Capítulo 884: O Nascimento de um Novo Humano
— Eu estou grávida? — a mulher perguntou, chocada.
— Ao que parece, sim — disse o médico. — Você tem licença para gestar?
A mulher ficou em choque, tomada pelo medo.
Ela sempre quis ter um filho, mas a cidade estava em capacidade máxima.
Ela não conseguiria uma licença nas próximas décadas.
— Não — respondeu com um tom fraco.
No momento seguinte, o médico colocou uma pílula sobre a mesa.
— Então, tome isto. O óvulo fertilizado será eliminado em minutos. Você não vai sentir nada — disse o médico.
A mulher ficou apavorada com a pílula.
Tomar aquilo parecia o mesmo que matar uma criança.
Criar a criança em segredo também não era uma opção.
Havia vigilância em todos os lugares, e crianças precisavam se sintonizar com a escuridão em algum momento de qualquer forma.
Já houvera casos de pessoas tentando dar à luz em segredo, mas nunca deu certo.
O governo sabia de tudo.
— Eu não quero matar meu filho — disse ela.
— Existe a possibilidade de pedir que outra mãe ceda a licença de gestação para você — disse o médico.
— Mas então ela teria que matar o filho dela, certo? — ela perguntou.
O médico assentiu.
A mulher ficou apavorada.
Ela apenas olhava para a pílula.
Era apenas um óvulo fertilizado.
Não deveria ser algo tão grave.
Mesmo assim, ela simplesmente não conseguia engolir a pílula.
Eventualmente, ela desabou em lágrimas.
Quando o médico viu aquilo, suspirou.
— Há uma outra opção, mas talvez você não goste — disse ele.
A mulher olhou para o médico com esperança.
— Há um programa governamental em andamento — disse ele. — Envolve o futuro da humanidade. Os detalhes são altamente confidenciais, e nem eu sei exatamente do que se trata. No entanto, se você concordar em participar do programa, poderá manter seu filho.
— Sim, claro! — a mulher gritou imediatamente. — Eu não consigo matar meu próprio filho!
O médico suspirou e enviou um formulário para a Semente da mulher.
A mulher era uma Heroína, e leu tudo em um instante.
Ao ver o conteúdo, ela respirou fundo.
Por fim, assinou e devolveu o formulário.
O médico leu o documento e ergueu as sobrancelhas, surpreso.
— Você aceitou? — ele perguntou.
Ela assentiu com firmeza.
O médico suspirou mais uma vez.
— Já ofereci isso para sete ou oito pessoas, e todas recusaram assinar.
— Meu filho é meu filho — disse a mulher. — Não importa quem ele vai se tornar. Ele sempre será meu filho.
O médico assentiu. — Vou encaminhar o formulário. Alguém vai entrar em contato com você nos próximos dias.
— Obrigada! — a mulher disse radiante.
Ela poderia ficar com seu filho!
E o melhor de tudo, ela teria permissão para criá-lo na escuridão!
Não precisaria mandá-lo para a zona da luz por dez anos!
A mulher voltou para casa e compartilhou a boa notícia com o marido.
No entanto, quando o marido soube dos detalhes, não ficou nada satisfeito.
— Como isso ainda seria meu filho? — ele perguntou friamente.
— Ele ainda será nosso filho. Só será… diferente — respondeu ela.
Uma grande discussão se seguiu.
No fim, o marido foi colocado diante de um ultimato.
Ser pai ou ir embora.
Relutantemente, ele escolheu ser pai.
Talvez não fosse tão ruim quanto o documento dizia.
Dois dias depois, a mulher foi chamada à sede do governo.
Encontrou outras nove mulheres ali, presentes pelo mesmo motivo.
Elas rapidamente criaram laços, e alguns minutos depois, duas pessoas entraram.
Uma delas era um médico desconhecido, enquanto a outra…
Todas prenderam a respiração.
Reconheceram aquela pessoa!
A Chanceler!
Já tinham visto imagens da Chanceler, mas nunca a haviam visto pessoalmente!
Samar fez um longo discurso sobre o futuro da humanidade.
Após o discurso, as dez mulheres receberam um frasco de pílulas cada.
Deviam tomar uma pílula a cada duas horas, por três dias consecutivos.
Felizmente, Heroínas não precisavam dormir, o que facilitava bastante.
A futura mãe fez tudo conforme instruído.
Sentiu bastante dor na fase inicial, mas como Heroína, estava acostumada com coisas bem piores.
A única coisa que realmente a preocupava era a saúde de seu filho.
Ela só esperava que ele não estivesse sofrendo.
Eventualmente, a dor cessou, e a gravidez seguiu normalmente.
Cerca de nove meses depois, entrou em trabalho de parto.
Como Heroína, ela não era obrigada a ir a um hospital para dar à luz.
Não havia perigo para o feto nem para a mãe.
No entanto, para esse nascimento, ela teve que ir ao hospital.
O médico e a Chanceler assistiram ao parto pessoalmente.
O parto ocorreu sem problemas, e a mãe pôde ver seu filho pela primeira vez.
A criança não chorou.
Apenas olhou ao redor, curiosa.
Quando a mãe viu seu filho pela primeira vez, algo tremeu dentro dela.
A criança já tinha alguns fios de cabelo negros como corvo na cabeça.
Os olhos eram de um vermelho vibrante, e a pele, pálida como cinza.
Não se parecia com os outros humanos, e ela sabia que ele não seria como os outros.
Mas aquele era seu filho, e ela o amava.
A mãe abraçou seu filho recém-nascido com amor.
O bebê parecia desinteressado na mãe e apenas observava o ambiente.
Mas a mãe não se importava.
Aquele era seu filho!
Enquanto isso, Samar olhava para a criança.
— Apatia emocional — disse o médico ao seu lado.
Naturalmente, aquele era Nick disfarçado.
— Eles só se interessam por si mesmos e pelo coletivo.
— Têm uma pequena capacidade de sentir amor, mas será algo muito amortecido.
— As crianças nascerão altamente inteligentes e talentosas.
— O Córtex Insular Anterior está significativamente menor. O Córtex Cingulado Anterior e o Córtex Somatossensorial também são reduzidos. Felizmente, o Giro Frontal Inferior está aprimorado.
— Embora talvez não consigam sentir muita empatia e tenham dificuldades para entender outras emoções, a capacidade ampliada de pensamento abstrato pode torná-los capazes de agir conforme o que os humanos percebem como certo ou errado.
— Mas a criança precisará treinar e focar nessa área se quiser ter uma vida com outros que não sejam como ela.
— De acordo com um conceito antiquado, poderíamos chamá-los de psicopatas inteligentes.
Nick suspirou.
— Se eu pudesse, teria feito diferente.
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