Índice de Capítulo

    O campo de batalha ao redor de Yuki era denso e caótico, mas o que mais o confundia naquele momento não era a situação de combate, e sim as vozes e rostos ao seu redor. Ele sentia uma estranha familiaridade com aquelas pessoas, mesmo que suas memórias ainda estivessem fragmentadas. A figura de um homem robusto se aproximou rapidamente, com uma expressão impaciente.

    “Yuki, onde você estava?” Disse o homem, sua voz carregando uma urgência familiar.

    Yuki piscou, atordoado, tentando encontrar um ponto de referência. Ele olhou ao redor, seu olhar vagando pelas figuras próximas a ele. Pessoas que ele nunca havia visto, mas que de alguma forma pareciam estar profundamente ligadas a ele. Quem era esse homem? E o mais importante, quem ele mesmo era nesse momento?

    Antes que Yuki pudesse responder, uma segunda voz, suave mas autoritária, cortou o ar.

    “Deixa ele respirar um pouco, Diego”, disse a voz feminina, com um toque de reprimenda.

    Yuki virou a cabeça para o som e seu coração quase parou. A mulher que falara tinha cabelos verdes que ondulavam ao vento, seus olhos vermelhos como brasas. Ela irradiava uma energia forte, segura de si, e algo nela mexia com as memórias mais profundas de Yuki. Por um momento, ele sentiu que estava vendo Sofhia, mas… não era possível, certo? Não nessa vida. Não aqui.

    Enquanto ele ainda assimilava a estranha sensação de déjà vu, Diego riu alto, sua voz cortando o momento.

    “Qual é, Ruby? Sabemos que o Yuki é durão. Não é porque você gosta dele que precisa tratá-lo como uma criança.”

    Yuki piscou, tentando manter a calma. Ruby… o nome ecoou em sua mente, mas junto com ele veio a confusão. Ruby não era Sofhia, mas o brilho em seus olhos, o jeito como ela se movia, a postura de guerreira… tudo lembrava Sofhia. E então, como um relâmpago, Yuki sentiu uma conexão antiga. Ele compreendeu, de alguma maneira inexplicável, que Ruby era a reencarnação de Sofhia, “ou talvez Sofhia fosse a reencarnação de Ruby”. Suas almas estavam destinadas a se encontrar em todas as vidas.

    Perdido nesses pensamentos, Yuki quase não percebeu quando uma sombra passou rapidamente pelo céu, seguida de um som ensurdecedor. Algo terrível se aproximava. Os monstros das trevas estavam atacando. Ruby foi a primeira a reagir.

    “Todos, preparem-se!” Gritou ela, seu tom transformando-se de afetuoso para implacável.

    Com um movimento ágil, Ruby estendeu os braços e invocou sua magia com uma força impressionante.

    “Muralha de Vento!” Ela gritou, e uma barreira poderosa e translúcida se ergueu ao redor do grupo.

    Yuki observou a manifestação da magia e sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Aquela energia, aquela forma… Ele conhecia essa magia. Era Rayka, a Rainha dos Espíritos do Vento. Ela estava ali, ao lado de Ruby, exatamente como estava com Sofhia na vida atual. Yuki se sentiu dominado por uma mistura de nostalgia e determinação. Era como se sua alma se lembrasse que eles já haviam lutado juntos antes, em outras vidas, em outras batalhas.

    “Então estávamos juntos nesta vida também, Sofhia…” Murmurou Yuki, quase sem perceber que dissera em voz alta.

    Ruby, que estava concentrada no combate iminente, virou-se para ele, seus olhos vermelhos cintilando com curiosidade.

    “Quem é Sofhia?” Ela perguntou, seu tom curioso mas firme, enquanto a muralha de vento os protegia dos monstros das trevas que se lançavam contra eles.

    Yuki percebeu o que havia dito e, tentando disfarçar, forçou um sorriso e coçou a cabeça.

    “Não é nada”, disse ele com um riso nervoso. “Eu caí e bati a cabeça. Ainda estou meio tonto.”

    Ruby ergueu uma sobrancelha, claramente desconfiada, mas antes que pudesse pressioná-lo, outro ataque das trevas sacudiu o campo. O grupo teve que se dividir rapidamente para enfrentar as criaturas que emergiam das sombras. Enquanto Ruby avançava com sua magia, guiada por Rayka, Yuki sentiu o familiar peso de sua espada em sua mão. Ele podia não estar totalmente familiarizado com essa vida, mas seu instinto guerreiro permanecia intacto.

    Os monstros das trevas eram numerosos, suas formas distorcidas e grotescas. Eles avançavam em ondas, cada vez mais ferozes, mas Yuki e seus companheiros eram fortes. Diego, com sua magia de terra, erguia pilares de pedra que esmagavam as criaturas. Outros magos ao redor de Yuki usavam suas habilidades únicas para conter o avanço sombrio. 

    Entretanto, Yuki ainda estava processando a intensidade de estar em meio a essa batalha. As memórias de suas vidas passadas estavam se entrelaçando com a realidade, e ele sabia que não poderia perder o foco. Ele empunhou sua espada com firmeza, sentindo a familiaridade do peso e o calor da energia fluir por seu corpo. Ele girou a lâmina, cortando através das sombras com precisão mortal. Cada golpe era uma dança, uma coreografia que sua alma havia aprendido há eras.

    “Cuidado!” Gritou Ruby, sua voz cortando o caos.

    Yuki se virou a tempo de ver uma criatura das trevas saltando em sua direção. Ele levantou sua espada rapidamente, bloqueando o ataque, mas a força do impacto o empurrou para trás. Ruby rapidamente conjurou uma rajada de vento que afastou a criatura, permitindo que Yuki recuperasse o equilíbrio.

    “Você precisa estar mais atento, Yuki!” Disse ela com uma leve repreensão, mas havia preocupação em seu tom.

    Ele sorriu para ela, sem se deixar abater.

    “Não se preocupe comigo”, respondeu ele, erguendo sua espada novamente. “Estou só me aquecendo.”

    A batalha continuou feroz, e a cada momento que passava, Yuki sentia que mais de suas memórias antigas estavam retornando. Ele lutava não apenas pelas vidas ao seu redor, mas também por aquelas que já haviam se passado. As trevas sempre estiveram presentes, mas ele também. E agora, com Ruby ao seu lado “a Sofhia de outra era”, ele sabia que poderia vencer novamente.

    O destino deles estava entrelaçado, em qualquer tempo ou vida que fosse.

    Yuki sentiu uma sensação familiar crescer dentro de si conforme a batalha continuava. A magia ao seu redor fluía naturalmente, e ele começou a perceber que, entre todas as forças à sua disposição, o gelo era o elemento com o qual ele tinha a maior afinidade. Mesmo no calor do conflito, esse poder emergia de dentro dele com uma frieza calculada, quase instintiva.

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