Capítulo 37 - Oliveira
“Mas que merda…!”
Jax tossiu sangue, cambaleando para trás. Embora estivesse extremamente debilitado, isso não foi o suficiente para abafar a raiva que transbordava de olhos sangrando, e apontados para Dharma.
Sua mente estava bagunçada e ansiosa demais para pensar o que exatamente aconteceu. Tudo o que Dharma fez foi alterar as condições de sua Maldição. Alterou a estrutura da muda de acácia e acelerou absurdamente o crescimento, além é claro, de depositar 60% do efeito de sua técnica nela. Através da fotossíntese, minúsculas partículas voavam pelo ar e alteravam no mesmo instante a estrutura de qualquer coisa que tocasse. E esse contato com alguma célula humana causava câncer em seu estado final.
O corpo de Jax Bennett estava tão infestado de câncer ao ponto feder a cadáver.
Ele tentou agir! Tentou destruir aquela árvore com um disparo elétrico, mas obviamente, Dharma não ficaria parado, portando, iniciou outro combate corpo a corpo que durou 2,7 segundos. No fim, Jax recuou prestes a tombar na areia.
Desde que a muda foi transformada e usada como arma, passaram-se somente 4 segundos.
— Acabou. — O monge desviou seu olhar melancólico e fitou a cidade ao longe. — Irei matar todos daquela cidade para garantir que atingi a meta de mortes. Acho que a agonia e dor gerada também foi o suficiente. Também acredito que, embora ela tenha falhado, confiar uma parcela do efeito de minha Maldição naquela freira para matar o bispo em Durham causou um pânico considerável. A jogada para matar somente as crianças também foi o pico. Não há sentido de causar mais sofrimento. Tudo o que preciso agora é matar a Sacerdotisa… Suspeito que ela esteja ciente onde os pedaços do Capricórnio será emendado e entoado.
— Você é um caçador, não é? — prosseguiu Dharma. — Onde está a sua amiga? O nome dela era Sally Dakis. Não esperava que um membro da família Dakis trabalhasse para a Fundação. Agradeço por não trazer ela até aqui. Uma boa alma como a dela não merece o mesmo fim como o seu. Espero que essa pobre criança encontre a paz que tanto deseja.
Nuvens negras pairavam sobre eles, formando uma espiral tenebrosa. Era como se o próprio céu, tomado por uma fúria imensurável, estivesse influenciando toda a atmosfera para desencadear uma tempestade catastrófica.
— Não!! Seja!! Tão!! Convencido! Porra!
Um relâmpago estrondoso atingiu Jax e estilhaçou sua camisa de manga cumprida, e seu corpo foi despedaçado com todos os cânceres! Entretanto, ele se regenerou rapidamente! Uma aura elétrica envolvia seu corpo, vários fios de seu cabelo saltavam para fora do gorro.
A habilidade de se regenerar não vinha de seu Dom, mas de sua aura, Mugen. Porque é sim possível aprender técnicas de cura a partir da aura. Mas sua técnica de cura era extremamente lenta e ineficaz, portanto, ele usou seu Dom para acelerar o processo e torná-la útil.
Com uma explosão de pura eletricidade, o caçador avançou contra o monge, desferindo socos carregados de energia, mas nada realmente eficaz. Um estilo de luta milenar aprimorado ao extremo era implacável contra movimentos onde somente a força era substancial.
Esse fato levou mais uma vez na derrota de Jax, já com o corpo novamente afetado pelas partículas invisíveis controladas pela aura de Dharma. Ele caiu de joelhos diante de seu adversário.
“Que merda… Queimar todo o meu corpo e regenerar logo em seguida gasta muita energia. Não sei se vou conseguir fazer isso novamente. Que merda, que merda!!”
“Que merda…”
“Eu… vou realmente…”
— Perder… — o monge completou suas palavras internas —… Perder não é desonroso. Desonroso é perder a sua identidade. O seu nome. Prometo que serei rápido.
— Vá para o inferno! — Tossiu sangue, seus pulmões quase indo à falência.
Lentamente, Dharma estendeu a mão em direção à cabeça dele.
Sob as estrelas, seria o fim de Jax Bennett. Em sua mente conturbada não havia arrependimentos, somente rancor. E a única mágoa que havia em seu coração era a de morrer tão jovem…
Uma luz resplandecente subiu até os céus como uma aurora dourada! O impacto agudo de metal frio colidindo contra carne e ossos soou por um instante! Dharma foi atingido sem piedade pelo cajado da Sacerdotisa!
Ao recuperar o equilíbrio, ele esfregou o pulso na ferida em sua bochecha ensanguentada, e disse: — Você. Você é insuportável. Como um prego enferrujado cutucando uma ferida aberta.
A Sacerdotisa girou seu cajado enquanto alargava ainda mais o seu sorriso. Parou, pôs-se em frente a Jax, usando seu próprio corpo como escuro, e exclamou: — Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da Peste Perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia.
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
— Eu não posso acreditar nisso! HAHA! — Jax se levantou e usou a eletricidade de sua própria aura para queimar o seu corpo e os cânceres, em seguida se regenerando em questão de segundos. — Que tesão!!!
Agora, lado a lado, Jax Bennett e a Sacerdotisa.
— Talvez você não tenha notado, mas seu corpo está 30% protegido contra as partículas cancerígenas por conta de meu feitiço. Obviamente, por eu não ter nenhum meio para me curar, deixei claro para o feitiço que a prioridade sou eu. Então você irá somente avançar quando houver uma brecha, enquanto eu irei investir num ataque direto — disse ela com entusiasmo.
Jax estava ciente da gravidade da situação, portanto, optou por seguir o plano dela. Ele manteve-se afastado, esperando a hora certa!
Nesse ponto, Dharma e a Sacerdotisa já trocavam golpes. Era possível ouvir ao longe o som de punhos calejados e densos se chocando contra o metal do cajado.
— Plures-cubus! — exclamou ela e, no mesmo instante, seu corpo se transformou em um minúsculo cubo antes de se estilhaçar em mil pedaços.
— Quê?! — engasgou Dharma. A sua surpresa genuína possibilitou um segundo de distração, e nessa distração, Jax o acertou em cheio na costela. — Arrgh!
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Sally Dakis virou-se de costas, ainda zonza pelo soco. Sua visão turva pelo impacto de sua cabeça contra o meio-fio.
“Eu… preciso…”
Com a pouca força que a restava, ela retirou um pequeno aparelho de sua pochete, semelhante a um celular. Havia vários botões dispersos, e não havia nenhuma tela, somente um cristal embutido na parte superior.
Sally sabia que precisava realizar uma sequência de números e letras, entretanto, pelo estado que se encontrava, isso era inviável. E esperou… esperou e esperou cerca de 5 minutos. Finalmente seus olhos tênues puderam enxergar com um pouco de clareza os botões em formato de estrelas e círculos. E clicou nos seguintes números e letras: E3, 4B, E3, JA e DE.
Jade Valderbilt já se encontrava próximo à cidade de Ironstowill. Era possível ver a mesma próximo ao horizonte. Um passo apressado atrás do outro, subitamente interrompido quando sua sombra vibrou, literalmente.
— Hm? — Sua própria sombra retirou o objeto semelhante a um celular do próprio bolso e entregou para a Jade de carne e osso, como se dissesse “tome isso aqui”.
Assim que pegou o objeto, o cristal brilhou intensamente, o brilho esverdeado aos poucos formou o rosto exausto de Sally, como um holograma.
— Sally…? Você tem um Mechlocalizador?
— Mechlocalizador?… Que nome horrível. Droga… Esse não é o ponto! Eu ouvi sons de trovões aqui perto. O desgraçado do Jax está lutando com alguém, provavelmente o mago. Ele veio matar a Sacerdotisa e não entoar o feitiço Capricórnio! Apenas venha para cá, Jade, por favor! Por favor!
Em silêncio, Jade Valderbilt desligou a transmissão. Ela inalou profundamente o ar frio da noite. Enfim, o expulsou de seus pulmões lentamente.
“Pode deixar comigo.”
— Vamos lá!
Com movimentos rápidos com as mãos como se estivesse tentando capturar o ar, Jade torceu e arrancou sua sombra de si mesma, e a transformou numa esfera pegajosa.
Um chute! Um chute poderoso o suficiente para ser comparado com a potência de um foguete! Pois ela chutou a esfera tão forte, que a mesma se transformou numa bola de fogo semelhante a uma estrela-cadente. O céu foi enfeitado por essa chama consciente, rasgando as nuvens como um cometa despedaçando outros pequenos astros.
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