Capítulo 551: William Drawhand

O tempo parecia ter parado.

Libran, Aria e Vanessa estavam quase sem Zephyx e não conseguiam mais se juntar à batalha.

Pelo menos a luta contra o torso parecia estar indo bem. Estava irreconhecível de tão danificado e mal conseguia se mover.

O golpe que lançou Jornis para longe foi seu último ataque desesperado.

No entanto, o torso não parecia nem um pouco preocupado.

Seu núcleo estava no meio de sua amálgama de celas.

Ele poderia se recuperar facilmente.

Crack.

Um som sutil de algo duro rachando veio de uma das celas da Prisão.

Embora uma pessoa normal não fosse capaz de perceber esse som tão discreto, os sentidos dos Heróis eram assustadoramente aguçados.

Para eles, foi como se um tiro tivesse sido disparado.

Eles olharam para a cela e viram algo chocante.

O homem de cabelos verdes dentro da cela havia rachado algum tipo de grande pílula verde com os dentes.

No instante seguinte, perceberam que havia algo diante do homem que não estava lá antes.

Uma espada longa!

De repente, os olhos do homem se abriram.

SHING!

Com um único golpe, as barras da cela foram destruídas, e o homem saltou para fora.

Naquele momento, a calma do torso desapareceu.

O quê?!

Isso era impossível!

Ele absorvia todo o Zephyx que qualquer um de seus prisioneiros regenerava, deixando-os fracos e indefesos.

Então, como seu prisioneiro de repente recuperou Zephyx suficiente para escapar?!

Além disso, de onde veio aquela arma?!

O homem parou no ar diante da Prisão.

Então, jogou a espada para o lado e enfiou a mão em um saco pendurado em seu cinto.

Uma Bolsa Espacial!

Um momento depois, ele puxou um revólver de dentro da bolsa e apontou para a Prisão.

— Agradeço pela espada — falou lentamente — mas eu prefiro armas de fogo.

BANG!

O revólver disparou contra a parte inferior direita da Prisão, destruindo-a.

O homem empalideceu e quase caiu do céu após o disparo.

Seu tiro havia sido fraco, já que ele havia recuperado apenas 5% de seu Zephyx antes de usá-lo.

Naquele momento, duas longas pernas ergueram a amálgama de celas.

No entanto, a perna direita estava quebrada em vários lugares e mal funcionava.

Ainda assim, a perna esquerda fez o seu melhor e tentou fugir o mais rápido possível da batalha.

Os Heróis perceberam que estavam em vantagem agora e voaram atrás dela.

Aria, Vanessa, Libran e o homem de cabelos verdes estavam sem Zephyx e não eram muito rápidos, mas Jornis ainda tinha um pouco de Zephyx sobrando.

BANG!

Jornis alcançou a Prisão e a socou em direção à Cidade Carmesim.

A Prisão era incrivelmente veloz, mesmo com uma de suas pernas inutilizadas.

Se o homem de cabelos verdes não tivesse aleijado aquela perna, a Prisão poderia ter conseguido fugir.

De repente, as barras de metal das celas se esfregaram umas contra as outras de forma a imitar uma voz humana aguda.

— Eu me rendo! — gritou a voz com urgência.

Os Heróis trocaram olhares.

— Vamos entregá-la à Égide — ordenou Aria, olhando especificamente para o homem de cabelos verdes.

O homem de cabelos verdes provavelmente estava tomado pelo ódio após ter sido aprisionado por um período desconhecido.

— Eu não vou matá-la — falou com uma calma surpreendente, limpando seu uniforme.

— Obrigada — disse Aria.

Ela havia previsto que o homem poderia não seguir suas ordens.

Afinal, ele também usava o uniforme de um Governador.

Parecia que a Prisão já havia destruído uma cidade antes, o que, na verdade, não era surpreendente.

Aquela coisa tinha sido muito poderosa.

Aria fez um gesto para os outros, e eles retiraram vários Supressores Zephyx.

Eles os colocaram ao redor da Prisão e de seu torso.

Eles haviam vencido!

Um momento depois, o sinal para a Égide veio da Cidade Carmesim.

Naturalmente, a Prisão sentiu o sinal, mas nem sequer tentou fugir.

Não havia como escapar.

Seu destino agora estava nas mãos da Égide.

Ela apenas esperava que a Égide considerasse poupar sua vida em troca de informações valiosas sobre a Inveja.

— Que irônico — falou friamente o homem de cabelos verdes. — A Prisão sendo aprisionada.

Então, ele se virou para Aria e fez uma reverência em gratidão.

— Obrigado por me libertar.

Naquele momento, Vanessa e Libran se lembraram da arma e da pílula que haviam aparecido dentro da cela do homem.

— Como você fez isso? — Vanessa perguntou a Aria. — Como conseguiu colocar algo dentro da cela sem que nenhum de nós percebesse?

Como Vanessa logo faria parte da mesma organização que Aria, não havia mais razão para antagonizar Aria.

— Não fui eu — disse Aria.

Vanessa, Libran e o homem de cabelos verdes olharam chocados para Aria, enquanto Jornis os observava confuso, sem saber o que havia acontecido.

— Foi o Nick — disse Aria.

— O Intermediador? — Vanessa perguntou, chocada. — Como?!

— Eu não sei — respondeu Aria. — Nem eu sei do que ele é capaz.

Naquele momento, os três Heróis da Kugelblitz perceberam o quão aterrorizante Nick realmente era.

Nick era apenas um Perito Básico, mas havia conseguido fazer algo que nenhum deles poderia.

Como isso era possível?!

Que tipo de habilidades alguém precisava ter para infiltrar algo no corpo de um Demônio Avançado sendo apenas um Perito Básico?!

Naturalmente, Nick estava sob a cela do homem há um bom tempo.

Ele havia se esgueirado para lá enquanto a Prisão gritava.

Estava bastante desorientado pelo grito, mas sua Barreira não ativou, e Nick lidou com a desorientação apenas com pura determinação.

Então, quando Aria lançou sua luz, Nick simplesmente espiou além da cela e jogou os itens antes de fugir.

Por sorte, todos estavam ocupados observando uns aos outros. Caso contrário, a Prisão teria notado facilmente a pequena e suspeita nuvem de poeira atravessando o deserto.

Ainda assim, não tinha sido tão difícil, no fim das contas.

Infiltrar a Anatomy tinha sido muito mais complicado.

— Como se chama essa cidade? — perguntou de repente o homem de cabelos verdes.

— Cidade Carmesim — respondeu Aria.

— Eu me lembro — disse o homem, franzindo a testa. — Vocês têm um Espectro aterrorizante nessa cidade.

— Espectro? — Vanessa perguntou.

O homem assentiu. — A Prisão teve um confronto com ele há cerca de 15 anos. Ele tem a forma de um jovem de cabelos azuis e pode se transformar em bocas.

— Ah, você fala do Julian — disse Aria, enquanto os outros Heróis perdiam o interesse. — Ele já está morto. Foi morto por um Protetor.

O homem suspirou aliviado. — Ótimo.

— Há quanto tempo você estava dentro da Prisão? — perguntou Aria.

— 30 anos — respondeu o homem. — Ela destruiu minha cidade.

— Cidade Walpurgis? — perguntou Aria.

— Você conhece? — o homem de cabelos verdes perguntou.

— Não são muitas as cidades que são destruídas — respondeu Aria. — Cidade Walpurgis foi a única que desapareceu nesse período. Ninguém sabe que tipo de Espectro a destruiu. Você provavelmente é a única pessoa no mundo que sabe.

O homem franziu as sobrancelhas. — Foram dois Espectros. Eles se uniram contra a cidade. Um era a Prisão, e o outro era um grande abutre em decomposição.

Aria piscou algumas vezes. — Você quer dizer o Abutre da Peste? — perguntou.

O homem olhou para Aria com ceticismo. — Você conhece?

Aria assentiu. — Nós o temos suprimido — disse, apontando para o enorme cubo negro na distante Cidade Carmesim. — Bem ali.

Mais uma vez, o homem de cabelos verdes ficou chocado.

— Isso me deixa mais tranquilo — disse o homem.

Após alguns segundos, ele olhou para Aria novamente. — Posso ficar na Cidade Carmesim por alguns dias? Ainda preciso aceitar minha liberdade recém-recuperada, e não tenho mais um lar.

— Claro — respondeu Aria com um sorriso.

O homem assentiu e estendeu a mão. — William Drawhand, ex-Governador da Cidade Walpurgis.

— Aria Light, Governadora da Cidade Carmesim — respondeu Aria, apertando sua mão.

Os outros também se apresentaram.

Naquele momento, três pessoas apareceram repentinamente no céu acima da Cidade Carmesim.

Eles escanearam a cidade.

Quando viram que a cidade ainda estava intacta, olharam ao redor e notaram os Heróis pairando no ar.

Essas três pessoas faziam parte de uma equipe de resposta emergencial enviada pela Égide.

— O que aconteceu aqui? — perguntou um dos Agentes a Aria.

Aria relatou sobre a batalha.

— Bom trabalho! — disse um deles com um aceno orgulhoso. — Os servos da Inveja estão entre os maiores inimigos da humanidade! Isso será reportado à Égide e será considerado em qualquer comunicação futura conosco.

Ao ouvirem isso, os três Heróis da Kugelblitz sorriram educadamente.

Foi exatamente por isso que concordaram em lutar.

— O que eu devo fazer? — William perguntou aos Agentes.

— De acordo com a documentação — falou um dos Agentes — esta cidade é governada por um Intermediador. Ele lidará com essa questão.

— Um Intermediador? — William perguntou.

No entanto, os Agentes ignoraram a pergunta e continuaram conversando com Aria.

No final, os Agentes retiraram uma enorme Unidade de Contenção de uma Bolsa Espacial e a largaram diante da cidade.

A Prisão permaneceria ali pelos próximos meses até que alguém da unidade da Inveja tivesse tempo para levá-la.

Até lá, ninguém estava autorizado a entrar em contato com ela.

Finalmente, os Agentes partiram.

— O que é um Intermediador? É a mesma pessoa que me libertou? — William perguntou.

Aria apenas apontou para uma pessoa que estava em pé sobre as muralhas da cidade.

— É ele — disse.

William olhou para lá e imediatamente entendeu por que os outros estavam surpresos.

Um Perito?!