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    — Eu estou grávida? — a mulher perguntou, chocada.

    — Ao que parece, sim — disse o médico. — Você tem licença para gestar?

    A mulher ficou em choque, tomada pelo medo.

    Ela sempre quis ter um filho, mas a cidade estava em capacidade máxima.

    Ela não conseguiria uma licença nas próximas décadas.

    — Não — respondeu com um tom fraco.

    No momento seguinte, o médico colocou uma pílula sobre a mesa.

    — Então, tome isto. O óvulo fertilizado será eliminado em minutos. Você não vai sentir nada — disse o médico.

    A mulher ficou apavorada com a pílula.

    Tomar aquilo parecia o mesmo que matar uma criança.

    Criar a criança em segredo também não era uma opção.

    Havia vigilância em todos os lugares, e crianças precisavam se sintonizar com a escuridão em algum momento de qualquer forma.

    Já houvera casos de pessoas tentando dar à luz em segredo, mas nunca deu certo.

    O governo sabia de tudo.

    — Eu não quero matar meu filho — disse ela.

    — Existe a possibilidade de pedir que outra mãe ceda a licença de gestação para você — disse o médico.

    — Mas então ela teria que matar o filho dela, certo? — ela perguntou.

    O médico assentiu.

    A mulher ficou apavorada.

    Ela apenas olhava para a pílula.

    Era apenas um óvulo fertilizado.

    Não deveria ser algo tão grave.

    Mesmo assim, ela simplesmente não conseguia engolir a pílula.

    Eventualmente, ela desabou em lágrimas.

    Quando o médico viu aquilo, suspirou.

    — Há uma outra opção, mas talvez você não goste — disse ele.

    A mulher olhou para o médico com esperança.

    — Há um programa governamental em andamento — disse ele. — Envolve o futuro da humanidade. Os detalhes são altamente confidenciais, e nem eu sei exatamente do que se trata. No entanto, se você concordar em participar do programa, poderá manter seu filho.

    — Sim, claro! — a mulher gritou imediatamente. — Eu não consigo matar meu próprio filho!

    O médico suspirou e enviou um formulário para a Semente da mulher.

    A mulher era uma Heroína, e leu tudo em um instante.

    Ao ver o conteúdo, ela respirou fundo.

    Por fim, assinou e devolveu o formulário.

    O médico leu o documento e ergueu as sobrancelhas, surpreso.

    — Você aceitou? — ele perguntou.

    Ela assentiu com firmeza.

    O médico suspirou mais uma vez.

    — Já ofereci isso para sete ou oito pessoas, e todas recusaram assinar.

    — Meu filho é meu filho — disse a mulher. — Não importa quem ele vai se tornar. Ele sempre será meu filho.

    O médico assentiu. — Vou encaminhar o formulário. Alguém vai entrar em contato com você nos próximos dias.

    — Obrigada! — a mulher disse radiante.

    Ela poderia ficar com seu filho!

    E o melhor de tudo, ela teria permissão para criá-lo na escuridão!

    Não precisaria mandá-lo para a zona da luz por dez anos!

    A mulher voltou para casa e compartilhou a boa notícia com o marido.

    No entanto, quando o marido soube dos detalhes, não ficou nada satisfeito.

    — Como isso ainda seria meu filho? — ele perguntou friamente.

    — Ele ainda será nosso filho. Só será… diferente — respondeu ela.

    Uma grande discussão se seguiu.

    No fim, o marido foi colocado diante de um ultimato.

    Ser pai ou ir embora.

    Relutantemente, ele escolheu ser pai.

    Talvez não fosse tão ruim quanto o documento dizia.

    Dois dias depois, a mulher foi chamada à sede do governo.

    Encontrou outras nove mulheres ali, presentes pelo mesmo motivo.

    Elas rapidamente criaram laços, e alguns minutos depois, duas pessoas entraram.

    Uma delas era um médico desconhecido, enquanto a outra…

    Todas prenderam a respiração.

    Reconheceram aquela pessoa!

    A Chanceler!

    Já tinham visto imagens da Chanceler, mas nunca a haviam visto pessoalmente!

    Samar fez um longo discurso sobre o futuro da humanidade.

    Após o discurso, as dez mulheres receberam um frasco de pílulas cada.

    Deviam tomar uma pílula a cada duas horas, por três dias consecutivos.

    Felizmente, Heroínas não precisavam dormir, o que facilitava bastante.

    A futura mãe fez tudo conforme instruído.

    Sentiu bastante dor na fase inicial, mas como Heroína, estava acostumada com coisas bem piores.

    A única coisa que realmente a preocupava era a saúde de seu filho.

    Ela só esperava que ele não estivesse sofrendo.

    Eventualmente, a dor cessou, e a gravidez seguiu normalmente.

    Cerca de nove meses depois, entrou em trabalho de parto.

    Como Heroína, ela não era obrigada a ir a um hospital para dar à luz.

    Não havia perigo para o feto nem para a mãe.

    No entanto, para esse nascimento, ela teve que ir ao hospital.

    O médico e a Chanceler assistiram ao parto pessoalmente.

    O parto ocorreu sem problemas, e a mãe pôde ver seu filho pela primeira vez.

    A criança não chorou.

    Apenas olhou ao redor, curiosa.

    Quando a mãe viu seu filho pela primeira vez, algo tremeu dentro dela.

    A criança já tinha alguns fios de cabelo negros como corvo na cabeça.

    Os olhos eram de um vermelho vibrante, e a pele, pálida como cinza.

    Não se parecia com os outros humanos, e ela sabia que ele não seria como os outros.

    Mas aquele era seu filho, e ela o amava.

    A mãe abraçou seu filho recém-nascido com amor.

    O bebê parecia desinteressado na mãe e apenas observava o ambiente.

    Mas a mãe não se importava.

    Aquele era seu filho!

    Enquanto isso, Samar olhava para a criança.

    — Apatia emocional — disse o médico ao seu lado.

    Naturalmente, aquele era Nick disfarçado.

    — Eles só se interessam por si mesmos e pelo coletivo.

    — Têm uma pequena capacidade de sentir amor, mas será algo muito amortecido.

    — As crianças nascerão altamente inteligentes e talentosas.

    — O Córtex Insular Anterior está significativamente menor. O Córtex Cingulado Anterior e o Córtex Somatossensorial também são reduzidos. Felizmente, o Giro Frontal Inferior está aprimorado.

    — Embora talvez não consigam sentir muita empatia e tenham dificuldades para entender outras emoções, a capacidade ampliada de pensamento abstrato pode torná-los capazes de agir conforme o que os humanos percebem como certo ou errado.

    — Mas a criança precisará treinar e focar nessa área se quiser ter uma vida com outros que não sejam como ela.

    — De acordo com um conceito antiquado, poderíamos chamá-los de psicopatas inteligentes.

    Nick suspirou.

    — Se eu pudesse, teria feito diferente.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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