Capítulo 38 - Contritus!
— Evanescet! — A Sacerdotisa se teletransportou, escapando da chuva de cristais de areia afiados como lâminas.
Nesse ponto da luta, Jax e ela estavam combinando ataques para terem maior chance de vitória.
Pilares e raízes gigantes feitas de rochas e cristais se moviam feito serpentes. E inevitavelmente, uma hora ou outra, tanto Jax quanto a Sacerdotisa seriam atingidos. Por um milagre, ele não perdeu o seu braço, e pela sua agilidade, ela não perdeu sua cabeça.
— Esse cara é insano… — resmungou Jax, sua voz fadigada.
— Foco! Deus nos dará a vitória, pois os céus levantaram a Arca da Aliança em prol de nossa glória, glória essa que não mereço! Somente o Senhor Jesus é, como também é a glória! — As mãos da Sacerdotisa apertaram ao máximo o cajado, espremendo como se quisesse esmagá-lo. — Seguidor meu, este homem que estamos enfrentando está exausto por não descansar seu corpo e aura há meses! Não há outro momento melhor além deste! É aqui e agora!
Embora Jax tenha absorvido todas as palavras dela, somente uma coisa chamou sua atenção e o provocou raiva.
— Não sou o seu seguidor não, mulher! Até o Satanás fica longe! — disse enquanto limpava a poeira de seu abdômen definido.
Dharma, no ápice de sua paciência, franziu as sobrancelhas para ambos. Seus olhos afiados e determinados desejavam somente uma coisa: trazer a morte para aqueles que atrapalhasse seus objetivos. Com a força de seus punhos cerrados, com a resiliência de seu corpo tenso, com a impaciência de lábios apertados e com a amarga possibilidade de falhar em salvar a sua amada, houve uma explosão de adrenalina em sua aura que, por estar conectada ao corpo, consequentemente estimulou a eficiência de seus cinco sentidos.
“Elã: Santa… Bubônica.”
Não pelo toque ou pelas partículas cancerígenas controladas pela sua aura, mas pela força, somente pela força da A Vontade, por ter vontade que acontecesse, aconteceu; o braço direito de Jax Bennett estourou de dentro para fora. Seus ossos e músculos voaram, o sangue manchou suas costelas e abdômen. Seu fígado e rim incharam, e ficaram roxos por conta dos tumores.
Dharma não permitiu a Sacerdotisa agir! No instante em que Jax arregalava os olhos em choque absoluto, ele a atingiu com um soco fortificado com aura. O impacto quebrou o nariz e rachou o maxilar dela.
Enquanto girava no ar, ela usou seu cajado para desviar das raízes grotescas da árvore que já foi uma muda de acácia, tais raízes rasgavam o mar de areia em proporções absurdas. Devido ao fato do efeito da Maldição de Dharma estar 70% nesta árvore, um toque seria o suficiente para despedaçar qualquer ser vivo, mesmo que estivesse sob um feitiço de proteção.
A Sacerdotisa estava ciente disto, portanto, quando enfim pôs os pés no chão, invocou seu grimório com as seguintes palavras: Invocare, frustum, anima. O grimório surgiu com um brilho carmim. Já aberto, a capa consistia num conjunto de couro marrom, adesivos de estrelas e um pingente de sol pendurado na fechadura. E a chave no formato da estrela de Davi se encontrava na fechadura.
Dharma sabia que ela iria conjurar um feitiço poderoso. Ele era mais rápido que o dobrar de boca dela, mas não esperava que Jax ainda estivesse de pé!
Com soco pesado banhado por aura elétrica, arrancou um grunhido de dor do monge, acertando-o na costela.
— Toma essa!!
— Não me subestime! — Quase de imediato, Dharma devolveu em dobro. Ele quebrou o ombro de Jax com uma cotovelada.
O vento soprou para a direção contrária! O rosto de Dharma atingido pelo cajado prateado da Sacerdotisa! E o feitiço havia sido conjurado, mais especificamente um encantamento. Seguido do primeiro impacto, como golpes fantasmas, veio outro, depois outro, depois outro e outro! Dharma sendo jogado e arremessado, seu corpo quicando pelo ar com cada golpe invisível gerado pelo encantamento posto no cajado.
No fim, nada adiantou. Ele caiu de pé. O canto de seus lábios, o meio da testa e ambas narinas sangravam.
— Ó, ímpio! Recomponha-se! — exclamou a Sacerdotisa para Jax.
— Eu estou prestes a morrer, porra… Não sou feito de ferro! — Caído de joelhos, ofegou. O suor misturado com o sangue escorria pela sua testa. O sangramento de seu braço foi estancado graças à eletricidade que derreteu as veias e os vasos sanguíneos, consequentemente as tampado. Embora a dor fosse absurda, com certeza era melhor do que morrer. Enquanto aos tumores em seu fígado e rim, ele cuidaria disso depois.
— Eu tenho um plano. Conjure algum feitiço para maximizar o efeito de minha técnica. Vou acabar com esse desgraçado agora — disse Jax novamente. Fechou o punho e sussurrou: — Eu altero as condições.
Em resposta, a Sacerdotisa alargou seu sorriso fechado e intensificou o seu olhar arregalado. Em seguida, abriu os braços, exclamando em alto e bom som: — Potentia! Lux! Luceat! Subversio!…
Vendo ela proclamar tais palavras, Dharma rosnou. Ele não permitiria nenhuma chance de vitória!
— Não irei permitir!
Era inevitável. Ele não só esmagaria os ossos da Sacerdotisa e de Jax com os punhos, mas os despedaçaria com A Vontade fusionada à Maldição. Moveu-se! Entretanto, atingido pela onda de choque de algo que caiu do céu! A poeira subiu como uma grande explosão! Mas ele não ficou esperando para ver o que causou tal impacto, rapidamente recuou para fora da cortina negra de minúsculas partículas de areia.
— Hm!? O que é isso?
Desta cortina de areia, saiu a sombra de Jade Valderbilt. Não era mais sua sombra perfeita de sua imagem, mas um espectro exalando uma aura maligna. Seus cabelos eram como fogo negro expelindo chamas púrpura. Sua estatura era alta e magra, quase medonha. E a única peça de roupa era apenas um enorme véu ondulando com o vento, cobrindo o quadril até os joelhos. Os punhos — os punhos vibrando de antecipação!
Contudo, o que mais provocou temor em Dharma foram os ponteiros de relógio sobrevoando a cabeça dela como uma coroa. E essa tal coroa possuía a mesma textura do cabelo flamejante.
Sem olhos, boca, orelha ou nariz, somente uma imensidão de negror-púrpura.
O primeiro toque aconteceu! Ao mesmo tempo que atacaram defenderem! O ponteiro de horas girou e girou! E Dharma sentiu uma dor aguda, de repente intensificando a uma agonia dolorosa. Era como se todo ferimento dos últimos dez anos tivessem sido abertos em sua alma.
Uma dor profunda que fez o seu estômago se virar de ponta cabeça e seus dentes rangerem ao limite. Mas nada, nada era comparada a dor melancólica do fundo de seu coração!
“LENORA!”
Neste instante, Dharma estava usando toda sua experiência, força, vigor e todos os anos e anos de treinamento. Mas, ao mesmo tempo que ele golpeava, a sombra de Jade o acompanhava sem atraso! Cada defesa, cada movimento e cada postura. Era como se…
Ele notou. Sua própria sombra conectada com ela.
— Flos… Crus… — soou a voz da Sacerdotisa.
— Chega! — Foi numa fração de segundos que tudo aconteceu. A acácia corrompida rachou, e os 70% do efeito da Maldição de Dharma voltou para sua alma.
A estrutura da sombra de Jade Valderbilt foi alterada; inúmeros espinhos vermelhos cresceram de dentro para fora de seu corpo, assim a imobilizando.
Mas era ignorância demais achar que ficaria assim. Pois os ponteiros do relógio giraram e o efeito da causa foi retrocedido. O efeito foi anulado. A causa sem efeito é inexistente, portanto, houve um contra-ataque. Da sombra de Dharma, emergiu a sombra de Jade, que o deu um soco tão forte ao ponto de balançar seu cérebro. Por 1,2 segundos, ele perdeu a consciência.
— Art… aqua… crepitus, solis… Lunae! Contritus!!
Impedindo o próprio tombo, Dharma ergueu sua postura ao recuperar a visão. Seus olhos atentos e incrédulos se voltaram para a Sacerdotisa de braços abertos. Ela havia finalizado a conjuração do feitiço.
— …!
Uma partícula de luz brilhou intensamente ao lado de Dharma, esta, gerada por Jax.
— Engole essa, otário! — berrou Jax com profundo rancor. — Fissão Nuclear em Miniatura!!
O resplendor brilho vermelho-alaranjado veio primeiro que o ensurdecedor estrondo que varreu os demais sons naturais da imensidão do deserto de areia, e o farfalhar de inúmeros grãos se tornando vidro foi abafado pelo mesmo. A onda de choque arremessou Jax Bennett e a Sacerdotisa para longe, muito longe! No processo, a sombra de Jade Valderbilt dissipou-se, e a árvore grotesca foi desintegrada.
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