Capítulo 548: Uma Volta ao Redor da Cidade
Outro mês se passou, e Nick estava preparando tudo para quando tivesse que partir.
Faltavam apenas cinco meses.
No entanto, Nick também sabia que algo perigoso aconteceria dentro desses cinco meses.
Era muito óbvio que o Parasita não era o Espectro mais satisfeito e que tentaria encontrar uma maneira de se livrar de Nick sem quebrar o acordo entre eles.
Desde que conseguisse se livrar de Nick, ele voltaria a ter acesso à Cidade Carmesim.
Naturalmente, Nick poderia impedir isso seguindo com sua ameaça e matando o Parasita.
Mas isso era extremamente arriscado.
Se Nick cometesse um único erro, o Parasita o veria e, naquele momento, imediatamente contaria ao mundo inteiro sobre sua habilidade.
Não valia o risco.
Ainda assim, havia outras formas de lidar com Nick, e ele estava bastante certo sobre o que o Parasita faria a seguir.
Inveja.
Inveja ainda queria obter a habilidade de Nick.
O primeiro servo da Inveja havia chegado há mais de 15 anos.
A Prisão.
Naturalmente, Julian contou a Nick sobre a Prisão e o que aconteceu entre eles.
A Prisão era um Demônio Avançado e um dos seguidores mais poderosos da Inveja.
Naquela época, Julian conseguiu se livrar dele ameaçando expor sua identidade diante da cidade.
Um Demônio Avançado era poderoso, mas vários Heróis ainda podiam derrotá-lo.
Assim, a Prisão não teve escolha senão recuar.
Dois anos depois, outro servo da Inveja se infiltrou nos Spartans e os usou para capturar Nick.
Esse servo morreu no Mar Carmesim.
Depois disso, nada aconteceu por vários anos.
Isso porque todos acreditavam que a Cidade Carmesim havia sido destruída.
Afinal, tudo o que restava era uma enorme parede de névoa corrosiva.
Eventualmente, Nick ficou cara a cara com o Rei do Mar, um poderoso Demônio que também era leal a Inveja.
Foi quando as coisas ficaram incertas.
Será que o Rei do Mar contou a Inveja que Nick ainda estava vivo antes de ser capturado ou não?
Nick acreditava que ele não contou.
A razão era simples.
Menos pressão.
Se Inveja achasse que Nick estava morto, não colocaria uma pressão imensa no Rei do Mar para capturá-lo.
Então, mesmo que o Rei do Mar falhasse, não seria morto.
E se tivesse sucesso, o feito de capturar Nick o protegeria da ira da Inveja por um longo tempo.
Contar a Inveja só colocaria um alvo nas costas do Rei do Mar.
Naturalmente, o Rei do Mar não podia entrar em contato com Inveja enquanto estava sob custódia da Anatomy.
Anatomy não permitiria que o Rei do Mar se comunicasse com um Caído poderoso.
A Cidade Carmesim precisava existir para que eles ascendessem ao poder.
Esse também foi o último momento em que qualquer servo da Inveja apareceu na Cidade Carmesim.
Embora também fosse possível que Inveja soubesse que Nick ainda estava vivo, mas simplesmente não conseguisse encontrá-lo.
Afinal, ela não sabia que Julian já estava morto.
Enquanto Julian estivesse na Cidade Carmesim, nenhum Demônio poderia entrar.
Mas isso, na verdade, não importava.
O Parasita contaria a um dos servos da Inveja sobre o estado atual da Cidade Carmesim de qualquer forma.
Sem Julian.
Nick ainda estava vivo.
Um dos servos da Inveja chegaria dentro dos próximos meses.
Inveja tinha muitos servos, mas apenas alguns realmente poderosos.
Conseguir Demônios como servos não era fácil para Inveja, e ela não podia ter muitos.
O Rei do Mar já havia sido eliminado, o que deve ter sido um golpe brutal para as forças da Inveja.
Inveja não tinha muitas opções, o que tornava bastante óbvio o que aconteceria a seguir.
A Prisão.
Nick tinha certeza de que a Prisão apareceria na Cidade Carmesim em breve.
E desta vez, não havia Julian.
Além disso, eles tinham menos Heróis e também não tinham um Herói Intermediário.
As coisas estavam muito mais perigosas do que antes.
Mas não havia saída.
Nick tinha que lidar com esse problema.
Fugir arruinaria seu futuro, e ele também não podia simplesmente manter alguns Agentes de prontidão.
A Cidade Carmesim teria que lidar com a Prisão por conta própria.
Os dias passaram, e Nick esperou pela chegada da Prisão.
Aria estava tão preocupada quanto Nick, mas não deixava transparecer.
A atmosfera entre eles havia se tornado distante e fria.
Tecnicamente, eles ainda não haviam terminado, mas o relacionamento existia apenas no nome.
No entanto, Aria ainda queria que Nick sobrevivesse.
Várias caravanas chegavam e partiam.
E então, um dia…
— Alto! — um Perito da muralha da Cidade Carmesim gritou para uma caravana. — Identifique-se!
Um homem de cabelos prateados deu um passo à frente da caravana com um sorriso. — Somos a Caravana Comercial Starksilver. Fazíamos negócios com a Cidade do Fungo Carmesim há cerca de 20 anos.
O homem de cabelos prateados tirou um cartão de cristal e o lançou para o guarda.
O guarda olhou para ele e assentiu.
A identidade era válida.
Esses cartões eram emitidos pela Égide e continham todos os tipos de informações sobre a caravana comercial.
O guarda jogou o cartão de volta. — Por favor, permaneça onde está. A segunda etapa da verificação começará agora.
O homem de cabelos prateados ergueu uma sobrancelha. — O cartão não é suficiente? — perguntou surpreso.
— Não. Esta é uma política temporária. Se quiser fazer negócios com a Cidade Carmesim, deve cooperar — gritou o guarda.
O homem de cabelos prateados franziu a testa. — O que vocês precisam? — perguntou com irritação.
Nesse momento, alguém saltou das muralhas e se aproximou da caravana.
— Verificação de sangue — gritou o guarda da muralha.
O homem de cabelos prateados não demonstrou nenhuma reação externa.
— Querem que eu entregue meu sangue para vocês? — perguntou em um tom ofendido. — Há muitas maneiras de ferir alguém apenas tendo um frasco do sangue dela.
— Não vamos ficar com seu sangue — respondeu o guarda com uma voz calma. — Você só precisa espetar a agulha no dedo. Pode fazer isso você mesmo. Só precisamos ver para verificar sua identidade.
O homem de cabelos prateados olhou para o guarda com os olhos semicerrados.
— Muito bem — disse, estendendo a mão direita. — Isso é melhor valer a pena.
Um dos guardas se aproximou do homem de cabelos prateados e lhe entregou uma agulha prateada. — Apenas espete seu dedo indicador com ela e a deixe lá por cinco segundos. Lembre-se de manter sua mão e a agulha visíveis durante o processo.
O homem pegou a agulha sem dizer nada e a espetou em seu dedo indicador.
Os guardas e os outros membros da caravana observaram a agulha.
Ela emitia um brilho carmesim, e um pouco de Zephyx saía dela.
— Isso é o suficiente — gritou o Perito da muralha. — Pode limpar a agulha e devolvê-la. Você passou.
O homem de cabelos prateados bufou de irritação e jogou a agulha para o Perito na muralha.
— Podemos entrar agora? — perguntou o homem de cabelos prateados.
— Um momento — disse o Perito. — Há mais um último passo na verificação, mas será muito fácil e rápido.
— Outro? — perguntou o homem de cabelos prateados, sua raiva contida evidente na voz.
— Pedimos desculpas pelo inconveniente — disse o Perito. — Isso levará menos de cinco segundos. Depois disso, poderão entrar na cidade.
O homem de cabelos prateados respirou fundo. — Certo, o que temos que fazer agora?
— Uma pequena corrida — disse o Perito.
— Uma corrida? — perguntou o homem de cabelos prateados, erguendo uma sobrancelha. — Explique melhor.
— Simples — disse o Perito. — Você dá uma volta na cidade no sentido horário, e a segunda pessoa mais forte da caravana dá uma volta no sentido anti-horário. Ambos devem fazer isso ao mesmo tempo. Com seus poderes, não levará nem cinco segundos.
O homem de cabelos prateados olhou para o guarda como se ele fosse louco.
— Uma corrida ao redor da cidade? — repetiu. — Eu não sou algum tipo de servo que você pode simplesmente mandar correr! Isso é ridículo!
— Senhor, é importante que siga o procedimento — gritou o guarda.
— Procedimento?! — repetiu o homem, ofendido. — Como isso pode ser um procedimento?! Vocês só estão fazendo isso para me humilhar!
— É procedimento — respondeu o guarda. — Mais de 20 guardas diferentes estão ouvindo nossa conversa agora. Quebrar as regras para humilhá-lo só me custaria meu emprego.
O homem bufou. — Chega. Não vou participar desse joguinho infantil.
— Você está se recusando a confirmar sua identidade? — perguntou o guarda.
— Já me identifiquei de duas formas diferentes! Recuso-me a fazer isso novamente de um jeito tão ridículo! — gritou o homem de cabelos prateados, irritado.
— Isso não é um pedido.
Todos voltaram seus olhares para o céu acima da Cidade Carmesim, para a pessoa que acabara de falar.
Aria Light.
— Você é a nova Governadora? — perguntou o homem de cabelos prateados.
— Sou — respondeu Aria — e você não tem permissão para sair até se identificar. Pode registrar uma reclamação na Égide depois que sair, mas somente depois de se identificar.
O homem protestou, mas Aria continuou a rejeitar seus argumentos.
Mais de dois minutos se passaram, e o homem se recusava a separar sua caravana.
Afinal, ele não podia.
A Prisão se escondia usando ilusões.
Se duas de suas ilusões se afastassem demais, ele não poderia mais mantê-las, e elas desapareceriam.
Era um pedido tão simples.
Apenas correr ao redor da cidade uma vez.
Mas era impossível para a Prisão fazer isso.
O plano falhou.
Não seria possível se infiltrar na cidade sorrateiramente.
Isso só deixava uma abordagem agressiva.

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