Capítulo 903: Falso Profeta
Havia uma esfera de luz flutuando diante dele.
Parecia um Espectro de Força, mas não era.
Nick conseguia ver um minúsculo Núcleo de Espectro no centro da luz, com apenas alguns nanômetros de diâmetro.
Se quisesse, poderia ter escapado pelo buraco que Nick criara.
Mas nem sequer tentou.
— Chegou a hora — transmitiu o Espectro para Nick.
— Você previu isso? — perguntou Nick.
— Sim — respondeu o Espectro.
Aquele era o Falso Profeta, o primeiro Adversário que a Égide havia ‘contido’.
Ele veio para a Égide por vontade própria e trabalhou com o antigo Campeão, transformando-o em um Escudo Intermediário.
Mas inúmeras cidades foram destruídas nesse processo.
Sempre que alguém trabalhava com o Falso Profeta, ele fazia uma profecia.
As profecias tinham 50% de chance de se tornarem realidade… e 50% de serem falsas.
No entanto, o Falso Profeta não fazia previsões fáceis.
Não, suas predições costumavam ser muito concretas.
As chances de essas previsões se realizarem, assumindo que fossem palpites aleatórios, jamais alcançariam 50%.
Se alguém dissesse que ganharia na loteria com chances de uma em vários milhões, suas previsões não se realizariam em metade das vezes.
Mas com o Falso Profeta, as chances eram sempre de 50%.
— Minha última profecia foi que em breve eu morreria — disse o Falso Profeta.
— E você não tentou escapar? — perguntou Nick.
— O destino é inevitável — transmitiu o Falso Profeta. — Sou guiado pelo destino.
— Mas você poderia ao menos ter tentado — disse Nick.
— Eu teria tido sucesso? — perguntou o Falso Profeta.
— Não — respondeu Nick.
Naturalmente, Nick o teria empurrado de volta para a Unidade de Contenção com facilidade.
No entanto, o que ele poderia ter feito era causar alvoroço.
O Campeão perceberia e invadiria a Unidade imediatamente.
Claro, Nick já teria matado o Falso Profeta nesse ponto.
Depois, se teleportaria até uma entrada, abriria-a e escaparia.
Enquanto estivesse dentro da sede da Égide, Nick não podia sentir o mundo exterior, por isso precisava abrir uma porta ou romper uma parede.
Se o Falso Profeta resistisse, seria mais incômodo, mas nada mudaria.
Não importava o que o Falso Profeta fizesse, ele morreria hoje, e Nick escaparia.
— Ninguém pediu outra profecia depois da última? — perguntou Nick.
— Ninguém — respondeu o Falso Profeta. — Tornei-me supérfluo. Trabalhar comigo é perigoso. A única razão pela qual ainda estou vivo é para que meu Zephyx não escape.
Nick entendeu algumas coisas.
— A razão de existência dos Espectros é causar sofrimento à humanidade — disse Nick. — Você não pode mais causar sofrimento se ninguém está disposto a trabalhar com você.
— Por isso, a única forma de causar sofrimento no seu estado atual é dispersar seu Zephyx — disse Nick.
— Destino — disse o Falso Profeta. — Meu destino é causar sofrimento. Cumprirei meu destino.
— Por que não lutar contra o destino? — perguntou Nick.
— Destino é destino. Tudo está preordenado. Você poderia ir embora e poupar o mundo de sofrimento. Você tem livre-arbítrio.
— Mas fará isso?
Nick ficou em silêncio por um tempo.
— Não — respondeu. — Você precisa morrer. Suas profecias são perigosas demais. A forma como seu poder age é impenetrável. Suas predições podem interferir no futuro da humanidade.
— Destino — disse o Falso Profeta. — Você tem livre-arbítrio, mas apenas enquanto trilha o caminho do destino.
— Muitas vezes, seu destino são seus próprios desejos.
— Por que lutar contra algo que você deseja que aconteça?
Nick já tivera esses pensamentos antes.
Aconteceu quando estudava biologia.
— Quer uma última profecia? — perguntou o Falso Profeta.
— Sou um Espectro — disse Nick.
— Isso não importa. Posso criar profecias para qualquer um — disse o Falso Profeta.
— Por que você quer me dar uma profecia? — perguntou Nick.
— Porque é uma oportunidade de causar mais sofrimento — respondeu o Falso Profeta. — É meu destino causar sofrimento.
Nick olhou para o Falso Profeta por um tempo.
Qualquer coisa poderia acontecer se pedisse uma.
Também era possível que a profecia fosse falsa.
— Tudo bem — disse Nick. — Dê-me sua última predição.
No momento seguinte, a luz do Falso Profeta se intensificou, mas nenhum Zephyx foi gerado.
— Eu prevejo — disse ele lentamente.
— Durante a batalha final.
— Você vai morrer.
Nick permaneceu em silêncio por um tempo.
Depois, suspirou.
— Isso é bom de ouvir — disse Nick.
— Se sua profecia for falsa, talvez eu não morra.
— Mas se for verdadeira, significa que haverá uma batalha final.
— Se a batalha final acontecer, estarei confiante na vitória.
— Não sou eu quem precisa sobreviver.
— Se houver uma batalha final, as chances de vitória da humanidade serão altas.
— Minha sobrevivência não importa.
Na opinião de Nick, era uma boa profecia.
E, ainda assim, ele também não havia ganhado nada.
Afinal, havia 50% de chance de nada acontecer.
Era algo sem sentido.
A profecia era completamente inútil.
No momento seguinte, Nick sacou sua arma.
Como estava sendo percebido, não podia usar sua verdadeira arma, a que havia pego na Base do Núcleo Profundo.
Mas não precisava dela.
BANG!
Nick avançou e cortou o minúsculo Núcleo de Espectro em duas partes.
A luz se dissipou, e o Núcleo caiu no chão.
O Falso Profeta estava morto.
A Unidade de Contenção não disparou nenhum alarme.
No momento seguinte, Nick passou pelo pequeno buraco e se dirigiu à saída da Égide.
Usou sua Barreira e a abriu.
Assim que uma pequena fresta se abriu, Nick desapareceu.
Sua percepção alcançou o mundo exterior, e ele se teleportou a milhares de quilômetros de distância.
O Campeão notou imediatamente que a porta se abrira sozinha, e ordenou que fosse fechada.
Em seguida, sua luz cobriu toda a Égide.
O Trapaceiro estava ali em algum lugar!
Só podia ser o Trapaceiro!
Era o único capaz de fazer algo assim!
Quase imediatamente, o Campeão percebeu que alguém estava ausente.
O Protetor que havia chegado alguns minutos antes!
O Campeão vasculhou toda a Égide.
Mas então, alguns minutos depois, o Protetor desaparecido apareceu diante da sede da Égide.
— O Trapaceiro! Ele me capturou e roubou minha identidade! — gritou o Protetor.
Naturalmente, Nick libertou o Protetor depois que terminou.
O Protetor passou por uma bateria de testes rigorosos para provar que não era o Trapaceiro.
Quando ficou claro que era humano, o Campeão entendeu o que havia acontecido.
A abertura da porta não indicava a entrada do Trapaceiro, mas sua saída.
Ele já tinha ido embora.
Mas o que ele fez?
O Campeão inspecionou toda a sede da Égide.
E, ao entrar na Unidade de Contenção do Falso Profeta, soube o que o Trapaceiro havia feito.
O Campeão não sabia bem o que sentir.
O Falso Profeta era perigoso, e eles já não trabalhavam com ele.
Não tinham mais utilidade para ele.
E, ainda assim, ele foi morto.
Era algo bom, mas também ruim.
Era apenas… nada.
Era apenas algo que aconteceu.
Como as profecias do Falso Profeta…

Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.