Capítulo 922: Na Boca
Duas Bocas surgiram abaixo do Braço Direito e do Inferno.
Era chegada a hora.
O Campeão estava prestes a se tornar o primeiro Extrator Zephyx de nível nove.
— Eu sou o Trapaceiro e posso manipular inimigos. Se precisarem da minha ajuda, basta me chamar — Nick transmitiu às Bocas enquanto elas consumiam os dois Escudos.
A Boca não respondeu, mas Nick sabia que ela havia escutado o que ele disse.
Assim que Nick terminou de falar, um dos feixes ficou mais avermelhado, exatamente por isso ele havia dito aquilo.
Agora, Nick sabia qual feixe pertencia à Boca.
Naturalmente, a Boca não respondeu porque simplesmente não se importava.
Nick já suspeitava que a Boca não possuía inteligência, e aquilo basicamente confirmou sua teoria.
A Boca agia apenas por instinto, capturando sua presa.
Na verdade, instantes depois de o feixe se tornar mais avermelhado, ele voltou a enfraquecer.
Toda a informação que Nick acabara de fornecer à Boca já havia sido esquecida, por causa de sua inteligência limitada.
Os dois Escudos desapareceram, e Nick ficou sozinho na Unidade de Contenção.
Um momento depois, Nick desmontou a Unidade de Contenção e saiu.
Assim que o Campeão avançasse, sua percepção seria capaz de cobrir o mundo inteiro.
A partir de agora, Nick não poderia mais se locomover abertamente.
Enquanto isso, bem longe dali, os oito Escudos estavam em salas isoladas.
O momento havia chegado.
O Braço Direito e o Inferno apenas aguardavam na sala de carne.
Eles ainda não estavam prontos para avançar e não podiam obter a habilidade da Boca.
Naturalmente, os outros Escudos estavam na mesma situação.
Todos apenas esperavam.
O único que realmente fazia algo era o Campeão.
Ele estava avançando.
Várias horas se passaram enquanto o Campeão encarava as paredes de carne com olhos determinados.
“Eu vou salvar a humanidade!”, pensava o Campeão.
“Sacrifiquei tanto para chegar até aqui. A humanidade sacrificou tanto!”
“A humanidade depende de mim, e o Sol quer que eu inaugure uma nova era para a humanidade!”
“A ameaça alienígena precisa ser detida, e devemos proteger o Sol.”
“O Sol é a única razão pela qual a humanidade ainda existe!”
“Talvez eu seja o Campeão da Luz, mas ainda não sou o Campeão da Humanidade.”
“Antes, devo me tornar o Campeão da Humanidade!”
O Campeão estava decidido.
Salvaria a humanidade, custasse o que custasse!
No início, o Campeão sentia inveja do antigo Campeão.
O antigo Campeão havia criado a Égide, sendo a única proteção da humanidade.
Como poderia estar à altura disso?
Mas depois de vários séculos, o Campeão finalmente conquistou confiança.
Agora, não via mais o antigo Campeão como concorrente.
Em vez disso, o via como um antepassado.
Um santo.
Sem o poder do antigo Campeão, o novo Campeão não estaria onde estava.
“Detesto ter que colocar meus amigos em perigo”, pensava o Campeão. “Detesto que todos precisem se sacrificar tanto.”
O Sincronizador Zephyx do Campeão se sintonizou com a Boca, e ele sentiu-se ficando mais forte.
Percebeu sua percepção se expandindo, embora as paredes da Boca ainda a contivessem.
Eventualmente, levantou-se, os olhos cheios de determinação.
A esperança da humanidade havia nascido.
O Campeão da Humanidade havia surgido.
O primeiro Extrator Zephyx de nível nove.
O primeiro Salvador.
“E muitos outros virão!”, pensou o Campeão.
Um momento depois, a parede de carne se abriu, revelando um labirinto complexo de carne viva.
O Campeão saiu caminhando.
Os outros Escudos também saíram.
As percepções de todos estavam suprimidas, e eles atravessavam o labirinto praticamente às cegas.
As primeiras pessoas a se encontrarem foram o Campeão e o novo Braço Esquerdo.
Assim que se encontraram, assentiram um para o outro.
Não lutaram.
Ao invés disso, seguiram juntos.
Em questão de minutos, o Campeão reencontrou cinco de seus Escudos, incluindo o Protetor no Pináculo, que havia se tornado um Escudo apenas para ativar a Boca.
— Onde estão os outros dois? — perguntou o Campeão.
— Vi o Inferno mais cedo, mas ele simplesmente fugiu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa — disse um dos Escudos.
Nesse momento, o Inferno e o Braço Direito surgiram de trás de uma parede.
Os dois lados se encararam.
Quando o Campeão os viu, ficou surpreso ao perceber que já estavam no nível de Escudos Intermediários.
Ao invés de enfraquecidos, haviam se fortalecido.
— Inferno, antigo Braço Direito — disse o Campeão, saudando-os.
O clima era tenso.
— Finalmente chegou a hora? — perguntou o Inferno, com um resmungo. — Qual é o plano?
O antigo Braço Direito apenas sorriu e deixou o Inferno falar.
— Não sei se posso compartilhar meu plano com vocês — disse o Campeão. — Vocês estiveram sob o controle do Trapaceiro por séculos. Não sei de que lado estão.
— Nada mudou — respondeu o Inferno. — Estou ao lado da humanidade.
— Estou ao lado da humanidade — confirmou o antigo Braço Direito.
O Campeão franziu o cenho.
Ele era extremamente bom em detectar mentiras.
Conseguia ver que os dois Escudos não estavam nervosos, e não pareciam estar mentindo.
Ou o Trapaceiro os controlava tão perfeitamente que nem uma gota de dúvida existia em suas mentes, ou ainda eram eles mesmos.
— O que vocês consideram estar do lado da humanidade? — perguntou o Campeão. — É estar do lado da Égide?
O antigo Braço Direito sorriu amargamente.
— Não — respondeu. — Estamos do lado da humanidade. A Égide não está.
Os outros Escudos semicerraram os olhos, e a tensão aumentou.
— Entendo — disse o Campeão, suspirando.
— Suas mentes foram controladas pelo Trapaceiro.
— Assim como o Técnico.
Surpreendentemente, os dois Escudos não negaram imediatamente.
— O Trapaceiro alterou partes de nossas memórias. Ele tem esse poder — disse o antigo Braço Direito.
Quando os outros Escudos ouviram isso, franziram o cenho.
Normalmente, pessoas controladas por Espectros negavam veementemente estar sendo manipuladas.
— Mas nós concordamos com isso — acrescentou o Inferno.
A atmosfera ficou ainda mais carregada.

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