Capítulo 72: Negociações de Troca
— Ei, Parasita — chamou Nick, meio gritando. — Estou aqui para nossa troca.
Silêncio.
Nada.
Nenhuma resposta.
Nick olhou para Wyntor com a testa franzida.
Splash!
Finalmente, um som de água foi ouvido abaixo deles, e os dois viram a cabeça de um rato emergir da água.
— Isso melhor valer a pena — disse o rato. — Gasto muita energia para fazer um corpo atravessar o domínio do Eterno.
Embora os Espectros não fossem alvos do Pesadelo, seus servos eram.
No entanto, alguém tão poderoso como o Parasita tinha seus métodos para fazer seu servo atravessar um corredor de trevas.
— Eu trouxe os nove cadáveres — disse Nick.
O rato pareceu bastante surpreso ao ouvir isso.
— Você trouxe? — perguntou, surpreso.
Nick assentiu.
— Sim, mas quero a localização de um Espectro útil que eu consiga enfrentar.
— Claro, claro! — respondeu o rato rapidamente. — Eu já sei exatamente qual indicar, e tenho absoluta certeza de que você vai gostar.
Nick franziu a testa e olhou para Wyntor.
Wyntor assentiu.
— Ótimo — disse Nick. — Então, é só jogarmos os corpos aqui?
— Hmmm, tem como mandar para outro lugar? — perguntou o rato. — Trazer tantos dos meus servos até aqui custa muita energia.
— Não, não tem como — respondeu Wyntor, de lado. — Você sabe melhor do que ninguém que ninguém pode te ajudar. Consigo justificar trazer os corpos para cá porque somos um Fabricante Zephyx, e muitos Espectros precisam de cadáveres, mas não posso justificar levá-los a outro lugar.
— Não vou arriscar meu negócio desnecessariamente.
O rato não parecia nem um pouco satisfeito.
— Se eu trouxer servos suficientes para consumir os corpos, vou gastar mais de 30% dos recursos que conseguiria deles. Isso significa que só vou aproveitar o equivalente a seis corpos em vez de nove. Preciso de mais quatro ou cinco cadáveres para que essa troca seja justa — reclamou o rato.
— Como você transporta os corpos não é problema nosso — disse Wyntor. — Quando fez a oferta ao meu funcionário, disse que ele só precisava jogar os corpos nos esgotos. Não especificou onde nem quando.
— Baseando-se na sua oferta, podemos jogar todos de uma vez, sem aviso, em um buraco de pura escuridão, contanto que esteja dentro do domínio dos esgotos.
— Francamente, seus problemas logísticos não são relevantes para esta negociação — concluiu Wyntor.
O rato realmente não gostava do que ouvia.
— Vai perder a chance de conseguir um Espectro só porque não quer arranjar mais quatro cadáveres? — perguntou o rato.
— E você? — retrucou Wyntor. — É quem está voltando atrás na palavra.
— Eu não estou voltando atrás! — gritou o Parasita, furioso. — Vocês estão me dando efetivamente seis corpos em vez de nove! Isso é um golpe!
— Não, não estamos — respondeu Wyntor, calmo, mas firme. — Somos os fornecedores dos corpos e estamos vendendo no atacado. Há uma razão para os comerciantes pedirem geralmente 30% a mais. Se você vender os corpos aos seus clientes, vai obter o valor de nove deles.
— Do que você está falando?! — gritou o rato. — Eu não sou um maldito comerciante!
— E daí? — respondeu Wyntor. — Nós somos os produtores dos corpos. Se você não quer vendê-los por mais, isso não é problema nosso. O acordo permanece. Agora, quer os corpos ou não?
O rato parecia prestes a explodir de raiva.
— Certo! — gritou. — Mas vou lembrar disso no futuro.
— Você é livre para fazer uma nova oferta depois de cumprir esta — respondeu Wyntor, calmamente. — Você pode ser nossa melhor opção para obter informações sobre Espectros agora, mas, se sua oferta for muito desvantajosa, perderá essa posição.
— Em algum momento, criar uma equipe de Investigadores ou comprar Espectros de outros Fabricantes pode ser mais econômico do que aceitar suas propostas.
— No fim, a escolha é sua — disse Wyntor, de forma equilibrada.
O rato apenas encarou Wyntor em silêncio por vários segundos.
— Tal pai, tal filho — resmungou o rato. — Certo!
— Me dê alguns minutos.
— Claro — respondeu Wyntor, antes de desviar o olhar do buraco escuro.
Enquanto esperavam, Nick viu Wyntor se afastar do buraco e suspirar aliviado.
Nick ficou surpreso ao ver isso.
Até então, Wyntor parecia extremamente confiante e no controle, mas, assim que saiu da percepção do Parasita, perdeu toda aquela confiança.
— Prepare os corpos — disse Wyntor, fazendo um gesto casual para Nick trazer o carro.
— Claro — respondeu Nick, puxando o carro.
Alguns minutos de silêncio se passaram.
— Estou pronto.
Nick e Wyntor olharam novamente para o buraco.
Mesmo estando preparados, um calafrio percorreu suas costas ao verem as cabeças de mais de cem ratos emergindo da água.
— Certo — disse Nick. — Querem um por vez ou todos de uma vez?
— Um por vez — respondeu um dos ratos.
Nick se levantou, pegou um dos corpos e o jogou no buraco.
SPLASH!
Quando o corpo atingiu a água, Nick viu os ratos saltarem sobre ele com fervor.
Nick não percebeu, mas a raiva do Parasita quase desapareceu naquele momento.
O Parasita só havia pedido corpos, o que significava que Nick poderia ter jogado o corpo de uma menina desnutrida, o que daria pouca energia ao Parasita.
No entanto, o cadáver que Nick jogou era de um homem grande e musculoso.
Era um corpo de alta qualidade para o Parasita.
E, conforme Nick jogava os outros cadáveres, o Parasita sentiu que estava com sorte.
Todos eram corpos de alta qualidade!
O Parasita até precisou trazer mais ratos, porque os corpos eram enormes.
Eventualmente, todos os ratos, exceto um, desapareceram.
— E então? — perguntou Wyntor.
O rato olhou para Wyntor com um sorriso largo.
— Vou cumprir minha palavra.
— Vou te contar. Você vai adorar esse!

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