Capítulo 923: Questões
— Por que você acha que aceitou ter suas memórias manipuladas? — perguntou o Campeão.
— Porque ele nos mostrou certas coisas antes de apagar nossas memórias — respondeu o antigo Braço Direito.
— Não sabemos o que vimos. Nossas memórias se foram.
— No entanto, ainda lembramos das perguntas que foram respondidas. Não sabemos mais as respostas, mas sabemos que essas perguntas foram respondidas antes de ele apagar nossas memórias.
Os outros Escudos já estavam preparados para lutar.
Sabiam que o Inferno e o antigo Braço Direito estavam sob o controle de um Espectro.
Deixá-los vivos seria perigoso demais.
Ainda assim, o Campeão mandou que esperassem.
— E quais são as perguntas? — perguntou o Campeão.
O antigo Braço Direito sorriu com amargura.
— Por que o Pesadelo existe? — ele perguntou.
Os Escudos franziram o cenho.
Não era óbvio?
O Pesadelo era um Espectro, e queria se alimentar de toda a população do mundo para se fortalecer.
No entanto, os olhos do Campeão brilharam por um instante.
Ele tinha mais informações de fundo do que os outros Escudos.
— Por que você não nos conta? — perguntou o Inferno. — Campeão, por que o Pesadelo existe? Você sabe?
O Campeão refletiu sobre a pergunta.
Naturalmente, como sabia que o Sol essencialmente protegia a humanidade, também sabia que o Pesadelo não existia sem um propósito.
O Sol tinha controle total sobre os Espectros, e eles deveriam ser provações para a humanidade superar.
A existência da Boca e da Enfermeira Alice era óbvia.
O Campeão sabia que, eventualmente, ambos deveriam ser suprimidos e se tornarem forças a favor da humanidade.
Mas o Pesadelo?
Ninguém fazia ideia de onde ele estava.
— Qual é o propósito do Pesadelo? — insistiu o antigo Braço Direito. — Por que o Sol criou o Pesadelo?
— O que o Pesadelo faz com a humanidade? Que propósito há por trás disso?
— Proteção — respondeu o Campeão. — Se a humanidade avançar na direção errada, pode acabar cometendo um erro e matando o Sol. Isso condenaria toda a humanidade.
Os outros Escudos olharam para o Campeão.
Aquilo era novidade.
— Isso não responde à pergunta — disse o Inferno. — Você só nos deu a resposta para o porquê da existência do Pesquisador Invejoso. Essa função é dele, não tem nada a ver com o Pesadelo.
O Campeão franziu o cenho. — O Pesadelo mantém as pessoas sob a luz do Sol. Isso impede que ocorram desenvolvimentos imprevistos.
— E por que desenvolvimentos imprevistos seriam ruins? — perguntou o antigo Braço Direito. — Todos concordamos que a humanidade precisa se tornar mais poderosa. Por que precisamos da ajuda, da permissão e da supervisão do Sol para evoluir?
O Campeão foi encurralado.
Ele sabia a resposta.
Obviamente, se a humanidade desenvolvesse as armas erradas e não evoluísse biologicamente, não teria chance contra os alienígenas.
Mas ele não podia dizer isso.
Não tinha permissão para contar a ninguém que trabalhava para o Sol.
— Tenho outra pergunta — disse o Inferno. — Talvez essa seja mais fácil de responder.
O Campeão permaneceu em silêncio.
— Por que o antigo Campeão sempre dizia que o Sol era nosso inimigo? Por que ele dizia isso, e por que você não diz o mesmo? — perguntou o Inferno.
O Campeão pensou na resposta.
Não era fácil de responder.
Como antigo Campeão da Luz, ele com certeza também entrou em contato com o Sol, o que significava que devia conhecer a verdade sobre o Sol.
Então por que dizia que o Sol era o inimigo?
— A humanidade precisa de um inimigo comum que seja fácil de visualizar — disse o Campeão. — O Sol era o alvo ideal.
O Inferno e o antigo Braço Direito trocaram olhares.
— Não lembramos da resposta para essa pergunta — disse o antigo Braço Direito — mas o que você disse parece uma suposição ou um palpite. Não há certeza nisso.
— Tem uma resposta melhor? — perguntou o Campeão.
— Não, não temos — respondeu o Inferno.
— Tenho outra pergunta — interveio o antigo Braço Direito. — O Pesadelo deve ser suprimido? Podemos encontrá-lo?
Os outros Escudos não entenderam por que ele fez essa pergunta.
Nenhum Espectro deve ser suprimido.
Eles eram monstros que apenas queriam se fortalecer.
No entanto, o Campeão tinha mais contexto.
O Pesadelo deveria ser suprimido?
Não parecia ser o caso.
Era impossível sentir o Pesadelo, e ninguém sabia onde ele estava.
O Pesadelo não podia ser suprimido daquela forma, o que significava que não era para ser suprimido.
— Não — respondeu o Campeão.
No fundo, começava a se agitar.
Sabia que estava do lado certo, mas responder àquelas perguntas era extremamente difícil.
Era como se tivesse que inventar as respostas.
— Tenho mais uma — disse o Inferno.
— Por que o Nulo existe? Qual é o propósito do Nulo?
Novamente, os Escudos acharam a pergunta irrelevante.
Olharam para o Campeão, esperando que ele já tivesse dado a resposta óbvia.
— Por que tudo precisa permanecer em segredo? — perguntou o Inferno. — Por que ninguém pode saber nada sobre o Nulo?
— Qual é o propósito do Nulo?
Silêncio.
…
— Eu não sei — respondeu o Campeão, com o cenho franzido.
— Por que não? — perguntou o Braço Direito.
— Como alguém poderia saber? — retrucou a Inventora, revirando os olhos. — Esse é o ponto do Nulo. Ninguém deve saber nada sobre ele. Vocês estão fazendo perguntas impossíveis para nos desviar do nosso caminho.
— O Trapaceiro realmente mexeu com vocês dois. É triste ver como viraram fantoches dele.
O Campeão não comentou.
— Tenho uma última pergunta — disse o Braço Direito. — Depois disso, esta conversa estará encerrada.
O Campeão já temia as perguntas deles.
Apesar de conhecer a verdade sobre o mundo, não tinha boas respostas para nenhuma delas.
— Um Demônio pode manipular a mente de um Escudo? — perguntou o Braço Direito.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.