Índice de Capítulo

    Duas Bocas surgiram abaixo do Braço Direito e do Inferno.

    Era chegada a hora.

    O Campeão estava prestes a se tornar o primeiro Extrator Zephyx de nível nove.

    — Eu sou o Trapaceiro e posso manipular inimigos. Se precisarem da minha ajuda, basta me chamar — Nick transmitiu às Bocas enquanto elas consumiam os dois Escudos.

    A Boca não respondeu, mas Nick sabia que ela havia escutado o que ele disse.

    Assim que Nick terminou de falar, um dos feixes ficou mais avermelhado, exatamente por isso ele havia dito aquilo.

    Agora, Nick sabia qual feixe pertencia à Boca.

    Naturalmente, a Boca não respondeu porque simplesmente não se importava.

    Nick já suspeitava que a Boca não possuía inteligência, e aquilo basicamente confirmou sua teoria.

    A Boca agia apenas por instinto, capturando sua presa.

    Na verdade, instantes depois de o feixe se tornar mais avermelhado, ele voltou a enfraquecer.

    Toda a informação que Nick acabara de fornecer à Boca já havia sido esquecida, por causa de sua inteligência limitada.

    Os dois Escudos desapareceram, e Nick ficou sozinho na Unidade de Contenção.

    Um momento depois, Nick desmontou a Unidade de Contenção e saiu.

    Assim que o Campeão avançasse, sua percepção seria capaz de cobrir o mundo inteiro.

    A partir de agora, Nick não poderia mais se locomover abertamente.

    Enquanto isso, bem longe dali, os oito Escudos estavam em salas isoladas.

    O momento havia chegado.

    O Braço Direito e o Inferno apenas aguardavam na sala de carne.

    Eles ainda não estavam prontos para avançar e não podiam obter a habilidade da Boca.

    Naturalmente, os outros Escudos estavam na mesma situação.

    Todos apenas esperavam.

    O único que realmente fazia algo era o Campeão.

    Ele estava avançando.

    Várias horas se passaram enquanto o Campeão encarava as paredes de carne com olhos determinados.

    “Eu vou salvar a humanidade!”, pensava o Campeão.

    “Sacrifiquei tanto para chegar até aqui. A humanidade sacrificou tanto!”

    “A humanidade depende de mim, e o Sol quer que eu inaugure uma nova era para a humanidade!”

    “A ameaça alienígena precisa ser detida, e devemos proteger o Sol.”

    “O Sol é a única razão pela qual a humanidade ainda existe!”

    “Talvez eu seja o Campeão da Luz, mas ainda não sou o Campeão da Humanidade.”

    “Antes, devo me tornar o Campeão da Humanidade!”

    O Campeão estava decidido.

    Salvaria a humanidade, custasse o que custasse!

    No início, o Campeão sentia inveja do antigo Campeão.

    O antigo Campeão havia criado a Égide, sendo a única proteção da humanidade.

    Como poderia estar à altura disso?

    Mas depois de vários séculos, o Campeão finalmente conquistou confiança.

    Agora, não via mais o antigo Campeão como concorrente.

    Em vez disso, o via como um antepassado.

    Um santo.

    Sem o poder do antigo Campeão, o novo Campeão não estaria onde estava.

    “Detesto ter que colocar meus amigos em perigo”, pensava o Campeão. “Detesto que todos precisem se sacrificar tanto.”

    O Sincronizador Zephyx do Campeão se sintonizou com a Boca, e ele sentiu-se ficando mais forte.

    Percebeu sua percepção se expandindo, embora as paredes da Boca ainda a contivessem.

    Eventualmente, levantou-se, os olhos cheios de determinação.

    A esperança da humanidade havia nascido.

    O Campeão da Humanidade havia surgido.

    O primeiro Extrator Zephyx de nível nove.

    O primeiro Salvador.

    “E muitos outros virão!”, pensou o Campeão.

    Um momento depois, a parede de carne se abriu, revelando um labirinto complexo de carne viva.

    O Campeão saiu caminhando.

    Os outros Escudos também saíram.

    As percepções de todos estavam suprimidas, e eles atravessavam o labirinto praticamente às cegas.

    As primeiras pessoas a se encontrarem foram o Campeão e o novo Braço Esquerdo.

    Assim que se encontraram, assentiram um para o outro.

    Não lutaram.

    Ao invés disso, seguiram juntos.

    Em questão de minutos, o Campeão reencontrou cinco de seus Escudos, incluindo o Protetor no Pináculo, que havia se tornado um Escudo apenas para ativar a Boca.

    — Onde estão os outros dois? — perguntou o Campeão.

    — Vi o Inferno mais cedo, mas ele simplesmente fugiu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa — disse um dos Escudos.

    Nesse momento, o Inferno e o Braço Direito surgiram de trás de uma parede.

    Os dois lados se encararam.

    Quando o Campeão os viu, ficou surpreso ao perceber que já estavam no nível de Escudos Intermediários.

    Ao invés de enfraquecidos, haviam se fortalecido.

    — Inferno, antigo Braço Direito — disse o Campeão, saudando-os.

    O clima era tenso.

    — Finalmente chegou a hora? — perguntou o Inferno, com um resmungo. — Qual é o plano?

    O antigo Braço Direito apenas sorriu e deixou o Inferno falar.

    — Não sei se posso compartilhar meu plano com vocês — disse o Campeão. — Vocês estiveram sob o controle do Trapaceiro por séculos. Não sei de que lado estão.

    — Nada mudou — respondeu o Inferno. — Estou ao lado da humanidade.

    — Estou ao lado da humanidade — confirmou o antigo Braço Direito.

    O Campeão franziu o cenho.

    Ele era extremamente bom em detectar mentiras.

    Conseguia ver que os dois Escudos não estavam nervosos, e não pareciam estar mentindo.

    Ou o Trapaceiro os controlava tão perfeitamente que nem uma gota de dúvida existia em suas mentes, ou ainda eram eles mesmos.

    — O que vocês consideram estar do lado da humanidade? — perguntou o Campeão. — É estar do lado da Égide?

    O antigo Braço Direito sorriu amargamente.

    — Não — respondeu. — Estamos do lado da humanidade. A Égide não está.

    Os outros Escudos semicerraram os olhos, e a tensão aumentou.

    — Entendo — disse o Campeão, suspirando.

    — Suas mentes foram controladas pelo Trapaceiro.

    — Assim como o Técnico.

    Surpreendentemente, os dois Escudos não negaram imediatamente.

    — O Trapaceiro alterou partes de nossas memórias. Ele tem esse poder — disse o antigo Braço Direito.

    Quando os outros Escudos ouviram isso, franziram o cenho.

    Normalmente, pessoas controladas por Espectros negavam veementemente estar sendo manipuladas.

    — Mas nós concordamos com isso — acrescentou o Inferno.

    A atmosfera ficou ainda mais carregada.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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