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    Nick chegou ao topo da sede da Égide, e os guardas o cumprimentaram com o mais extremo e exagerado respeito.

    Eles não queriam uma nova extensão de suas penas.

    Estavam, basicamente, lambendo suas botas.

    Nick achava isso justificável. Não porque se sentisse algum grande salvador, mas porque aqueles guardas corruptos finalmente tinham que agir como as pessoas que haviam extorquido no passado.

    Nick desceu até o departamento de pesquisa e desenvolvimento, acenou com a cabeça para alguns pesquisadores e entrou na área do Técnico.

    — Já de volta? — perguntou o Técnico com um sorriso. — Achei que você levaria mais tempo por causa de toda aquela história com a Cidade Carmesim.

    — Não tive que fazer muita coisa — disse Nick. — Parece que os líderes da Cidade Carmesim se lembraram de Aria e de mim, e basicamente fizeram o que eu queria.

    — O problema foi resolvido? — perguntou o Técnico.

    Nick apenas assentiu.

    — Ótimo! Vamos para a parte interessante, então. O que você descobriu? — perguntou com certa empolgação.

    — Muita coisa — disse Nick. — Muito, muito mais do que eu imaginava.

    — Vai, me conta — disse o Técnico. — Para de fazer drama.

    — Bem — disse Nick, fazendo uma pausa. — Antes de tudo, preciso estabelecer algumas coisas antes de começarmos a falar.

    Ao ouvir isso, a empolgação do Técnico diminuiu um pouco, e um nervosismo começou a surgir.

    Será que Nick estava prestes a dizer mais coisas que poderiam acabar com toda a humanidade?

    — Eu sei da questão da informação — disse Nick. — Vou escolher bem as palavras. Confie que sei o que estou fazendo e que evitarei dizer qualquer coisa diretamente. Usarei metáforas e hipóteses para aludir a certas coisas. Se você não souber do que estou falando, não vai entender. Mas, se souber, vai perceber do que se trata.

    O Técnico já não estava mais feliz.

    Se Nick cometesse apenas um deslize, toda a humanidade poderia acabar no mesmo dia.

    O Técnico respirou fundo.

    — Tá bom. Vou confiar em você nisso — disse ele ao apertar o botão que isolava sua Barreira.

    Quando ficou claro que não havia ninguém observando, Nick apenas assentiu.

    — Sei exatamente por que o antigo Campeão disse que fazia sentido eu tê-lo comparado ao Pesadelo. Confirmei algumas coisas. Não posso dizer mais detalhes sobre esse assunto — disse Nick cuidadosamente.

    O Técnico não podia ter certeza do que Nick queria dizer. O Campeão não tivera oportunidade de contar essas coisas desde que Nick apareceu pela primeira vez, pois já estava fraco demais.

    No entanto, o Técnico tinha suas próprias teorias.

    Ele não tinha certeza do que Nick queria dizer, mas sua teoria de que o Pesadelo havia sido humano ganhou muita credibilidade.

    — Acho que entendi — disse o Técnico depois de soltar o ar. — Você diria que é um assunto triste?

    Nick assentiu. — É cheio de tragédia e ironia.

    Isso confirmava.

    O Pesadelo já havia sido humano.

    — Acabar com essa tragédia não é difícil. Eu mesmo posso acabar com ela — disse Nick.

    O Técnico prendeu a respiração em choque.

    — Por favor, não faça isso — disse ele.

    Ele sabia exatamente o que aconteceria se o Pesadelo morresse de repente.

    — Não farei — disse Nick. — O fim virá no fim.

    Ou seja, não antes de atacarem o Sol.

    — Ótimo — disse o Técnico.

    Ele lamentava sua empolgação anterior.

    Aquela conversa não era nem um pouco divertida!

    — Tenho outra coisa importante para dizer. Essa não será tão perigosa, mas terá o mesmo impacto do que acabei de falar — disse Nick.

    Nick contou ao Técnico sobre a área oculta no pilar da Cidade Carmesim e também sobre o Espectro capturado.

    Ter um Adversário no Pináculo reprimido não era algo que o verdadeiro inimigo veria como uma ameaça. Especialmente quando aquele Espectro não podia ser acessado nem utilizado.

    Nick também falou ao Técnico sobre a Energia Estelar e a Energia Pura.

    Se os alienígenas estivessem monitorando isso, Nick já estaria morto, já que o Espectro havia contado a ele sobre essas energias.

    Isso significava que o acesso a essas energias não era algo que os alienígenas consideravam uma ameaça real.

    A conversa voltou a ficar empolgante para o Técnico.

    Mais energias além de Prephyx e Zephyx?

    Quando Nick falou sobre a relação da Energia Estelar com a fusão nuclear, a mente do Técnico entrou em frenesi.

    Antes de tudo, isso confirmava que a fusão nuclear funcionava, e que os Iluminados tinham conseguido usá-la de forma tão confortável que utilizavam Energia Estelar em diversas aplicações.

    Aquilo também finalmente resolvia o mistério de por que não conseguiam interagir com a tecnologia dos Iluminados.

    Estavam usando a energia errada o tempo todo!

    Nick também contou ao Técnico sobre as Sementes e sobre como o Espectro estava disposto a ensiná-lo.

    — Isso é revolucionário! — gritou o Técnico. — Você está dizendo que finalmente conseguimos fazer esses implantes funcionarem?!

    — Sim — respondeu Nick. — No entanto, isso vai levar tempo, e talvez tenhamos que passar pelo Pesquisador Invejoso várias vezes se quisermos garantir.

    — Isso não é um problema — disse o Técnico. — Lidamos com esse sujeito há tanto tempo que já estamos bem bons nisso. Só consome muito tempo e devora muitos recursos.

    Nick assentiu e olhou fixamente para o Técnico por vários segundos.

    O Técnico sentiu a atmosfera ficar tensa de novo.

    Ele não gostava disso.

    — Vi uma lula hoje — disse Nick com um tom sério.

    O Técnico percebeu, pelo tom, que Nick acabara de dizer algo de extrema importância, mas por mais que pensasse, não conseguia entender o que ele queria dizer.

    Lula?

    Que lula?

    Por que uma lula era tão importante?

    Quando Nick viu a confusão no rosto do Técnico, soube que ele não sabia como os alienígenas se pareciam.

    Se soubesse, teria feito a conexão na hora.

    Muito provavelmente, nem mesmo o Campeão da Luz sabia qual era a aparência real dos alienígenas.

    — Tentáculos são como dedos, né? — perguntou Nick.

    — E com dedos, dá pra construir coisas.

    — Máquinas, por exemplo.

    — Embora você também pudesse simplesmente construir uma garrafa de vidro gigante para algum experimento.

    O Técnico ficou ainda mais confuso.

    Mas então, de repente, entendeu a metáfora, e seus olhos se arregalaram.

    — Uma lula? — perguntou o Técnico com tom sério.

    — Aham — disse Nick. — Criaturas bastante inteligentes. Espera, isso eram os polvos. Bem, a lula que eu vi hoje ainda era bem inteligente.

    O Técnico respirou fundo.

    — E onde você encontrou essa lula? — perguntou.

    — Vi logo depois de olhar para o Pesadelo.

    — A propósito, você sabia que Zephyx é incrível? — perguntou Nick de repente. — Tipo, realmente incrível. Não é assustador o que as pessoas fariam para conseguir um pouco de Zephyx?

    — Zephyx é relativamente estável e pode ser transportado com facilidade. Já o Prephyx é horrível e carece de energia. Não seria incrível se pudéssemos simplesmente pedir para alguns animais sofrerem por nós, para que pudéssemos obter Zephyx? Assim, poderíamos bombear Prephyx para dentro do cercado deles e colher Zephyx sem problemas. Embora precisemos tomar cuidado para que eles não fiquem poderosos demais.

    — Poderíamos construir uma base em outra propriedade para garantir que eles não escapem. A propriedade não é tão grande quanto o cercado, mas ainda é bem grande.

    — Contudo, e isso é o mais importante, precisamos de algum tipo de sistema de transporte que nos permita colher Zephyx diariamente sem que eles percebam. Um espaço bem isolado com um dos nossos cinco humanos mais fortes seria uma boa opção.

    — Assim, os animais não teriam acesso ao sistema de transporte que leva diretamente à nossa base. Só precisamos de um grande muro que os mantenha fora, mas que tenha buracos minúsculos por onde o Zephyx, o Prephyx ou talvez névoa possam passar.

    — Ah, e acho que deveríamos ter algum tipo de mecanismo de autodestruição ou uma arma gigante que possa demolir tudo dentro do cercado caso o cercado seja destruído e nossos guardas não sejam fortes o bastante.

    — Além disso, o cercado deveria ser construído em um espaço quase vazio, preenchido com algo extremamente perigoso para eles. Tipo Energia Estelar. Assim, mesmo que um Espectro de dentro do cercado escape, ele morreria por causa da Energia Estelar lá fora.

    — Claro, os animais poderiam talvez encontrar uma forma de criar algum tipo de Barreira, armadura ou traje que isolasse o Espectro das propriedades nocivas da Energia Estelar, mas como isso poderia acontecer? Digo, animais e Espectros trabalhando juntos? Eles são inimigos naturais.

    — E por fim, como eles sequer desenvolveriam uma tecnologia assim sem que a gente notasse? Aquele humano forte está vigiando tudo fora de seu pequeno escritório, e eles não podem simplesmente entrar lá. Não é como se existisse um Espectro que pudesse teleportá-los pra lá, né?

    — Embora, se conseguissem entrar, talvez pudessem viver em lugares que não conseguimos vigiar. Mas tudo bem. Temos nossa base avançada, e nenhum Espectro jamais conseguiria chegar lá, por exemplo, pulando em um de nossos veículos de transporte.

    A mente do Técnico estava girando.

    Ele entendeu o que Nick queria dizer.

    Levou um bom tempo para se recuperar.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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