Capítulo 547: Desapareça
De volta ao beco abandonado, Nick encarou o rato em sua mão.
— Eu não estava prestando atenção nesse subordinado antes — disse o rato em um tom justificativo. — Se eu soubesse que você capturou um dos meus servos, teria tentado falar com você imediatamente.
Nick apenas continuou encarando o rato.
O rato olhou nervosamente para Nick.
— Somos parceiros, certo? Lembra de como eu te salvei de se matar? Lembra de quando te disse o que fazer em relação à influência de Julian? Lembra de quando te contei como se infiltrar nos Spartans? Vamos lá, estamos do mesmo lado aqui — disse ele.
Nick apenas continuou encarando-o.
O rato parecia bem nervoso.
O Parasita ainda tinha dificuldades em aceitar a nova Cidade Carmesim.
A última vez que o Parasita esteve na Cidade Carmesim foi antes do Mar Carmesim surgir.
Isso tinha sido há cerca de 14 anos.
Naquela época, Nick era um João no Pináculo.
Exceto por sua posição como CEZ da Sonho Sombrio, ele não era ninguém.
Seus poderes, tanto força quanto influência, estavam em níveis completamente diferentes.
Mas agora, as coisas eram bem diferentes.
Agora, Nick tinha o poder de erradicar a influência do Parasita na Cidade Carmesim com apenas algumas palavras.
Simplesmente oferecer uma recompensa de 100 créditos por cadáver de rato seria um golpe devastador para o Parasita.
A criação de cada servo exigia Zephyx, e o Parasita precisava de cadáveres para recuperar Zephyx.
Com um cadáver humano normal, o Parasita podia criar mais de 100 ratos, mas mesmo uma conversão tão eficiente tinha seus limites.
Se a Cidade Carmesim estivesse cheia de pessoas suicidas, ainda valeria a pena enfrentar a recompensa.
Mas esse não era o caso.
O Parasita nunca teve tantos problemas em convencer pessoas a se matarem.
Ele já havia tentado convencer todos os mendigos a se suicidarem.
Alguns o fizeram, mas foi só isso.
Não havia mais mendigos para convencer.
Quanto às pessoas normais na Cidade Externa…
Por que elas quereriam se suicidar?
Claro, nem todos eram superfelizes, mas cometer suicídio exigia mais do que apenas se sentir um pouco deprimido.
Assim, o Parasita começou a manipular as pessoas.
Ele deu conselhos errados para as poucas pessoas que estavam dispostas a ouvir, fazendo com que perdessem tudo.
A devastação repentina de perder tudo as tornava alvos ideais.
Além disso, o Parasita chegou até a despedaçar algumas pessoas à força, cercando-as com ratos.
Mas isso sempre foi extremamente arriscado devido às altas habilidades de percepção dos Extratores ao redor da cidade.
A Cidade Carmesim já havia se tornado o local menos lucrativo para o Parasita.
Uma recompensa por cada rato tornaria vir para esta cidade um prejuízo certo.
O Parasita não queria falar com Nick antes porque conhecia Nick muito bem.
Ele sabia que, se os dois conversassem, as coisas provavelmente terminariam muito mal para o Parasita.
O Parasita via Nick como uma pessoa contraditória.
Implacável e misericordioso.
Egoísta e altruísta.
Astuto e ingênuo.
Negociar com um idealista tolo era quase impossível.
— Ei, pode me soltar? — perguntou o rato, meio sem jeito. — É legal que você esteja me abraçando tão apertado com a sua mão, mas acho que esse não é o melhor mo… AAHH!
Nick apertou a mão com mais força, e alguns ossos do rato estalaram.
— Aqui está minha oferta — disse Nick friamente.
— Você desaparece, e eu não mato seu corpo principal.
O rato fez um sorriso desconfortável.
— Essa é uma oferta bastante convincente, mas acho que podemos refiná-la um pouco — disse ele.
Nick apenas o encarou.
— Que tal você me dar cinco cadáveres por mês, e eu não volto para a cidade? — sugeriu.
— Desapareça ou morra — repetiu Nick.
— Nick, não é assim que negociações funcionam — disse o rato.
— Desapareça ou morra — Nick repetiu.
O sorriso do rato sumiu.
— Essa é uma ameaça vazia, e você sabe disso — disse ele, irritado. — Estou presente em seis cidades. Há mais de dez Heróis que querem me ver morto. Então pare de tentar me intimidar com ameaças sem fundamento.
Nick não parecia impressionado.
— Eu não preciso te matar para te matar. Eu só preciso encontrar seu corpo principal. Assim que souber onde você está, basta enviar Aria. Ou talvez eu peça ajuda diretamente a Égide. Você é uma ameaça considerável para várias cidades.
O rato gemeu.
— Nick, sério, para de tentar me intimidar. Você não é assustador — disse ele. — Ninguém vai encontrar meu corpo principal. Se fosse tão fácil assim, eu não estaria aqui, estaria?
Nick continuava impassível.
— Você conhece minha habilidade.
— Eu lidei com Julian.
— Eu lidei com o Falsas Notícias.
— Eu lidei com a Kugelblitz.
— Eu lidei com toda a camada superior.
— Eu matei um Especialista Intermediário que tentou me matar.
— Eu não posso afirmar com certeza que sou o Especialista Iniciante mais poderoso deste mundo, mas posso afirmar com certeza que sou o melhor em permanecer indetectável.
— Eu só preciso esperar até você encontrar uma vítima e seguir seus ratos de volta. E quem sabe, talvez eu vá para outra cidade primeiro e te siga a partir de lá? Afinal, você tomaria mais cuidado ao voltar desta cidade.
— E mesmo que eu falhe e seja descoberto, o que me impede de simplesmente tentar de novo em outro dia, a partir de outra cidade?
— Você está disposto a aumentar significativamente as medidas de segurança em todas as suas colheitas de agora até para sempre?
O rato encarou Nick.
A habilidade de Nick de permanecer oculto sempre foi aterrorizante.
Claro, o Parasita provavelmente poderia encontrá-lo se tentasse segui-lo, mas teria que observar cada entrega com extrema atenção.
Só por causa da habilidade e do estilo de combate de Nick, ele era mais perigoso para o Parasita do que qualquer um dos outros Governadores que queriam vê-lo morto.
— Você não percebeu algo? — perguntou o rato com um sorriso. — Há algo muito interessante no que você acabou de dizer.
— Eu sei qual é sua habilidade.
— Eu sei que você tem a habilidade do Nulo e que pode se transformar em névoa.
— Se as pessoas descobrirem isso, seria fácil contra-atacar você.
— Que tal colocar uma mina poderosa? Ela não é senciente. Se detectar você, sua habilidade não será desativada.
— Que tal explosões baseadas em cálculos e probabilidades de onde você deve estar?
— Que tal enviar algumas pessoas para simplesmente olharem para você enquanto outras te atacam?
— Que tal colocar algum tipo de rastreador em você?
— Eu posso enviar meus ratos para contar a todos nesta e em todas as cidades vizinhas sobre sua habilidade.
— Dentro das próximas cinco horas, mais de 30.000 pessoas saberão sobre sua habilidade.
— Você realmente acha que está em posição de negociar? — perguntou o rato.
— Sim, acho — respondeu Nick sem hesitação. — Vá em frente. Conte a todos.
Os olhos de Nick se estreitaram, e um poço profundo de raiva e ódio parecia estar enterrado neles.
— Mas se você fizer isso, eu não descansarei até que você esteja morto.
O rato devolveu o olhar. — Você está blefando — disse.
Nick apenas o encarou.
O rato retribuiu o olhar.
— Você é retardado?! — gritou o rato agressivamente. — Você destruiria seu próprio futuro por algumas pessoas aleatórias que você nem conhece em uma cidade aleatória?!
— E você? — Nick perguntou com um tom sombrio.
O rato continuou encarando Nick.
Eles estavam em uma situação de destruição mútua assegurada.
Se um atacasse, os dois morreriam.
Naturalmente, nenhum dos dois queria morrer.
— Você realmente quer jogar sua vida fora por esta cidade? — o rato perguntou em um tom sombrio.
— Eu tenho feito isso há quase cinco anos — respondeu Nick no mesmo tom. — Eu coloquei minha vida em risco toda vez que implementei uma mudança na cidade.
— Eu não estou vivendo por mim mesmo mais.
— Eu vivo pelos outros.
— Eu vivo pela Égide.
— Eu vivo pela humanidade.
— E se eu matar você, terei ajudado imensamente a humanidade.
— Então, pela última vez.
— Desapareça ou morra.
CRKSH!
E Nick esmagou o rato em sua mão.
Nick jogou o cadáver esmagado no chão e limpou a mão.
Então, caminhou de volta para a entrada da megaestrutura.
— Intermediador, por favor, espere um momento! — alguém gritou.
Nick se virou e viu um de seus capitães. — Sim?
— Poderia especificar um pouco mais sua ordem em relação aos roedores? — ele perguntou.
— O Parasita voltou. Matem todos os roedores na cidade. Esperem para ativar a recompensa por enquanto. Temos muitos guardas que estão apenas parados sem fazer nada. Mandem-nos em patrulhas de caça aos ratos — ordenou Nick.
O capitão assentiu. — Afirmativo!
Nick voltou para a sede da cidade.
Ao final do dia, mais de 2.000 ratos foram mortos pelos guardas, e ainda mais foram encontrados fugindo da cidade.
No dia seguinte, nenhum rato foi encontrado dentro da cidade.
À distância, um rato solitário encarava a Cidade Carmesim.
“Talvez eu não possa lidar com você sem morrer no processo”, pensou o Parasita.
“Mas há aqueles que podem.”
Então, o rato correu para longe.
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