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    — Foi quando conheci Wyntor — disse Nick.

    A essa altura, o feixe de luz de Aria já estava ainda mais avermelhado, aproximando-se lentamente do preto.

    O poder de Nick caía um pouco, mas isso era apenas temporário.

    Ele queria contar tudo a Aria antes de apagar os detalhes.

    Pela primeira vez, podia ser honesto com ela e explicar por que havia feito tudo o que fez no passado.

    — Você se tornou Chefe Extrator Zephyx da Sonho Sombrio literalmente só levantando uma placa? — Aria perguntou, rindo.

    Nick assentiu.

    A atmosfera parecia casual e cheia de leveza enquanto Nick contava quase tudo sobre sua vida para Aria.

    Eles não conversavam assim havia séculos.

    A última vez que tiveram uma conversa dessas foi pouco antes de Aria ter se declarado para ele.

    Infelizmente, Nick havia sido bastante ausente durante o relacionamento dos dois e nunca se abrira de verdade.

    Aria riu muito enquanto ouvia a história de Nick.

    Depois de cerca de três horas, Nick terminou seu relato.

    O feixe de Aria agora estava completamente preto.

    Ela sabia mais sobre ele do que o Técnico ou Ghosty jamais souberam.

    Quando houve uma pausa na conversa, a atmosfera mudou.

    — O que você quer apagar? — Nick perguntou.

    — Tudo relacionado às suas habilidades — respondeu ela.

    — Mais alguma coisa? — ele perguntou.

    — O que mais haveria? — Aria devolveu.

    Nick hesitou por um momento.

    — Nosso relacionamento — disse Nick. — Deve ter sido difícil para você naquela época.

    — Às vezes, penso que teria sido melhor para você se nunca tivesse me conhecido.

    — Não diga isso — respondeu Aria com irritação. — Nosso relacionamento fez parte da minha vida. Sim, foi frustrante e triste, mas também fui feliz.

    — Meu passado é o que me tornou quem sou hoje.

    Aria sorriu amargamente. — Acho que essa foi a melhor conversa que já tivemos. E acho que agora entendo você muito melhor.

    — Infelizmente, vou esquecer essa conversa em breve.

    Nick permaneceu em silêncio.

    — Nick — ela disse.

    — Hm? — ele respondeu.

    — Eu nunca deixei de te amar.

    Nick desviou o olhar.

    — Mas simplesmente não funcionou — ela disse. — Se você tivesse dedicado mais tempo para mim, não seria quem é hoje.

    — Me apaixonei pela sua devoção à humanidade.

    — Você deu tudo pela humanidade, estava disposto a se sacrificar sem hesitação.

    — Se tivesse me colocado como prioridade, não seria mais a pessoa por quem me apaixonei.

    Aria soltou uma risada triste. — Isso nunca foi para ser. Eu me sinto atraída justamente pela qualidade que torna impossível um relacionamento com quem a possui.

    — Quero estar no seu coração, mas se você realmente tivesse me deixado entrar, eu me sentiria culpada.

    — Sentiria que estaria colocando o mundo em risco.

    — Sentiria que estaria pisando sobre todos que sofreram.

    Aria suspirou.

    — Mas esse pensamento não ajuda. Minhas emoções querem o que querem, mesmo sendo impossível.

    — Esse é meu segredo, e guardei isso dentro de mim todo esse tempo.

    Então, Aria sorriu com brilho. — É bom tirar isso do peito.

    Nick apenas desviou o olhar.

    Seu relacionamento com Aria era a única coisa que ainda conseguia atravessar a névoa cinzenta sobre seus sentimentos.

    Doía.

    — Você está disposto a me beijar uma última vez? — Aria perguntou.

    Nick não olhou para ela.

    Vários segundos de silêncio se passaram.

    — Você não consegue, né? — ela perguntou.

    Nick fechou os olhos, suspirou e assentiu lentamente.

    — Está com medo de que sua devoção à humanidade seja abalada? — ela perguntou.

    Nick permaneceu em silêncio por um tempo.

    — Não posso correr riscos — respondeu, indiretamente.

    Aria apenas sorriu.

    — Entendo.

    Um momento depois, Aria se levantou.

    — Bem, vamos acabar com isso — disse ela, olhando para Nick com naturalidade.

    Nick fechou os olhos e respirou fundo.

    — Você se lembra de quando saí da pasta do Vernon? — ele perguntou.

    — Hã? — Aria franziu a testa, confusa.

    O coração de Nick acelerou.

    — Vernon contou a você sobre o plano dele, e você concordou — disse Nick. — Já tinha me visto algumas vezes naquela altura. Você não acreditava em mim, mas não tinha escolha. Ou seguia o plano de Vernon, ou Kugelblitz estaria perdida. Você se lembra disso?

    Aria riu. — Sim, mas era algo razoável, certo? Digo, quem acreditaria que um Perito Iniciante conseguiria se infiltrar em Anatomy?

    — Você se lembra de como perturbei os sentidos do Rei do Mar com a máquina do Ghosty? — perguntou Nick.

    — Você me contou depois — respondeu Aria. — Se eu soubesse que Ghosty tinha uma máquina assim, teria confiado mais em você.

    — Você se lembra de…

    Nick passou por cada momento em que demonstrou algum de seus poderes para Aria.

    Ele poderia simplesmente fazer com que Aria esquecesse tudo sobre ele, como se só tivessem se conhecido quando Nick a recrutou para a base de pesquisa secreta.

    Mas nenhum dos dois queria isso.

    Queriam que o passado deles permanecesse intacto.

    Após meia hora apagando memórias, Nick falou sobre sua identidade como Espectro.

    Isso também precisava sumir.

    No fim, o feixe de Aria era azul-claro.

    Quando Nick viu aquilo, sentiu como se tivesse perdido algo muito importante para ele.

    Aria sabia que Nick era Nick, mas não sabia que ele era um Espectro, e tampouco sabia qualquer coisa sobre seus poderes ou habilidades.

    O poder de Nick como Escudo era explicado por uma tecnologia avançada que o isolava da Boca.

    — Desculpe por fazer tantas perguntas — disse Nick, olhando diretamente para Aria.

    Aria apenas deu uma risadinha. — Eu entendo. Também me perco nas memórias às vezes.

    — Quanto tempo estamos conversando? — Nick perguntou.

    Aria levou um tempo para responder.

    — Algo como cinco minutos? — ela arriscou.

    No momento seguinte, lágrimas apareceram nos olhos dela.

    Externamente, Nick não demonstrou reação.

    Mas por dentro, sentiu dor.

    — Oh — disse Aria, surpresa ao notar as lágrimas. — Desculpe, não percebi.

    Ela riu, sem jeito. — Acho que também me deixei levar um pouco pela emoção.

    Nick olhou para ela.

    — Há algo que você queira me dizer? — perguntou.

    Aria hesitou por um momento.

    — Não, não tem relação com você — disse. — Só me lembrei da Cidade Carmesim.

    Nick apenas assentiu.

    — Então, vou indo.

    — Se precisar de algo, me avise — disse Aria com um tom animado.

    Nick assentiu mais uma vez.

    Então, saiu da sala e desapareceu no corredor.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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