Capítulo 58: O Desfecho Inesperado.

Yuki observava atentamente enquanto o demônio à sua frente começava a se transformar. As trevas ao redor daquela criatura pareciam ganhar vida própria, se expandindo e se distorcendo de formas indescritíveis. O ar ao redor se tornou pesado, carregado de uma energia maligna que ameaçava sufocar qualquer resquício de luz. O demônio estava em sua verdadeira forma, algo além da compreensão humana, uma entidade nascida das trevas primordiais.

Mesmo sentindo o cansaço pesar em seu corpo e sua mana esgotada pela intensa batalha, Yuki sabia que não podia permitir que aquela transformação fosse concluída. Ele não tinha muito tempo, mas precisava reunir todas as forças que ainda lhe restavam.

“Eu não posso falhar aqui”, pensou Yuki, serrando os dentes e concentrando-se profundamente.

A energia solar que emanava de seu corpo começou a brilhar com mais intensidade. Seus olhos, que refletiam o brilho das estrelas e o calor do sol, fixaram-se no demônio, e ele sentiu uma conexão profunda com o poder que Apolo havia deixado para ele. A espada em suas mãos começou a brilhar com uma intensidade quase insuportável, como se todo o poder do sol estivesse concentrado naquela lâmina.

Enquanto o demônio ainda estava no meio de sua transformação, Yuki aproveitou a abertura. Com um grito que reverberou por todo o campo de batalha, ele canalizou toda a energia que possuía para um único e devastador ataque. A lâmina de sua espada brilhou com uma luz tão intensa que parecia rivalizar com o próprio sol, e Yuki avançou, cortando o ar à sua frente com toda a força que possuía.

O golpe atravessou o espaço que separava Yuki do demônio em um instante. A luz da espada colidiu com o corpo escuro e distorcido do demônio, cortando através da escuridão como se fosse papel. O impacto foi devastador. Uma explosão de luz e escuridão se espalhou em todas as direções, criando uma onda de choque que abalou o solo e fez o ar tremer.

O demônio soltou um grito ensurdecedor de dor, interrompendo sua transformação. Sua forma começou a se fragmentar, pedaços de trevas se desintegrando no ar. A criatura estava visivelmente enfurecida, seus olhos ardendo com uma fúria incontrolável.

“Você ousa me interromper, humano insignificante?” rosnou o demônio, sua voz ecoando como trovões distantes.

Yuki ofegava, sentindo o peso do ataque em seu corpo. Ele sabia que estava no limite, mas conseguiu interromper a transformação. Ainda assim, o demônio estava longe de ser derrotado.

Antes que o demônio pudesse lançar um contra-ataque, algo inesperado aconteceu. Um portal de energia negra se abriu atrás da criatura, e dele emergiu Marco, o mago das trevas que havia derrotado Leo.

“Chega por hoje”, disse Marco, sua voz carregada de uma calma perturbadora.

O demônio virou-se furioso para Marco. “O que você está fazendo? Não interfira!”

Marco, no entanto, parecia inabalável. Ele levantou a mão e fez um gesto simples, e, para a surpresa de todos, o demônio hesitou. Algo na presença de Marco fez a criatura das trevas recuar levemente, como se estivesse sob o controle dele.

“Estamos terminando aqui, por agora”, repetiu Marco, olhando diretamente para Yuki e seus companheiros. “Você lutou bem, Yuki, mas essa batalha não foi decidida ainda.”

Yuki, ainda respirando pesadamente, ergueu a espada, mas sabia que sua energia estava quase no fim. Mesmo assim, ele se preparou para continuar lutando.

“O que você quer, Marco?” perguntou Yuki, sua voz firme, mas exausta.

Marco deu um leve sorriso, como se a resposta fosse óbvia. “Nós dois sabemos que essa luta é apenas o começo, Yuki. Nem você, nem eu estamos prontos para o confronto final. Mas, quando o momento certo chegar, enfrentaremos novamente.”

O portal atrás de Marco continuava aberto, pulsando com uma energia sombria. O demônio, ainda se recuperando do ataque de Yuki, lançou um último olhar furioso para ele. “Isso não acabou, mortal. Eu voltarei, e na próxima vez, você será consumido pelas trevas.”

Com isso, Marco fez um gesto para o demônio, e ambos começaram a se mover em direção ao portal. Os olhos de Yuki se estreitaram, sabendo que não poderia permitir que fugissem. No entanto, antes que pudesse agir, Marco levantou a mão novamente.

“Nos veremos novamente, Yuki… e também você, Leo”, disse Marco, olhando para o local onde Leo, ferido, ainda lutava para se levantar.

Yuki sentiu um frio na espinha ao perceber o interesse que Marco demonstrava em Leo. Claramente, havia algo maior acontecendo, algo que Yuki ainda não compreendia completamente. Mas não havia tempo para pensar nisso agora.

Enquanto Marco e o demônio desapareciam no portal, a atmosfera pesada que envolvia o campo de batalha começou a se dissipar. As trevas que antes dominavam o céu se retraíram lentamente, e os sons da luta ao redor começaram a diminuir. Os magos das trevas que ainda estavam em combate começaram a recuar, como se a retirada de Marco fosse o sinal para que todos abandonassem a batalha.

Yuki caiu de joelhos, exausto, mas aliviado por ver que o pior havia passado — ao menos por enquanto. Seus amigos começaram a se reunir ao seu redor, todos igualmente cansados e feridos. Elizabeth, ainda ofegante de sua própria batalha, colocou a mão no ombro de Yuki.

“Você conseguiu… você realmente conseguiu, Yuki”, disse ela, um sorriso de alívio surgindo em seu rosto.

Yuki olhou para os rostos de seus companheiros — Elizabeth, Sofhia, Leo, todos eles — e sentiu uma onda de gratidão. Eles haviam sobrevivido, e por mais que a batalha estivesse longe de terminar, ao menos por aquele momento, tinham conquistado uma vitória.

Mas, no fundo, Yuki sabia que o verdadeiro desafio ainda estava por vir. A presença de Marco, o poder do demônio, e o aviso que ele havia dado — tudo indicava que uma nova ameaça se aproximava.

“Isso não acabou”, disse Yuki, sua voz firme. “Essa foi apenas a primeira de muitas batalhas que ainda estão por vir.”

Seus amigos assentiram em silêncio, todos cientes de que o futuro ainda guardava muitos desafios. No entanto, por enquanto, eles tinham conseguido vencer. E isso era o suficiente para lhes dar esperança.

Enquanto a luz do sol começava a surgir no horizonte, banhando o campo de batalha em um brilho suave e reconfortante, Yuki se levantou, determinado a estar preparado para o que quer que viesse a seguir.

A guerra ainda estava longe do fim.