
— Desde que não me deteste tanto quanto agora, já será o suficiente. — Com um largo sorriso, Balzac deu um passo para trás, dando espaço para Eugene passar. — Era só isso que queria dizer. Me desculpe por tê-lo prendido aqui.
— Você realmente não teve nada a ver com o caso do meu irmão mais velho? — ao passar por Balzac, Eugene decidiu fazer essa pergunta abertamente.
Ao ouvir isso, Balzac caiu na gargalhada.
— Tenho muito orgulho de ser um mago negro — disse ele, os olhos por trás dos óculos brilhando. — A existência de um mago negro incompetente é uma desonra para a magia negra. Mesmo que ele seja o filho mais velho da família Lionheart, enquanto não tiver um talento extraordinário, eu jamais consideraria oferecer-lhe a chance de se juntar a nós. Isso responde à sua pergunta?
— Sim, responde.
Eugene estalou a língua ao se lembrar da imagem de Eward tremendo enquanto chorava.
Covarde patético.
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