Capítulo 516: A Verdade do Mundo
Nick pediu alguns nomes para Aria e os cruzou com o livro negro.
Como esperado, nenhum deles estava lá.
Eram honestos e seguiam a lei.
— Você não parece preocupado — comentou Aria. — Qual é o seu plano?
— Você não sabe? — perguntou Nick.
Aria franziu a testa. — Eu não perguntaria se soubesse.
Nick se levantou calmamente da cadeira e caminhou até a porta.
— O fato de você não enxergar mostra que não vê a realidade — disse ele.
— Como é que é? — Aria perguntou, irritada.
— Mas não te culpo — disse Nick. — Você está nesta cidade há tempo demais, e as únicas coisas contra as quais teve que lutar foram empresas no mercado e Espectros.
Aria ficou muito irritada com o tom arrogante de Nick.
Nick mal tinha 34 anos!
E, ainda assim, falava com ela, uma Herói Básica com quase 200 anos, como se fosse uma criança.
— Eu vou te mostrar — disse Nick. — Você não precisa se preocupar. Não vou precisar da sua proteção. Mas se quiser ver a verdade do mundo, aconselho que venha junto.
Aria não suportava o tom arrogante de Nick, mas ainda assim queria ver que tipo de ‘verdade do mundo’ ele queria lhe mostrar.
Nem mesmo Aria sabia o que poderiam fazer contra pessoas que estavam seguindo a lei.
Ela não conseguia pensar em nada além de entrar em negociações com elas.
Ela queria ver Nick falhar.
Os dois saíram da sede da cidade e seguiram para a camada superior.
A guardiã do portão já não estava mais presente, substituída por dois Veteranos.
Seus poderes eram mais úteis em outro lugar.
Nick e Aria entraram sem trocar de uniforme.
Assim que chegaram, toda a camada superior rapidamente tomou conhecimento.
Muitos evitaram olhar para Nick e recuaram para dentro de suas casas.
Sempre que Nick aparecia na camada superior, algo horrível acontecia, e eles não queriam estar por perto quando isso acontecesse.
No entanto, muitas pessoas também se aproximaram.
Principalmente aqueles envolvidos no protesto pacífico.
Eles não tinham nada a esconder, por isso não tinham medo.
Em poucos minutos, quase 30 pessoas se reuniram diante de Nick e Aria.
— Certo — disse Nick, com calma. — Notamos o seu pequeno protesto. Quem são seus líderes?
Aria não demonstrou, mas queria zombar de Nick naquele momento.
Como esperado, ele estava entrando em negociações com eles.
Ou estava planejando ameaçá-los?
Isso não funcionaria.
Essas pessoas conheciam a lei melhor do que o próprio Nick. Sabiam como protestar sem infringir nenhuma delas.
Vários dos presentes tinham sorrisos no rosto.
Alguns pareciam educados.
Alguns pareciam zombeteiros.
Alguns pareciam arrogantes.
Poucos segundos depois, três pessoas deram um passo à frente.
Esses três controlavam alguns dos maiores negócios dentro da Cidade Carmesim, e eram alguns dos poucos que seguiam a lei enquanto ganhavam uma quantidade assustadora de dinheiro.
— É um prazer recebê-lo, Intermediador — disse um deles, com uma reverência educada.
— São vocês três? — Nick perguntou, com calma.
— É um esforço em grupo — disse outro deles. — Fomos simplesmente escolhidos como representantes. Não lideramos o grupo. Cada membro é um indivíduo autônomo com um objetivo em comum.
Nick os observou impassível.
— Vocês acham que são espertos, não é? — perguntou.
As pessoas presentes ficaram bastante surpresas.
Isso não parecia algo saindo da boca de um membro importante do governo, mas sim de um marginal de rua.
— Senhor, somos cidadãos que obedecem à lei — disse um dos três, irritado. — Lhe demos o devido respeito, e achamos justo que o senhor retribua na mesma moeda.
— Retribuir na mesma moeda? — Nick repetiu, erguendo uma sobrancelha. — Eu estava planejando fazer exatamente isso.
No momento seguinte, Nick se abaixou e pegou três pedras.
Algumas das pessoas ficaram nervosas, mas ainda mantiveram a postura.
Eles seguiam a lei!
Isso era apenas intimidação!
Não fizeram nada de errado!
— Senhor, o que…
— Cala a boca — disse Nick, calmamente, mas sua voz reverberou por toda a camada superior.
Silêncio.
Então, Nick olhou para todas as pessoas ali reunidas.
— Vocês esqueceram como é o mundo — disse ele.
Ninguém ousou responder.
Por alguma razão, a aura de Nick era extremamente intimidadora naquele momento.
— Este não é um mundo de humanos.
— Este é um mundo de Espectros.
— A única razão pela qual vocês podem viver nesse belo jardim que é a camada superior é porque a Égide e os Extratores mantêm os Espectros longe de todos vocês.
— A Égide e os Extratores estão protegendo vocês para que possam viver sem ter que temer constantemente os Espectros.
— A Égide é a razão pela qual vocês têm negócios bem-sucedidos.
— A Égide é a razão pela qual vocês têm autonomia.
— A Égide é a razão pela qual estão vivos.
— Ir contra a Égide significa ir contra a humanidade como um todo.
— Vocês não são humanos.
— Vocês são um câncer.
— Apenas existir já prejudica a Égide.
— Hoje, eu vou mostrar a realidade para vocês.
— Todo o seu dinheiro.
— Seu poder político.
— Seu poder econômico.
— Suas habilidades de manipulação.
— Suas habilidades de negociação.
— Tudo isso só vale alguma coisa enquanto a Égide os protege e permite que joguem esse seu pequeno jogo político.
— A Égide deu a vocês suas vidas.
Nick pegou uma das pedras casualmente e puxou o braço para trás.
BANG!
A cabeça de um dos líderes explodiu em uma chuva de sangue.
Sangue, pedaços de osso e massa encefálica espirraram nas pessoas ao redor.
— E pode tirá-la de vocês com a mesma facilidade — disse Nick calmamente.
As pessoas olharam em absoluto choque enquanto o corpo sem cabeça caía no chão.
Aria prendeu a respiração, chocada.
— Poder! — Nick gritou.
— Nosso poder é a razão pela qual vocês vivem em paz!
— Sem nosso poder, vocês são tão indefesos quanto um mendigo dos Dregs!
BANG!
Nick lançou a segunda pedra, atravessando a cabeça de outro representante.
Naquele momento, o pânico se instaurou.
— Não ousem se mover! — Nick gritou em um tom ameaçador.
Todos congelaram.
Esse era um Perito!
Alguém mais de mil vezes mais forte que um humano normal, e esse poder poderia intimidar qualquer pessoa comum a obedecer.
— Eu tenho uma última pedra — disse Nick em um tom ameaçador. — Não me façam pegar uma quarta e uma quinta.
Todos olharam para Nick com absoluto terror.
A última representante sabia o que estava por vir.
Ela se virou, pronta para correr.
BANG!
A última pedra foi lançada, e sua cabeça explodiu.
Silêncio.
Todas as pessoas estavam aterrorizadas.
Ninguém ousava se mover.
— Vou repetir — disse Nick. — A Égide é a razão pela qual vocês estão vivos, e a única razão pela qual esta cidade existe é para ajudar a Égide em sua luta contra os Espectros.
— Ficar no caminho da Égide equivale a ficar ao lado dos Espectros.
— Se vocês estão frustrados com minha forma de governar a cidade e acreditam que estou errado, são livres para sair. Ninguém está os mantendo aqui.
— A partir de hoje, qualquer um da camada intermediária ou superior pode deixar a cidade e ir para outro lugar.
— Eu não estou obrigando vocês a viverem nesta cidade.
— Mas enquanto viverem aqui, apoiarão a Égide.
— Eu não me importo com as leis.
— Eu não me importo com a moral.
— Eu não me importo com a ética.
— Estou aqui para transformar esta cidade em um lugar mais benéfico para a Égide.
— Eu sou um representante da Égide.
— A Égide pode ser o escudo de vocês, mas apenas contra os Espectros.
— Quando há um conflito entre humanos, a Égide será meu escudo.
— Não o de vocês.
— A Égide é o poder combinado de toda a humanidade.
— Diante disso, vocês são impotentes.
— Vocês podem reclamar, podem ficar frustrados, podem até se matar em protesto.
— Nada disso importa.
— Diante da Égide, vocês não têm poder!
— Se querem sobreviver na sociedade humana, Vocês VÃO contribuir para a Égide e ajudá-la de todas as formas possíveis!
— Qualquer um que se recusar a cooperar será executado.
Silêncio.
— Voltem ao trabalho. Tenho os registros fiscais e de receita de todos os seus negócios das últimas décadas, e se eu perceber qualquer irregularidade, a cidade virá atrás de vocês.
— Espero registros fiscais semelhantes aos que recebi há dois meses.
— É tudo.
Então, Nick se virou e caminhou calmamente em direção à saída da camada superior.
Aria ainda estava nervosa.
Nick havia matado pessoas inocentes em público!
Não se podia simplesmente fazer isso!
Era contra as regras!
E foi então que Aria percebeu algo.
As regras.
As regras só se aplicavam aos jogadores.
Claro, as regras deveriam se aplicar também ao mestre do jogo e ao árbitro.
No entanto, quem era poderoso o suficiente para impor as regras aos responsáveis por impô-las?
Quem poderia controlar aquele que estava no controle?
Ainda parecia errado para Aria matar aqueles civis honestos.
Mas o que isso importava?
Embora tivessem permissão para deixar a cidade, nenhuma pessoa ousaria fazê-lo.
E enquanto estivessem na cidade, não poderiam fazer nada contra Nick.
Eles poderiam tentar truques contra o governo, mas isso não eliminaria Nick.
E enquanto Nick existisse, todos estariam presos a seguir suas ordens.
A menos que alguém mais poderoso que Nick decidisse intervir.
Agora, Aria entendia o que Nick quis dizer com a verdade do mundo.
Poder.
Diante do poder, nada importava.
Se alguém tinha poder, podia fazer o que quisesse.
E o poder que Nick tinha não era seu.
Era a Égide.
A Égide era seu poder.
E a Égide era o maior poder do mundo humano.
Portanto, todos estavam impotentes diante dela.
A única coisa que podiam fazer era tentar assassiná-lo com um Extrator poderoso.
E se isso não funcionasse…
Eles teriam que obedecer.
Quisessem ou não.
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