Índice de Capítulo

    Nick rapidamente colocou Horua no chão e deu alguns passos para trás.

    No momento, Nick só esperava que Horua sobrevivesse.

    A médica pegou uma pequena bolsa com diferentes equipamentos médicos e tirou um tipo de aparelho que colocou no peito de Horua.

    Meio minuto depois, ela guardou o aparelho e colocou outro em volta do braço de Horua por um tempo.

    Depois, usou uma luz para examinar os olhos vazios de Horua.

    Quanto mais o tempo passava, mais a expressão dela se fechava.

    — Qual é o nome dele? — ela perguntou.

    — Horua — Nick respondeu.

    — Horua, você consegue me ouvir? — ela perguntou, de forma amistosa, enquanto olhava para os olhos de Horua.

    Horua não respondeu.

    Um momento depois, ela apontou a luz para os olhos de Horua novamente.

    — Eu sei que você está acordado, Horua — ela disse. — Suas pupilas se contraem quando eu ilumino. Isso só acontece quando você está consciente.

    Horua não fez nada.

    Por vários minutos, a médica continuou falando com Horua enquanto tocava diferentes partes de seu corpo.

    Ainda assim, Horua não mostrou nenhuma reação.

    Pouco depois, a médica levantou lentamente o braço de Horua e soltou.

    Os olhos de Nick se arregalaram ao ver que o braço não caiu.

    O braço continuou no ar!

    — Horua?! — Nick chamou com esperança.

    Contudo, a médica apenas franziu as sobrancelhas.

    No instante seguinte, ela estalou os dedos várias vezes na frente do rosto de Horua e até fez um movimento como se fosse dar um tapa em seus olhos.

    Nenhuma reação.

    Eventualmente, ela apenas suspirou e lentamente colocou Horua em posição sentada, apoiando-o contra a parede.

    — Preciso falar com vocês dois — a médica disse ao se levantar.

    Nick sabia que ela se referia a ele e a Wyntor.

    — Claro — Nick disse.

    Nick caminhou até Wyntor, e a médica o seguiu.

    Wyntor olhou para a médica com uma expressão neutra. — Qual é o diagnóstico?

    — Primeiro, preciso saber o que aconteceu — respondeu a médica. — Sei que os Fabricantes de Zephyx são muito reservados, então só preciso de uma explicação geral.

    Wyntor assentiu. — Claro.

    — Espere — Nick disse, interrompendo Wyntor.

    Os dois olharam para Nick.

    — Eu vou contar a ela — disse Nick, respirando fundo. — Afinal, tudo isso é culpa minha.

    Wyntor olhou para Nick por um momento, mas assentiu.

    Então, Nick contou à médica sobre sua ideia de fazer de Horua um Extrator Zephyx para que ele tivesse um futuro fora dos Dregs.

    A médica ficou enojada com Nick, mas manteve a postura profissional.

    “Pelo menos ele se sente culpado”, ela pensou, com um leve desdém.

    Quando chegou à parte do Sonhador, Nick disse apenas que Horua teve um pesadelo.

    — Um pesadelo? — a médica perguntou. — Um pesadelo ou o Pesadelo?

    — Um pesadelo — Nick respondeu. — Sabe, um sonho ruim.

    A médica franziu a testa e ficou em silêncio.

    — Isso explica algumas coisas — disse ela. — Com todas essas informações, posso ser mais precisa no diagnóstico.

    Nick e até Wyntor ouviram atentamente.

    — O garoto, Horua, está acordado neste momento — explicou a médica. — Seus reflexos e funções autônomas estão funcionando normalmente. Isso significa que ele não vai simplesmente morrer de repente ou parar de respirar.

    Quando Nick ouviu isso, soltou um suspiro de alívio.

    Pelo menos Horua não morreria.

    — Mas? — Wyntor perguntou.

    — Mas — continuou a médica — sua mente está isolada. Sua consciência não interage mais com o mundo exterior. Isso significa que sua mente não recebe novas informações e também não pode compartilhar informações com os outros.

    — Pode-se dizer que ele está consciente, mas ‘dormindo’, de certa forma. Embora essa seja uma grande simplificação do que realmente está acontecendo.

    Nick olhou preocupado para a médica enquanto Wyntor franzia a testa.

    — O que isso significa? — ele perguntou.

    — Significa que ele continuará nesse estado por um tempo indeterminado — disse a médica.

    — Ele não se moverá por conta própria. Isso significa que ele não pode comer, beber ou ir ao banheiro sozinho. A única coisa que ele pode fazer é dormir.

    Nick respirou fundo. — Podemos fazer algo para salvá-lo? — ele perguntou.

    — É difícil — disse a médica. — Como não conseguimos interagir com a consciência dele, não podemos resolver o problema. Esse é um problema mental, e se quisermos salvá-lo, precisamos de alguma forma ‘acordar’ a mente dele.

    A médica suspirou. — Infelizmente, isso é muito complicado. Afinal, informações só entram na mente quando o dono da mente as absorve ativamente.

    — Não podemos simplesmente forçar a mente dele a ouvir.

    Nick sentiu o peito apertar. — Há algo que eu possa fazer para salvá-lo? Talvez um dos banhos de recuperação?

    — Não — respondeu a médica. — Coisas como banhos de recuperação agem em ferimentos, e tecnicamente Horua não está ferido. De certa forma, não há nada errado com o corpo dele.

    — Tudo o que você pode fazer é mantê-lo vivo, falar com ele e esperar que ele acorde sozinho.

    — Ele pode acordar amanhã.

    — Ele pode acordar em uma semana.

    — Pode acordar em um ano.

    — Talvez em dez anos.

    — Talvez nunca.

    Nick olhou para o chão com uma expressão horrorizada.

    Era difícil aceitar essa realidade.

    Horua havia acabado assim, e isso era culpa de Nick.

    — E se ele tiver contato com o Espectro novamente? — Wyntor perguntou.

    A expressão da médica tornou-se rígida e fria. — Se for um Espectro que se alimenta de mentalidade, ele talvez consiga alterar algo na mente de Horua, mas Espectros que ajudam as pessoas não são muito comuns.

    — Mas isso poderia ajudar? — Wyntor perguntou.

    A médica não respondeu por alguns segundos. — Sim, mas as chances são maiores de que o estado mental dele piore ou que ele morra — disse a médica friamente.

    Wyntor assentiu. — Obrigado. Você pode nos enviar a conta depois.

    A médica tentou não revirar os olhos.

    — Doutora, como posso manter Horua vivo? — Nick perguntou.

    A médica olhou para Nick com uma expressão neutra.

    — Três refeições por dia, que sejam fáceis de digerir e engolir. Dois litros de água por dia. Troca regular de roupas. Os dejetos precisam ser limpos regularmente. A cada dois dias, você precisa lavá-lo. Três vezes ao dia, é necessário massagear suas pernas e braços, ou ele morrerá de trombose.

    — Trombose? — Nick perguntou, confuso.

    Até Wyntor não sabia o que isso era.

    — Se você não mover as extremidades por muito tempo, os vasos sanguíneos ficam comprimidos, e um coágulo pode se formar em um deles. Quando a extremidade é movimentada, o coágulo viaja pelos vasos e pode se alojar no coração, pulmões ou em qualquer outro lugar.

    — Essa parte essencialmente deixará de receber oxigênio e morrerá, matando a pessoa junto.

    — Se você quiser mantê-lo vivo, precisa fazer tudo isso.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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