Capítulo 302: Mundo Vermelho
Nick respirou fundo e pegou o próximo suporte.
Fixou-o na parede como os anteriores e continuou avançando.
Dois minutos depois, a Barreira de Nick estava completamente envolvida pela névoa vermelha.
Nick mantinha o olhar fixo no metal à sua frente, mas ainda conseguia ver, no canto dos olhos, a mistura de verde e vermelho.
Sem pedir por isso, uma imagem de como ele provavelmente parecia naquele momento surgiu em sua mente.
Ele estava diante de uma parede de metal infinitamente ‘alta’ enquanto a ‘escalava’ criando uma longa escada.
O mundo ao seu redor estava coberto por uma névoa vermelha que parecia ser soprada em direção à ‘parede’.
E na direção oposta…
Um domínio infinito de vermelho, com olhos dentro dele.
Um olho, com mais de dez metros de largura, olhava fixamente para as costas de Nick.
Seu foco era inabalável, e seu olhar, intenso.
Ele continuava observando Nick.
E observando.
E observando.
E observando.
Nunca desviando o olhar.
Nunca piscando.
Enquanto Nick continuava avançando, o enorme olho o seguia.
Mesmo com um mundo de névoa entre eles, o olho era claramente visível.
Desde que Nick havia entrado no mundo vermelho, sua habilidade havia desativado e não se reativava.
Algo estava olhando para ele.
Sempre.
O Espectro que Nick havia libertado estava olhando para ele.
Normalmente, a capacidade de perceber quando alguém o observava era uma grande vantagem.
Mas naquele momento, só aumentava o terror de Nick.
Ele podia sentir os olhos perfurando a parte de trás de sua cabeça.
Sentia como se alguém estivesse diretamente atrás dele, olhando constantemente.
Inabalável.
Apenas esperando por um erro.
O brilho carmesim ao redor de Nick pulsava lentamente.
Havia momentos de mais luz e outros de menos.
Felizmente, a luz do Mar Carmesim mantinha o Pesadelo afastado.
Ainda assim, o pulsar do brilho carmesim fazia parecer que estava vivo.
A respiração de Nick já estava ofegante, e suor escorria por todo o seu corpo.
— Hahahaha!
Nick quase virou a cabeça ao ouvir a risada.
— Hahahaha!
Mas ele manteve os olhos fixos no metal à sua frente.
Splash… splash.
Quantas pessoas já haviam morrido no Mar Carmesim?
Quanto dano Nick havia causado à cidade ao libertá-lo?
Quando sua mente chegou a esse pensamento, ele imediatamente desviou.
Sentia medo.
Medo de pensar sobre o que havia feito ontem.
Não conseguia enfrentar suas ações.
Simplesmente não conseguia.
Nick não se moveu por um bom tempo enquanto a névoa vermelha continuava a envolvê-lo.
Se enfrentasse suas ações…
Se o fizesse…
Não podia!
Ele não queria morrer.
Queria continuar vivendo.
Nick sentiu o familiar buraco negro em seu peito se expandindo.
Tudo que era brilhante e positivo em sua vida orbitava o buraco até ser absorvido, desaparecendo para sempre.
Nick queria chorar.
Queria gritar que estava arrependido.
Queria dizer que iria consertar as coisas.
Mas não o fez.
Não conseguia.
As luzes brilhantes orbitando o buraco negro perderam parte de seu brilho, mas, ao mesmo tempo, o buraco parecia menos proeminente.
Ainda estava lá, mas com menos luzes destacando-o, parecia menos poderoso.
Nick cerrou os dentes e respirou fundo.
Então, pegou o próximo…
Ding!
O suporte escorregou de sua mão direita e caiu.
Nick virou reflexivamente para…
“Não!”
Imediatamente, puxou-se de volta para a parede com toda a força.
CRACK!
Mas, embora os suportes fossem estáveis, não podiam resistir à sua força total, e ele arrancou o suporte da mão esquerda do teto.
Os olhos de Nick se arregalaram enquanto via a parede à sua frente desaparecer.
O mundo carmesim ficava mais brilhante.
BANG!
A perna direita de Nick atravessou o buraco do suporte onde estava, funcionando como uma âncora.
Naquele momento, Nick estava praticamente ajoelhado no teto.
Estava encarando o gigantesco olho no mundo carmesim.
Com os olhos fechados.
Nick fechou os olhos com toda a força.
Podia ver um brilho carmesim fraco através das pálpebras, mas era só isso.
Segundos se passaram.
Então, Nick respirou fundo.
“Eu ainda estou vivo”, pensou.
Nick aproximou-se novamente do teto antes de abrir os olhos, lenta e cuidadosamente.
Nunca ficou tão feliz em ver metal preenchendo sua visão.
Depois de se acalmar por alguns segundos, Nick avaliou o dano.
Havia alguns rasgos grandes na placa de metal à sua frente.
Era ali que Nick havia arrancado o suporte.
Não podia colocar outro suporte naquele lugar.
Depois de algum planejamento, decidiu criar algo que chamou de passo-rápido.
Havia menos de um metro de distância entre os suportes do mesmo lado.
Nick decidiu evitar a parte danificada colocando o próximo suporte a 75% da distância usual e, em seguida, outro também a 75% da distância usual.
Naturalmente, os suportes do outro lado espelhavam essa distância.
Assim, a distância entre os suportes ficaria menor por alguns passos, mas rapidamente voltaria ao normal após passar pelo ponto.
Decidiu fazer isso porque preferia ter mais suportes do que menos.
Depois de algum trabalho, terminou de corrigir o erro e respirou fundo.
Então, continuou fixando os suportes no teto.
Alguns minutos depois, Nick percebeu que havia perdido cerca de 40% de seu Zephyx.
“Posso sobreviver por cerca de 50 minutos no total aqui”, calculou Nick.
Com o braço esquerdo, tocou o interior do grande saco de suportes.
— Tenho mais cinco. Posso terminar de fixá-los no teto. Depois, preciso voltar.
Nick continuou fixando os suportes na parede.
— Hahahaha!
Os olhos de Nick se arregalaram.
Queria olhar, mas se recusou a virar a cabeça.
Em vez disso, manteve os olhos fixos na parede à sua frente.
Por um tempo, não se moveu.
“Aquilo soou como Kiara.”
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